domingo, 28 de fevereiro de 2010

Unção com óleo e sacrifício de Cristo


"E o vidrinho lá, quietinho a olhar-me debochadamente como que repetindo uma cantiga sarcástica: "- eu estou aqui, eu estou aqui e você não pode comigooo! A minha vontade era ir para o 'corpo-a-corpo' com aquele pequeno e debochado invólucro oleoso de cheiro enjoativo e levemente almiscarado (adocicado), com gana de destruí-lo , transformando-o em pequenos restolhos de vidro e óleo esparramados pelo chão da igreja. Quanto mais eu desviava os olhos tentando fitar a preletora à frente, que alinhavava uma série de conceitos bíblicos (*exatamente sobre avivamento), mais o danadinho me chamava a atenção, como se uma força magnética demoníaca fizesse com que meus olhos se desviassem para ele. Era como uma atração fatal, um ímã: o mal, quando não é acalentado por aqueles que se desviam da Palavra da verdade, tece novas formas de atingir os que dele fogem, nem que seja desviando-lhes a atenção.

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Os irmãos e leitores deste blog devem estar se perguntando do que raios estou falando; que 'vidrinho' é esse que veio a causar tanto descontentamente em mim. Calma que explico. Era um vidrinho de "óleo de unção" (seja lá o que isso signifique) colocado exatamente no pequeno púlpito de acrílico transparente à frente da igreja.

São costumes novos trazidos para uma igreja batista tradicional/histórica, que teimam em se manter, a despeito da comprovação de que não caminham em consonância com a sã doutrina. Outros tantos modismos vieram e se foram, depois de uma árdua luta travada contra o seu incentivador, mas o tal óleo teima em manter a sua nefasta e diabólica presença a fim de diminuir o monumental sacrifício de Cristo na Cruz do calvário, suficiente para salvar tantos que nele creram, ou que virão a crer pela pregação do Evangelho. O óleo passa então a ter um significado especial, maior do que aquEle que por nós se deu em sacrifício justificando-nos diante do pai e nos vivificando enquanto ainda estávamos mortos (Romanos 5:1-3, 3:9-12). O óleo é santo, milagroso, poderoso.

Não satisfeitos com a oferta da graça, homens se levantam contra as verdadeiras ordenanças da Bíblia, retornando a rituais e costumes judaicos da igreja primitiva e ainda deturpando os mesmos costumes, como no exemplo da "unção com óleo", então usada exclusivamente para cura física com o complemento da oração.

O próprio apóstolo Paulo já nos alertava para os desvios que haviam em sua época e tantos outros que haveriam de vir, em Gálatas 1:6 ao asseverar:

"Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos tenho pregado, seja anátema."

Ao tratar dos rituais da antiga aliança e a sua anulação pela lei (neste caso sim), o autor de Hebreus, no capítulo 9:1-10, considera tais rituais agora, com o advento do Cristo, simples ordenanças da carne, sendo que muitos querem manter os costumes antigos , completamente ineficazes na época presente (século I da era cristã!). Não obstante, há os que querem ressuscitar na igreja de hoje a velha aliança, com os seus óleos, as suas tantas unções, os rituais e tudo que remeta à lei mosaica.

...E o óleo lá a me fitar demoradamente, como a desafiar o próprio Cristo, que veio por mim, por nós, pelos nossos tantos pecados.

Ora, o mesmo autor de Hebreus, ainda no capítulo 9, versos 11 e 12, sepultando os costumes e ritos da lei, assim aduz:

"Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue , entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção".

Bendito seja Cristo, o filho do Deus Altíssimo que nos livrou dos rituais da Lei, das miseráveis unções feitas por mãos de homens, dando-nos eterna e imorredoura redenção por intermédio de cada gota do seu precioso sangue vertido na cruz do calvário!

Todavia, muitos, no afã de diminuir tão grande sacrifício, voltam à antiga aliança e se fazem maiores do que o próprio Cristo. Que sejam anátemas! Assim disse o Apóstolo e as suas palavras ecoam pelos séculos dos séculos.

Queiram ou não os "inovadores" , idealizadores dessa involução, Cristo nos resgatou e não necessita de obras humanas (da carne) para completar o seu sacrifício. Eis que assim se refere o apóstolo Paulo:

"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: maldito todo aquele que for pendurado em madeiro) (Gálatas 3:13)

...E ele olhando, olhando fixamente, através da transparência âmbar visível através do 'vidrinho'...

Que Deus tenha misericórdia da Sua Igreja, Corpo invisível de Cristo!

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O único caminho




Por Esli Soares



Como filho desta geração, nascido nesse caldeirão de misticismo travestido de piedade, eu vi muita coisa acontecer: o dente de ouro, o cair no espírito, a unção do riso ou do choro, os encontros... “é tremendo”. Depois descobri que isso tudo tinha acontecido 20 ou 30 anos atrás, em outros lugares do mundo, e, como aqui, pouco tempo depois, esses que foram ungidos, que receberam o poder, estavam, se não pior, do mesmo jeito que antes, e buscavam novas unções para si. Reafirmo: esses movimentos não me impressionam, se isso é do Espírito, devo admitir que o “Espírito” está atrasado.

Essas práticas “novas” – já não tão novas assim – esses costumes diferentes, esse misticismo, essa necessidade pelo novo, inusitado, essa absorção de elementos heterodoxos nas igrejas, me lembraram uma das muitas experiências vividas por Israel durante os 40 anos de peregrinação no deserto, registradas no Livro do Êxodo, no cap. 32; 1 a 6:

"Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido. Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas. Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. Este, recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Arão, vendo isso, edificou um altar diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa ao SENHOR. No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. "

Moises subiu ao monte Sinai e passou ali 40 dias, durante os quais Deus escreveu com o próprio dedo nas tábuas de pedra as Palavras da Aliança. Mas o que chama a atenção nessa passagem, é a volição do povo de Israel. Bastaram 40 dias, a ausência de Moisés, e o povo perverteu o coração. Esse povo se sentia abandonado, então corre atrás do sacerdote que, pressionado, cede ao pedido multidão: “faça-nos um deus que vá adiante de nós”. Sem ter coragem de dizer não, Arão pede todo ouro para trabalhar em prol desse projeto. Surpreendentemente o povo pega todo o ouro que possuía, unidos como um só e ofertam para esse deus. Um detalhe ainda mais surpreendente é que ao término da fundição do bezerro, Arão não só faz um altar na frente dele como, também, conclama festa santa ao Senhor.

É preciso compreender quem era esse povo. Eles conheciam bem a Deus. Eles viram as 10 pragas; passaram a pés secos pelo Mar Vermelho; comeram o maná e as codornizes enviados por Deus; beberam água da rocha em Refidim; em batalha, venceram aos amalequitas e no pé do Sinai, eles receberam do Próprio Deus, os 10 mandamentos. De dia, a presença do Senhor os conduzia na jornada pelo deserto com uma coluna de nuvens os protegendo do sol escaldante; à noite a proteção e direcionamento vinham da coluna de fogo que aquecia e iluminava a fria escuridão.

Esse povo tinha grandes experiências sobrenaturais com Deus. Ele era o povo escolhido, era para eles que Deus se revelava. Mas essas experiências sobrenaturais não foram acompanhadas de obediência à palavra de Deus. Talvez, é aqui que a Igreja da atualidade mais se parece com Israel. Nós também queremos mais, e este mais é quase sempre dissociado de real devoção e obediência a Deus. Assim como era para eles, nós também temos a revelação de Deus. Só que para nós, ao contrário do que muitos pensam, Deus está mais próximo. O advento de Jesus, sua morte vicária, substitutiva, nos religou a Deus. Ou seja, tudo o que Israel esperava, para nós é algo concreto, realizado. Mas não é só isso, para que a Palavra de Deus chegasse às mãos de Israel foram necessários 40 dias e as tábuas de pedra. Para nós, em contrapartida, é só abrirmos a Bíblia, bonita, pequena ou grande, de vários modelos, acessível praticamente a todos. Mas mesmo assim queremos mais.

É aí que mora o perigo. O povo sabia onde estava Moises, e parte da vontade de Deus já havia sido claramente revelada. Mas eles tinham necessidades, precisavam de um deus que os atendesse, um deus presente, “próximo”, mais simples, mais fácil. Para atender a necessidade do povo, que pedia “mostra-nos Deus”, Arão faz um bezerro de ouro. O povo não queria outro deus. Na passagem, na maioria das traduções a expressão é: “faze-nos deuses que vão adiante de nós”, mas no original hebraico o termo traduzido por deuses é Elohin, a mesma expressão usada para descrever o Criador em Gn 1;1. E o que foi traduzido como “faze-nos” pode ser facilmente entendido como “mostra-nos”. Aqui percebe-se onde o povo errou. Deus, o único, é quem dita as regras. É ele quem se revela, não adianta o povo insistir, é Deus que coordena as agendas, com um rei, é ele quem controla os encontros e audiências. Não que o povo estivesse realmente abandonado ou perdido. As narrativas anteriores mostram que os anciãos e todo povo é chamado para congregar com Deus. Mas esse mesmo povo que pergunta a Arão: “Onde está Deus?”- Amedrontado, não quer ouvir diretamente a Deus, e prefere que Moisés seja o intermediário (Ex 20;19). É assim conosco também, a igreja do nosso tempo é uma igreja que não quer ouvir a voz de Deus que fala nas Escrituras. Corremos atrás de um modo mais fácil, mais acessível, mais simples e controlável. Queremos intérpretes, mestres, ungidos que nos mostrem Deus. Erguemos nossos altares diante da imagem que fazemos ou que fazem de Deus para nós. Essa imagem não é, necessariamente, de gesso, de barro ou de ouro, mas sim qualquer simplificação, ou seja, qualquer intenção de minimizar Deus destacando uma ou outra de suas características, em detrimento da plenitude de seu próprio Ser. Buscamos o Deus que cura, ou que liberta, ou que faz prosperar. Achegamo-nos a ele e o cultuamos na expectativa de recebermos suas dádivas. É nesse momento que nos distanciamos da vontade de Deus, e, como no caso de Israel, podemos nos tornar idólatras.

Bastou apenas um pequeno desvio, um errinho simples – lembre-se aquele bezerro era tão somente a representação de IAVEH, o Deus que os tinha tirado do Egito – e o povo claramente quebrou o 2º mandamento. Talvez toda essa história, à primeira vista, não tenha muita relação com as nossas experiências. Mas, assim como Israel tropeçou e caiu na idolatria, nós também, se não prestarmos atenção, nos tornaremos idólatras e estaremos passíveis da mesma condenação. A sinceridade de Israel nessa passagem não é questionável. A idolatria deles não está em quererem outro deus, mas em fazer para si uma imagem do Deus libertador. O bezerro era a figura de um dos deuses egípcios. O que Israel fez foi misturar o que foi revelado (Ex 20) com o que era cultural. Tal mistura produziu idolatria. Não é diferente para nós. Buscamos um relacionamento com esse deus fragmentado, pequeno, controlável – eu sirvo a Deus do meu jeito, dizem – Queremos o poder de cura ou o de libertação, e queremos do nosso jeito, no nosso tempo, e forçamos uma interação com a divindade: “eu determino...”, “receba, receba...”, “Deus vai opera hoje aqui, você crê?” Não estamos dispostos a obedecer à voz do Único Deus soberano, o Deus Revelado, de quem, com reverência e santo temor, devemos nos aproximar de acordo com suas próprias orientações. Misturamos o Deus da Bíblia, com conceitos culturais, pensamentos filosóficos ou afirmações cientificistas; a “onda” é interpretar a Bíblia e o Deus da Bíblia a partir do sentimento, para isso usam até a “física quântica”. Não se engane isso é espiritismo barato, que se apropria de teorias científicas para introduzir valores e conceitos fora da Bíblia, diminuído Deus, é exaltando o homem e sua pretensa decisão ou liberdade. Cuidado, erros sutis provocam grandes desgraças, introduzir uma mentira para fazer a verdade ser mais facilmente aceita, é sacrificar a ídolos! É trazer fogo estranho ao altar! A condenação é certa, e o castigo de Deus é duro. A desobediência leva à morte, só nessa ocasião cerca de 3000 homens foram mortos por ordem de Moisés (Êxodos 32;28). Nadabe e Abiú, filhos de Arão, morreram porque fizeram o que Deus não tinha ordenado (LV 10;1 e 2). Uzá morreu junto a Arca da Aliança, pois por zelo, tentando impedi-la de cair, tocou na Arca, e isso era proibido (2 Sm 6;6 a 8).

Sinceridade não é sinônimo de verdadeira adoração, Jesus afirma que os samaritanos cultuavam a Deus no monte Gerizim (Jo 4;22), mas sem conhecimento da vontade de Deus, esse culto era tão condenável quanto a hipócrita observância das leis do templo pelos judeus. As pessoas podem estar sinceramente enganadas, e isso não as fará menos enganadas. É o conhecimento da Verdade que liberta (Jo 8;32) e não a sinceridade que nos torna aceitáveis.

Por fim, a omissão é igualmente culpada, Arão foi responsabilizado pelo desvio do povo, e só não morreu pela intercessão de Moises (Dt 9;20). Tolerar o erro, não é o mesmo que amar o irmão que erra. Somos chamados, vocacionados, capacitados pelo Senhor, com dons (Ef 4;7) para ensinar – trazer conhecimento da Verdade que liberta – com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado (Ef 4;12) e não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro (Ef 4;14). Será que estamos atentos a isso (2Pe 3:17)? Estamos conferindo nossa rota no mapa que é a Bíblia (2Jo 1;9)? Será que o nosso culto é feito como Deus nos instruiu (Jo 14;21,Hb 11;6, 1Co 11:23)? Ou temos trazido elementos do Egito (Lc 21;34)? É fogo estranho que temos em nossos púlpitos (2Pe 2:1)? Ou o martelo que esmiúça a penha, o fogo consumidor (Jr 23;29), a Verdade que liberta (Jo 8;32), a Palavra de Deus que apta para discernir as intenções do coração humano (Hb 4;12)?



Comentário do editor do blog (Ricardo Mamedes): Este excepcional texto foi escrito pelo Pr. presbiteriano Esli Soares (DF) para ser publicado como comentário ao meu texto no link: http://ricardomamedes.blogspot.com/2010/02/recado-do-ungido-recado-recebido.html


Ocorre que ficou tão bom, agradou tanto a mim e exaltou tanto ao soberano Deus, que resolvi publicá-lo com os devidos créditos ao meu amado irmão. Aliás, é bom ficar registrado que eu já havia anteriormente oferecido este espaço para publicação de textos do irmão em referência. E vejo que estava corretíssimo. Parabéns, caro Pr. Esli, sirva-se deste espaço quando lhe aprouver.


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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Esperança e dor





Há dias em que o nosso espírito chora e não há melodia capaz de alegrá-lo. O belo se faz feio, a luminosidade trevas. O espírito chora...

A esperança que se renova a cada dia, faz-se em profundo pessimismo no alvorecer desse dia. Tudo cinza...

Resta então a única coisa capaz de nos consolar: a Palavra do Altíssimo, a certeza de que Ele, em sua absoluta soberania, há de nos enxugar toda lágrima e nos conduzir a pastos verdejantes.

Há plena consolação naquEle que nos sustenta. E a Sua Palavra alimenta a nossa alma.

"Senhor, Tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à lingua, e tu, SENHOR, já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir. Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face? "(Salmos 139:1-7).

"(...) Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda" (v 16).

És um Deus transformador; a minh'alma triste alcança o limiar da eternidade: já passou a dor, o cinza se faz cor; a beleza ecoa em toda a criação e já não há mais melancolia, apenas esperança, certeza de um novo dia, um novo amanhecer e a renovação da vida...

Bendito seja o Teu santo nome, perdoa as minhas fraquezas, livra-me do inferno de mim mesmo e transporta-me para as Tuas santas veredas. Amém.

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Recado do "ungido" : recado recebido





Acabo de voltar da igreja neste momento e, para minha grande tristeza e descontentamento, fui obrigado a assistir novamente ao antigo espetáculo de péssimo gosto que outrora, há bem pouco tempo, era protagonizado pelo "profeta" Levi Medeiros nos "arraiais gospel da Associação Oeste", e em especial na igreja batista local.

Lutei contra essas práticas horrendas, voltadas para a emoção, o êxtase, o cai-cai, a gritaria estéril, a carnalidade travestida de "espiritualidade", até que Deus tirou o profeta do nosso meio. Se era bom, verdadeiro e espiritual, por que não permaneceu? Todavia, bastou o pastor viajar para que as lições daquele de outrora se traduzissem em horrorosa realidade. Hoje, novamente tive que assistir ao mesmo espetáculo, primeiro com uma pregação dirigida a mim, então nomeado como "perseguidor de crentes espirituais". Declarou-se que é assim mesmo, pois os que seguem a Cristo e "labutam" na causa são mesmo perseguidos pelas "forças malignas". Logo, sou obrigado a entender que faço parte "dessas forças contrárias". Confesso que seria cômico se não fosse trágico!

Dado o recado, passou-se à pregação veterotestamentária. Em poucos momentos já se voltou ao velho e nefasto costume: "vire-se para o irmão e repita..." Uma das tantas técnicas idiotizantes do neopentecostalismo firmado na confissão positiva.

Para piorar tudo e coroar o show (para mim de péssimo gosto), intimou-se a "plateia" a ir à frente, colocando-se o mesmo som repetitivo de outros tempos como "pano de fundo", enquanto o pregador repetia frases e mais frases de triunfalismo (declare isso... declare que você pode aquilo...) e outros tantos chavões neopentecostais bem disseminados pelo "profeta" e apreendidos pelo pupilo.

Eu sou obrigado a concordar com essa boçalidade? Serei forçado a engolir esse amontoado de asneiras como símbolo da verdadeira espiritualidade vigente?

Finalizando, quero citar o post de um grande amigo quando exatamente discorre sobre "Quebrantamento e sã doutrina", a respeito da fé baseada em emoção e divorciada da Palavra de Deus; a fé cega, ignorante, que atropela princípios bíblicos ou que pouco os considera, já que a espiritualidade deve estar à flor da pele; o culto passa a ser um show, e o templo um circo:

"É verdade, conhecimento apenas é aridez. Corre-se o risco de não se adorar deus algum. Mas quebrantamento sem conhecimento é emoção fugaz. Corre-se o risco de adorar um deus qualquer. Que cuidemos em não cair em um ou outro erro!"

Vou repetir aqui mais uma vez e que fique registrado: vou continuar resistindo, lutando pelo culto racional, baseado na sã doutrina e não em métodos neopentecostais firmados na confissão positiva. Lutarei contra os chavões vazios, contra frases de ordem, contra o triunfalismo da IURD e do Valdemiro Santiago; a auto-estima, a autoajuda; uma vez que a figura de Cristo e o seu sacrifício não somente diminuem o homem como devem colocá-lo sob o Seu senhorio.

Eu, senhores, não posso nada por mim mesmo (por isso a boçalidade de tudo isso), mas "Posso tudo naquEle que me fortalece". E é nEle que eu continuarei firmado, encravado na Rocha Eterna, pouco importando que usem o púlpito para atingir-me com acusações levianas e mentirosas.

"Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Colossenses 2:8).

Espero que os irmãos reflitam na Palavra, que é o manual que nos protege do erro. Lembrem-se das mentiras e falsas profecias do profeta e comparem os métodos daquele, com os métodos deste. E escolham a Verdade em Cristo.

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"Fausto" de Goethe - Fragmentos





O livro de Jó ( Bíblia) sempre me fascinou pela sua beleza trágica: o servo de Deus sendo testado até às últimas consequências, o seu desespero, a doença, o abandono. E, por fim, a perda de tudo quanto lhe era precioso, seja de valor econômico, afetivo, moral e social. E, no entanto, afora alguns poucos momentos de extremado desespero, o servo se manteve fiel.

A obra de Göethe, "Fausto", se apropria da história daquele servo de Deus traçando um paralelo magnífico, esteticamente belo, nesse poema comparado à Ilíada, só que com tons muito mais modernos. Aproveitarei este espaço para colacionar parte, um pequeno fragmento da obra, a fim de que se possa vislumbrar o fato bíblico e se fazer uma espécie de comparação entre a narração poética (secular) e a história em si, cujo trecho está situado no Livro de Jó, 1:6-12:

O ALTÍSSIMO [1]

Nada mais que dizer-me tens?
Só por queixar-te sempre vens?
Nada, na terra, achas direito enfim?

MEFISTÓFELES

Não, Mestre! Acho-o tão ruim quão sempre; vendo-o assim
Coitados! Em seu transe os homens já lamento,
Eu próprio, até, sem gosto os atormento.

O ALTÍSSIMO

Do Fausto Sabes?

MEFISTÓFELES

O doutor?

O ALTÍSSIMO

Meu servo, sim!

MEFISTÓFELES

De forma estranha ele vos serve, Mestre!
Não é, do louco, a nutrição terrestre.
Fermento o impele ao infinito,
semiconsciente é de seu vão conceito;
Do céu exige o âmbito irrestrito
Como da terra o gozo mais perfeito,
E o que lhe é perto, bem como o infinito,
Não lhe contenta o tumultuoso peito.

O ALTÍSSIMO

Se em confusão me serve ainda agora,
Daqui em breve o levarei à luz.
Quando verdeja o arbusto, o cultor não ignora
Que no futuro fruto e flor produz.

MEFISTÓFELES

Que apostais? Perdereis o camarada;
Se o permitirdes, tenho em mira
Levá-lo pela minha estrada!

O ALTÍSSIMO

Enquanto embaixo ele respira,
Nada te vedo nesse assunto;
Erra o homem enquanto a algo aspira.

MEFISTÓFELES

Grato vos sou, já que um defunto
Não é lá muito do meu gosto;
Gabo aos que têm viço e verdor no rosto,
E com cadáveres evito o trato;
Sou como gato, em tal, com rato.

O ALTÍSSIMO

Pois bem, por tua conta o deixo!
Subtrai essa alma à sua inata fonte,
E leva-a, se a atraíres pra teu eixo,
Contigo abaixo a tua ponte.
Mas, vem, depois, confuso confessar
Que o homem de bem na aspiração que, obscura, o anima,
Da trilha certa se acha sempre a par.

MEFIISTÓFELES

Bem, bem! Meu dia se aproxima,
E minha aposta está a salvo.
Mas, permiti que o meu triunfo exprima,
Tão logo que eu atinja o alvo,
Ingira pó, com deleite, o papalvo,
Como a serpente, minha ilustre prima [2]



Fonte: GOETHE, Johann Wolfgang Von (Uma tragédia), tradução do original alemão de Jenny Klabin Segall. Apresentação, comentários e notas de Marcus Vinicius Mazzari. Ilustrações de Eugéne Delacroix. Edição bilíngue, Editora 34, 2ª edição 2006, p. 51/55.

[1] "Em consonância com a tradução de Lutero, Goethe refere-se a Deus como "Senhor" (Herr), ao passo que a tradutora optou por altíssimo"

[2] "Referência de Mefistófeles à maldição proferida por Deus contra a serpente que seduziu o homem no paraíso: "Caminharás sobre teu ventre e comerás poeira todos os dias de tua vida". É como se a tentativa de subtrair Fausto à sua "inata fonte" representasse uma desforra daquela derrota primordial" (Genesis 3:14)

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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Espirituais, ungidos e ungidões





Algo me incomoda muito nas igrejas evangélicas. E me incomoda em particular na minha igreja, a qual congrego. É certamente difícil falar sobre o assunto, pois alguns membros dessa minha igreja leem este blog. O que fazer? Paciência...

Gosto de primar pela verdade sem subterfúgios, sem meias palavras. É bom explicitar que o que direi não revela qualquer crítica aos pentecostais de qualquer denominação, mesmo porque essa diferenciação entre pentecostais e tradicionais se não é inexistente está bem tênue. Por exemplo, sou batista tradicional, porém, a igreja em que congrego é muito mais pentecostal do que muitas pentecostais hoje tidas como históricas, a exemplo da Assembléia de Deus. Isso é bom? Não sei. Só penso que não é muito ético querer desmontar as bases de uma denominação centenária, implodindo-a, a fim de impor uma nova liturgia. Mais fácil seria mudar de denominação e tanto mais ético, uma vez que gozamos de plena liberdade de escolha nesse sentido.

Todavia, ainda não entrei no assunto que aqui me traz. 'Voilá'! Afiem as espadas tantos quantos queiram debater (brincadeira)! Incomodam-me certas atitudes, alguns costumes inseridos na igreja a pretexto da busca de uma espiritualidade "diferenciada", uma espiritualidade "real", sinônimo do "verdadeiro" sobrenatural de Deus. Essa tal espiritualidade é evidenciada e materializada por poucos dentro da igreja, mas facilmente verificável pela altissonante maneira com que dão "glórias a Deus" e "aleluias". Não que eu tenha qualquer tipo de preconceito contra essas manifestações. É que o incômodo se manifesta quando observo que são sempre "os mesmos". Nesse momento tais atitudes podem levar-me a pecar, uma vez que no meu íntimo não consigo apreender qualquer autenticidade nas tais manifestações...

Incomoda porque é algo como uma "ave maria" rezada ou recitada por católicos: não transmite verdade. Incomoda mais ainda quando observo que, além de ser sempre os mesmos, as mesmas figurinhas carimbadas, são também os que vendem uma grande espiritualidade para os irmãos. Os mesmos que vão aos "montes" para "interceder", materializando uma verdadeira proximidade física com o Criador, a exemplo daqueles que inauguraram a "babel". O meu medo é que Deus imploda as suas "torres"...

Esses irmãos "ungidos" - eles querem ser vistos assim - desfilam pela igreja como se fossem seres semi-celestiais. Quando se assenhoreiam do microfone e postam-se no púlpito, como que sofrem uma transfiguração: assumem um novo brilho, uma nova tonalidade de voz, até certos "sotaques" diferenciados. Em suma, ficam mesmo irreconhecíveis.

Incomoda, ah como isso incomoda...

Normalmente os tais ungidos são também aqueles mesmos que abraçam todas as novidades "doutrinárias", especialmente se com "tonalidades" neopentecostais. Buscam novos "sinais e prodígios", mas pouco sabem da Palavra inerrante. Necessitam da emoção, do arrepio, do êxtase, sob pena de não se reconhecerem como "movidos pelo espírito". Consideram-se muito mais espirituais do que aqueles que apenas reconhecem no Criador o Todo-Poderoso, o Senhor de suas vidas, o motivo das suas miseráveis existências, pois "estes tais" são apenas "crentes racionais", frios.

Tudo isso incomoda, confesso...

São esses mesmos que escancaram as portas das igrejas e denominações (mesmo históricas) para as "novidades": atos proféticos, evangelhos da autoajuda, autoestima, triunfalismo, prosperidade, etc. E eles nunca aprendem, ainda quando vivem o erro que se torna manifesto; ainda quando as suas condutas pretéritas se transformam em nada no futuro. Mesmo quando o "profeta" é desmascarado eles ainda querem o "mover", buscando esse "avivamento" insaciável, porque a Palavra já não mais lhes basta. A Espada da Verdade não causa arrepios, tremores, rugidos, sons ininteligíveis.

A busca é mesmo incessante, já é preciso ver, ao invés de sentir somente. Necessitam "materializar" a fé em "óleos" para ungir, como se Deus estivesse naquela substância; querem a luta dualista com satanás e seus demônios, lutando nessa guerra titânica, onde são plenamente "observados" pelos irmãos e reconhecidos como uma quase "casta" superior.

Incomoda, sim, incomoda...

Tenho falado com a minha esposa que chegará o dia, infelizmente, em que será difícil congregar em uma igreja realmente comprometida com a Verdade bíblica. Uma igreja que, para buscar os dons, não tenha que se conspurcar com a mentira ; uma igreja em que a pregação do Evangelho de Cristo seja a centralidade e não o marginal, seja a essência e não o complemento.

O que me consola e ainda me sustenta é saber que a Igreja de Cristo, a invisível, está além das paredes, está em cada coração tocado pela graça irresistível, em cada vida transformada, em cada atitude de veneração autêntica; sem mostras, sem palavreados patéticos, sem fleumas no púlpito, sem o culto da aparência para receber o brilho dos holofotes.

Essa Igreja invisível, Corpo de Cristo, não me incomoda, mas, ao contrário, me alimenta com alimento sólido e substancial.

A todos aqueles que fazem parte deste Corpo, desta Igreja, recebam o meu abraço, sintam-se irmanados e em verdadeira comunhão naquEle que nos salvou!


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Jesus e as parábolas




Antes de entrar propriamente no assunto deste post quero adiantar que sou reformado, creio em todas as doutrinas da graça e sou determinista bíblico, não por "escolha pessoal", mas porque as Escrituras afirmam essas verdades categoricamente. Quero me abster, porém, de fazer a prova do alegado, uma vez que o assunto aqui será outro, relativo a algumas passagens bíblicas que sempre causaram em mim algumas dúvidas com relação ao seu significado recôndito. Por outro lado, as doutrinas da graça já foram incansavelmente aqui discutidas, quase dissecadas em vários textos e incontáveis comentários.

Colacionarei os versos bíblicos logo abaixo, para em seguida tecer as considerações pertinentes:

"Ele lhes respondeu: a vós outros vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, para que vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se e haja perdão para eles" (Marcos 4:11-12). Negritos nossos.

"Por isso lhes falo por parábolas, porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem entendem. De sorte que neles se cumprem as profecias de Isaías:
'Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados" (Mateus 13:13-15). Negritos nossos.

Não resta qualquer dúvida que as passagens bíblicas citadas em epígrafe remetem diretamente à eleição e predestinação, reforçando ainda mais as referidas doutrinas, uma vez que Deus elege uns para a salvação e outros para a perdição (Romanos 9:11-23, 8:29-30; Fl 2:13; João 6:44 e 65...), segundo a Sua vontade e beneplácitos soberanos. Assim é que compreendo pela análise dos textos citados e de tantos outros não alinhavados.

Mas o que me intriga de fato é exatamente a parte em negrito: "para que não venham a converter-se e haja perdão para eles. Ou: "para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados". São palavras de Jesus explicando aos discípulos porque falava em parábolas (neste caso, do semeador).

O que me deixa sobremodo intrigado é o conhecimento de que tanto a fé como a graça são dons divinos e de modo algum o homem pode tê-los divorciados da vontade de Deus (Efésios 2:8-9), então por que essa condicionante presente no texto bíblico; qual a necessidade do estratagema consistente no uso das parábolas? Se todos pecaram e carecem da glória de Deus (Romanos 3:23), sabendo que após a queda "não há um justo, um justo sequer, e não há quem busque a Deus" (Romanos 3:10-12), por que Jesus necessitava valer-se das parábolas a fim de "endurecer os não eleitos"?

A única saída que vejo para esta encruzilhada semântica é que Jesus usa um exemplo de fácil compreensão aos discípulos para lhes mostrar que há "aqueles que devem crer, os quais compreenderão as parábolas, e aqueles que 'não devem crer' , e estes continuarão na ignorância, consequentemente não tendo fé, requisito necessário à salvação. E tal entendimento, a meu ver, deve ser compreendido sob as luzes de Atos 13:48:

"Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna" (negritos nossos).

A bem da verdade Deus não necessitaria "endurecer" o coração do homem para impedi-lo de crer, bastaria deixá-lo por seus próprios meios e não haveria um único salvo, um único redimido. Por isso entendo que "endurecer" é mesmo sinônimo de "não eleger", segundo a ótica de Romanos 11:7-10:

"Que diremos pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos, como está escrito:
"Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até ao dia de hoje. E diz Davi:
Torne-se-lhes a mesa em laço de armadilha, em tropeço e punição;
escureçam-se-lhes os olhos para que não vejam, e fiquem para sempre encurvadas as suas costas."

Bem, esta é uma pequena reflexão íntima ( não pesquisei qualquer fonte que não seja a Bíblia), a ser clarificada por tantos quantos venham aqui comentar e trazer a sua contribuição, reformados ou não. Todavia, conclamo os meus amigos calvinistas a virem ao meu auxílio, caso queiram e possam.







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Aniversário da Sarah: parabéns!!!




Hoje, 18 de fevereiro de 2010 é um dia muito especial. Não é especial porque estou obtendo alguma "vitória financeira", ou outro qualquer ganho de cunho material. É mais do que isso, pois é algo que se opera no mais recôndito do meu ser; uma data que me faz não somente comemorar, como "rememorar". Este dia remete os meus pensamentos a outra data do passado, mais precisamente ao dia 18 de fevereiro de 1997. Mais do que uma data esse é o marco de uma época. Momento de descoberta do novo, do indizível, da alegria transbordante.

A minha filha Sarah nasceu há 13 anos, em 18 de fevereiro de 1997, e eis que a minha vida até então voltada para mim mesmo e para a Luciana sofreu uma completa e atordoante reviravolta. "Viramos" de fato e de direito uma família, e no entanto a palavra "pai" ainda soava estranha, como se fosse dirigida a outro. Porém, ainda que estranhando a nova condição, o mundo sorriu para mim quando vi aquela pequenina menina cor-de-rosa , qual flor a desabrochar, saindo do ventre da mãe por parto cesariana, brotando de uma pequena incisão. E ao mesmo tempo o silêncio do centro cirúrgico é tomado por um choro forte de protesto contra essa "invasão"; o frio do ar condicionado contrastando com a mornidão do útero , a quietude daquele invólucro escuro em que até então aquela vidinha se escondia mergulhada no líquido amniótico. O choro se fez grito a ferir os meus ouvidos, enquanto o meu coração se fantasiava de cavaleiro, a "correr" em galope acelerado. A câmera na mão treme, o corpo se contrai em êxtase diante daquela vida que brotou de mim, mas que antes nasceu do mistério da concepção que remete diretamente a Deus. Um corpinho pequeno, insignificante, mas trazendo consigo uma verdadeira revolução. Deixamos de ser apenas Ricardo e Luciana; estamos agora recebendo do Criador o complemento de nós dois. Não apenas genes "X" e "Y", ou "X" e "X", mas carne da nossa carne, vida das nossas vidas. É pura obra de Deus em nós e para nós. É como se o Eterno dissesse: recebam-na, é de vocês, um presente que lhes dou. Sim, o maior dos presentes! A partir daquele momento os meus dias se fizeram sorrisos - e lágrimas , e choro e noites insones; felizes noites insones!!!

A pequenina flor de olhos azuis-anil, mostrava para o mundo a que viera. Comecei então a intercalar períodos de trabalho e cuidados com a minha Sarah - ainda bem que sempre fui profissional liberal! Os processos judiciais se tornaram tanto mais horrorosos quanto mais tempo eu passava com a minha belezinha (rsrs). Era como se, a partir de então, as nossas vidas se resumissem a ela. A "Sarinha" passou a ser o motivo das nossas existências, a alegria dos nossos dias. Brotavam em nossos lábios sorrisos fáceis, risos incontidos, misturados àqueles sons peculiares de bebê. Os primeiros banhos dei eu, pegando aquele corpinho frágil entre as mãos - e elas pareciam enormes. Aquela vida sustentatada por mim, mas o poder, por mais estranho que possa parecer, emanava dela. Eu era apenas o seu sustentáculo, enquanto ela era para mim o motivo de viver. Passamos a ser eu e ela. Eu, ela e a Luciana. Nós. Pluralizamos as nossas vidas! Matamos a partir dali o nosso "eu".

E eis que os dias se seguiram permeados de grande felicidade, aquela "pessoinha" invadiu o nosso mundo fazendo emergir o que de melhor havia em nós. Os melhores sentimentos, aqueles mais recônditos, brotavam com facilidade. E então tudo sorria através do riso lindo da "Sarinha".

Hoje ela ainda continua "Sarinha", embora já esteja completando nesta manhã 13 anos. Uma vida dentro das nossas vidas. Dizer que amamos a nossa Sarinha é apenas lugar comum, redundância das redundâncias... Somos uma família que diz "te amo". O mais comum é ouvi-las (Sarah e Isadora) dizendo: - "amo você papai, amo você mamãe", ou então: "tchau papai, tchau mamãe, amo vocês"! Outras vezes ainda: - "boa noite papai, boa noite mamãe, amo vocês!"

São 13 anos maravilhosos com a Sarah e mais10 anos com a Isadora, as nossas duas filhas que enchem as nossas vidas de alegria, que colorem os nossos dias cinza de cores vívidas, que fazem transbordar os nossos corações de contentamento.

Não há vocábulo capaz de simbolizar o amor que sentimos por ti meu bem. Somente Deus, na Sua infinita bondade, para nos presentear com a sua vida e nos transformar em seus pais. Ainda na eternidade Ele escreveu em Seu livro o seu nome. E juntou aos nossos nomes. E então disse: "a Sarah será do Ricardo e da Luciana". Depois, Ele ainda nos deu a Isadora. E ao final ainda decretou: - todos serão meus, Ricardo, Luciana, Sarah e Isadora. E é por isso que estamos juntos, todos glorificando a Deus, porque somos dEle.

Parabéns meu amor. É o que todos nós desejamos neste ensolarado e belo dia!

Ricardo, Luciana e Isadora.



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sábado, 13 de fevereiro de 2010

A diversidade em Deus





Em outras oportunidades neste mesmo blog já escrevi a respeito da minha mudança de posicionamento teológico com relação às doutrinas da graça, especialmente no que se refere à eleição e predestinação.

Não nego que outrora - há não tanto tempo - essa questão causava-me um certo desconforto, não porque trouxesse comigo ideias substanciais para refutar o calvinismo, mas exatamente pelo contrário: eu nada sabia a respeito dessa teologia, a não ser aquela ideia preconcebida de que os tais pregavam um Deus tirano que faz das suas criaturas robôs.

E talvez por já ter trilhado esse mesmo caminho consiga compreender e relevar tantos arminianos que assim pensam e se colocam em toda e qualquer discussão com calvinistas. Eu diria que sou tolerante. Vou além, acho que é necessário ser tolerante, uma vez que não travamos uma guerra entre facções rivais. Somos irmãos - arminianos e calvinistas - e não ouso imaginar a possibilidade de dizer que nós, calvinistas, tenhamos a exclusividade da salvação. Não temos!

Ora, como poderíamos estabelecer um pensamento tão arrogante a ponto de determinar salvos e réprobos em razão do seu pensamento teológico, baseado-nos em conjecturas, quando somente o Eterno e Insondável fará essa separação através de critérios que somente a Ele pertencem? Quem somos nós para palmilhar tais caminhos? Quem nos revelou o mistério?

Graças ao Deus Triúno, que aprouve revelar-me a verdade sobre a predestinação, eleição, soberania e responsabilidade humana, creio hoje em um Deus que governa, sustenta e mantém toda a criação, determinando todas as ações humanas. Fui resgatado de uma mentalidade humanista , cujo Deus "complementa" as ações das suas criaturas. Porém, para chegar até aqui percorri um longo caminho de "inércia", praticando crenças que hoje reputo errôneas como a capacidade de escolher ter fé.

Sei, por literal disposição bíblica que tanto graça como fé me foram "presenteadas" gratuitamente pelo Maravilhoso Deus da minha salvação (Efésios 2:8-9), que escolheu a mim antes que eu O escolhesse (João 15:16). Mérito não tenho qualquer, uma vez que, se assim fosse, a graça já não seria graça, parafraseando o apóstolo Paulo (Romanos 11:6).

Creio que Deus, na sua Soberania e Poder escolhe e elege os Seus em Jesus Cristo. A verdade se me revelou assim. De posse desta revelação estou autorizado a rejeitar os meus irmãos arminianos que pensam diferente? Tenho que me recolher hermeticamente em um casulo de "pureza" evitando misturar-me a eles, sob a assertiva radical e fundamentalista de que são heréticos? A minha resposta é não! Embora não coadunando com tais princípios, ainda que considere esse pensamento um desvio, destaco que é apenas um "erro de percurso". Tal erro, a meu ver, não é suficiente para afastar alguém da salvação , pois fosse assim (...) "a salvação , se é pela graça, já não é por obras, do contrário a graça já não seria graça "(sic).

Assim como eu obtive a revelação a respeito das doutrinas que hoje não somente cultivo como defendo, espero que tantos outros, assim como eu, a obtenham, chegando à mesma verdade.

Pois bem, como posso ser preconceituoso com os meus irmãos partindo do princípio que eu mesmo demorei tanto tempo para aqui chegar? Como posso cultivar essa visão exclusivista, se participo de uma igreja cujos irmãos são na sua esmagadora maioria arminianos? Penso que a graça de Deus será dadivosamente distribuída entre todos, ainda que pensem que "estão indo por escolha própria".

Um exemplo bem claro sobre isso é o que eu tenho vivido na minha própria casa. A minha esposa é uma crente fiel, cristã fervorosa, crê na soberania de Deus, na graça, mas faz confusão a respeito dessas doutrinas , especialmente quando reflete sobre determinismo e responsabilidade humana. Ela simplesmente não consegue conceber um "Deus tirano" autor do mal e do pecado, ao mesmo tempo em que o quer soberano.

Ontem mesmo, quando citei para a minha esposa Ezequiel 14:9-10, fui prontamente acusado de "procurar cabelos em ovos" , segundo a literalidade das suas palavras (rsrs). Diz o texto bíblico:

"Se o profeta for enganado e falar alguma coisa, fui eu, o SENHOR, que enganei esse profeta; estenderei a mão contra ele e o eliminarei do meio do meu povo de Israel. Ambos levarão sobre si a sua iniquidade; a iniquidade daquele que consulta será como a do profeta".

E o contexto apenas reforça o fato de que Deus responsabiliza o homem, ainda quando é Ele próprio a colocar a operação do erro em seu coração; mesmo quando for Ele a enganar o profeta. E então muitos haverão de perguntar: que Deus é esse, é um Deus injusto (Rm 9:14-16)? Não serei eu a responder, mas a própria Palavra do Deus vivo: "... de modo nenhum! Pois Ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia."

Deus tem critérios perfeitos; Ele é justíssimo. Eu não sei como o Excelso compatibiliza essas coisas, não sei qual é a Sua lógica, porém, não cabe a mim discutir com Ele. Entretanto, há algo que estou plenamente convencido e disso não há quem me demova: Deus é Absoluto, não responde a quaisquer parâmetros, é "O Altíssimo" e não há justiça que conhecemos que possa ser comparada à dEle. Portanto, aos seus filhos cabe obediência à Palavra, ainda que muito do que há nela seja incompreensível à nossa limitada mente.

Continuarei crendo nesse Deus plena e completamente soberano; que se revela a alguns de uma forma e a outros de forma diversa; nesse Deus que elege e salva em meio à diversidade. Crerei no Deus que determina as ações de todas as suas criaturas, até mesmo das inanimadas. Cultuarei Jaweh em toda a sua Eterna Glória: esse Deus maravilhoso e ao mesmo tempo terrível.


Glória ao Seu Nome pela Eternidade!



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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Deus: a única explicação





A existência de Deus traz indagações ao homem desde os primórdios, ao mesmo tempo construindo uma espécie de divindade contida no universo, ou a força criadora impessoal fragmentada em cada parte do todo. Uns evocam um deus que se manifesta na beleza da criação, tecendo loas à natureza, outros abandonam o Deus dos seus pais trocando-O por uma série de abstrações.

Uma busca febril e contínua que muitas vezes leva ao desespero, à descrença, ao abandono. Sem Deus, a liberdade tão ferrenhamente buscada se esfumaça, dando lugar ao vazio. A crença unicamente naturalista, baseada na ciência, nos conceitos evolucionários também não oferece uma resposta definitiva à indagação sobre o início de tudo , o fim de todos e de todas as coisas... Nada é infinito, embora o finito tenha tido origem em (ou de) algum lugar.

Penso , logo existo. Mas por que existo, de onde vim e para onde vou? Se a natureza é tão bela e transformadora; se a cadeia natural se autoalimenta, pode ela ter sido o gênesis, a própria criação, a essência que antecede o ser?

Quando ainda não havia alcançado fama e e reconhecimento, pouco antes de escrever "A origem das espécies" (1859), Charles Darwin descreveu-se como um teísta:

"Ao refletir assim sinto-me compelido a olhar para uma primeira causa dotada de mente inteligente e até certo grau análoga à mente do homem; e mereço ser chamado teísta"

Porém, à medida em que avançava em conhecimento desvendando o mundo natural, Charles Darwin cada vez mais se afastava da ideia de um Deus criador, por achar que tudo se fizera por meio de acontecimentos aleatórios, embora sem conseguir explicar a causa primeira, a vontade inicial, a essência do universo:

"Minha teologia é uma simples confusão; não posso ver o universo como resultado do acaso cego; e, no entanto, não posso perceber qualquer evidência de desígnio beneficente, ou mesmo de desígnio em qualquer sentido, em detalhes".

Ao mesmo tempo em que o homem busca respostas para a sua existência apegando-se a si mesmo e às coisas criadas, queda-se inerte mergulhado em dúvidas a respeito da própria existência, abrstraindo a possibilidade de que a "totalidade do mundo exterior não passe de um sonho, e que somente nós existamos" (Bertrand Russel). A ciência também, dissociada da revelação, não consegue responder essa intrincada equação inicial.

Há, a meu ver, a necessidade e a possibilidade de se equacionar ciência e criação sustentada por Deus, não à margem da revelação mas de mãos dadas com ela, eliminando-se as dicotomias aparentemente existentes. É pois possível relacionar a verdade da revelação com a verdade da ciência, naquilo em que a ciência não entrar em choque com a revelação.

A tentativa em todas as frentes da filosofia em compreender o universo apenas pelo conhecimento falhou. Não se compreende sequer que haja liberdade diante de características adquiridas pelo meio , ou, ainda, pela herança genética. Quando se nega o determinismo bíblico, não se consegue safar do determinismo natural, ficando ainda o homem tolhido em sua "liberdade" por causas externas à sua vontade, logo, não havendo mesmo liberdade.

Incrédulos fogem de Deus, da ideia de um Criador, mantenedor e sustentador do universo, mas não têm respostas para a mesma realidade, refugiando-se no ceticismo, desespero, dúvida. Negam o Absoluto sem oferecer algo em troca, ficando o universo entregue ao caos, regido por leis que não existem por si mesmas; tampouco explicam a origem dessas mesmas leis, a sua essência. Querem um universo sem Deus sem se desvencilhar de explicá-lo pelos seus próprios métodos científicos, seja através da "experimentação", ou da observação. Calam-se sem justificar a existência antecedendo a essência, ou a "existência da essência em si mesma". Não há resposta, mas o abandono ao nada. Somente o temor do "depois"...

A esperança no homem se revela frustrante. Resta aos pensadores sem Deus aceitar a "probabilidade de que o homo sapiens seja uma excentricidade biológica, o resultado de algum equívoco notável dentro do processo de evolução", conforme já afirmaram outrora. Elegem a razão como explicação do conhecimento, mas sem a contrapartida da Verdade e sem se livrar das "antíteses".

C. S Lewis, discorrendo sobre a sociedade que remanescerá do humanismo ateu, considerou:

"O poder do homem de fazer de si mesmo o que lhe agradar... significa o poder de alguns homens fazerem de outros homens o que lhes agradar. Os moldadores de homens da nova era estarão munidos de poderes de um Estado Onicompetente e de uma irresistível técnica científica : finalmente chegaremos à existência de uma raça de condicionadores que, na realidade, poderão esculpir toda a posteridade na forma que melhor lhes parecer."

Sim, a razão dissociada de Deus traz o absurdo, o caos, o medo, o desespero, consoante se observa das palavras de Bertrand Russel:

"Breve e sem poder é a vida do homem; sobre ele e toda a sua raça cai a lenta e certa condenação, negra e sem dó. Cega para os bons e para os maus, sem importar-se com a destruição causada, a matéria onipotente avança incansavelmente; ao homem, condenado em nossos dias a perder seus entes queridos, para ele mesmo passar amanhã pelos portões tenebrosos, resta somente desfrutar, antes de sobrevir o golpe, dos elevados pensamentos que enobrecem os seus poucos dias; desdenhando dos terrores covardes do escravo da sorte, adora no santuário que as suas próprias mãos erigiram : sem vergar-se ante o império do acaso, preserva uma mente livre da tirania extravagante que governa sua vida externa; desafiador orgulhoso das forças irresistíveis que toleram, por um momento, seu conhecimento e sua condenação, sustém sozinho um cansado mas inflexível atlas, o mundo que seus próprios ideais tem moldado, a despeito da marcha esmigalhadora de um poder inconsciente."

Não há outra saída, senão aceitar Deus como a Vontade primeira criadora do Universo, para livrar o homem do caos e do desespero, infundindo-lhe esperança e alegria, ainda quando face a face com a morte.


"No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (João 1:1-3)

Fonte de pesquisa (citações): CHAPMAN, Colin, "Cristianismo: A melhor Resposta", Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo-SP.

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Reminiscências...



O ser humano é certamente um animal social e isso é uma verdade que não admite refutação. O fato de vivermos em sociedade e nos relacionarmos com os nossos semelhantes nos faz saudosos de muitos eventos e coisas que nos aconteceram. Não raro nos encontramos imersos em pensamentos, cultivando boas lembranças e passando rapidamente pelas más (a fim de não vivenciá-las novamente, tampouco alimentar amarguras).


Nos últimos meses eu mergulhei nesse universo profundo e insondável de Deus. Muitas vezes dolorosamente, quase aviltado por um sentimento lancinante de impotência diante de situações que absorviam a minha mente, cujas respostas eu não encontrava. Há alguns dias, inclusive, escrevi um artigo aqui neste blog citando os nomes de alguns amigos e blogs reformados que conduziram-me rumo às doutrinas da graça. Até então eu me encontrava imerso em um universo de apenas aceitar um Deus que eu tinha como soberano, mas sem grande profundidade. Todavia, junto com essa soberania eu também alimentava aquela minha liberdade tão comumente denominada pelos arminianos como "livre arbítrio".


Ocorre, porém, que cometi um erro e uma injustiça ao citar os nomes desses meus amigos que, de certa forma, ajudaram à "converter-me" àquelas maravilhosas doutrinas. Esqueci-me de alguém que, reformado e estudioso, me levou a pensar inicialmente sobre o assunto, tendo, inclusive, feito uma defesa propositiva e substancial de tais doutrinas: o meu amigo, camarada e irmão, Pr. Adriano Nazareth, a quem devo muito das minhas convicções atuais.


Deixem-me explicar: estávamos eu, o pastor Adriano e mais alguns amigos indo a um encontro batista em uma cidade nem tão próxima, distando mais ou menos 500 quilômetros do destino inicial, todos juntos, quando, no retorno, de uma maneira não premeditada o meu amigo Adriano referendou as suas convicções sobre as doutrinas da graça, especialmente acerca da eleição e predestinação, citando inúmeras passagens bíblicas, das quais eu me recordo de Efésios 2 e Romanos 9. Ao final ele asseverou que era reformado e acreditava na predestinação com responsabilidade humana. Confesso que eu, embora não podendo ser descrito como alienado biblica e teologicamente, sempre tivera um arraigado preconceito contra essas doutrinas. Era algo como aquele chavão: não conheço, nego-me a conhecer e não gosto! Usei de muitos argumentos (que hoje reputo como absolutamente tolos) para refutar os argumentos tão bem construídos pelo meu amigo.


Vale dizer que o Pr. Adriano Nazareth é uma grande pessoa (e não vai aí qualquer rasgação de seda), um sujeito admiravelmente estudioso e um dos maiores conhecedores (das pessoas e pastores com os quais me relaciono) das Epístolas Paulinas. É daqueles que a gente diz: - pô, o cara sabe tudo. Sim, ele é desses que faz inúmeras e incontáveis citações bíblicas e discorre sobre elas de memória, reproduzindo-as à perfeição. Eu diria que o Adriano é, sem dúvida, um 'cara' culto. Ele ama os seus livros; tem quase dois mil na sua biblioteca particular, todos muito bem cuidados; dentre eles, as grandes obras teológicas de autores reformados.


Se eu fosse fazer uma brincadeira aqui poderia dizer: o Adriano é um sujeito importante... mantém contato direto com várias personalidades consideradas sumidades no meio teológico, como James White, John Piper e mais alguns, tendo, inclusive, recebido livros diretamente deles, com os quais estabeleceu contato a partir das 'Conferências da Fiel", tendo já participado de 12 delas, segundo me confidenciou. Porém, esse pastor, como é comum aos homens de Deus, não se sente importante, antes sendo humilde. Não aspira riquezas, a não ser as espirituais. É daqueles, como tantos outros que conheço, que apenas desejam "um lugar para recostar a cabeça". Por essas qualidades e por tantas outras é que lhe faço essa espécie de homenagem, extensiva a tantos outros pastores e missionários que, como ele, passam uma vida inteira dedicados exclusivamente a propagar o Evangelho de Cristo.


Pois bem, esse acontecimento inicial ocorreu no dia 01 de junho de 2009, data em que o meu amigo "suportou com muita longanimidade as minhas tolices" (rsrs) em inconsistente refutação à predestinação com responsabilidade humana. Hoje, passados alguns meses de mergulho nessas doutrinas, reconheço que não é fácil suportar esse tipo de refutação e de pessoas que reverberam o seu preconceito contra "esse Deus injusto".


Graças a esse acontecimento com o Pastor Adriano, as "escamas caíram" dos meus olhos. É verdade que, até chegar aqui, passei por dolorosos conflitos, acusei Deus de injustiças tantas, sem conseguir aceitar Romanos 9, com aqueles tais vasos de ira! Depois de trilhar esses caminhos tortuosos - reproduzindo email atual para o amigo Adriano - encontrei um Deus completo, soberano, Todo-Poderoso. Um Deus que não precisa das suas criaturas, mas que, exclusivamente pela Sua misericórdia, chama algumas delas salvando-as. Outras foram feitas para o dia da ira, conforme diz a Palavra (mas essas vão felizes para a perdição, alegres com a sua impiedade e cegas para Deus).


Por derradeiro, ratifico que este post tem a finalidade precípua de homenagear o meu amigo, camarada, servo do Deus Altíssimo, Pastor Adriano Nazareth por ter sido usado por Ele para tirar-me da ignorância acerca das maravilhosas doutrinas da graça. Honra e Glória ao Senhor que, pela Sua providência, usa os seus filhos e toda a Sua criação para o cumprimento dos Seus santos desíginios.


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