sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tragédia e amor: será?


Quando assistimos à tragédia dos outros, mesmo que fisicamente distantes, nos sentimos ao mesmo tempo entristecidos e imobilizados pela dor alheia. É preciso compreender a dor do próximo – ainda que não na sua plenitude, por não ser possível - para que não nos escondamos comodamente nesse alheamento tão comum que cada dia mais nos afasta do outro. Sintoma desse distanciamento é o individualismo exacerbado a transformar homens em icebergs, cujos corações são como blocos de gelo.

O mundo parece se transformar cada dia mais numa espécie de matrix, onde a realidade mais se parece com uma abstração. No entanto, ainda que aparentemente etérea, essa mesma realidade nos assalta abruptamente com a dor, quando somos atingidos pessoalmente ou assistimos aparentemente “incólumes” ao desespero dos que efetivamente são dilacerados insuportavelmente pelo sofrimento. De certa forma o gelo derrete e então as réstias nos atingem, como farpas, cortando profundamente a carne.

Não há como dimensionar o sofrimento dos pais que perderam seus filhos tão abrupta e violentamente nesse terrível atentado perpetrado contra crianças inocentes por um lunático no bairro pobre de Realengo no Rio de Janeiro. A dor deles passa a ser a nossa dor, por mais frios e desumanos que essa sociedade hipócrita possa ter nos tornado. Não mais será possível ou razoável, depois desse fato, o “levantar de ombros”, como se não fizéssemos parte do mesmo agrupamento humano que necessita de proteção. Nos sentimos engolfados, somos absorvidos por essa tsunami de dor, choro e lamentações. Despertamos da tranqüila passividade quando a violência ultrapassa o limite do aceitável: estamos bem despertos.


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Há um belíssimo discurso cristão que estamos sempre a observar por todos os lados – e inclusive somos participantes dele. Por aqui, neste mundinho ‘abstrato’ virtual, personalidades de todos os matizes pululam alegremente: uns que nada dizem, outros que muito dizem e pouco se aproveita; uns que dizem muito, mas nada amam; outros ainda que amam e pouco dizem. E há aqueles que dizem amar, sabem até dizer muito bem as coisas, mas o seu é um estranho amor cristão. Aliás, dizer bem nem sempre é salutar por si só, especialmente quando o discurso é vazio, por não se traduzir em ações para o crescimento do Reino. As palavras são belas, há profundidade no discurso; a construção estética é admirável, mas junto com tudo, há muita fúria, xingamento. O que mais se ouve é: tolo, estulto, imbecil, tonto, etc. É o "amor" traduzido cruamente em puro desprezo.

E há, por fim, os que amam de verdade, demonstrando esse amor cristão na sua conduta cotidiana, aqui mesmo, nesse mundo abstrato. Há muitas formas de reconhecê-los, dentre elas não se associam arrogância, histrionismo, gritaria, superioridade. Quero fazer parte deste seleto grupo, deixando de lado a truculência nas palavras, adquirindo mansidão e aprendendo a ouvir. Asseguro que estou percorrendo a “trilha”, em lento processo de aprendizado.


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Em momentos como o que agora estamos vivendo, quando a loucura bate às portas de tantas famílias ceifando seus filhos, concluo que é mesmo preciso aprender a amar, tal como Cristo ensinou. Necessitamos fazer do amor mandamento perpétuo, olhando para os nossos semelhantes com afeição genuína. Mister que façamos a tradução do discurso em ações diárias, sob pena de as palavras se diluírem ao vento, perdendo-se nas brumas de uma existência hipócrita e sem significado. Verdadeiramente há culpa em nossos olhos, quando as lágrimas de outros tantos olhos vertem a sua dor incontida e contínua. A reflexão tem lugar, Cristo diz para que estendamos as nossas mãos para o próximo, mesmo que seja para chorar com ele, dividir a dor.

Amor e tragédia se encontram. E então, ao final, dirigimos as nossas preces ao Criador glorificando e dizendo: faça-me entender que o Senhor deu, o Senhor tirou. Bendito seja o nome do SENHOR!

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sábado, 2 de abril de 2011

Um (O) evangelho nada "Feliciano"



Não é de hoje que o evangelicalismo vem em um crescendo na tentativa de transformar e deturpar a verdade eterna, ao mesmo tempo em que anuncia um "novo evangelho", aquele que Paulo define como anátema. Há um grupo em franca expansão a pregar este "outro evangelho", que de Evangelho nada tem.

Quando pensamos que já vivenciamos tudo, todas as bizarrices possíveis e imagináveis, eis que nos deparamos com algo inédito. A turba enlouquecida evangelical consegue mais uma vez nos surpreender com o seu novo "astro", o ilustre pastor Marco Feliciano. Aliás, pastor e deputado. Ou melhor, pastor, místico e deputado. Se já conhecíamos a inigualável e inconfundível "verve" do rapaz da chapinha, quando, por exemplo, do lançamento da "unção do galinheiro", passamos a ver agora o seu lado teológico, quando o "doutor" se arvora a dar aulas no twitter.

Não bastasse aquela unção a que me referi em epígrafe, expondo galos e galinhas "incautos" a profetizarem para o "menino da vila tatu" - nomenclatura dada pelo Leonardo do pulpitocristao - somos então abruptamente aquinhoados com a sua profunda veia teológica, quando o "virtuose" se coloca em visibilidade no twitter ao discorrer sobre a maldição de Cam lançada sobre Canaã no episódio da bebedeira de Noé. Com essa premissa, o nobre deputado pastor vinculou o fato à maldição que supostamente recai sobre os africanos desde o alvorecer da nova civilização pós-diluviana. A estultícia do deputado pastor causa espanto. A capacidade de caminhar alegremente rumo ao abismo é única.

Contudo, se a afirmação em si já é de uma ignorância teológica ímpar, maior ainda é a volúpia com que o Marco Feliciano se lança a ofender os seus detratores no twitter, com toda espécie de xingamentos e baixarias, bem a seu gosto e exatamente contrário à mansidão que o verdadeiro Evangelho nos ensina.

E são estes "baluartes" os nossos "representantes". O tal pastor ainda nos "representa" duas vezes, no campo político representativo e no campo "evangélico", o que me faz cada vez mais repudiar esse adjetivo: sou cristão.

Quanto ao erro teológico crasso cometido pelo pastor deputado, me absterei de aqui me pronunciar e indico o ótimo texto da lavra do Reverendo Helder Nozima, colunista do 5calvinistas, explicando todas as idiossincrasias cometidas pelo luminar, através do texto com o tema de "uma teologia infeliciana".

Com profunda tristeza eu e tantos outros cristãos observamos tais acontecimentos e nos sentimos ultrajados, pois de certa forma somos vinculados pelo Evangelho que todos dizemos crer. Somos colocados no mesmo balaio por tantos críticos que têm os evangélicos na conta de aproveitadores - e não sem razão!

Entretanto, a falta de bom senso chega ao paroxismo quando um pastor, ainda que heterodoxo e não-convencional como o Marco Feliciano, passa a proferir xingamentos públicos no twitter - talvez a maior vitrine que se tem hoje, dada a rapidez com que a informação é transmitida e retransmitida.

Eu pelo menos sinto consolação ao lembrar que não somos nós (cristãos) responsáveis por separar o joio do trigo, mas o anjo do Senhor quando da ceifa. Até lá resta-nos conviver com a vergonha diária, colocada nos meios de comunicação de massa por tantos outros luminares do naipe do Feliciano. Enquanto isso, o contraponto é pregar o Evangelho Verdadeiro, já que não somos nós a convencer, mas o Espírito Santo, via da Palavra cortante.

Honra e glória ao Senhor Deus Todo Poderoso!


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