quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Arrogância intelectual cristã





Nos últimos dias tenho pensado muito, refletido longamente sobre esse sentimento de superioridade(latente) que atinge algumas pessoas , principalmente no campo do conhecimento humano - aqui, especificamente direcionado ao metier cristão. Ouso denominar esse sentimento espúrio de 'complexo da arrogância intelectual'. Tais pessoas acometidas por essa moléstia da alma são muito comuns na vida secularizada, nos meios acadêmicos, mas o 'câncer' também tem avançado lenta e gradualmente no meio cristão.

Alguns desses, cronicamente acometidos pela doença, se arrogam a donos do conhecimento divino, quase como se fossem porta-vozes de Deus. Não há nada que não saibam com irretorquível profundidade. Não há mistérios: tudo pode ser desvendado. Não há sequer uma bruma: Deus pode ser apreendido na Sua essência.

Por mais escabrosamente oculto que seja o resultado de um raciocínio na seara Divina, para eles a lógica é evidente. Embora não admitindo que estão com isso a exaurir Deus (como se isso fosse possível) desvendam-NO até esvaziá-LO; dissecam o Criador.

Esses gênios da racionalidade, virtuoses do conhecimento, ases do raciocínio, não encontram barreiras nem mesmo na insondável profundidade... Aliás, nada há que seja insondável para eles...

Não há antinomia ou paradoxo, mesmo em Deus, que lhes tolham os movimentos. Eis que eles continuam transbordantes de saber; importa que todos os obstáculos sejam transpostos, ainda que colocados em seu caminho por Ele.

Deus está desnudo; não Lhe cobre nem mesmo etéreo manto. Há deles que, malgrado exercitarem uma exterior humildade para com o Criador, ao mesmo tempo sugam tudo que Ele tem - e, inflados em seu ego, declaram a sua completude: eles se completam, são autossuficientes. Se há Deus, eu quase poderia afirmar que é à sua imagem e semelhança, e não ao contrário.

Parafraseando o filósofo Colin McGrin, os escritos desses tais podem ser definidos pelo termo "mindfuck", cuja tradução em português vou me abster de citar; termo aqui usado com o sentido negativo de manipulação intelectual e não com o sentido positivo de libertação da mente. Esses 'sábios' escrevem com a função de atordoar a mente, alterando os dados da realidade e manipulando informações (nem que seja mediante pressupostos urdidos por eles mesmos). Portanto, a mudança que se consegue, ou a 'conversão' do interlocutor, é fruto de um convencimento falso, fraudulento, via de manipulação.

Outra característica desses personagens é a pouca ou nenhuma paciência com aqueles que não têm a mesma profundidade de conhecimento, ou que não primam dos mesmos raciocínios, ou não adotam iguais premissas que as deles. No máximo tais interlocutores recebem respostas lacônicas ou eivadas de 'generosa condescendência'. Eles representam uma casta, uma malta, onde somente cabem os seus iguais.

Triste é ter de reconhecer que nos deparamos diuturnamente com esses cristãos, despidos de qualquer generosidade, voltados unicamente para o "seu" conhecimento (agnósticos?), completamente embriagados e inebriados pela própria profundidade intelectual, usando Cristo como degrau, ou desculpa, ou muleta, para a consecução dos seus fins recônditos, que pode ser reconhecimento próprio (deles para eles), ou alheio (dos outros para eles), ou, ainda, ambos.





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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O conhecimento de Deus e outras considerações







Há alguns dias travamos uma instigante discussão em um blog amigo comentando sobre "Quem é Deus", cuja conversa desaguou na questão da unidade do conhecimento pelo homem natural. A grande questão colocada em análise era se a 'unidade do conhecimento é da dada pelo objeto do conhecimento, ou por Deus? Chegou-se à conclusão que "não existe conhecimento verdadeiro à margem da revelação, pela razão autônoma , porque quem unifica esse conhecimento é Deus" . A apreensão do Divino se dá não exatamente pelo objeto apreendido (pelas coisas criadas, conforme Romanos 1), porém, "para saber que há um Deus basta o homem ter corpo [senso natural (sentidos)] e alma" [intelecção], repetindo, 'ipsis literis', as palavras do brilhante Jonas Madureira (que nos deu uma senhora aula sobre filosofia no âmbito daquela discussão).

Toda essa busca se deu à sombra da teologia reformada, considerando, pois, a análise feita por cristãos. Todavia, fiquei pensando aqui com meus botões como seria a mesma análise feita por não cristãos, ateus, existencialistas ou agnósticos. Confesso que essa possibilidade acendeu uma centelha de curiosidade em minha mente, que se transformou em verdadeira 'fogueira'.

Recordo-me que naquela oportunidade levantei a seguinte indagação: se eliminássemos Deus então não seria possível a unidade do conhecimento? Se não for possível, então o que restaria, à margem de Deus? Eu quero entender isso para saber o que justifica o conhecimento dos céticos/ateus. Não fui inteiramente compreendido, pois o que queria apreender era, naquele momento, como se daria esse raciocínio por não crentes; qual é o esquema lógico desse raciocínio, ou melhor, como é concebido o silogismo. Da minha parte, eu estava plenamente convencido que a unidade do conhecimento é dado por Deus , não existindo conhecimento verdadeiro pela razão autônoma (no máximo um conhecimento parcial, se bem compreendi).

Essa indagação continuou retumbando em minha mente, até que me deparei com a resposta, observando o pensamento de alguns expoentes da filosofia, dentre eles Sartre, que assim se manifestou guiado pelo seu existencialismo:

"Estou começando a acreditar que nada pode ser comprovado. Essas são hipóteses razoáveis, que tomam os fatos em conta: mas estou plenamente cônscio de que procedem de mim, que são meramente um modo de unificar o meu próprio conhecimento. A inquirição pela verdade, por conseguinte, é ainda mais fundamental que a inquirição pela existência de Deus". [1]

Essa era a resposta que eu buscava! O homem natural crendo que pode, por si mesmo, unificar o conhecimento à margem de Deus. Faltava essa argumentação 'do outro' para que eu verificasse o seu fundamento (ou falta de). Portanto, pelo que pude compreender, o agnosticismo quanto à existência de Deus está intimamente vinculado ao agnosticismo acerca da verdade em geral", sendo esta última mais importante.

A partir dessa autossuficiência Sartre desenha a sua "crença", erigida sobre si mesmo:

"O existencialismo ateu, do qual sou representante, declara que, se Deus não existe, pelo menos existe um ser cuja existência ocorre antes de sua essência, um ser que já existe antes de poder ser definido por qualquer conceito acerca do mesmo. Esse ser é o homem, ou então, conforme o dizer de Heidegger, a realidade humana. O que queremos dizer que a existência antecede a essência? Queremos dizer que o homem, antes de tudo, existe, encontra-se consigo mesmo, surge no mundo - e só depois define-se a si mesmo. Se o homem, conforme os existencialistas o vêem, não pode ser definido, é porque, para começar, ele nada é... o homem nada é senão aquilo que ele faz de si mesmo. Esse é o princípio mais importante do existencialismo.

O primeiro efeito do existencialismo é que põe cada indivíduo na posse de si mesmo, tal como ele é, situando a inteira responsabilidade pela sua existência totalmente sobre os seus próprios mbros. E, quando afirmamos que o homem é responsável por si mesmo, não queremos dar a entender que ele seja responsável pela sua própria individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens". [2]

Eis que então retornamos à discussão inicial sobre quem é Deus, bem como o contraponto à Sartre, anulando a sua não-existência e afirmando a sua existência, sob a ótica de Albert Camus, cujo pensamento vem bem a calhar:

"A certeza da existência de um Deus que dê significado à existência tem muito maior atrativo do que o conhecimento de que, sem Ele, alguém poderia praticar o mal sem ser punido. A escolha entre essas alternativas não seria difícil. Entretanto, não há tal escolha, e é aí que começa a amargura...

Diante desse mal, diante da morte, o homem clama por justiça, desde as maiores profundezas de sua alma. [3]



Conclusão: prefiro continuar crendo firmemente que há um Deus que dá sifgnificado à minha existência, e que de fato unifica o conhecimento, tornando possível, através da Sua revelação, que eu O encontre, não por minha própria capacidade, mas por Ele mesmo, mediante o Seu chamado.



Fonte: CHAPMAN, Colin, "Cristianismo: A Melhor Resposta", Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, SP, tradução João Bentes. [1] p. 36; [2] p. 115/116; [3] p. 75.



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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Haiti e a jihad apologética




Mais uma vez a tragédia ressuscita as teologias do beneplácito de Deus. Desta vez é o Haiti: um terrível terremoto com o seu núcleo em Porto Príncipe - cidade muito abaixo da linha da pobreza, assim como o resto do país - colocou abaixo milhares de prédios, ceifando a vida de outras milhares de pessoas, soterradas sob os escombros. Corpos esparramados pelas ruas se decompondo, ou sendo enterrados em valas comuns sem qualquer identificação. A revista Veja desta semana reproduz essa cena dantesca, onde adultos e crianças mortos foram retratados em sua terrível desolação. E eis que os teólogos de plantão novamente começam a excluir Deus da tragédia, não ousando imaginar uma divindade irada (Jonathan Edwards pensava o contrário).


O ápice de tudo aconteceu com um artigo do blogueiro Julio Severo, ousando imaginar que a ira de Deus se abatera sobre aquele povo miserável e sofrido. Muitas vozes se levantaram contra o articulista, inclusive algumas extremamente agressivas, reproduzindo xingamentos do tipo canalha - o que não deixa de ser um excesso de quem se coloca contra o extremo supostamente cometido pelo criticado em seu artigo sob 'fogo' (fogo amigo???).


É até possível entender a indignação dos críticos, uma vez que o artigo de fato é bastante cáustico, mas não anti-bíblico, pois a gênese do pensamento condiz exatamente com a Palavra. Estranho é que os apologetas críticos, via de seus festejados blogs, no afã de desconstruírem o artigo, como também o pensamento do seu autor (disputa?), fazem-no dubiamente, uma vez que dão a impressão que Deus não se fazia presente naquela tragédia como autor, mas apenas como mero expectador. Estranho porque alguns desses críticos costumam se posicionar quase sempre de maneira equilibrada, biblicamente falando.


Deus não se ausenta de qualquer acontecimento no universo. A sua criação não se guia aleatoriamente, como um navio sem leme à deriva no oceano. Ele é a própria vontade que existe por trás de tudo, de cada evento, por mais pueril ou catastrófico que seja. Deus estava nos campos de concentração nazistas como vontade originadora do holocausto para fazer cumprir os Seus desígnios, os quais não temos conhecimento. Ele estava por trás do Genocídio em Serra Leoa, quando os hutus trucidaram os tutsis, etnia rival - e milhares de corpos boiavam pelos rios daquele país, tornando a sua água pútrida. Porém, Ele também estava livrando tantos outros que se salvaram. Deus faz viver e faz cessar a vida - usando de qualquer meio que Lhe aprouver, inclusive os cataclismos. Tudo para que se cumpram os Seus desígnios, em detrimento da vontade e dos 'achismos' humanos:


"Vede, agora, que eu sou, eu somente, e mais nenhum deus além de mim; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem possa livrar alguém da minha mão" (Dt 32:39).


"Eis que o Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna a sua superfície e dispersa os seus moradores." (Isa 24:1).


"E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?" (Dn 4:35)


Se de um lado há o erro de se fazer julgamentos e dar vereditos afirmando ser a tragédia "castigo de Deus" pela incredulidade daquele povo (haitiano), uma vez que não nos cabe emitir tais sentenças, de outro, erram aqueles que criticam esse posicionamento, colocando-se na vertente oposta, à moda "gondiniana", afirmando um deus todo amor, todo misericórdia, todo relacional. Um deus essencialmente 'bonzinho'. Quando ousam desvendar Deus, que o façam pelo menos biblicamente.


Deus escolheu um povo através de Abraão, não por seus méritos, mas pela sua santa vontade. Israel foi formada e amada pelo Criador, e não obstante, por vezes sem conta esse mesmo Deus de bondade castigou a "sua Israel":


"Por isso, como a língua de fogo consome a palha, e o restolho se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel". Por isso se acendeu a ira do SENHOR contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu, de modo que as montanhas tremeram, e os seus cadáveres se fizeram como lixo no meio das ruas; com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas a sua mão ainda está estendida." (Isaías 5:24-25)


Eis que esse mesmo Deus diz em Sua Palavra:


"Eu repreendo e castigo a todos quanto amo: sê pois zeloso e arrepende-te." (Ap 3:19)


Esse Deus bondoso muitas vezes se transmuda em Deus da ira. Aliás, trazemos conosco a sua ira e somente não somos consumidos pela sua misericórdia. Porém, tendo Deus destruído Israel, povo eleito, em razão da sua deslealdade e idolatria, porque não pode igualmente canalizar a sua ira para os Estados Unidos (New Orleans - New York), para o Brasil (enchentes, seca no nordeste), ou para o Haiti? Porventura os deserdados do nordeste brasileiro também não são pobres?


Sim, concordo que o momento não é para teologizar ou emitir julgamentos divinos - mesmo porque não nos cabe fazê-lo. Tampouco se admitem simplismos como os orquestrados pelos blogs "rivais" ao Júlio Severo. É bom lembrarmos que não estamos em uma "jihad" evangélica, ou em uma cruzada santa. Baixem a bola os apologetas de plantão!


Conclamo a todos a que oremos para os sobreviventes da tragédia no Haiti, e que Deus execute os Seus santos desígnios. E irá fazê-lo, queiramos nós ou não.





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domingo, 17 de janeiro de 2010

Deus, o universo e os axiomas




Afirmo que o universo existe porque o vejo, enxergo as estrelas à noite do meu quintal. Algumas galáxias são visíveis, os meus sentidos me informam que o que vejo realmente existe. Não estou em uma "matrix", sou um indivíduo. O meu coração pulsa, os dedos tocam a pele e sinto tanto os dedos como a própria pele. O ar frio eriça os pelos, os poros se contraem. Sim, eu existo. A filosofia ousa imaginar a não existência, como se nós fôssemos apenas uma miragem, considerando a possibilidade de não existirmos de fato. Quem sabe somos apenas a imagem de uma "não existência"? Mas ainda que assim fosse, quem criou essa imagem, e por que há o sentido de que ela (a imagem) existe, se não há um ser para senti-la?


Se partirmos porém dos sentidos - e aí podemos afirmar que existimos mesmo - de onde viemos, como viemos e como surgimos? Há controvérsias. Uns dizem que somos fruto do acaso, uma combinação aleatória de reações químicas dando origem a uma molécula e Buuuum! Eis que se criou uma pequena partícula que se expandiu dando origem ao universo. E do universo para nós foi mais uma série de combinações aleatórias, se iniciando com um insignificante ser unicelular, que deu origem a todas as espécies, grosso modo, jogando-se nesse caldeirão a seleção natural, de onde tudo surgiu. E desse encadeamento surgiu também o 'homo sapiens'.


Outros dizem que pura e simplesmente o homem e tudo que há foi criado por Deus, ser soberano e onipotente, início de tudo, vontade primeira, força criadora e definidora das espécies, bem ainda de todo o universo. Eu me coloco nessa segunda categoria.


Ora, de todos os pontos que olharmos, partindo da premissa de que tudo responde à lei de causa e efeito, o surgimento do universo também deverá ter uma causa: nada há sem uma causa antecedente. Não se pode criar algo do nada (nihil). De tal maneira que não se poderia conceber um universo inteiro, com todas as suas imensas complexidades surgido de reações aleatórias e sem causa.


A despeito de se imaginar uma partícula mínima a desencadear uma reação química, esta dando início ao big bang - o que se convencionou chamar de bóson de Higgs - ainda assim, essa partícula infinitesimal tem que ter tido uma origem, uma vontade que lhe tenhadado existência, uma força criadora: do nada nada se cria!


E por que tudo ao invés do nada? Se penso e existo, por que penso e porque existo? John Hick assevera que por trás dessa vontade há que ter " um ser necessário', que seja eterno, não causado, indestrutível e incorruptível " [1]. Os ateus logo foram céleres em afirmar que o "ser necessário" pode ser o próprio universo. Leibnitz, por seu turno, concebeu Deus como o Ser necessário, asseverando que "algo existe em vez de nada porque existe um ser necessário que carrega consigo sua razão para a existência e é a razão suficiente para a existência de todo ser contingente" [2].


Nós cristãos afirmamos que, se não podemos provar, à luz da lógica (humana) e da filosofia, através de absolutos, que Deus existe, também eles não podem provar a sua não existência, simplesmente por não poder ser demonstrado. Mas os que creem em Deus ainda levam a vantagem de explicar a origem de tudo, enquanto os que não creem, nada explicam e se atolam em uma encruzilhada lógica onde permanecem perenemente encravados.


Bem, então nós temos que considerar ser possível extrair de premissas bem formuladas a verdade, mesmo com a impossibilidade de ser demonstrada? Euclydes (330-270 a.c) disse que sim. Segundo esse célebre matemático o axioma fundamental de sua geometria é: "Por um ponto exterior a uma reta, somente podemos fazer passar uma só paralela a essa reta", só dando ao espírito humano três dimensões do espaço. Portanto, duas retas paralelas jamais se encontrarão, nem na terra e nem no universo infinito. E ainda assim elas existem e são paralelas. Porém, mesmo aí há controvérsias? Pois há aqueles que ousam afirmar que essas duas retas podem se encontrar no universo...


Se os axiomas devem ser evidentes, sob a condição de, não o sendo, ser demonstrados, este de Euclides não é evidente, tampouco pode ser demonstrado. No entanto, a geometria euclidiana foi comprovada, pela independência do seu axioma.


Assim, se a existência de Deus não pode ser comprovada logicamente, também a sua não existência é impossível de se comprovar. Mas ainda assim Ele existe. Por duas razões: a verdade que se extrai da Sua Palavra, e por que o Universo não existe por si mesmo ( esta uma impossibilidade lógico-científica), mas provém de uma força criadora pessoal, eterna e incorruptível: Deus. "Alia jacta est" : quem viver e morrer verá!



[1] John Hick, “God as Necessary Being,” Journal of Philosophy 57 (1960): 733-4.

[2] G.W. Leibniz, Theodicy: Essays on the Goodness of God, the Freedom of Man, and the Origin of Evil, trans. E.M. Huggard (London: Routledge & Kegan Paul, 1951), p. 127; cf. idem, “Principles,” p. 528.



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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobre barbudos e uniformizados de pijama




Hoje, ao dar um giro pela blogosfera, deparei-me com o ótimo blog do Allen Porto, "A Bíblia, o jornal e a caneta" , aproveitando para ler um texto sobre a anistia e os novos movimentos para ressuscitar a culpa dos militares durante o período da ditadura brasileira (aqui). Na verdade o texto do Allen já era uma quase refutação, digamos assim, a um outro blog (de um missionário) que, pelo que pude compreender, se solidarizava com as vítimas da tortura (jovens esquerdistas) e requeria, por outro lado, a responsabilização dos militares, na condição de torturadores.

O meu comentário foi no sentido de que, em havendo culpa ou excesso punível, ambos os lados deveriam sofrer a sanção aplicável a cada caso. Por outra vertente, aludi que não se deve impor culpa a quem quer que seja, uma vez que tais crimes já foram perdoados pela anistia.

Essa história ridícula de querer desenterrar a culpa dos militares em razão da tortura no período da ditadura é uma tentativa da turma dos aloprados do PT, com o intuito de pura vingança - como se eles tivessem limpidez moral para tanto.

Se reconheço - por observância legal - que os militares não devem ser apenados em razão das suas atividades na repressão política, igualmente tenho de reconhecer que aqueles que lutaram contra a ditadura cometendo os chamados "crimes de sangue" (algo bem parecido com terrorismo), também devem ser eximidos da culpabilização pelos delitos cometidos.

Em suma, nem militares e nem "militantes" devem sofrer qualquer sanção legal por aqueles atos, simplesmente por força da anistia. E ponto final!

O que se tenta agora é a aprovação de uma lei para exigir a culpa dos torturadores, sepultando o pacto que havia sido celebrado entre as duas partes e toda a população brasileira, a fim de legar ao esquecimento os ressentimentos e mágoas provenientes daquele período, renovando-se assim antigas querelas. Tal iniciativa é espúria e sub-reptícia, seja porque desfaz o antigo pacto firmado à sombra das instituições brasileiras, inclusive do Parlamento, ou por tratar de fatos idênticos com pesos e medidas diferentes. Crimes são crimes, praticados por militares ou civis.

Os aloprados e ressentidos do PT travestidos de grandes democratas, agora na condição de algozes e detentores dos instrumentos de Estado (Executivo e Legislativo), valem-se da "sua" força instituindo a novíssima caça às bruxas no Brasil. E quem são eles? Porventura são os "Genuínos", "Dirceus", "Tarsos" e "Dilmas" da vida?

A pergunta que teima em aflorar é a seguinte: que legitimidade moral tem essa turma para exigir do Estado Brasileiro a quebra do pacto de "não agressão"? Porventura a sociedade brasileira foi consultada?

Bem, digamos que seja aceitável que se cacem as bruxas - mas que sejam todas, tanto as esquerdistas barbudas quanto as direitistas uniformizadas! E mais, vamos desenterrar tudo: o mensalão, os porta-dinheiro-em-cuecas-e-meias, as obras hiperfaturadas, o famigerado PAC, os cartões corporativos, os presentes de empreiteiras, os Marcos Valérios testas-de-ferro, etc, etc, etc.

Tenho verdadeira ojeriza a essa turma barbuda que se vale dos instrumentos de Estado como se fosse o quintal da sua casa. Eu sempre analisei que ladrão é ladrão, independentemente de estar vestido de bermuda, calça jeans e camiseta, ou terno e gravata. Aliás, contra estes últimos sou a favor que se aprove prisão perpétua e se garanta a plena execução da pena.

Não suporto a arrogância desses incultos e famigerados pseudo-esquerdistas brasileiros, agora se arrogando a donos da verdade e da moral, ética e bons costumes, na persecução de uma justiça a qual não merecem exercitar para punir quem quer que seja. Que antes punam a si mesmos!

Confesso que esse farisaísmo causa-me asco.

Ainda bem que não há mal que perdure para sempre. Pelo menos haverá sempre a esperança de se trocar as peças desse grande tabuleiro. E a nós restará a possibilidade de optar por uma nova peça nesse teatro de mau gosto chamado Brasil.

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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ode a Deus








Quem acompanha este blog sabe que há algum tempo eu venho em uma grande busca pelo sentido da vida com Deus. Mais precisamente o tipo de relacionamento que há entre mim e Ele. Nunca houve qualquer incredulidade a respeito da Sua existência, ou dos Seus atributos, tampouco do Seu poder. Deus sempre foi para mim o início de tudo, a razão primeira da minha existência, a vontade criadora do homem, do universo e de tudo, absolutamente tudo que há.

Contudo, em um grande período da vida acreditei - por aprendizado errôneo - que eu fosse "senhor" das minhas escolhas. Olhava para a minha liberdade como algo definitivo, como um prêmio insofismável dado por Deus: tenho livre arbítrio! Retumbava em todo o meu ser o eco dessa verdade inalienável. Portentosamente essa 'qualidade' era quase arrogantemente demonstrada, até mesmo no relacionamento com o Excelso. "Eu estou aqui, escolhi crer no meu Deus, busco a salvação".

Ah, tão ledo engano... Vi um dia , como que num lampejo de sabedoria concedida pelo Divino que nada sou, tão somente criatura, simples vaso, barro nas mãos do Oleiro... "Pode o objeto criado perguntar ao construtor, por que me fizeste assim? "

Quantas vezes li a Bíblia. Tantas vezes passei pela Carta "Aos Romanos" e nunca antes o capítulo 9 houvera me causado tamanha dor...! Como que os meus olhos foram abertos, escamas caindo, a cegueira se desfazendo como se fora um encontro com Ananias. O cérebro lutava, o intelecto se ressentia de tamanha escravidão recém apreendida. Nada sou? Quero a minha liberdade de volta! "Tu me conhecias ainda no ventre da minha mãe". "Tu me embalavas ainda quando eu era massa informe, e ainda antes que eu fosse formado tu me vias."

Eu redescobri que sou criatura, barro sendo moldado pela vontade soberana que controla todo o universo. Eu não existiria, não fosse essa vontade primeira. Logo, nada sou, senão o produto da vontade do Criador, que me molda segundo o Seu desejo, sem qualquer outra influência externa a lhe auxiliar. Deus meu! "Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! "

Sim, eu quero esse jugo porque é leve! Eu me abandono à vontade de Deus, eu me entrego vencido e ainda assim me rejubilo! Sou barro nas Mãos do Oleiro, molda-me Senhor! Glorifico a Ti segundo a Tua vontade escrita na eternidade dos tempos.

Sim, tu determinaste a minha existência, toda ela, ainda nas brumas da eternidade. Meus pensamentos foram pensados por ti antes que a matéria de que fui formado existisse, ainda no alvorecer dos tempos, que nem tempos eram! Quando o abismo se projetava, Tu descansavas sobre a sua face e já os meus pensamentos vagavam pela névoa do infinito. E eles estão hoje sendo vivenciados e pensados por mim, porque ainda na eternidade a Sua mente infinita me criou e decretou todos os meus dias: "nenhum cabelo cairá da minha cabeça sem que Tu saibas!"

Não, eu não quero qualquer liberdade. Eu quero ser guiado pelas suas veredas rumo à eternidade... Eu quero me banhar com as águas que descem do Teu trono e sarar as minhas dores com as folhas da árvore da vida. "Eu quero ser vaso de honra..."

Quem sou eu para duvidar da Tua soberania? Quem sou eu para querer, à margem de Ti, ditar os meus dias e os meus pensamentos? Quisera eu o fizesse e me perderia no caos de uma vida sem eco.

Quão tristes são os soberbos com a sua grande liberdade! "Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles."

Eis o que faço: um grito retumbante contra a liberdade! Quero ser servo, escravo da vontade de cristo "porque o jugo é suave e o fardo é leve".




( este post é em homenagem aos meus irmãos reformados, especialmente ao Roberto Vargas, usado por Deus para me mostrar estas verdades; Helder Nozima, Clóvis (cinco solas) e tantos outros que pacientemente me guiaram por essas maravilhosas veredas, rumo ao verdadeiro conhecimento de Deus. Hoje posso afirmar que sou livre - pela graça de Deus)

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Soberania de Deus, vontade e responsabilidade humanas



Thomas Paul Simmons, D.Th.



1. O DECRETO DE DEUS CONCERNENTE AO PECADO NÃO É CAUSATIVO SENÃO PERMISSIVO, DIRETIVO, PREVENTIVO E DETERMINATIVO.


Deus decretou que o pecado viesse ao mundo por motivos que são inteiramente conhecidos somente dEle, mas Ele decretou que o pecado viesse pela própria livre escolha do homem. Deus não compele o homem a pecar, mas permite-o. O homem, e não Deus, é a causa eficiente do pecado e por essa razão o homem é responsável.

Antes de passar adiante, é preciso ser observado que nenhumas objeções podem ser trazidas contra a afirmação que Deus decretou o pecado, viesse ao mundo, que não possa ser trazida contra a permissão atual do pecado por Deus, a menos que o objetor assuma a posição que Deus foi impotente para impedir a entrada do pecado. Isto seria uma negação da onipotência e soberania de Deus e renderia o objetor indigno de consideração aqui. A onipotência e soberania de Deus nos ensinam que o que quer que Deus o permita Ele o permite porque Ele quer fazer assim. E desde que Deus é imutável, sua vontade tem sido sempre a mesma: o que Ele quer em qualquer tempo Ele tem querido desde toda a eternidade. Portanto, Sua vontade iguala ao Seu propósito e o Seu propósito iguala ao Seu decreto.

2. A LEI DE DEUS E NÃO O SEU DECRETO FIXA O DEVER E A RESPONSABILIDADE DO HOMEM.


A Lei de Deus é o guia e o padrão do homem. Isto é, à vontade revelada de Deus. O decreto de Deus é a Sua vontade secreta. O homem nada tem a fazer com isto, exceto saber e reconhecer os fatos concernentes. As coisas secretas pertencem a Jeová, nosso Deus, mas as reveladas a nós pertencem e aos nossos filhos para sempre, para que façamos todas as palavras desta Lei(Deuteronômio 29:29).

3. O MOTIVO ANTES DE O HOMEM PECAR FÁ-LO RESPONSÁVEL.

Porque o homem peca? É porque ele quer, porventura, fazer a vontade de Deus? Não, nunca assim. Porque os homens crucificaram a Cristo? Porque creram que Deus O mandara para morrer como um porta-pecados? Não. Foi porque eles O odiaram. Crucificaram-NO através de motivos ímpios. É assim sempre que o homem peca. O pecado procede do amor do homem às trevas (João 3:19).

II. A RESPONSABILIDADE HUMANA E A INABILIDADE ESPIRITUAL DO HOMEM


Uma outra pergunta concernente à responsabilidade do homem é: Como pode o homem ser responsável por não obedecer inteiramente à Lei de Deus e por não receber o Evangelho, quando o ouve, se ele por natureza não pode fazer ambas as coisas?

A resposta a esta pergunta é que o homem pode ser responsável pelo que ele não pode fazer somente na suposição de ele ser culpado por sua inabilidade. E é um fato que o homem é culpado por sua inabilidade espiritual. Não é que ele, individualmente, por seu próprio ato pessoal, deu origem à inabilidade, porque ele nasceu com ela; mas todo homem pecou em Adão e assim deu origem à sua inabilidade espiritual. Que todo homem pecou em Adão é o verdadeiro ensino de Romanos 5:12: "Portanto, assim como por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte, assim a morte passou a todos os homens porque TODOS PECARAM". Pecaram? no grego está no aoristo, o qual expressa ação passada distinta. A passagem fá-lo referir-se à participação de todos os homens no pecado de Adão.

4. MINHAS CONCLUSÕES

O motivo desta minha postagem se vale por uma discussão que tive ontem, junto a vários amigos reformados sobre predestinação vs vontade e responsabilidade humana (aqui), e aproveito agora para reconhecer , publicamente, que cometi alguns erros de entendimento. O que não significa que eu concorde com tudo que lá foi dito.

Pois bem, partindo do pressuposto de que tudo é ditado por Deus, tudo é determinado antes da fundação do mundo ( e eu concordo que Deus elege e predestina, chama, justifica e glorifica - Rm 8:29,30), inclusive os pensamentos e todas as ações humanas, também a vontade, como podemos ter responsabilidade? Essa é a antinomia: como podemos ter responsabilidade sem qualquer grau de liberdade? E nesse prisma, o que é a livre agência, que a grande maioria dos calvinistas concebe, em contraposição ao livre arbítrio?

Dentre várias definições, A. H. Strong diz: "Livre agência é a faculdade de autodeterminar-se em vista de motivos ou poder de o homem (a) escolher entre motivos e (b) dirigir sua atividade subseqüente conforme com o motivo assim escolhido" (Systematic Theology, pág. 176) (negritos nossos).

Como então, segundo a livre agência, se Deus determina tudo - até mesmo os nossos pensamentos - podemos ter a nossa vontade preservada? Uma das opiniões é que essa resposta se encontra na soberania de Deus, porque Ele quis assim e assim decretou. Essa resposta não me satisfaz, não porque eu não admita a soberania de Deus, mas porque elmina completamente a vontade do homem e, como consequência, a liberdade de escolha e de autodeterminar-se. Se não há compulsão, arbitrariedade e nem constrangimento externos, como se processa isso? Eu discordo exatamente em um ponto de alguns amigos reformados: Deus não decreta pecados individualmente, senão seminalmente através do pecado original: Ele permite o pecado para a consecução dos Seus santos desígnios. E aí, eu entendo, há sim, um certo grau de liberdade - sem que com isso possamos modificar os decretos divinos, ficando isto bem entendido.

No mesmo diapasão, acredito que o pecado existe em razão da natureza caída do homem, não somente porque Deus o decrete (mas também porque o decreta). Porém, não acredito que Deus decrete desde a eternidade "todas as ações e pensamentos do homem individual e detalhadamente", tornando a própria Lei Moral um faz-de-conta e o homem um autômato. Deus , a meu ver, decreta o final, predestina e elege, mas a existência do homem é autodeterminada segundo a boa vontade de Deus , mas com um certo grau de liberdade.

A questão é a seguinte: o fato de Deus nos conceder essa livre agência, interferindo apenas para garantir os Seus desígnios (decretos eternos), não diminui a Sua soberania, uma vez que Ele (Deus) não fica adstrito à vontade do homem, mas este sim, fica sob a égide da Sua vontade. O Eterno ainda controla, governa e dirige a sua criação.

Concordo com o mesmo autor em epígrafe quando assim assevera:

"Quando os homens dizem que a soberania absoluta de Deus não pode reconciliar-se com a livre agência por mentes finitas, indicam um mal entendido quer da livre agência, quer da soberania de Deus, ou de ambas. A livre agência está em harmonia perfeita, completa e manifesta com a soberania absoluta de Deus. O laço de união entre ambas jaz no fato que a vontade está sujeita ao caráter do seu possuidor. Deus determinou o caráter de cada homem por meio de qualquer dos Seus decretos, positivo ou permissivo, positivo no caso de todo o bem e permissivo no caso de todo o mal. E Deus, tendo determinado todas as circunstâncias, controla os motivos que influenciam a vontade. Assim Deus controla as ações humanas e todavia os homens agem em todos os tempos livremente como Deus mesmo faz. Se não houvesse Deus, o homem não podia agir mais livremente do que age."

É isso, Deus decreta, elege, todavia não precisa ditar pensamentos e ações (e a meu ver não o faz) para preservar a Sua soberania, pois determinou subjacentemente o caráter de cada homem, cuja vontade está sujeita a ele.

Se de fato Deus determinou e ditou todos os nossos pensamentos e ações sou forçado a concordar com um arminiano amigo: o calvinismo é muito sem graça (mas Ele interfere sempre, embora sem mudar o final, senão para alcançar o final, não deixando de ser imutável, tampouco soberano).



[Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004 Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04Fonte: www.PalavraPrudente.com.br - link )



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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Propiciação, obra do próprio Deus - Fragmentos


J. I. Packer



No paganismo, o homem propicia aos seus deuses, e a religião se torna uma forma de comércio, e, na verdade, de suborno. No cristianismo, entretanto, Deus propicia sua ira por sua própria ação. Ele propôs Jesus Cristo, diz Paulo, para a sua propiciação. Ele enviou seu filho, diz João, para ser a propiciação pelos nossos pecados. Não foi o homem a quem Deus era hostil que tomou a iniciativa de tornar Deus amigável, nem foi Jesus Cristo, o Filho Eterno, que tomou a iniciativa de transformar a ira de seu Pai contra nós em amor. A ideia de que um Filho bondoso tenha mudado a mente de seu Pai cruel, oferecendo-se em lugar do homem pecador não faz parte da mensagem do Evangelho, é na realidade uma ideia subcristã e mesmo anticristã, pois nega a unidade da vontade do Pai e do Filho e cai no politeísmo pedindo que creiamos em dois deuses diferentes. Mas a Bíblia anula completamente esta ideia, insistindo que foi Deus mesmo que tomou a iniciativa de extinguir sua própria ira contra aqueles que, apesar de seu pouco merecimento, Ele amou e escolheu para salvar.

"A doutrina da propiciação é precisamente essa, que Deus amou tanto os objetos de sua ira que deu seu próprio Filho com a finalidade de, pelo seu sangue, propiciar a remoção dessa ira. Cristo solucionou de tal modo o problema da ira que os amados não são mais objeto dela , e o amor pôde alcançar seu objetivo de transformar os filhos da ira em filhos do prazer de Deus." (John Murray, The Atonement, p. 15)

Paulo e João confirmam isto explícita e enfaticamente. Deus revela sua justiça, diz Paulo, não apenas em retribuição e juízo de acordo com sua lei, mas também "sem a lei" ao justificar aqueles que creem em Jesus Cristo. Todos pecaram, entretanto, todos são justificados (resgatados, aceitos, restaurados, reconciliados com Deu) livre e gratuitamente (Rm 3:21-24). Como foi que isso se deu? "Pela graça, (isto é, misericórdia, em desacordo com o mérito; amor por quem não era digno dele e como diríamos, desmerecendo esse amor). Como a graça opera? "Pela redenção" (salvo pelo resgate) "que há em Cristo Jesus". Como podemos entender que para aqueles que creem nEle, Cristo Jesus é a fonte, o meio e a substância da redenção? Porque, diz Paulo, Deus O estabeleceu como propiciação. A realidade e a possibilidade da redenção brotam dessa iniciativa divina.
["O conhecimento de Deus", Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1973, p. 168/169]

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Qualquer semelhança é mera coincidência!










Por Pastor Robson Aguiar



Você está cansado de ouvir alguém falar de suas bobagens?Já não agüenta mais as críticas a respeito do que você pensa e fala?Não quer o desgaste provocado pela sua postura em seu blog e participação em outros?

Você quer criticar a todos em seu blog, ridicularizar alguém com seus comentários, rir dos erros dos irmãos, dos menos providos de conhecimento e mesmo assim ficar totalmente imune às críticas? Nós temos a solução para o seu Pô brêma! Risos.

VOCÊ ESTÁ PRECISANDO É DO NOVO E REVOLUCIONÁRIO PRODUTO DAS EMPRESAS LUCRA MAIS.

O SENSACIONAL TERNO BLINDADO!

Isso mesmo meu amigo, os fofoqueiros de plantão, agoureiros e maldizentes, com essa não contavam. Com esta nova roupa você poderá lançar farpas em quem quiser com proteção garantida contra réplicas.

Você pode pregar, ensinar e escrever O QUE VOCÊ QUISER. E ninguém vai poder fazer o mesmo com você! Não é maravilhoso? E quando alguém criticar as suas idéias, você simplesmente pede a blindagem.

Quem usou gostou? À venda em um blog CICUNVINZINHO.

É só contar uma choradeira, alegar que são questões pessoais, que o moderador está sendo conivente, que é perseguição política e pronto. Você leva pra casa seu produto.

AH! EU TAMBÉM QUERO ESSA ROUPA. Ninguém poderá mencionar meu nome.Vão ter que usar figura de linguagem. Risos

Minha teoria estava certa, viu meu amigo do café com bíblia?

O episódio, faz-me lembrar a história do compositor da musica popular brasileira Geraldo Vandré e a música de sua autoria dos tempos ditatoriais onde a crítica era CENSURADA, e segundo relatos da época, um General teria proibido a gravação de uma de suas músicas baseando na letra por achar que era subversiva. Então o mesmo aconselhou ao Vandré, dizendo: por que você não se ocupa em compor músicas poéticas que falem, por exemplo das flores?
Ao que Vandré para ironizá-lo mudou apenas o tema da canção “Pra não dizer que não falei das flores” (risos).

Também conhecida como “caminhada”

A letra dizia:


Vem, vamos embora
Que esperar não é sab
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer"
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
de morrer pela pátria e viver sem razão".

Esses versos foram interpretados como uma chamada à luta armada contra o regime militar e por causa deles, Vandré deixou de ser Vandré e o Brasil perdeu no bonde da história alguém que possivelmente teria sido um de seus mais talentosos compositores.




PS: Se porventura o texto te fizer lembrar qualquer outro episódio ocorrido em outro blog, a respeito de discussões sobre uma certa "Bíblia", e um certo apologeta, informamos que é mera coincidência.






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domingo, 3 de janeiro de 2010

Aniversário da Isadora!!!




Hoje o dia amanheceu mais bonito e alegre: céu não tão claro, mas com uma brisa muito agradável a nos acariciar. O dia é especial, talvez por isso o Criador esteja nos brindando com esse suave e aprazível clima.

A Isadora, minha linda filha caçula está fazendo aniversário: 10 aninhos. A minha querida menina já está se transformando em uma linda mocinha , verdadeira "pensadora". E como reflete! Quantas conclusões extrai de um fato corriqueiro!

Florzinha do meu coração, o meu amor é tão grande por ti que em certos momentos quer transbordar (não fique com ciúme Sarah, você também terá o seu post no seu aniversário). Nesses instantes a alegria me sufoca, então agradeço a Deus por ter me brindado com este maravilhoso presente.

Acredito que Deus tem um plano traçado em nossas vidas, com início, meio e fim. Nesse projeto alinhavado pelo Eterno ainda em um tempo que não era tempo, a Isadora já brilhava como uma estrelinha na dimensão do Altíssimo, quando nada ainda existia. Lá estava desenhada toda a sua história , porque Deus tudo sabe e tudo vê. E na eternidade de Deus fomos juntados. Ele então emaranhou os nossos DNA's e nos tornamos como que uma só carne, posto que a essência se tornou a mesma, os cromossomos se misturaram; as células passaram a se complementar.

Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, linda flor dos meus dias! Assim como ele se mistura em sua Trindade, nós também, como pai e filha, possuímos a mesma informação genética. Mas muito mais do que essas características físicas, trazemos conosco o amor, este sim, indizível. Os nossos corpos morrem, a alma vive e o amor permanece.

Isadora, saiba que a minha vida seria completamente triste se você não estivesse aqui. Com certeza eu sentiria uma enorme saudade caso você não existisse... mas se isso ocorresse, eu pediria tanto a Deus, o importunaria constantemente, até que Ele, nem que fosse pelo cansaço, a faria nascer. Então Ele estalaria os "dedos" e você surgiria na barriga da sua mãe. Para dizer a verdade Isadora, foi assim que Ele fez.

Você ilumina as nossas vidas. Nós te amamos.

Eu, a Luciana, a Sarah e você estamos juntos e permaneceremos unidos até que se cumpram todos os projetos de Deus em nossas vidas.
Peço a Deus que a nossa permanência aqui seja duradoura, aspergida de muito amor e que Ele se faça presente em nossos corações para todo o sempre!

Felicidades Isadora. Cresça linda, inteligente e maravilhosa, glorificando a Deus em todos os momentos, dando-lhe graças por todas as coisas.

São os votos de Ricardo, Luciana e Sarah: pai, mãe e irmã.

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sábado, 2 de janeiro de 2010

Recado ao "inimigo imaginário"

Hoje tive a ingrata infelicidade de ler um post onde o meu nome foi escrito de forma infantilmente debochada, mediante o uso de um trocadilho - sei lá se pode ser chamado assim - que denota a pobreza intelectual do seu autor (aqui) . Ele me chama de Ricardo Mame dez, vinte... Como fui citado expressamente em seu blog postei um comentário - que mais uma vez não foi publicado até o momento. Todavia, uso este espaço para publicá-lo:


Caro Pr. Ciro Sanches Zibordi,

Como fui citado expressamente em seu texto, exijo a publicação deste comentário, recebido como DIREITO DE RESPOSTA AO AGRAVO, à luz do art. 5º, V, da Constituição Federal.

A 'priori' vale salientar que o senhor sabe perfeitamente o meu nome, uma vez que interagimos no pointrhema.blogspot.com: Ricardo Mamedes.

Em segundo lugar, quando o meu nome é citado debochadamente pelo senhor como Ricardo Mame dez, vinte... é possível a qualquer receptor da mensagem inferir um entendimento MALICIOSO e OBSCENO dessa zombaria, que pode se constituir, em tese, em crime contra a honra.

Certamente que, mais uma vez, também é possível apreender claramente quem é "zombeteiro" e gracejador entre nós dois. Eis que eu jamais me referi à sua pessoa, seja aqui ou no meu blog, lançando mão de tais 'estratégias' desabonadoras.

As três únicas vezes que comentei em seu blog eu o fiz em tom respeitoso e com a mais absoluta civilidade, nunca desrespeitosamente. Convido-o e o desafio a provar o contrário. No meu blog, denunciei apenas o seu costume de não publicar meus comentários ( e de mais alguns) contrários, mesmo sendo respeitosos.

Na discussão do 'pointrhema', fui igualmente civilizado. A quem quiser comprovar, acesse o blog (pointrhema.blogspot.com) e avalie os nossos posicionamentos.

Por fim, jamais apoiei ou me associei a blogs que fazem paródias de quem quer que seja, muito menos do seu nome. Esclareço que o meu blog não tem a função de moderação, sendo todos os comentários publicados automaticamente. Todos! O que motivou a publicação daquele comentário do tal cirozueira. Porém, deixei claro isso no proprio blog.

Logo, o senhor não tem o direito de me acusar de me associar a esse tipo de blog, sob a condição de ter que prová-lo.

Ao final, penso não ficar bem ao senhor, um pastor, se referir tão zombeteiramente, até escrachadamente, fazendo "PARÓDIA" do meu nome - coisa que nunca fiz do seu nome ou da sua pessoa - pois tal conduta não condiz com a sua posição. Sem contar que isso poderá indicar até mesmo um antissemitismo, posto que o meu nome tem raízes judaicas, claramente verificáveis pela sua sonoridade.

Em Cristo, o meu salvador,

Ricardo MAMEDES.

Ps: o senhor sempre terá os seus comentários publicados em meu blog, mesmo que contrários aos meus textos.


Por derradeiro, vale acrescentar que não sou inimigo da pessoa em referência, citada em epígrafe, tampouco amigo. A bem da verdade nem mesmo o conheço. Portanto, a propalada "inimizade" é fruto unicamente da sua mente fantasiosamente fértil .

No entanto, acho estranho que um auto-denominado "homem de deus" (com minúscula) tenha tantos inimigos e desafetos...

Continuarei crendo no Deus da graça, que me salvou via do sacrifício vicário de Cristo na cruz, amando os meus semelhantes e pedindo que Ele os salve - sem colecionar inimigos e desafetos na blogosfera, mas amigos e irmãos.
Finalizo aqui qualquer contato com o senhor, esperando que faça o mesmo, haja vista que não sinto prazer, tampouco sou edificado no debate com a vossa digníssima pessoa.



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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Breve refutação a um arminiano convicto






Em uma visita ao site de viés reformado, "Eleitos de Deus" do Heitor Alves (aqui) pude fazer uma pequena refutação a um arminiano, e quero, neste ato, como auto-declarado aprendiz das doutrinas da graça, colacionar:

Paulo disse:

Onde é que está dito nas Sagradas Escrituras, claro, que a fé é um dom de Deus? Esta pode ser uma afirmação de Calvino ou de qualquer movimento religioso, mas da Palavra de Deus, nunca! Dizer que a fé é um dom de Deus é negar a eficácia do sangue do Senhor, isto porque nega a Sua abrangência a todos os homens que, em qualquer lugar e em qualquer época, invoque o nome do Senhor e sejam justificados pela fé. O texto que, de maneira explícita, fala da fé e de dom de Deus é Efésios 2:8. Mas o que é que é dom de Deus ali? “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” E “ISTO”! “Isto” é pronome demonstrativo neutro. Nos remete para todo um sistema de coisas que não pode estar determinado nem no feminino nem no masculino. Se o pronome “Isto” nos reportasse para o termo “Fé” estaria no singular e no gênero feminino “Esta” já que a palavra “Fé” é uma palavra feminina e está no singular! Isto é evidente! Claro que a fé salvadora não é um dom de Deus e nem poderia ser. De um deus tirano, nos livre Deus. O que é dom de Deus, no caso específico, é o ser salvo pela fé, e não a fé. O argumento de que Deus anda dando fé para uma turma já eleita para a salvação é areia braba e qualquer chuvisco, qualquer neblina, qualquer serração desmorona a casa por completo! A mentira é coisa ruim! Mas, cá pra gente, a mentira travestida de verdade, essa, além de ruim, é perigosa! E os que a fabricam, hão de ser indesculpáveis!

Ricardo Mamedes disse:

Paulo, Você de maneira nenhuma refutou o texto! Contestou o que quis e se fez indiferente para o que não quis contestar (ou não pôde)! Como então você explica Atos 13:48? ...E creram todos quantos estavam ORDENADOS para a vida eterna. Essa locução é definitiva no sentido de determinar uma ação prévia de Deus antes da própria fé: Ele ordenou a fé dos gentios. Vamos lá, como você explica Jo 6:44, 65? Se a fé é opção do homem, porque a locução NINGUÉM ? "... ninguém pode vir a mim..." a menos que o Pai o conceda! Logo, o VIR significa TER FÉ. Portanto, a lógica é que a fé é concedida pelo Pai. Não? Ora, na mesma direção vai Filipenses 2:13: "Porque é Deus quem efetua em vós tanto o QUERER como o REALIZAR, segundo a sua boa vontade". Querer= ter fé. Realizar= salvação.

Tentar modificar a essência do texto bíblico não irá em seu benefício. Como você refuta, nessa mesma ordem, Romanos 3:11, quando Paulo afirma peremptória e veementemente que "não há quem busque a Deus"? Como então ter fé, se não há a possibilidade dessa condição? Ora, "buscar a Deus" é o mesmo que "ter fé", uma vez que o único caminho para buscá-LO é através de Cristo. Então como podemos chegar a Deus? Através da escolha dEle mesmo, ou seja, foi Ele quem "nos escolheu primeiro" antes que nós O escolhêssemos" (lembra?). Por isso a definição em Romanos 8:29-30: ali está retratado todo o processo de salvação em uma ordem lógica, onde "tudo vem de Deus".

Observe que o primeiro ato é "predestinar", o segundo, "chamar", o terceiro "justificar" (somente agora a fé, através do sacrifício vicário de Cristo), e, por último, a "glorificação"(30). Vê como é um processo ordenado? Somente ao final vem a "glorificação". Finalmente, Romanos 9:11-23. "... não eram os gêmeos nascidos" ... "nem tinham praticado o bem ou mal" (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama" (11). Viu só? Observe bem que não é por "obras". Logo, a eleição prevalece "por aquele que chama". Chamar, nesse contexto, é ter fé. Se a fé fosse dom do homem, a salvação seria por obras, "e a graça já não seria graça" (Romanos 11: 6).

Portanto, queira você ou não "Ele terá misericórdia de quem lhe aprouver ter (Rm 9:13); independentemente de "muito correr ou querer" (9:16). Aliás, por essa lógica somente quererão aqueles que antes forem "chamados". Você afirma que "Deus jamais faria alguém para a perdição" (vi seus posts), o que é contradizente com Romanos 9:20-23: ali ele diz expressamente que fez "vasos para honra e outros para desonra" (9:21). Você me perguntaria em tom revoltado: Para quê? Deus é quem lhe responde: "...a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para a glória preparou de antemão..." (9:23).

Ao final você considera no seu comentário: seria então esse Deus tirano? Ele te responde: "Quem és tu ó homem, para discutires com Deus? Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra" (Romanos 9:20-21). Se ainda assim, Paulo, você duvida de que todo o processo de salvação é dom de Deus, vá discutir com Ele.

Quero salientar que somente deixei fora outros comentários, inclusive aquele extremamente pertinente feito pelo Heitor, para evitar que este post ficasse por demais extenso. Entretanto, caso alguém queira, dirija-se até o site de origem e poderá ter acesso completo (aqui).


[do site: http://www.eleitosdedeus.org/ . "Artigo traduzido do espanhol para o português por Daniela Raffo. Este artigo é parte de um livro que foi traduzido de uma versão abreviada em inglês intitulada "Quem está no controle?", publicado por Grace Publications Trust, e em sua versão original em inglês por Baker Book House. O título da versão original em inglês é: "A soberania de Deus".]

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