segunda-feira, 5 de setembro de 2011

È Deus injusto?



"Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma" (Romanos 9:14).


A pergunta retórica feita pelo apóstolo Paulo mostra bem a sua sapiência, antecipando em muito a mesma indagação que fariam os teólogos de plantão ao longo do tempo. Já se passaram quase dois mil anos e ainda ouço os ecos por aí. De um lado, alguns grupos recitando o seu cansativo 'mantra' a respeito de uma tal escritura trôpega e manquitola, que não se autentica por si mesma e pelos seus enunciados, necessitando da 'interpretação' humana para, enfim, tornar-se a "palavra de deus" (assim com minúsculas mesmo). De outro lado, outro grupo igualmente 'sábio' a festejar os seus próprios conceitos, formulados pelas suas mentes carnais numa tentativa de 'demitologizar' as Escrituras, seja lá o que isso signifique.

Outro dia aqui mesmo neste blog asseverei que tenho minhas cautelas com tudo que venha acompanhado do prefixo "novo" ou "neo", o que não significa que seja avesso a mudanças, registre-se. É que esse prefixo como que insufla nas pessoas uma autoridade tal capaz de inculcar-lhes autoridade para desfazer o "velho", cuja premissa fundamental se assenta na infalibilidade dos novos conceitos. E a partir daí a ideia nova quase que satiriza o grande arcabouço de estudos a desaguar naquela interpretação anterior, como se o que está posto é ruim, ou obsoleto, ou ultrapassado, não pelo seu conteúdo mas porque a dinâmica assim exige.

Observo pessoas com novas ideias por aí não a indagar retoricamente como Paulo fez em sua Epístola "Aos Romanos", no capítulo e versículo epigrafados ao início, mas a afirmar peremptoriamente não crer no Deus bíblico, especialmente naquele que afirma categoricamente fazer o que lhe apraz do barro em Suas mãos, por ser Ele o Oleiro". Testificam sobre um deus de bondade e amor, construído por suas mentes e que lhes foi revelado pela experiência, normalmente em sessões emocionais, fruto de catarse.

Quando propomos o Deus bíblico, Insondável, misericordioso, mas também justo; aquEle que decreta o bem e o mal; o mesmo que faz vasos de honra e desonra, de ira e de misericórdia, segundo a Sua vontade; esse Deus despótico das Escrituras, que tudo fez e tudo pode, religiosos de todas as correntes "cristãs" ficam a postos, em defensiva, armando-se dos seus proselitismos vazios e insensatos para demolir o Deus das Escrituras. Todavia, fazem-no não com argumentos racionais e embasados na Palavra da Verdade, mas exclusivamente valendo-se de critérios subjetivos, seja no relativismo tão em voga, ou no pragmatismo que quer sepultar a inerrância das Escrituras.

Seria Deus injusto? Faço eu a mesma pergunta retórica feita pelo apóstolo Paulo outrora, no acender das luzes do cristianismo. É injusto o Deus que amou Jacó e odiou Esaú, ainda quando os gêmeos não eram nascidos e não tinham feito bem ou mal? É injusto o Deus que da mesma massa faz vasos para o bem e outros para o mal? Se as Escrituras desenham tão claramente esse Deus soberano e ao mesmo tempo discricionário, quem, das suas criaturas, pode discutir com Ele? E se ainda assim discutir, quem prevalecerá sobre Ele?

A Bíblia está repleta de passagens em que Deus se afirma Senhor do Universo, Soberano, Incontestável. Seja no Livro do Profeta Isaías ou em Romanos, no Velho ou no Novo Testamentos, Ele se afirma como o Oleiro, a fazer da massa o que Lhe apraz. E a massa somos nós, criaturas vindas dEle, criadas por Ele, cuja matéria foi entretecida na eternidade, quando nenhuma matéria havia. Esse Deus Todo Poderoso e Despótico tem direitos absolutos sobre toda a criação, a despeito de aceitarem ou não as suas criaturas, de aquiescerem ou não com Seus métodos.

O Soberano da retórica de Paulo não se associa com as suas criaturas em prol de um projeto de salvação, a fim de redimir a criação, mas o faz para a Sua própria glória, circunscrito àquilo que projetou na eternidade, antes que o mundo fosse mundo. Antes mesmo que o universo fosse criado, ou que os anjos viessem a existir. Não há participação humana no processo redentivo pela simples razão de o homem ser resultado do projeto engendrado unicamente por Ele na eternidade antes de tudo. E ainda que nada existisse, tudo estava completo, porque na Sua mente Eterna o Projeto se encontrava perfeitamente "desenhado", não como um esboço, mas como obra perfeita e acabada.

Portanto, aquela retórica do apóstolo Paulo citada ao início, proveniente de Romanos 9:14, ainda permanece tão atual como quando foi elaborada: "há injustiça da parte de Deus? E a resposta igualmente permanece a mesma: "De maneira nenhuma".

Quer queiram, quer não queiram os teólogos espalhafatosos, que se repetem ao longo de quase dois mil anos, o mesmo Deus do Antigo Testamento é o Deus do Novo Testamento, que é o Deus que permanece hoje guiando a sua Igreja através de Cristo e orientando os seus com o Espírito Santo, dando-lhes sabedoria e discernimento para permanecerem firmes sem retroceder jamais, seguindo sempre avante, travando o bom combate e mantendo a fé até o final.

2 comentários:

Luciano Sena disse...

Ricardo, visto que citei seu nome:

http://mcapologetico.blogspot.com/2011/09/estou-deixando-teonomia.html

abraços

Ricardo Mamedes disse...

Luciano,

Li o seu texto, espero que você reflita bem e encontre as respostas a respeito da matéria (teonomia). Que Deus o ilumine.

Abraços,

Ricardo

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