sábado, 27 de agosto de 2011

Refletindo nEle e com Ele



Os ensinamentos do apóstolo Paulo vêm sempre em meu socorro, embora, entendam os leitores, eu não construa sobre ele qualquer iconografia. Sobremodo excelentes são seus textos, cuja construção teológica chega a espantar, dada a profundidade dos ensinos que se extraem das suas Cartas.

Contudo, não estou aqui apenas para elevar o saber do apóstolo tardio, embora ele mereça toda a consideração pela riqueza daquilo que escreveu, pois sei, outrossim, que os louros não são dele, o homem Paulo, mas daquEle que o preparou para o Ministério. Estou aqui, sem os rigores da estética, para falar de reflexão, vida e cotidiano. Nem mesmo aspiro escrever um tratado sobre qualquer assunto de viés teológico, filosófico, etc.

Feita a rápida introdução explicativa, passo a justificar a citação à pessoa de Paulo. É que o sábio e eminente apóstolo discorreu em mais de uma carta sobre o saber viver bem tanto na fartura como na escassez, louvando a sua fraqueza em detrimento da força que lhe socorria dos altos céus, todavia, jamais se ufanando dos seus dons ou se jactando do seu saber. Ao se defrontar com os sábios da sua época, quando da Grécia refluiam os virtuoses da filosofia secular, pouco disse sobre eles, uma vez que aquele conhecimento que possuiam não lhe interessava por ser "híbrido".

Às vezes me recolho, um pouco em decorrência da labuta diária, do labor cansativo dos fóruns, onde sobejam os egos acesos, e outro tanto por um certo ensimesmamento voluntário, produto do cansaço que as relações humanas me preenchem. Fico a observar os meus pares a conversar alegremente nos sites de relacionamentos em explosão de alegria e saber, e eis que indago se as suas existências são perfeitas. Então necessito da reflexão calma para me recolocar no lugar que devo estar, em confluência de vontades: a minha e a de Deus.

Tendemos a imaginar erroneamente, principalmente nos momentos de lutas, desertos, tribulações, que somos únicos nesse sofrer imposto por aquelas labutas diárias que fiz referência no início, mas estamos errados. Todos, absolutamente todos, nos equilibramos nesse fio invisível, dando um passo de cada vez. E tanto mais desequilibrados ficamos, a ponto de cair, quando nos valemos tão somente das nossas próprias forças. A carne de fato militando contra o Espírito, e este contra a carne, nesse confronto diuturno e fastidioso. Ah como cansa...

O mundo perfeito ainda não temos e tampouco teremos nesta terra, até que sejamos completamente restaurados pelo Criador. Portanto, é salutar que saibamos que a universalidade dos seres humanos, mesmo os regenerados por Cristo em decorrência da fé e da Graça, travarão constantes batalhas, como lutadores em um grande ringue, ganhando alguns rounds e perdendo outros, porém, sabendo de antemão que a batalha será ganha com grande saldo de pontos. Por isso, mister que não invejemos nem os ímpios, quando aparentemente são alegres e vitoriosos, e muito menos os nossos irmãos, quando mais ponderados e edificados do que nós mesmos. Cada um, com o seu quinhão de graça Divina, caminhando, sempre adiante, sem retroceder jamais.

No final de tudo, a reflexão faz crescer, especialmente quando se coloca Deus à frente dos pensamentos. O refúgio no Eterno fortalece a alma, mesmo quando a tristeza quer transbordar...

Os desertos e os vales nos preparam e nos forjam para o futuro, sabendo com certeza que os caminhos serão aplainados. É esperar e caminhar. E seguir adiante, fixando no objetivo que é Cristo.


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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A doutrina da eleição e a justiça de Deus


Em Romanos Paulo faz uma pergunta retórica: "Que diremos pois? Há injustiça com [em] Deus?" Novamente perguntamos por que Paulo fez essa pergunta. Ele era um professor, um mestre por excelência. Ele antecipava objeções que poderiam ser levantadas por seu ensino, e ele tratava delas assumidamente. Que objeção ele tem em vista quando levanta a questão de injustiça em Deus?

Primeiro consideramos a visão presciente da eleição. Que objeções levantadas contra ela incluem o ataque que há injustiça em Deus? Nenhuma. A visão condicional da eleição é proposta para proteger duas fronteiras: de um lado, uma visão particular de liberdade humana, e do outro uma visão específica de Deus. Buscam proteger Deus da acusação de que ele é parcial, arbitrário ou injusto, escolhendo algumas pessoas para salvação sem levar em conta suas próprias escolhas. Em resumo, oposição a visões arminianas ou semipelagianas de eleição não inclui a acusação de que isso coloca em dúvida a justiça de Deus. Se Paulo estivesse expondo a visão presciente, dificilmente esperaríamos que ele levantasse uma objeção desse tipo.

A objeção que Paulo chega a antecipar é uma que calvinistas ouvem constantemente: a doutrina calvinista de eleição lança uma sombra sobre a justiça de Deus. A reclamação forte e frequente é que a eleição incondicional envolve Deus numa espécie de injustiça. Minha suposição é que Paulo antecipou a própria objeção levantada que calvinistas ouvem porque ele ensinou a mesma doutrina de eleição que calvinistas ensinam. Quando nossa doutrina de eleição é atacada, eu me consolo que estamos em boa companhia, a do próprio Paulo, quando precisamos suportar as objeções capciosas daqueles que fazem oposição à eleição incondicional.

A idéia de que pode haver injustiça em Deus é relacionada ao fato de Deus escolher alguns para salvação enquanto passa por cima de outros. Não parece justo nem "direito" Deus conferir sua graça em alguns mas não em outros. Se a decisão de abençoar Jacó e não Esaú foi feita antes de um dos dois nascer ou ter feito algo de bem ou mal, e se a escolha não foi com vistas a suas ações ou reações futuras, então a pergunta óbvia é: Por que um recebeu a bênção e não o outro?" Paulo responde isso apelando a palavras de Deus a Moisés: "Eu terei misericórdia de quem eu terei misericórdia". É prerrogativa de Deus dispensar sua graça conforme ele acha por bem. Ele não ficou devendo nem a Jacó nem a Esaú qualquer medida de graça. Se não tivesse escolhido um dos dois, ele não teria violado nenhum preceito de justiça ou retidão.

Ainda parece que se Deus dá graça a uma pessoa, no interesse de justiça ele "deveria" dar graça igualmente para outra. É precisamente esse "dever" que é estranho ao conceito bíblico de graça. Entre a massa de humanidade decaída, todos culpados de pecado diante de Deus e expostos à sua justiça, nenhum tem qualquer reivindicação ou autorização à misericórdia de Deus. Se Deus escolhe conceder misericórdia a alguém daquele grupo, isso não requer que ele dê isso a todos.

Deus certamente tem poder e autoridade de conceder sua graça salvadora a toda a humanidade. É óbvio que ele não optou fazer isso. Os homens não são todos salvos, apesar do fato que Deus tem o poder e o direito de salvá-los todos se esse é seu bel-prazer. Também está claro que nem todos são perdidos. Deus poderia ter escolhido não salvar ninguém. Ele tem o poder e a autoridade de executar sua reta justiça não salvando ninguém. Na realidade ele opta por salvar alguns, mas não todos. Aqueles que são salvos são beneficiários de sua soberana graça e misericórdia. Aqueles que não são salvos não são vítimas de crueldade ou injustiça; eles são recebedores de justiça. Ninguém recebe castigo às mãos de Deus que não mereça. Alguns recebem graça das mãos de Deus que não merecem. Por ele se agradar tanto em conceder misericórdia a alguém não significa que os demais "merecem" o mesmo. Se a misericórdia é merecida, ela não é misericórdia realmente, e sim justiça.

A história bíblica deixa claro que embora Deus nunca seja injusto a ninguém, ele não trata todas as pessoas igualmente ou de um mesmo modo. Por exemplo, Deus, em sua graça, chamou Abraão para sair de seu paganismo em Ur dos caldeus e fez um pacto gracioso com ele que não fez com outros pagãos. Deus se revelou a Moisés de uma maneira que não concedeu a faraó. Deus deu a Saulo de Tarso uma revelação bendita da majestade de Cristo que não deu a Pilatos ou Caifás. Por Deus ser tão gracioso a Paulo quando ele foi um perseguidor violento de cristãos, será que por isso ele era obrigado a dar a mesma vantagem revelatória a Pilatos?

Ou houve uma qualidade virtuosa especial em Saulo que inclinou Deus a escolhê-lo acima de Pilatos? Poderíamos saltar por cima dos séculos para nosso próprio tempo com uma pergunta similar. Nós, crentes, precisamos perguntar por que chegamos à fé enquanto que muitos de nossos amigos não chegaram. Será que exercemos fé em Cristo porque somos mais inteligentes do que aqueles outros? Se é assim, de onde veio essa inteligência? É algo que fizemos por merecer? Ou foi a nossa própria inteligência uma dádiva de nosso Criador? Nós respondemos positivamente ao evangelho porque somos melhores ou mais virtuosos do que nossos amigos?

Todos nós sabemos as respostas a essas perguntas. Eu não posso explicar adequadamente por que cheguei à fé em Cristo e alguns de meus amigos não. Só posso olhar para a glória da graça de Deus para comigo, uma graça que eu não mereci na ocasião e não mereço agora. Aqui uma e outra coisa se reuniram, e nós descobrimos se estamos abrigando um orgulho secreto, crendo que merecemos salvação mais do que outros. Eis aí um grande insulto à graça de Deus e um monumento à nossa própria arrogância. É uma inversão à pior forma que há de legalismo, pela qual nós, no fim, colocamos nossa confiança em nosso próprio acionamento.

R. C. Sproul

In: Josemar Bessa via cincosolas

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sábado, 13 de agosto de 2011

Dons miraculosos: dom de cura



Tenho cá comigo as minhas certezas sobre os dons miraculosos para a atualidade, e elas se baseiam nas Escrituras Sagradas. Eu diria que tenho "os dois" pés atrás com relação aos curandeiros que se apresentam nas igrejas e na mídia televisiva, anunciando os seus "predicados", o poder que lhes foi transmitido, em tese, por Deus. Estou terminando de ler o livro "Os carismáticos" de John MacArhur Jr. e transcreverei abaixo um trecho, com o qual concordo. Volto no final para um breve comentário.

O dom da cura se foi - O Senhor continua a curar

O dom da cura era um dos quatro dons de sinais e milagres que auxiliaram a comunidade apostólica a confirmar sua pregação da mensagem do evangelho nos primeiros anos da igreja.

Uma vez completa a Palavra de Deus, os sinais cessaram. Não havia mais necessidade de sinais de milagres. De fato, há muitos exemplos bíblicos de como um apóstolo não usou o dom de cura a não ser como sinal poderoso que convencesse as pessoas da validez da mensagem do evangelho.

Em Filipenses 2:25-27 Paulo falou do seu bom amigo Epafrodito que esteve doente, à beira da morte, mas não morreu porque o Senhor teve misericórdia dele. Por que não simplesmente curou a Epafrodito? Porque Paulo não pervertia o propósito do dom para seus fins pessoais. O propósito do dom da cura não era manter os cristãos com saúde. Seria utilizado como sinal para os descrentes em épocas em que fosse necessário tornar efetiva a proclamação do evangelho.

Encontramos caso semelhante em 2 Timóteo 4:20 quando Paulo disse ter deixado a Trófimo doente em Mileto. Por que deixá-lo doente? Por que não curá-lo? Porque este não era o propósito do dom de curar (ver 1 Timóteo 5:23 e 2 Coríntios 12:7).

O dom de curar era um dom milagroso de sinal para ser usado com propósitos específicos. Não deveria ser usado por atacado como forma permanente de manter a comunidade cristã em perfeitas condições físicas. Mesmo no caso da ressurreição de Êutico (Atos 20:9-12), o milagre serviu para autenticar o apostolado de Paulo. Contudo, hoje em dia, carismáticos constantemente fazem declarações tais como: "Deus deseja a saúde de todo cristão".

Dale Bruner citou um carismático moderado que disse: "sobre toda doença paira... a vontade de Deus de curar". Os carismáticos querem crer que Deus deixou perfeitamente claro que é Sua vontade curar os enfermos. Se esta é a verdade, por que é que Deus permite que a doença comece?
Num mundo em que Deus não escolheu excluir o pecado, em sua vontade permissiva para o crente, por que deveríamos presumir que o sofrimento deva ser excluído? Se todo cristão estivesse são e saudável, se a saúde perfeita fosse garantido da expiação, milhões de pessoas estariam correndo em busca da salvação - pelo motivo errado. Deus quer que as pessoas venham a Ele em arrependimento do pecado e pela Sua glória, não porque vêem nEle uma panacéia para os seus males físicos (p. 143/144, Ed. Fiel, 4ª edição, 1998)

Estou de volta! Além de concordar com o autor, fico me perguntando por que a busca frenética por tais dons pelos carismáticos? Deixa-me a sensação de que o Evangelho não é suficiente para eles, que a sua fé necessita de algo "real", algo "palpável" para que seja afirmada e reafirmada dia após dia. Fica ainda a impressão que o desejo de poder leva-os a buscarem os dons miraculosos, a fim de que sejam observados e admirados, para que lhes sejam feitas "mesuras". A cura, por uma palavra emitida por alguém, ou um ato, confere grande poder de visibilidade ao "donatário". No entanto, o que vejo no meio dos carismáticos são pessoas frustradas, voltando para as suas casas tal como vieram: coxos, continuando coxos, cegos permanecendo cegos, aleijados com os seus aleijumes e por aí a fora. Nunca vi nascer um novo membro num aleijado, um paraplégico andar, um morto ressuscitar. O que vejo são enganos, má fé e mentiras. E doações. E pedidos de dinheiro.
A fé que eu conheço e que é explicitada pela Bíblia não se encontra num balcão de trocas. Cristo não está à venda, tampouco necessita oferecer algo para que o homem creia nEle. Ele apenas chama aqueles que já são seus e que foram dados pelo Pai, os quais prescindem de tais dons miraculosos.
Confesso não compreender essa busca "carismática", essa ênfase denodada que dão aos tais dons.
Do alto da minha insignificância e miséria humana, fico exclusivamente com o Evangelho puro e simples. Dispenso o dom de cura, de profecia, de línguas "estranhas". Deus sabe, que ainda que fossem atuais tais dons, eu solicitaria a Ele não doá-los para mim, porque, pelo que percebo, mesmo irreais, eles trazem soberba e jactância aos que dizem possuí-los.

Repito: Deus cura, pela intercessão da igreja, reunida como comunidade de Cristo - e somente assim, salvo melhor juízo.

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sábado, 6 de agosto de 2011

Amy Winehouse: sobre alma e soul



Já falaram quase tudo que tem para ser dito sobre a cantora que escreveu o seu próprio epitáfio refletido na vida desregrada imposta pela necessidade buscar uma existência intensa. Na tentativa quase desesperada, o mergulho nas trevas foi inevitável. A morte da garota de voz grave, anasalada, quase gutural - e ao mesmo tempo belíssima - é a prova cabal de que a busca pelo sentido da vida por meios heterodoxos não leva a qualquer resposta definitiva sobre o real significado da existência humana nesta terra.

Sucesso, dinheiro, coisas, são como o incenso: vêm e vão. São alimento perecível, que apenas entorpecem o corpo e mortificam a alma, quando buscados como objetivo último. A decadência íntima e pública da moça, o seu desespero, a busca infrutífera por felicidade alicerçada nessas coisas efêmeras foi exibida pelos meios de comunicação como um reality medonho, um show horrendo.

Buscar significado para a existência apenas nesta vida é o caminho mais curto para o desespero, mesmo intensificando a ilusão com paliativos como bebidas e drogas, pois o vazio há de tomar o lugar da ilusão mais cedo ou mais tarde. Deus é o sentido da vida, embora teimando os homens em não reconhecê-lo, mesmo tendo Ele se revelado nos corações desses homens e nas coisas deste mundo.

Assisti como todos à decadência física e moral da garota branca do soul, cuja melodiosa voz remetia à força e beleza dos becos sombrios de New Orleans. Com ela, uma mistura de jazz e blues com um sutil sotaque londrino.

Em meio a lapsos de boa música e torpor etílico, misturado ao mergulho nas drogas, morreu Amy Winehouse. Foi cedo, no alvorecer da vida, aos 27 anos de idade.

Senti-me condoído ao saber de sua morte, pois não é nada agradável ver pessoas tão jovens sucumbindo, nesse mergulho quase sempre sem volta no álcool e outras drogas. Essa minha compaixão está presente nos velórios, especialmente quando começo a imaginar que o morto não tenha encontrado com Cristo, cuja conjectura reside na qualidade de vida que ele levou. No caso da cantora, uma vida completamente desregrada, devotada aos excessos de quase todos os tipos... Pobre Amy Winehouse.

Já falaram quase tudo sobre a moça do soul e cá estou eu a conjecturar sobre a sua vida post mortem... Tão pouco viveu , não se dignando em reconhecer a glória de Deus e nem tendo-O como soberano, pelo que posso vislumbrar da sua curta passagem por aqui.

Os acordes da sua música continuarão a ecoar, a bela sonoridade a embalar muitos sonhos, mas a sua morte é um fato imutável. Quisera que a Amy tivesse conhecido ao Senhor e reconhecido a Sua glória, e então não morreria, mas gozaria de vida abundante na eternidade, posto que quem crê verdadeiramente não morre eternamente, apenas acorda para a vida com Cristo.

Quiçá eu esteja errado... tomara eu esteja errado!


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