sexta-feira, 23 de julho de 2010

Hipocrisia 'santa'



Estava aqui a pensar sobre tantas coisas que me aconteceram nos últimos tempos quando, novamente, fui transportado àquele tempo em que vivia a combater as estripulias gospel na igreja onde congregava. O arrepio percorreu da espinha ao dedão do pé somente com a horrenda lembrança, hei de confessar.

E não é que dia desses alguém novamente veio me dizer que certa pessoa , dentre as tantas que conheço, continua a praticar das suas! E então começou a discorrer sobre o fato. Sabem como é, embora detestando a coisa, a curiosidade nos faz prestar atenção à narrativa, quando o melhor seria não ouvi-la.

Disse-me o narrador que um dos praticantes do misticismo daquela 'grei', reunindo-se a um grupo de jovens novos convertidos e ainda bastante imaturos na fé, 'carreou-os' até um certo monte para que se sentissem mais próximos de 'deus'. E lá chegando, vendo uma das jovenzinhas triste e sorumbática, certamente por algo que lhe acontecera ao longo do dia, começou, 'in continenti', a lhe ministrar , pondo-lhe as mãos sobre a cabeça e murmurando a cantilena de sempre, tão peculiar no meio. Ato contínuo, sentenciou que a pobre jovenzinha estava acometida de espíritos maus.

Senti o mesmo descontentamento e tristeza de outrora ao ouvir a triste história. Temi pela fé da garota, bombardeada por tantas heresias e enganos. Ao mesmo tempo, dei graças a Deus por me guiar cada vez mais longe dessas práticas horrorosas e nefastas.

Cada dia mais me convenço que o evangelicalismo de agora está mesmo deturpado em sua grande maioria, salvo raras exceções. O sincretismo tem avançado pelas fileiras evangélicas cada vez mais ostensivamente, sem disfarces, sutilezas.

Evangélicos se transformam em espíritas, dando vazão ao sincretismo, em busca de uma suposta comunhão transcendente com um suposto deus. Buscam experiências mais e mais esdrúxulas, sem se dar conta que ao final do caminho nada encontrarão de bom ou edificante.

E então me recordo das palavras de Cristo: "Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade". (Mateus 7. 22-23)

Continuam com a mesma necessidade de exaltação, pavoneando-se da sua "grande espiritualidade", seja orando em alta voz na igreja ou nos montes, ou "clamando" aos gritos de aleluia para serem ouvidos, evocando uma certa aura de intocável santidade. Homens com a necessidade do aplauso (clap, clap, clap), ansiosos pela admiração dos seus pares. Por todos os poros transpiram a "unção" que lhes foi transmitida pelo seu "deus".

Sobre pessoas iguais a essas, Cristo já asseverara há quase dois mil anos: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15.8-9)

Com a mesma tristeza com que iniciei este post, me vem à memória outras palavras de Jesus, quando, por esta terra de dores passou: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, , porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito ; e, uma vez feito, o tornais filhos do inferno duas vezes mais do que vós" (Mateus 23.14). "Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens , mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e iniquidade." (Mateus 23.27-28).

Não posso dizer que me apiedo desses tais, pois eles conhecem a verdade, mas são cegados pelo poder que a 'autoridade' lhes traz, pela busca do aplauso, pelo orgulho travestido de falsa piedade.

Que Deus, na sua infinita misericórdia, lhes abra os olhos.


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quarta-feira, 14 de julho de 2010

O verdadeiro conhecimento




Não faz muito tempo brotou uma discussão entre amigos sobre a epistemologia reformada - e confesso que foi muito acalorada - finalizando em consenso: "não há conhecimento verdadeiro fora da revelação".

O conhecimento filosófico secular responde a alguns questionamentos, mas sempre irá desaguar em um beco sem saída, a respeito, especialmente, do sentido da vida. E a pergunta sem resposta é aquela de sempre: de onde viemos e para onde vamos?

Somente o cristianismo com a revelação nos dá a resposta completa, o conhecimento absoluto, metafísico, ontológico e teleológico. Deus é a origem de tudo, é a inteligência por trás de toda a criação; é o referencial supremo, o padrão maior do que "é bom". Diante de tal grandeza não podemos traçar comparações com "o Ser", porque Ele está acima do padrão humano. Por estar ontológica e metafisicamente em um patamar de completa superioridade em relação à criação, Deus não pode ser confrontado pelas suas criaturas. O maior erro que alguns cometem é dizer que "não concordam com esse Deus tirano". Outros ainda asseveram peremptoriamente: não quero esse Deus déspota!

Portanto, voltando ao início, reafirmo hoje, como na discussão de ontem, que não há mesmo autonomia intelectual dos não regenerados, restando certo que o conhecimento secular, ainda que respaldado em fortes bases filosóficas não responde a todas as indagações, mantendo na escuridão os "sábios".

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Co 2:14).

Eis que agora lendo "A Soberania Banida", de R. K. Mc Gregor Wright, me deparei com argumentos idênticos àqueles que usamos, quando discutimos longamente sobre o verdadeiro conhecimento, forçosamente atrelado à revelação salvífica. E o mais interessante é que há um texto de Cornelius Van til respondendo a Clark Pinnock, pinçado da obra "Jerusalem and Athens" escrita por vários autores em homenagem a Van til, que vale a pena transcrever:

"Eu concordo com você que a Escritura deveria falar por si mesma. De fato, eu quero que ela nos diga o que Deus é, o que o mundo é, e o que somos como humanos, não após, mas antes de começarmos a falar de metafísica, epistemologia e ética. Pensar que eu "concebo" a fé cristã como sendo um "sistema metafísico abstrato apoiado pelo pressuposicionalismo" é confundir completamente a arremetida total do pensamento reformado. Eu observo, ao contrário, que como cristãos, devemos olhar para o mundo como o próprio Cristo o fez, e se alguém não o olhar assim ele o vê de modo falso. Consequentemente, a tentativa de encontrar Deus no mundo sem olhar através dos olhos de Cristo é inútil, não porqueo mundo não revele Deus (ele continuamente clama em voz alta sobre a existência de Deus aos homens) mas porque os homens precisam de novos olhos! " (p. 426, itálicos meus). [1]

A lembrança me veio à memória exatamente porque naquela oportunidade em que empreendemos a discussão, um dos irmãos levantou a posição de Van Til, o que me motivou ao texto de agora.


[1] R. K. Mc Gregor Wright, "A Soberania Banida" - Redenção para a cultura pós-moderna, Editora Cultura Cristã, tradução Heber Carlos de Campos, 1ª edição, 1998, p. 224.



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terça-feira, 6 de julho de 2010

Exaltação e certeza


Ainda que o meu caminho se torne em pedras pontiagudas,

que os meus pés descalços se firam,
Ainda que a noite ganhe a minha trilha,
e a escuridão se torne densa e angustiante,

Tu me guardarás!

Ainda que os meus inimigos se juntem todos contra mim,
e os amigos me abandonem,
Ainda que todas as evidências indiquem a minha derrota,
e nada mais me reste na terra,

O Senhor me sustentará!

Ainda que a aflição seja tão grande a ponto de me afogar,
qual nau à deriva em mar bravio,
Ainda que as ondas me ameacem tragar,
e as incertezas tomarem meu ser,

Tu serás o meu refúgio!

Ainda que a fé estremeça,
que o amor pereça,
que a vida sucumba,

O Senhor estará comigo, a me guardar, sustentar e refugiar!

Honra, glória e exaltação ao Eterno e Grandioso Deus!


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