sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Reminiscências rurais

Este texto foi originalmente produzido em meu blog e eu aproveito para reproduzi-lo aqui, uma vez que foram momentos inesquecíveis passados ao lado do irmão e seus filhos.


O César é um sujeito que lida com a terra, com gado e ama essa sua atividade; cabra caprichoso, cuja propriedade rural faz brilhar os olhos. Pois bem, a narrativa começa quando juntamos a família e fomos para o seu sítio, já munidos de algumas suculentas picanhas, fraldinhas e outras coisinhas gostosas. Saindo da cidade pegamos uma estrada de terra batida ladeada de árvores ralas, pastagens e arbustos, tudo de uma beleza rústica evocando vida e pujança: natureza esplendorosa! Seguindo pela estradinha, o caminho foi se estreitando cada vez mais, as pastagens dando lugar a algumas árvores mais frondosas, uma pequena plantação de seringueiras que algum desavisado ainda acreditava ser rentável (embora a existência da borracha sintética), tudo envolto por uma atmosfera de brilho e pureza, fazendo-me lembrar uma paisagem barroca daquelas do leste europeu. Afunilando-se a estradinha e pouco antes de chegar ao sítio do meu irmão fomos "abraçados" por um pequeno arvoredo, reserva de mata quase fechada cujo cheiro penetrava pelas narinas lembrando os mais variados e sutis aromas: flores silvestres, folhas secas, mato verde e tantos outros cheiros que não pude identificar, talvez dada a magia do momento. Passado esse momento mágico, quase místico, onde a imagem do Criador se espelhava em tudo, demos com uma porteira, daquelas bem simples - e olhando para o lado direito no ato de abri-la, vi uma pequena mata a "subir" teimosamente um morro, de um verde-esmeralda tão mais "valiosa" que a própria pedra preciosa. A trilha continuou, agora avançando para dentro das terras do César e então, embasbacado, olhei para o lado esquerdo e enxerguei uma linda montanha "salpicada" de arbustos, pequenas e esparsas árvores e belíssimas pastagens, enquanto lá no cimo, divisei pequenas figuras quadrúpedes que identifiquei como vacas, bois e equinos. Figuras desfocadas pela distância, parecendo um quadro impressionista: Deus, mais uma vez retratado na sua criação. A estreita trilha um tanto sinuosa já deixava divisar, perto, um curral, algumas outras porteiras, árvores frutíferas e mais nada, por enquanto... mas ao atravessar esse espaço eis uma casinha rústica construída para guardar arreios, aves, ferramentas, etc, e , logo à frente, uma bela casa branca com uma grande área em um dos seus flancos. À volta dezenas de pés de jabuticabeiras, todas carregadas, cujos frutos mais pareciam com grandes bolas de tênis, pois se trata de frutos originais e nativos do Paraná - frutos bem maiores. Imediatamente colhi algumas e senti como que um néctar doce a escorrer garganta a dentro, deixando escapar um pouco do seu sulco pelos lábios... maravilha das maravilhas! Mangueiras de várias qualidades se multiplicavam naquele espaço, cada fruto com um sabor único e especial. Abaixo da casa, em um pequeno acidente de terreno, um pequeno córrego, ribeiro de nada, de águas límpidas e cristalinas onde se podia ver peixinhos, lambaris e acarás, os que pude identificar. Água bem fria a cobrir os pés e a acalmá-los depois de um dia de muita atividade. 

As conversas foram temperadas com risos, o sol a se por no horizonte todo escarlate, venturoso, banhando a todos nós com o seu brilho opaco a anunciar o lusco-fusco que precede a noite. Estrelas, naquele céu livre, cada uma a seu modo, a anunciar o seu brilho e a grandiosidade do universo, cujas mãos que o criou sempre deixa entrever a sua sombra. Senti-me são. Já não havia limitação física, tristeza, dor, sofrimento, preocupações. Nada, apenas risos e alegria. E uma grande e profunda paz...

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terça-feira, 21 de agosto de 2012

A (minha) síndrome




Mais uma vez o sumiço. Quando eu disse que estava retornando, o retorno se fez fictício, já que nada mais foi escrito aqui no blog.  Pura ausência, nadica de nada.


Mas passemos aos fatos, posto que hoje é preciso escrever alguma coisa. Algo atual que está acontecendo comigo e  que eu faço questão de compartilhar com irmãos e amigos. Não há o que esconder, muito pelo contrário, vejo que em tudo o nome do SENHOR está sendo engrandecido. Não se trata de qualquer testemunho também, eu os abomino.


Compartilhei no facebook meio que en passant um problema que acometeu com a minha saúde e que, resumindo, trata-se de uma deficiência visual no olho esquerdo que surgiu abruptamente, sem qualquer aviso: estava eu assistindo TV há mais ou menos 60 dias, quando, de repente, surgiu uma grande sombra na minha vista esquerda. Depois de três dias, a sombra se manteve, o que me obrigou a buscar especialistas na cidade de Cuiabá. Depois de cansativos exames, ultrassonografias, tomografias, etc, fui diagnosticado “provavelmente” com toxoplasmose ocular e imediatamente medicado com uma grande carga de corticoides.


No entanto, por precaução, resolvi ter um segundo diagnóstico e então fui até Goiânia, exatamente por ser hoje um dos melhores centros oftalmológicos do Brasil e do mundo. Com um excelente médico indicado junto ao CBCO, dirigi-me até lá com a minha família a tiracolo (como ficar sem elas, as minhas mulheres?). Ficamos então hospedados em uma belíssima cobertura de um primo médico (parte boa), cujos filhos também são médicos – e a mais nova, Cristiane, fazendo residência em oftalmologia. Aqui começam as “coincidências” divinas, as quais quero mais enfatizar neste texto muito pessoal. Encurtando a história, a Cristiane me pediu que consultasse com a sua professora, com especialidade em neuro-oftalmologia, exatamente a área em que minha visão se encontrava afetada. Assim fiz.


Fui atendido por uma excelente médica, pessoa de rara generosidade. Eu e a minha esposa, porém, sentimos naquela mulher uma grande tristeza e eis que ela nos confessou assim  repentinamente que estava passando por um difícil período, pois a sua irmã, advogada de 32 anos, havia sido acometida de uma raríssima síndrome e alcançada por um AVC quase fatal, ficando três meses internada no hospital (UTI), agora em casa com acompanhamento de enfermeiras em razão das limitações físicas advindas do acidente vascular. Fizemos as nossas considerações e desejos de melhoras, mas mais não foi dito. Examinado por ela, houve a constatação imediata de que não se tratava o meu problema de toxoplasmose ocular, considerando-se desde já a possibilidade de uma doença autoimune, como, por exemplo, a esclerose múltipla – e confesso que essa possibilidade me deixou atemorizado.


Fui então encaminhado pela profissional a outro médico, um excelente reumatologista, o mesmo que havia diagnosticado a síndrome da sua irmã (da médica) e que estava tratando-a (ainda está). Descartou-se também sumariamente a toxoplasmose ocular, ficando-se com a possibilidade dolorosa da esclerose múltipla. As coisas não estavam se encaminhando bem... contudo, por incrível que possa parecer, a calma e a serenidade me acompanhavam naqueles dias, assim como têm me acompanhado até agora. Sustenta-me o Senhor, tenho plena certeza.


Encaminhado a uma série de exames,  inclusive genéticos com punção do líquido espinhal (um negócio chato), no dia seguinte, um dia antes de retornar para casa, aquela médica me ligou meio preocupada dizendo que necessitava falar comigo de qualquer jeito, antes do meu retorno. Coincidentemente eu já estava abrindo o meu email para verificar resultados de exames que haviam me enviado do laboratório. Eram exatamente aqueles genéticos voltados para algumas síndromes,  como esclerose múltipla e outras mais. Vi, admirado, que um deles deu positivo, referente ao alelo B-51. Sem explicações complementares, fui ao bom google e descobri que estava com a síndrome de Behçet (http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de_Beh%C3%A7et), uma doença autoimune que ataca miseravelmente o organismo, fazendo muitos e muitos estragos nas articulações, veias, vasos sanguíneos, nervos, pulmões, coração e sistema nervoso central. No meu caso, o ataque foi, ao que parece até o momento, nas articulações e nervos, razão do ataque ao nervo ótico. Daqui pra frente terei de fazer um severo acompanhamento vascular, neurológico, etc.


A notícia causou muita dor à minha esposa e filhas, pois o impacto imediato realmente é grande. Conversamos muito e chegamos à conclusão de que Deus estava e está conduzindo todo o processo. Ele me levou aonde eu deveria ir, para consultar quem deveria ter consultado. Desviou-me do meu caminho inicial e conduziu-me ao Seu caminho. A serenidade então me acompanha desde aquele momento até o presente, e me acompanhará para sempre.


Com ou sem síndrome, afetados ou não por doenças, sejam elas as piores, estamos de fato nas mãos de um Deus Todo Poderoso, aquEle Oleiro que faz o que quer das suas criaturas (Romanos 9), querendo elas ou não! Creio, agora confrontado com a minha fé calvinista, tantas vezes criticada, que Deus controla todas as coisas; que no Seu Decreto Eterno o meu dia está marcado, assim como o de todos nós. E será um dia de Glória! Se eu temo a morte, que espécie de fé tenho? Mas, se ainda que tema, perca a serenidade e a alegria de viver, morrendo antecipadamente a cada dia e levando à morte aqueles que estão à minha volta e que me amam, que espécie de fé é esta que tenho? Que cristão serei eu?


Decidi ter dias serenos e alegres, porque estou me sentindo assim. E sei que a paz que sinto diante de uma situação tão difícil excede todo entendimento, porque é a paz que vem de Cristo. Não sei o que acontecerá no futuro, pode ser que o meu organismo seja constantemente atacado, ou não. Uma coisa é certa, repito, não anteciparei qualquer sofrimento que possa vir.


Enfim, consegui compreender de maneira factível (se assim posso me expressar), ou melhor, de maneira concreta, real, dura e inexorável, que a minha fé está mesmo de acordo com aquela retratada em Hebreus 11:1, cuja certeza e convicção prescindem da sua materialização. Deus não precisa e não deve ser provado. A minha fé, hoje confrontada, não exige a cura da minha doença. Nem sequer espero tal cura.


A síndrome, em si, está a cooperar comigo, na medida em que fortalece a minha fé, me aproxima mais e mais dos meus queridos e me traz calmaria ao espírito, serenidade e equilíbrio.


Em tudo, que seja Honrado e Glorificado o Senhor.

Ps: A minha síndrome é a mesma da irmã da médica e estou sendo tratado pelos mesmos médicos que dela tratam: reumatologista e neurocirurgião. Coincidência?

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sexta-feira, 4 de maio de 2012

O retorno



O título desta postagem nem deveria ser este, já que não sei se estou de fato retornando. O blog, como podem ver - se é que leitores ainda por aqui vêm - se encontra em abandono quase que completo. Nada de textos novos, nada de reflexões íntimas; ausência de conversas teológicas que tanto estimo.


Problemas? A resposta à  pergunta retórica certamente deveria ser positiva, mas não é  - pelo menos em seu sentido cru e visceral e com a significação que  é peculiar ao vocábulo. De fato, não posso  atribuir o meu alheamento a problemas que estejam acontecendo comigo. Contudo, há momentos em que nos faltam motivação e vontade...  Nada de um pessimismo crônico, embora o mundo, tal como se direciona, nos leve indubitavelmente a um certo distanciamento daquilo que lhe move.


Pode ser que eu esteja passando por um período de autoanálise tão profundo a ponto de requerer de mim um necessário desapego ao outro, ou àquilo que se exterioriza dele.  Não me entendam mal, pois não é algo que se assemelhe a um inescusável  egoísmo, ou àquela horrorosa pretensão dos que se sentem no direito de ganhar sempre, independentemente dos meios usados. Nada disso... 


Há ainda em mim o amor ao próximo, conformado ao mandamento primeiro,  o mais importante estabelecido pelo Criador e Senhor da minha vida. O meu semelhante ainda é capaz de me causar emoções boas ou más; as suas ações podem mover o meu cotidiano. Mas vejo nele, como em mim, um certo ranço daquela natureza decaída e má, capaz de vindicar o seu preço em alguns momentos ( ainda que seja o meu irmão). Aquela velha luta da carne a militar contra o Espírito, tão bem delineada pelo Apóstolo Paulo... 


Os amigos de ontem já não são os de hoje, as interações pessoais mudam ao sabor das emoções, quando não da pura 'estética'  da escrita, especialmente ao lidarmos com o mundo virtual, os tais facebook,  twitter, os grupos virtuais, etc. E, nesse ponto, parece que nos tornamos criaturas invisíveis, apenas algo no imaginário do interlocutor. A partir daí, pessoas que nos conhecem há tão pouco tempo se sentem no direito de fazer inferências e juízos apressados, emitindo por vezes as suas sentenças , obtidas em decorrência de arrazoados os mais simplórios...


Ah, eu amo o meu semelhante, mas às vezes ele me cansa tanto...  


O pior é que estou consciente das minhas próprias limitações, sabendo que devo causar o mesmo efeito em tantos dos meus semelhantes. Enfim, penso que ao fim e ao cabo essas abstrações devem nos levar à certeza de que o  objetivo é mesmo Cristo, e a nossa vitória está nEle. Exclusivamente em servi-lo.


O cansaço do dia a dia que por vezes se reflete na intolerância que sentimos do outro  não deve obnubilar a imagem de Deus que está em mim e no meu semelhante, sob pena de nos tornarmos endurecidos, retornando àquela velha natureza corrompida e não redimida de outrora. 


Que Deus, na Sua infinita misericórdia nos sustente e nos mantenha firmes em direção ao caminho da redenção, sem retroceder jamais.  Jamais!

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

...De um insuportável cansaço

Estou há muito tempo sem escrever por aqui e cada vez que penso em fazê-lo, mais o desânimo me invade. Escrever o quê? Sobre o que escrever eu sei, pois este é um blog cristão, cujas postagens, ainda quando pessoais e intimistas, trazem em si uma grande dose do cristianismo que professo.

Sem querer vender uma falsa impressão de carência ou de santidade, sinto cada vez mais intenso o distanciamento a me empurrar dos blogs e sítios virtuais que tratam de cristianismo, e mais ainda da apologética tão em voga por estas plagas. Há, certamente, coisas muito boas, mas há também muito orgulho. Ao final, erramos todos.

Irmãos antes admirados, tornam-se nossos algozes. O conhecimento intelectual sepultando a sabedoria. Uma tal fé completamente híbrida, sem qualquer fruto. Amor, bondade, paz, passam a ser apenas "muleta" usada por "ignorantes". A filosofia toma o lugar da teologia e a pregação é substituída pelos longos, enfatuados e afetados teologismos.

Há um discurso de bondade e de "fé", mas sem quaisquer ações nesse sentido. As ações efetivas se direcionam para a discussão sem misericórdia; a exortação sendo substituída pela ironia fina. Não há lugar para sequer relances de humildade ou as mais tênues manifestações de afeto: a arena teo-filosófica não permite tais fraquezas.

Nos mais loquazes "combatentes" dessa "guerra" do cristianismo virtual sobram farpas, arestas, acusações, denúncias. Ao final dos áridos 'rounds', depois de muito vituperar, encerra-se com uma espécie de reverência, quase uma doxologia: "que Deus tenha misericórdia de nós". Ou: "naquele que nos salvou". Quase a soar como um epitáfio... Quem sabe seria a morte do verdadeiro amor cristão, com o endeusamento da razão.

Há exceções, sem dúvida. Em muito do que escrevi e narrei acima, eu também estou incluído. Porém, ando em busca de um cristianismo mais calmo, mais amigo, mais puro; menos altivo, menos "sábio".

Não é preciso que me digam que sei pouco, pois eu mesmo enxergo e reconheço as minhas carências e limitações, principalmente na seara filosófica. Contudo, pouco me acresce a filosofia, ainda que com laivos de interesse e edificação cristãs, notadamente quando consorciada com a Verdade e dela dependente.

Este pequeno texto revela cansaço. Revela ainda a certeza de que serei cada vez mais seletivo, muitas vezes fugindo de alguns sábios e me aproximando de outros, cuja sabedoria evidencie verdadeira reverência e piedade cristã real.

O saber não distancia o homem de Deus, disto estou certo. O que distancia é a pretensão.

E é só.


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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Amizades e encontros


Acabei de chegar do 12° Encontro da Fé Reformada em Manaus e foi algo magnífico. Ficamos um longo tempo discutindo os pormenores da viagem - eu e alguns amigos -, decidindo os detalhes, e, como sempre, no instante em que decidi fazer as inscrições, fui informado que no dia anterior havia escoado o prazo. O pior é que eu já havia comprado as passagens aéreas, feito as reservas em hotel, sem contar a expectativa criada em torno da viagem. Obviamente, seria uma baita frustração ver tudo ir por água abaixo nos últimos minutos do "segundo tempo". Ora, pensei cá comigo, sempre é possível tentar. E tentar, no caso, seria ligar para os organizadores a fim de, se necessário, empreender o chororô dos atrasados.

Liguei então para o pessoal de Manaus e tive certa facilidade para efetuar as inscrições, especialmente quando souberam que éramos de Mato Grosso. As inscrições foram então feitas em meu nome e em nome do pastor da minha igreja, Abceil Luis da Silva Filho, uma vez que havíamos combinado de ir juntos. Tudo certo, graças a Deus!

Ocorre que eu já havia entrado em contato anteriormente com o meu irmão e amigo Paulo Brasil (através das escrituras), residente naquela cidade de Manaus, a fim de marcar um encontro, posto que nos conhecíamos apenas via blog. Qual nao foi a minha surpresa quando o referido irmão não somente nos convidou para ficarmos hospedados em sua casa, como nos "intimou" a isso, de tal maneira que fui obrigado a cancelar as reservas no hotel. E posso assegurar que foi a melhor coisa que aconteceu, uma vez que o contato próximo que mantivemos com o Paulo (eu e o Pr. Abceil) foi verdadeiramente enriquecedor! A recepção foi magnífica, aquela amizade que vínhamos nutrindo virtualmente se transformou em realidade.

Entretanto, devo voltar um pouco no tempo e falar sobre o meu amigo, irmão e companheiro "herege" (obviamente uma brincadeira que usamos entre nós) Leonardo Bruno Galdino, membro dos blogs 5calvinistas e opticareformata. Pois bem, já há algum tempo ele foi o primeiro a decidir ir para o encontro da fé reformada em manaus, tendo convidado todos os amigos para também acompanhá-lo. Conversa vai, conversa vem, decidi que iria, mas, como bom brasileiro, deixando tudo para a última hora.

Sem mais delongas, o fato é que nos encontramos no segundo dia, admirando-me por ter sido quase que imediatamente reconhecido pelo Léo, principalmente porque a minha foto no blog é muito pequena. Mas não é que o meu companheiro de blog já foi logo me saudando com um " e aí herege"...! O nosso contato foi travado com intensa alegria , como se fôssemos dois amigos de longa data.

Ao longo do "Encontro" desenvolvemos uma grande camaradagem, entremeada de brincadeiras, provocações, risadas e galhofas, o que rendeu momentos de verdadeira descontração. E, eventualmente, falamos sobre coisas sérias. Nesses momentos, pude constatar a grande inteligência do nosso provável "capelão". Quase um garoto e já com tanta bagagem teológica...

Aquele almoço que havíamos combinado outrora tornou-se realidade, e eis que, como testemunha ocular, pude comprovar que o Sargento é mesmo bom de garfo. Para não fugir à regra, passamos ao consumo das comidas típicas, finalizando o almoço com um ótimo açaí. Logo à noite comprei alguns livros, colocados à venda por um ótimo preço na biblioteca montada nas instalações da igreja, sendo dois deles mediante a indicação do Leonardo.

Posso dizer que tenho mais um grande amigo na pessoa do jovem Léo. Eu e o meu pastor - que também o apreciou sobremaneira - estamos pensando em trazê-lo até a nossa igreja, quem sabe no próximo aniversário... Oraremos para que Deus providencie tudo, caso seja da Sua vontade.

Os dias que passamos na companhia do irmão Paulo Brasil também foram incríveis. Fomos agraciados com a sua bondade e com a ótima companhia, dele e da sua simpaticíssima esposa Glória. Eu e o Pastor Abceil aprendemos com eles por intermédio das longas conversas que tivemos, tanto de cunho teológico como pessoal. Sou grato a Deus pela vida desses irmãos. Serei eternamente grato a eles pelo tratamento com que nos brindaram. Que Deus os abençoe ricamente queridos irmãos! Espero recebê-los todos em minha casa - e que seja em breve. O convite está feito.

Para coroar, ainda pudemos reencontrar o Rev. Tarcízio Carvalho, um dos preletores da conferência, que há pouco tempo nos visitara em nossa igreja.

Quanto ao encontro propriamente dito, posso dizer que apreciei todas as palestras, com especial ênfase naquelas proferidas pelo Pr. Tedd Tripp, de cunho pastoral e voltadas para a família. Em outro momento, talvez, eu discorra sobre o evento e as palestras.

Meu último pedido é para que Deus abençoe meus antigos amigos virtuais, agora reais, com toda sorte de bênçãos espirituais!


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terça-feira, 13 de setembro de 2011

O clamor da sociedade, o clamor dos cristãos



Há uma mistificação segundo a qual "crente" é alienado, não participante das questões políticas e sociais que alimentam constantemente a mídia em suas várias versões, principalmente nesta "rica" era petista. É pura bobagem. Cristãos, como em todas as camadas da sociedade, são diversificados: existem de fato os alienados, prontos a seguir o primeiro guru que aparece, assim como aqueles que não somente têm cultura no âmbito secular, como, também, especificamente, na seara teológica. Eu conheço vários, dentre eles, alguns brilhantes.

Se nos ativermos à política, fácil observar que a sociedade como um todo vem reagindo, ainda que vagarosamente, em resposta às várias questões que são colocadas. Os cristãos seguem por esta mesma via. Durante alguns anos enxergamos uma sociedade brasileira quase que anestesiada frente às mazelas que os seus representantes lhe impunham diuturnamente. A corrupção que sempre existiu no meio governamental foi potencializada no malfadado governo de esquerda lulo-petista, que se mostrou insensível, "cego" e "surdo" à roubalheira generalizada que afluiu à esfera política. A fraude, antes disfarçada e mascarada, passou a ser o modus operandi do tal governo de esquerda; os dossiês espúrios eram articulados nos escaninhos do submundo do poder por "autoridades" cuja face jamais aparecia; cuecas passaram a ser meio de transporte de valores, representados por moeda sonante em reais, dólares e euros. Enquanto tudo isto acontecia, a sociedade se mantinha apática, hipnotizada pelo gorvernante-mor, outrora "legitimado" pelas urnas. Daí a legitimar todas as suas ações foi um pulinho: tudo lhe era permitido, ainda que ilegal ou imoral.

O alcance da norma jurídica passou a valer apenas para governados, os princípios constitucionais e as sanções neles contidas não mais se aplicavam à urbe, ao populacho em geral, mas apenas àqueles que não se alinhavam à companheirada. Enquanto que, por seu turno, aos companheiros tudo era legítimo e possível, mesmo que as ações fossem totalmente contrárias às mais comezinhas regras de Direito: Aos amigos do rei os favores da lei, aos inimigos do rei, os rigores do rei, os rigores da lei”. Ou, fugindo da Grécia e refugiando em terras tupiniquins: "Aos amigos, tudo, aos inimigos, o rigor da lei".

E assim, tristemente, a política brasileira foi comandada na última década nos dois mandatos do esquerdista Luis Inácio Lula da Silva. Pipocando aqui e acolá escândalos de malversação de verbas e rendas públicas, mensalinhos e mensalões, pacotes de dinheiros escusos nos gabinetes das repartições; enquanto isto, o Estado brasileiro ia sendo degradado e dilapidado. Este mesmo Estado agora servindo não ao povo, à coletividade pagadora de impostos, mas ao partido no poder. Os "companheiros" e apaniguados dividindo o "butim" entre si.

Malgrado o aparecimento de tantas provas das tais malfeitorias, o governante-mor repetia incessantemente: "não sei, não vi". mais ou menos como o marido traído que, confrontado com a verdade mais crua, repete que somente acredita, vendo - ainda que todas as provas estejam escancaradas à sua frente.

O governo novo continua sendo de esquerda, mas sem aquelas nuances peculiares que caracterizavam o anterior, erigido em vida ao mito. Logo, à lenda-viva tudo era permitido.

A sociedade brasileira está dando sinais de cansaço. Aqui e ali pipocam manifestações contrárias à ilegalidade tão em voga no "meio político". Grande parte da imprensa continua deitada em "berço esplêndido", fazendo de conta que tudo está às mil maravilhas, especialmente aquela "amiga", que foi por oito anos aparelhada pelo petismo. A mesma imprensa que apoia a idiotice ignorante proveniente do Ministério da "Educação", com a sua "nova linguagem inclusiva", em cuja construção não se vislumbra nenhuma regência e gramática; a imprensa que se cala para o controle que se quer contra ela mesma, para resguardar o "apoio financeiro", mantendo incólume os seus "ganhos".

A sociedade está se cansando e nós cristãos devemos nos inserir entre aqueles que dizem NÃO Á CORRUPÇÃO. Enquanto parte da imprensa se cala pelo aparelhamento do "partido", é preciso que nós gritemos em alta voz, seguindo as vozes que têm feito eco desde o dia 07 de setembro e que se anunciam pelas redes sociais! Haverá um momento em que toda a imprensa será forçada a noticiar as manifestações de repúdio aos políticos fraudadores, malfeitores da res publica, vampiros dos dinheiros da saúde e titulares de tantas outras malfeitorias privadas, mas tornadas públicas por poucos meios de comunicação que se permitem fazê-lo, sem temer ameaças e sem sucumbir às "trinta moedas".

A revista Veja desta semana noticiou o clamor de jovens e nem tão jovens que se juntaram sem interesse ou orientação política nas praças e ruas das capitais país a fora. É um bom sintoma de que as coisas podem mudar, assim como ocorreu há três décadas quando a mesma sociedade entorpecida resolveu dar um sonoro basta à ditadura vigente. Ou que pintou suas caras juntando-se aos milhares contra um presidente corrupto, cujo movimento foi suficiente para destituí-lo.

Vamos aguardar os próximos acontecimentos, cujas articulações estão confluindo para o dia 12 de outubro. Quem sabe até lá muitas outras manifestações surjam para incutir temor aos de má índole que se escondem nos corredores do planalto, nas salas climatizadas, ou nos gabinetes do Congresso, onde o populacho não chega, mas seus gritos ecoam.



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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Deus e os homens - Crítica a Tomás de Aquino



Cornelius Van Til

Confrontando a necessidade envolvida na própria natureza de Deus, há o âmbito da graça. O pecado certamente conduz à redenção da parte de Deus. E o pecado veio por meio da livre atividade do homem. Tal liberdade do homem é falta de ser. Não é má em si mesma. É meramente uma ausência do uso da norma da razão. O homem poderá ou não agir segundo a norma da razão. Maritain diz:

“A falha ou defeito [da liberdade], sobre a qual discutimos, tem sua causa primária a própria liberdade, a qual poderá ou não agir, e não age, não atende à norma. E tal defeito vem, não digo em tempo, mas em ordem ontológica, antes do ato da escolha. Aqui, estamos no princípio exato; será impossível voltar mais; um livre defeito; um defeito do qual o próprio defeito é a negativa e deficiente causa primária – a vontade já defeituosa, agindo com este defeito, é a causa em quantum deficiens ou mal moral” [1].

“Também não há falta ou mal na mera ausência que consiste na atual consideração da norma, pois a alma não está obrigada, nem disso é capaz, de constantemente, no ato, de levar a norma em consideração” [2].

“O que é requerido da alma não é que deva sempre observar a norma ou ter a norma constante na mente, mas que deva produzir um ato enquanto considera a norma. Ora, no momento metafísico que estamos examinando , aqui, ainda não existe um ato produzido; há meramente uma ausência de consideração da norma, e será somente no ato que será produzido, em termos desta ausência, que o mal existirá. Reside, aí, um ponto de doutrina extremamente sutil, de importância capital. Antes do ato moral, antes do bonum debitum, o devido bem que produz a qualidade do ato e cuja ausência é uma privação e um mal, há uma condição metafísica do ato moral, o qual, tomado em si mesmo, não é um bem devido, e a ausência dele, por conseguinte, não será privação nem mal, mas uma pura e simples negação (ausência de um bem que não é devido), e tal condição metafísica é uma livre condição” [3].

Deus, então, não teria criado o homem como um caráter moral, um caráter por natureza guardador do pacto. O homem não seria, portanto, um que não pudesse olhar além ou dentro de si mesmo, sem atentar ou agir em obediência ou em rebelião ao pacto. O mal, assim, é mera negação e não-moral em seu caráter, encontrado como é, no campo das coisas possíveis mediante a lei da lógica. É por meio de tornar o homem uma ameba moral próxima do fundo da escala dos seres, que Tomás espera evitar a acusação de determinismo. É por meio de pensar sobre a vontade de Deus como pura identificação com a racionalidade abstrata e por intermédio de tornar a vontade humana o princípio de indeterminação moral, e, então, trazendo estes dois conceitos para conduzir os atos morais do homem, que Tomás esperava escapar aos ideais do determinismo e do indeterminismo. Se, quando decide agir moralmente, o homem coloca adiante de si o ideal da visão de deidade, ele desejará mais e participará mais do ser de Deus. E, de sua parte, Deus espalhando sua bondade, de maneira ampla, mas finamente no fundo da realidade, e mais estreita e fortemente em direção ao topo da realidade, abre o caminho da oportunidade para o homem se aproximar do próprio Deus, em intensidade de ser e bondade, e habilita o homem a fazer aquilo que, sem a graça, não poderia fazer.

Desta maneira, Maritain conseguiu, diz ele, evitar a acusação de que teria investido contra a doutrina de Calvino, de uma providência toda determinante e de uma predestinação toda compelativa. Pighius expressou a objeção típica do romanismo, de que a visão de Calvino, dizendo que, segundo o reformador, não haveria real responsabilidade no homem, e que Deus seria responsabilizado pelo pecado.

Aqui, a diferença entre os dois conceitos de analogia é bem marcante. Calvino mantém que todas as coisas acontecem mediante a última vontade de Deus e que, subordinada a esta vontade final, está a vontade criada do homem. Ele afirma que não poderemos guardar a sã doutrina da graça de Deus, a menos que creiamos que, no caso do réprobo, é a vontade última de Deus que decide o destino final do homem. Nós conservamos a verdadeira doutrina reformada da analogia, segundo a qual todas as coisas ultimamente referem-se ao conselho de Deus e à sua disposição soberana, enquanto o homem encontra , dentro do plano de Deus, genuína liberdade e responsabilidade. O homem sempre age a favor ou contra Deus.

Contra isto, Tomás afirma que, para ser livre, a ação moral do homem não poderá ter por trás nenhum determinativo moral divino. No que diz respeito à sua natureza, Tomás começa a partir da neutralidade do homem. Na verdade, o homem jamais teria existido em puro estado de natureza. Quando foi criado, Adão recebeu de vez uma graça sobrenatural. Mas tal graça não violava sua natureza, e sua natureza consistia da liberdade para agir ou não agir, isto é, pura neutralidade moral. Esta neutralidade é baseada na idéia de que, até mesmo o homem natural que, ainda que tenha perdido o donum superadditum, poderia, não obstante, existir sem torpeza moral. Quando Deus concede graça, o homem poderia aceita-la ou rejeitá-la segundo o seu querer; quando a rejeita, poderá ainda, mais tarde, aceitá-la; quando a aceita, poderá, mais tarde, rejeitá-la. Como Maritain diz: “...a criatura desliza do influxo da Primeira Causa, plena de ser e de bondade, não mediante uma ação, mas por meio de uma livre não-ação; desliza dela à medida que o influxo alcança a região livre, tornando o influxo estéril e aniquilando-o.[4] O que vem do nada tende ao nada. “Há então, dentro da criatura, algo que é, primeiro, a causa primária; há uma linha em que a criatura é a primeira causa, mas esta é a linha do nada e do mal.” [5] “Sem mim nada podeis fazer”.

Considerando a doutrina da vontade do homem, como Tomás a desenvolveu, veremos, de vez, que a real liberdade, para ele, é ausência de ser. Entretanto, nada, senão o ser, poderá ser a causa de alguma coisa. “Mas somente o bem poderá ser uma causa, porque nada poderá ser uma causa a menos que seja um bem, e todo bem é bom.” [6] Segundo a extensão que ele tem de ser , o homem participa do ser de Deus, e como tal ele é bom. Segundo a extensão do ser, se poderia dizer que o homem, com Deus, teria o poder de ditar as regras, seria um legislador. Aqui, de novo, está o princípio que, no momento em que o indivíduo fala, terá perdido sua individualidade. Ou, se buscar liberdade por meio de viver em subordinação às normas, o homem se tornará o legislador. O alvo seria o ideal de se tornar o próprio legislador, completamente identificado com seu Deus.

Concluímos que a posição tradicional do catolicismo romano na teologia e na filosofia não é basicamente cristã, e, portanto, não poderá ser usada pelo pastor reformado a fim de desafiar o pensamento moderno.

Extraído do livro “O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno”, Van Til, CORNELIUS, Editora Cultura Cristã, 2010, 1ª edição, ps. 96/99.

[1] Maritain, Jacques, St. Thomas and the Problem of Evil (Milwaukee, 1942), pág. 25/26, Maritain quotes Thomas on this point.

[2] ibid

[3] ibid, pags. 26/27

[4] ibid; pag. 34.

[5] ibid; pag. 35

[6] Summa Theologica, Q. II, 277

Ps: O texto publicado em epígrafe se trata de uma crítica do autor do livro à posição esposada pelo teológo e filósofo católico romano Tomás de Aquino, revista pelo também filósofo católico Maritain J. , que tentou, em "Degrees of Knowledge (Londres, 1959), estabelecer, de seu ponto de vista, sem sucesso, esta natureza mais realista do pensamento de Tomás. Achei interessante porque trata-se de um grande estudioso católico, mas cujo pensamento filosófico se opõe ao de Agostinho, Bispo de Hipona, exatamente na "impossibilidade de se partir de um ponto de neutralidade moral" - posição esta defendida pelo primeiro.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

È Deus injusto?



"Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma" (Romanos 9:14).


A pergunta retórica feita pelo apóstolo Paulo mostra bem a sua sapiência, antecipando em muito a mesma indagação que fariam os teólogos de plantão ao longo do tempo. Já se passaram quase dois mil anos e ainda ouço os ecos por aí. De um lado, alguns grupos recitando o seu cansativo 'mantra' a respeito de uma tal escritura trôpega e manquitola, que não se autentica por si mesma e pelos seus enunciados, necessitando da 'interpretação' humana para, enfim, tornar-se a "palavra de deus" (assim com minúsculas mesmo). De outro lado, outro grupo igualmente 'sábio' a festejar os seus próprios conceitos, formulados pelas suas mentes carnais numa tentativa de 'demitologizar' as Escrituras, seja lá o que isso signifique.

Outro dia aqui mesmo neste blog asseverei que tenho minhas cautelas com tudo que venha acompanhado do prefixo "novo" ou "neo", o que não significa que seja avesso a mudanças, registre-se. É que esse prefixo como que insufla nas pessoas uma autoridade tal capaz de inculcar-lhes autoridade para desfazer o "velho", cuja premissa fundamental se assenta na infalibilidade dos novos conceitos. E a partir daí a ideia nova quase que satiriza o grande arcabouço de estudos a desaguar naquela interpretação anterior, como se o que está posto é ruim, ou obsoleto, ou ultrapassado, não pelo seu conteúdo mas porque a dinâmica assim exige.

Observo pessoas com novas ideias por aí não a indagar retoricamente como Paulo fez em sua Epístola "Aos Romanos", no capítulo e versículo epigrafados ao início, mas a afirmar peremptoriamente não crer no Deus bíblico, especialmente naquele que afirma categoricamente fazer o que lhe apraz do barro em Suas mãos, por ser Ele o Oleiro". Testificam sobre um deus de bondade e amor, construído por suas mentes e que lhes foi revelado pela experiência, normalmente em sessões emocionais, fruto de catarse.

Quando propomos o Deus bíblico, Insondável, misericordioso, mas também justo; aquEle que decreta o bem e o mal; o mesmo que faz vasos de honra e desonra, de ira e de misericórdia, segundo a Sua vontade; esse Deus despótico das Escrituras, que tudo fez e tudo pode, religiosos de todas as correntes "cristãs" ficam a postos, em defensiva, armando-se dos seus proselitismos vazios e insensatos para demolir o Deus das Escrituras. Todavia, fazem-no não com argumentos racionais e embasados na Palavra da Verdade, mas exclusivamente valendo-se de critérios subjetivos, seja no relativismo tão em voga, ou no pragmatismo que quer sepultar a inerrância das Escrituras.

Seria Deus injusto? Faço eu a mesma pergunta retórica feita pelo apóstolo Paulo outrora, no acender das luzes do cristianismo. É injusto o Deus que amou Jacó e odiou Esaú, ainda quando os gêmeos não eram nascidos e não tinham feito bem ou mal? É injusto o Deus que da mesma massa faz vasos para o bem e outros para o mal? Se as Escrituras desenham tão claramente esse Deus soberano e ao mesmo tempo discricionário, quem, das suas criaturas, pode discutir com Ele? E se ainda assim discutir, quem prevalecerá sobre Ele?

A Bíblia está repleta de passagens em que Deus se afirma Senhor do Universo, Soberano, Incontestável. Seja no Livro do Profeta Isaías ou em Romanos, no Velho ou no Novo Testamentos, Ele se afirma como o Oleiro, a fazer da massa o que Lhe apraz. E a massa somos nós, criaturas vindas dEle, criadas por Ele, cuja matéria foi entretecida na eternidade, quando nenhuma matéria havia. Esse Deus Todo Poderoso e Despótico tem direitos absolutos sobre toda a criação, a despeito de aceitarem ou não as suas criaturas, de aquiescerem ou não com Seus métodos.

O Soberano da retórica de Paulo não se associa com as suas criaturas em prol de um projeto de salvação, a fim de redimir a criação, mas o faz para a Sua própria glória, circunscrito àquilo que projetou na eternidade, antes que o mundo fosse mundo. Antes mesmo que o universo fosse criado, ou que os anjos viessem a existir. Não há participação humana no processo redentivo pela simples razão de o homem ser resultado do projeto engendrado unicamente por Ele na eternidade antes de tudo. E ainda que nada existisse, tudo estava completo, porque na Sua mente Eterna o Projeto se encontrava perfeitamente "desenhado", não como um esboço, mas como obra perfeita e acabada.

Portanto, aquela retórica do apóstolo Paulo citada ao início, proveniente de Romanos 9:14, ainda permanece tão atual como quando foi elaborada: "há injustiça da parte de Deus? E a resposta igualmente permanece a mesma: "De maneira nenhuma".

Quer queiram, quer não queiram os teólogos espalhafatosos, que se repetem ao longo de quase dois mil anos, o mesmo Deus do Antigo Testamento é o Deus do Novo Testamento, que é o Deus que permanece hoje guiando a sua Igreja através de Cristo e orientando os seus com o Espírito Santo, dando-lhes sabedoria e discernimento para permanecerem firmes sem retroceder jamais, seguindo sempre avante, travando o bom combate e mantendo a fé até o final.

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sábado, 27 de agosto de 2011

Refletindo nEle e com Ele



Os ensinamentos do apóstolo Paulo vêm sempre em meu socorro, embora, entendam os leitores, eu não construa sobre ele qualquer iconografia. Sobremodo excelentes são seus textos, cuja construção teológica chega a espantar, dada a profundidade dos ensinos que se extraem das suas Cartas.

Contudo, não estou aqui apenas para elevar o saber do apóstolo tardio, embora ele mereça toda a consideração pela riqueza daquilo que escreveu, pois sei, outrossim, que os louros não são dele, o homem Paulo, mas daquEle que o preparou para o Ministério. Estou aqui, sem os rigores da estética, para falar de reflexão, vida e cotidiano. Nem mesmo aspiro escrever um tratado sobre qualquer assunto de viés teológico, filosófico, etc.

Feita a rápida introdução explicativa, passo a justificar a citação à pessoa de Paulo. É que o sábio e eminente apóstolo discorreu em mais de uma carta sobre o saber viver bem tanto na fartura como na escassez, louvando a sua fraqueza em detrimento da força que lhe socorria dos altos céus, todavia, jamais se ufanando dos seus dons ou se jactando do seu saber. Ao se defrontar com os sábios da sua época, quando da Grécia refluiam os virtuoses da filosofia secular, pouco disse sobre eles, uma vez que aquele conhecimento que possuiam não lhe interessava por ser "híbrido".

Às vezes me recolho, um pouco em decorrência da labuta diária, do labor cansativo dos fóruns, onde sobejam os egos acesos, e outro tanto por um certo ensimesmamento voluntário, produto do cansaço que as relações humanas me preenchem. Fico a observar os meus pares a conversar alegremente nos sites de relacionamentos em explosão de alegria e saber, e eis que indago se as suas existências são perfeitas. Então necessito da reflexão calma para me recolocar no lugar que devo estar, em confluência de vontades: a minha e a de Deus.

Tendemos a imaginar erroneamente, principalmente nos momentos de lutas, desertos, tribulações, que somos únicos nesse sofrer imposto por aquelas labutas diárias que fiz referência no início, mas estamos errados. Todos, absolutamente todos, nos equilibramos nesse fio invisível, dando um passo de cada vez. E tanto mais desequilibrados ficamos, a ponto de cair, quando nos valemos tão somente das nossas próprias forças. A carne de fato militando contra o Espírito, e este contra a carne, nesse confronto diuturno e fastidioso. Ah como cansa...

O mundo perfeito ainda não temos e tampouco teremos nesta terra, até que sejamos completamente restaurados pelo Criador. Portanto, é salutar que saibamos que a universalidade dos seres humanos, mesmo os regenerados por Cristo em decorrência da fé e da Graça, travarão constantes batalhas, como lutadores em um grande ringue, ganhando alguns rounds e perdendo outros, porém, sabendo de antemão que a batalha será ganha com grande saldo de pontos. Por isso, mister que não invejemos nem os ímpios, quando aparentemente são alegres e vitoriosos, e muito menos os nossos irmãos, quando mais ponderados e edificados do que nós mesmos. Cada um, com o seu quinhão de graça Divina, caminhando, sempre adiante, sem retroceder jamais.

No final de tudo, a reflexão faz crescer, especialmente quando se coloca Deus à frente dos pensamentos. O refúgio no Eterno fortalece a alma, mesmo quando a tristeza quer transbordar...

Os desertos e os vales nos preparam e nos forjam para o futuro, sabendo com certeza que os caminhos serão aplainados. É esperar e caminhar. E seguir adiante, fixando no objetivo que é Cristo.


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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A doutrina da eleição e a justiça de Deus


Em Romanos Paulo faz uma pergunta retórica: "Que diremos pois? Há injustiça com [em] Deus?" Novamente perguntamos por que Paulo fez essa pergunta. Ele era um professor, um mestre por excelência. Ele antecipava objeções que poderiam ser levantadas por seu ensino, e ele tratava delas assumidamente. Que objeção ele tem em vista quando levanta a questão de injustiça em Deus?

Primeiro consideramos a visão presciente da eleição. Que objeções levantadas contra ela incluem o ataque que há injustiça em Deus? Nenhuma. A visão condicional da eleição é proposta para proteger duas fronteiras: de um lado, uma visão particular de liberdade humana, e do outro uma visão específica de Deus. Buscam proteger Deus da acusação de que ele é parcial, arbitrário ou injusto, escolhendo algumas pessoas para salvação sem levar em conta suas próprias escolhas. Em resumo, oposição a visões arminianas ou semipelagianas de eleição não inclui a acusação de que isso coloca em dúvida a justiça de Deus. Se Paulo estivesse expondo a visão presciente, dificilmente esperaríamos que ele levantasse uma objeção desse tipo.

A objeção que Paulo chega a antecipar é uma que calvinistas ouvem constantemente: a doutrina calvinista de eleição lança uma sombra sobre a justiça de Deus. A reclamação forte e frequente é que a eleição incondicional envolve Deus numa espécie de injustiça. Minha suposição é que Paulo antecipou a própria objeção levantada que calvinistas ouvem porque ele ensinou a mesma doutrina de eleição que calvinistas ensinam. Quando nossa doutrina de eleição é atacada, eu me consolo que estamos em boa companhia, a do próprio Paulo, quando precisamos suportar as objeções capciosas daqueles que fazem oposição à eleição incondicional.

A idéia de que pode haver injustiça em Deus é relacionada ao fato de Deus escolher alguns para salvação enquanto passa por cima de outros. Não parece justo nem "direito" Deus conferir sua graça em alguns mas não em outros. Se a decisão de abençoar Jacó e não Esaú foi feita antes de um dos dois nascer ou ter feito algo de bem ou mal, e se a escolha não foi com vistas a suas ações ou reações futuras, então a pergunta óbvia é: Por que um recebeu a bênção e não o outro?" Paulo responde isso apelando a palavras de Deus a Moisés: "Eu terei misericórdia de quem eu terei misericórdia". É prerrogativa de Deus dispensar sua graça conforme ele acha por bem. Ele não ficou devendo nem a Jacó nem a Esaú qualquer medida de graça. Se não tivesse escolhido um dos dois, ele não teria violado nenhum preceito de justiça ou retidão.

Ainda parece que se Deus dá graça a uma pessoa, no interesse de justiça ele "deveria" dar graça igualmente para outra. É precisamente esse "dever" que é estranho ao conceito bíblico de graça. Entre a massa de humanidade decaída, todos culpados de pecado diante de Deus e expostos à sua justiça, nenhum tem qualquer reivindicação ou autorização à misericórdia de Deus. Se Deus escolhe conceder misericórdia a alguém daquele grupo, isso não requer que ele dê isso a todos.

Deus certamente tem poder e autoridade de conceder sua graça salvadora a toda a humanidade. É óbvio que ele não optou fazer isso. Os homens não são todos salvos, apesar do fato que Deus tem o poder e o direito de salvá-los todos se esse é seu bel-prazer. Também está claro que nem todos são perdidos. Deus poderia ter escolhido não salvar ninguém. Ele tem o poder e a autoridade de executar sua reta justiça não salvando ninguém. Na realidade ele opta por salvar alguns, mas não todos. Aqueles que são salvos são beneficiários de sua soberana graça e misericórdia. Aqueles que não são salvos não são vítimas de crueldade ou injustiça; eles são recebedores de justiça. Ninguém recebe castigo às mãos de Deus que não mereça. Alguns recebem graça das mãos de Deus que não merecem. Por ele se agradar tanto em conceder misericórdia a alguém não significa que os demais "merecem" o mesmo. Se a misericórdia é merecida, ela não é misericórdia realmente, e sim justiça.

A história bíblica deixa claro que embora Deus nunca seja injusto a ninguém, ele não trata todas as pessoas igualmente ou de um mesmo modo. Por exemplo, Deus, em sua graça, chamou Abraão para sair de seu paganismo em Ur dos caldeus e fez um pacto gracioso com ele que não fez com outros pagãos. Deus se revelou a Moisés de uma maneira que não concedeu a faraó. Deus deu a Saulo de Tarso uma revelação bendita da majestade de Cristo que não deu a Pilatos ou Caifás. Por Deus ser tão gracioso a Paulo quando ele foi um perseguidor violento de cristãos, será que por isso ele era obrigado a dar a mesma vantagem revelatória a Pilatos?

Ou houve uma qualidade virtuosa especial em Saulo que inclinou Deus a escolhê-lo acima de Pilatos? Poderíamos saltar por cima dos séculos para nosso próprio tempo com uma pergunta similar. Nós, crentes, precisamos perguntar por que chegamos à fé enquanto que muitos de nossos amigos não chegaram. Será que exercemos fé em Cristo porque somos mais inteligentes do que aqueles outros? Se é assim, de onde veio essa inteligência? É algo que fizemos por merecer? Ou foi a nossa própria inteligência uma dádiva de nosso Criador? Nós respondemos positivamente ao evangelho porque somos melhores ou mais virtuosos do que nossos amigos?

Todos nós sabemos as respostas a essas perguntas. Eu não posso explicar adequadamente por que cheguei à fé em Cristo e alguns de meus amigos não. Só posso olhar para a glória da graça de Deus para comigo, uma graça que eu não mereci na ocasião e não mereço agora. Aqui uma e outra coisa se reuniram, e nós descobrimos se estamos abrigando um orgulho secreto, crendo que merecemos salvação mais do que outros. Eis aí um grande insulto à graça de Deus e um monumento à nossa própria arrogância. É uma inversão à pior forma que há de legalismo, pela qual nós, no fim, colocamos nossa confiança em nosso próprio acionamento.

R. C. Sproul

In: Josemar Bessa via cincosolas

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sábado, 13 de agosto de 2011

Dons miraculosos: dom de cura



Tenho cá comigo as minhas certezas sobre os dons miraculosos para a atualidade, e elas se baseiam nas Escrituras Sagradas. Eu diria que tenho "os dois" pés atrás com relação aos curandeiros que se apresentam nas igrejas e na mídia televisiva, anunciando os seus "predicados", o poder que lhes foi transmitido, em tese, por Deus. Estou terminando de ler o livro "Os carismáticos" de John MacArhur Jr. e transcreverei abaixo um trecho, com o qual concordo. Volto no final para um breve comentário.

O dom da cura se foi - O Senhor continua a curar

O dom da cura era um dos quatro dons de sinais e milagres que auxiliaram a comunidade apostólica a confirmar sua pregação da mensagem do evangelho nos primeiros anos da igreja.

Uma vez completa a Palavra de Deus, os sinais cessaram. Não havia mais necessidade de sinais de milagres. De fato, há muitos exemplos bíblicos de como um apóstolo não usou o dom de cura a não ser como sinal poderoso que convencesse as pessoas da validez da mensagem do evangelho.

Em Filipenses 2:25-27 Paulo falou do seu bom amigo Epafrodito que esteve doente, à beira da morte, mas não morreu porque o Senhor teve misericórdia dele. Por que não simplesmente curou a Epafrodito? Porque Paulo não pervertia o propósito do dom para seus fins pessoais. O propósito do dom da cura não era manter os cristãos com saúde. Seria utilizado como sinal para os descrentes em épocas em que fosse necessário tornar efetiva a proclamação do evangelho.

Encontramos caso semelhante em 2 Timóteo 4:20 quando Paulo disse ter deixado a Trófimo doente em Mileto. Por que deixá-lo doente? Por que não curá-lo? Porque este não era o propósito do dom de curar (ver 1 Timóteo 5:23 e 2 Coríntios 12:7).

O dom de curar era um dom milagroso de sinal para ser usado com propósitos específicos. Não deveria ser usado por atacado como forma permanente de manter a comunidade cristã em perfeitas condições físicas. Mesmo no caso da ressurreição de Êutico (Atos 20:9-12), o milagre serviu para autenticar o apostolado de Paulo. Contudo, hoje em dia, carismáticos constantemente fazem declarações tais como: "Deus deseja a saúde de todo cristão".

Dale Bruner citou um carismático moderado que disse: "sobre toda doença paira... a vontade de Deus de curar". Os carismáticos querem crer que Deus deixou perfeitamente claro que é Sua vontade curar os enfermos. Se esta é a verdade, por que é que Deus permite que a doença comece?
Num mundo em que Deus não escolheu excluir o pecado, em sua vontade permissiva para o crente, por que deveríamos presumir que o sofrimento deva ser excluído? Se todo cristão estivesse são e saudável, se a saúde perfeita fosse garantido da expiação, milhões de pessoas estariam correndo em busca da salvação - pelo motivo errado. Deus quer que as pessoas venham a Ele em arrependimento do pecado e pela Sua glória, não porque vêem nEle uma panacéia para os seus males físicos (p. 143/144, Ed. Fiel, 4ª edição, 1998)

Estou de volta! Além de concordar com o autor, fico me perguntando por que a busca frenética por tais dons pelos carismáticos? Deixa-me a sensação de que o Evangelho não é suficiente para eles, que a sua fé necessita de algo "real", algo "palpável" para que seja afirmada e reafirmada dia após dia. Fica ainda a impressão que o desejo de poder leva-os a buscarem os dons miraculosos, a fim de que sejam observados e admirados, para que lhes sejam feitas "mesuras". A cura, por uma palavra emitida por alguém, ou um ato, confere grande poder de visibilidade ao "donatário". No entanto, o que vejo no meio dos carismáticos são pessoas frustradas, voltando para as suas casas tal como vieram: coxos, continuando coxos, cegos permanecendo cegos, aleijados com os seus aleijumes e por aí a fora. Nunca vi nascer um novo membro num aleijado, um paraplégico andar, um morto ressuscitar. O que vejo são enganos, má fé e mentiras. E doações. E pedidos de dinheiro.
A fé que eu conheço e que é explicitada pela Bíblia não se encontra num balcão de trocas. Cristo não está à venda, tampouco necessita oferecer algo para que o homem creia nEle. Ele apenas chama aqueles que já são seus e que foram dados pelo Pai, os quais prescindem de tais dons miraculosos.
Confesso não compreender essa busca "carismática", essa ênfase denodada que dão aos tais dons.
Do alto da minha insignificância e miséria humana, fico exclusivamente com o Evangelho puro e simples. Dispenso o dom de cura, de profecia, de línguas "estranhas". Deus sabe, que ainda que fossem atuais tais dons, eu solicitaria a Ele não doá-los para mim, porque, pelo que percebo, mesmo irreais, eles trazem soberba e jactância aos que dizem possuí-los.

Repito: Deus cura, pela intercessão da igreja, reunida como comunidade de Cristo - e somente assim, salvo melhor juízo.

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sábado, 6 de agosto de 2011

Amy Winehouse: sobre alma e soul



Já falaram quase tudo que tem para ser dito sobre a cantora que escreveu o seu próprio epitáfio refletido na vida desregrada imposta pela necessidade buscar uma existência intensa. Na tentativa quase desesperada, o mergulho nas trevas foi inevitável. A morte da garota de voz grave, anasalada, quase gutural - e ao mesmo tempo belíssima - é a prova cabal de que a busca pelo sentido da vida por meios heterodoxos não leva a qualquer resposta definitiva sobre o real significado da existência humana nesta terra.

Sucesso, dinheiro, coisas, são como o incenso: vêm e vão. São alimento perecível, que apenas entorpecem o corpo e mortificam a alma, quando buscados como objetivo último. A decadência íntima e pública da moça, o seu desespero, a busca infrutífera por felicidade alicerçada nessas coisas efêmeras foi exibida pelos meios de comunicação como um reality medonho, um show horrendo.

Buscar significado para a existência apenas nesta vida é o caminho mais curto para o desespero, mesmo intensificando a ilusão com paliativos como bebidas e drogas, pois o vazio há de tomar o lugar da ilusão mais cedo ou mais tarde. Deus é o sentido da vida, embora teimando os homens em não reconhecê-lo, mesmo tendo Ele se revelado nos corações desses homens e nas coisas deste mundo.

Assisti como todos à decadência física e moral da garota branca do soul, cuja melodiosa voz remetia à força e beleza dos becos sombrios de New Orleans. Com ela, uma mistura de jazz e blues com um sutil sotaque londrino.

Em meio a lapsos de boa música e torpor etílico, misturado ao mergulho nas drogas, morreu Amy Winehouse. Foi cedo, no alvorecer da vida, aos 27 anos de idade.

Senti-me condoído ao saber de sua morte, pois não é nada agradável ver pessoas tão jovens sucumbindo, nesse mergulho quase sempre sem volta no álcool e outras drogas. Essa minha compaixão está presente nos velórios, especialmente quando começo a imaginar que o morto não tenha encontrado com Cristo, cuja conjectura reside na qualidade de vida que ele levou. No caso da cantora, uma vida completamente desregrada, devotada aos excessos de quase todos os tipos... Pobre Amy Winehouse.

Já falaram quase tudo sobre a moça do soul e cá estou eu a conjecturar sobre a sua vida post mortem... Tão pouco viveu , não se dignando em reconhecer a glória de Deus e nem tendo-O como soberano, pelo que posso vislumbrar da sua curta passagem por aqui.

Os acordes da sua música continuarão a ecoar, a bela sonoridade a embalar muitos sonhos, mas a sua morte é um fato imutável. Quisera que a Amy tivesse conhecido ao Senhor e reconhecido a Sua glória, e então não morreria, mas gozaria de vida abundante na eternidade, posto que quem crê verdadeiramente não morre eternamente, apenas acorda para a vida com Cristo.

Quiçá eu esteja errado... tomara eu esteja errado!


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