segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

...De um insuportável cansaço

Estou há muito tempo sem escrever por aqui e cada vez que penso em fazê-lo, mais o desânimo me invade. Escrever o quê? Sobre o que escrever eu sei, pois este é um blog cristão, cujas postagens, ainda quando pessoais e intimistas, trazem em si uma grande dose do cristianismo que professo.

Sem querer vender uma falsa impressão de carência ou de santidade, sinto cada vez mais intenso o distanciamento a me empurrar dos blogs e sítios virtuais que tratam de cristianismo, e mais ainda da apologética tão em voga por estas plagas. Há, certamente, coisas muito boas, mas há também muito orgulho. Ao final, erramos todos.

Irmãos antes admirados, tornam-se nossos algozes. O conhecimento intelectual sepultando a sabedoria. Uma tal fé completamente híbrida, sem qualquer fruto. Amor, bondade, paz, passam a ser apenas "muleta" usada por "ignorantes". A filosofia toma o lugar da teologia e a pregação é substituída pelos longos, enfatuados e afetados teologismos.

Há um discurso de bondade e de "fé", mas sem quaisquer ações nesse sentido. As ações efetivas se direcionam para a discussão sem misericórdia; a exortação sendo substituída pela ironia fina. Não há lugar para sequer relances de humildade ou as mais tênues manifestações de afeto: a arena teo-filosófica não permite tais fraquezas.

Nos mais loquazes "combatentes" dessa "guerra" do cristianismo virtual sobram farpas, arestas, acusações, denúncias. Ao final dos áridos 'rounds', depois de muito vituperar, encerra-se com uma espécie de reverência, quase uma doxologia: "que Deus tenha misericórdia de nós". Ou: "naquele que nos salvou". Quase a soar como um epitáfio... Quem sabe seria a morte do verdadeiro amor cristão, com o endeusamento da razão.

Há exceções, sem dúvida. Em muito do que escrevi e narrei acima, eu também estou incluído. Porém, ando em busca de um cristianismo mais calmo, mais amigo, mais puro; menos altivo, menos "sábio".

Não é preciso que me digam que sei pouco, pois eu mesmo enxergo e reconheço as minhas carências e limitações, principalmente na seara filosófica. Contudo, pouco me acresce a filosofia, ainda que com laivos de interesse e edificação cristãs, notadamente quando consorciada com a Verdade e dela dependente.

Este pequeno texto revela cansaço. Revela ainda a certeza de que serei cada vez mais seletivo, muitas vezes fugindo de alguns sábios e me aproximando de outros, cuja sabedoria evidencie verdadeira reverência e piedade cristã real.

O saber não distancia o homem de Deus, disto estou certo. O que distancia é a pretensão.

E é só.


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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Amizades e encontros


Acabei de chegar do 12° Encontro da Fé Reformada em Manaus e foi algo magnífico. Ficamos um longo tempo discutindo os pormenores da viagem - eu e alguns amigos -, decidindo os detalhes, e, como sempre, no instante em que decidi fazer as inscrições, fui informado que no dia anterior havia escoado o prazo. O pior é que eu já havia comprado as passagens aéreas, feito as reservas em hotel, sem contar a expectativa criada em torno da viagem. Obviamente, seria uma baita frustração ver tudo ir por água abaixo nos últimos minutos do "segundo tempo". Ora, pensei cá comigo, sempre é possível tentar. E tentar, no caso, seria ligar para os organizadores a fim de, se necessário, empreender o chororô dos atrasados.

Liguei então para o pessoal de Manaus e tive certa facilidade para efetuar as inscrições, especialmente quando souberam que éramos de Mato Grosso. As inscrições foram então feitas em meu nome e em nome do pastor da minha igreja, Abceil Luis da Silva Filho, uma vez que havíamos combinado de ir juntos. Tudo certo, graças a Deus!

Ocorre que eu já havia entrado em contato anteriormente com o meu irmão e amigo Paulo Brasil (através das escrituras), residente naquela cidade de Manaus, a fim de marcar um encontro, posto que nos conhecíamos apenas via blog. Qual nao foi a minha surpresa quando o referido irmão não somente nos convidou para ficarmos hospedados em sua casa, como nos "intimou" a isso, de tal maneira que fui obrigado a cancelar as reservas no hotel. E posso assegurar que foi a melhor coisa que aconteceu, uma vez que o contato próximo que mantivemos com o Paulo (eu e o Pr. Abceil) foi verdadeiramente enriquecedor! A recepção foi magnífica, aquela amizade que vínhamos nutrindo virtualmente se transformou em realidade.

Entretanto, devo voltar um pouco no tempo e falar sobre o meu amigo, irmão e companheiro "herege" (obviamente uma brincadeira que usamos entre nós) Leonardo Bruno Galdino, membro dos blogs 5calvinistas e opticareformata. Pois bem, já há algum tempo ele foi o primeiro a decidir ir para o encontro da fé reformada em manaus, tendo convidado todos os amigos para também acompanhá-lo. Conversa vai, conversa vem, decidi que iria, mas, como bom brasileiro, deixando tudo para a última hora.

Sem mais delongas, o fato é que nos encontramos no segundo dia, admirando-me por ter sido quase que imediatamente reconhecido pelo Léo, principalmente porque a minha foto no blog é muito pequena. Mas não é que o meu companheiro de blog já foi logo me saudando com um " e aí herege"...! O nosso contato foi travado com intensa alegria , como se fôssemos dois amigos de longa data.

Ao longo do "Encontro" desenvolvemos uma grande camaradagem, entremeada de brincadeiras, provocações, risadas e galhofas, o que rendeu momentos de verdadeira descontração. E, eventualmente, falamos sobre coisas sérias. Nesses momentos, pude constatar a grande inteligência do nosso provável "capelão". Quase um garoto e já com tanta bagagem teológica...

Aquele almoço que havíamos combinado outrora tornou-se realidade, e eis que, como testemunha ocular, pude comprovar que o Sargento é mesmo bom de garfo. Para não fugir à regra, passamos ao consumo das comidas típicas, finalizando o almoço com um ótimo açaí. Logo à noite comprei alguns livros, colocados à venda por um ótimo preço na biblioteca montada nas instalações da igreja, sendo dois deles mediante a indicação do Leonardo.

Posso dizer que tenho mais um grande amigo na pessoa do jovem Léo. Eu e o meu pastor - que também o apreciou sobremaneira - estamos pensando em trazê-lo até a nossa igreja, quem sabe no próximo aniversário... Oraremos para que Deus providencie tudo, caso seja da Sua vontade.

Os dias que passamos na companhia do irmão Paulo Brasil também foram incríveis. Fomos agraciados com a sua bondade e com a ótima companhia, dele e da sua simpaticíssima esposa Glória. Eu e o Pastor Abceil aprendemos com eles por intermédio das longas conversas que tivemos, tanto de cunho teológico como pessoal. Sou grato a Deus pela vida desses irmãos. Serei eternamente grato a eles pelo tratamento com que nos brindaram. Que Deus os abençoe ricamente queridos irmãos! Espero recebê-los todos em minha casa - e que seja em breve. O convite está feito.

Para coroar, ainda pudemos reencontrar o Rev. Tarcízio Carvalho, um dos preletores da conferência, que há pouco tempo nos visitara em nossa igreja.

Quanto ao encontro propriamente dito, posso dizer que apreciei todas as palestras, com especial ênfase naquelas proferidas pelo Pr. Tedd Tripp, de cunho pastoral e voltadas para a família. Em outro momento, talvez, eu discorra sobre o evento e as palestras.

Meu último pedido é para que Deus abençoe meus antigos amigos virtuais, agora reais, com toda sorte de bênçãos espirituais!


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terça-feira, 13 de setembro de 2011

O clamor da sociedade, o clamor dos cristãos



Há uma mistificação segundo a qual "crente" é alienado, não participante das questões políticas e sociais que alimentam constantemente a mídia em suas várias versões, principalmente nesta "rica" era petista. É pura bobagem. Cristãos, como em todas as camadas da sociedade, são diversificados: existem de fato os alienados, prontos a seguir o primeiro guru que aparece, assim como aqueles que não somente têm cultura no âmbito secular, como, também, especificamente, na seara teológica. Eu conheço vários, dentre eles, alguns brilhantes.

Se nos ativermos à política, fácil observar que a sociedade como um todo vem reagindo, ainda que vagarosamente, em resposta às várias questões que são colocadas. Os cristãos seguem por esta mesma via. Durante alguns anos enxergamos uma sociedade brasileira quase que anestesiada frente às mazelas que os seus representantes lhe impunham diuturnamente. A corrupção que sempre existiu no meio governamental foi potencializada no malfadado governo de esquerda lulo-petista, que se mostrou insensível, "cego" e "surdo" à roubalheira generalizada que afluiu à esfera política. A fraude, antes disfarçada e mascarada, passou a ser o modus operandi do tal governo de esquerda; os dossiês espúrios eram articulados nos escaninhos do submundo do poder por "autoridades" cuja face jamais aparecia; cuecas passaram a ser meio de transporte de valores, representados por moeda sonante em reais, dólares e euros. Enquanto tudo isto acontecia, a sociedade se mantinha apática, hipnotizada pelo gorvernante-mor, outrora "legitimado" pelas urnas. Daí a legitimar todas as suas ações foi um pulinho: tudo lhe era permitido, ainda que ilegal ou imoral.

O alcance da norma jurídica passou a valer apenas para governados, os princípios constitucionais e as sanções neles contidas não mais se aplicavam à urbe, ao populacho em geral, mas apenas àqueles que não se alinhavam à companheirada. Enquanto que, por seu turno, aos companheiros tudo era legítimo e possível, mesmo que as ações fossem totalmente contrárias às mais comezinhas regras de Direito: Aos amigos do rei os favores da lei, aos inimigos do rei, os rigores do rei, os rigores da lei”. Ou, fugindo da Grécia e refugiando em terras tupiniquins: "Aos amigos, tudo, aos inimigos, o rigor da lei".

E assim, tristemente, a política brasileira foi comandada na última década nos dois mandatos do esquerdista Luis Inácio Lula da Silva. Pipocando aqui e acolá escândalos de malversação de verbas e rendas públicas, mensalinhos e mensalões, pacotes de dinheiros escusos nos gabinetes das repartições; enquanto isto, o Estado brasileiro ia sendo degradado e dilapidado. Este mesmo Estado agora servindo não ao povo, à coletividade pagadora de impostos, mas ao partido no poder. Os "companheiros" e apaniguados dividindo o "butim" entre si.

Malgrado o aparecimento de tantas provas das tais malfeitorias, o governante-mor repetia incessantemente: "não sei, não vi". mais ou menos como o marido traído que, confrontado com a verdade mais crua, repete que somente acredita, vendo - ainda que todas as provas estejam escancaradas à sua frente.

O governo novo continua sendo de esquerda, mas sem aquelas nuances peculiares que caracterizavam o anterior, erigido em vida ao mito. Logo, à lenda-viva tudo era permitido.

A sociedade brasileira está dando sinais de cansaço. Aqui e ali pipocam manifestações contrárias à ilegalidade tão em voga no "meio político". Grande parte da imprensa continua deitada em "berço esplêndido", fazendo de conta que tudo está às mil maravilhas, especialmente aquela "amiga", que foi por oito anos aparelhada pelo petismo. A mesma imprensa que apoia a idiotice ignorante proveniente do Ministério da "Educação", com a sua "nova linguagem inclusiva", em cuja construção não se vislumbra nenhuma regência e gramática; a imprensa que se cala para o controle que se quer contra ela mesma, para resguardar o "apoio financeiro", mantendo incólume os seus "ganhos".

A sociedade está se cansando e nós cristãos devemos nos inserir entre aqueles que dizem NÃO Á CORRUPÇÃO. Enquanto parte da imprensa se cala pelo aparelhamento do "partido", é preciso que nós gritemos em alta voz, seguindo as vozes que têm feito eco desde o dia 07 de setembro e que se anunciam pelas redes sociais! Haverá um momento em que toda a imprensa será forçada a noticiar as manifestações de repúdio aos políticos fraudadores, malfeitores da res publica, vampiros dos dinheiros da saúde e titulares de tantas outras malfeitorias privadas, mas tornadas públicas por poucos meios de comunicação que se permitem fazê-lo, sem temer ameaças e sem sucumbir às "trinta moedas".

A revista Veja desta semana noticiou o clamor de jovens e nem tão jovens que se juntaram sem interesse ou orientação política nas praças e ruas das capitais país a fora. É um bom sintoma de que as coisas podem mudar, assim como ocorreu há três décadas quando a mesma sociedade entorpecida resolveu dar um sonoro basta à ditadura vigente. Ou que pintou suas caras juntando-se aos milhares contra um presidente corrupto, cujo movimento foi suficiente para destituí-lo.

Vamos aguardar os próximos acontecimentos, cujas articulações estão confluindo para o dia 12 de outubro. Quem sabe até lá muitas outras manifestações surjam para incutir temor aos de má índole que se escondem nos corredores do planalto, nas salas climatizadas, ou nos gabinetes do Congresso, onde o populacho não chega, mas seus gritos ecoam.



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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Deus e os homens - Crítica a Tomás de Aquino



Cornelius Van Til

Confrontando a necessidade envolvida na própria natureza de Deus, há o âmbito da graça. O pecado certamente conduz à redenção da parte de Deus. E o pecado veio por meio da livre atividade do homem. Tal liberdade do homem é falta de ser. Não é má em si mesma. É meramente uma ausência do uso da norma da razão. O homem poderá ou não agir segundo a norma da razão. Maritain diz:

“A falha ou defeito [da liberdade], sobre a qual discutimos, tem sua causa primária a própria liberdade, a qual poderá ou não agir, e não age, não atende à norma. E tal defeito vem, não digo em tempo, mas em ordem ontológica, antes do ato da escolha. Aqui, estamos no princípio exato; será impossível voltar mais; um livre defeito; um defeito do qual o próprio defeito é a negativa e deficiente causa primária – a vontade já defeituosa, agindo com este defeito, é a causa em quantum deficiens ou mal moral” [1].

“Também não há falta ou mal na mera ausência que consiste na atual consideração da norma, pois a alma não está obrigada, nem disso é capaz, de constantemente, no ato, de levar a norma em consideração” [2].

“O que é requerido da alma não é que deva sempre observar a norma ou ter a norma constante na mente, mas que deva produzir um ato enquanto considera a norma. Ora, no momento metafísico que estamos examinando , aqui, ainda não existe um ato produzido; há meramente uma ausência de consideração da norma, e será somente no ato que será produzido, em termos desta ausência, que o mal existirá. Reside, aí, um ponto de doutrina extremamente sutil, de importância capital. Antes do ato moral, antes do bonum debitum, o devido bem que produz a qualidade do ato e cuja ausência é uma privação e um mal, há uma condição metafísica do ato moral, o qual, tomado em si mesmo, não é um bem devido, e a ausência dele, por conseguinte, não será privação nem mal, mas uma pura e simples negação (ausência de um bem que não é devido), e tal condição metafísica é uma livre condição” [3].

Deus, então, não teria criado o homem como um caráter moral, um caráter por natureza guardador do pacto. O homem não seria, portanto, um que não pudesse olhar além ou dentro de si mesmo, sem atentar ou agir em obediência ou em rebelião ao pacto. O mal, assim, é mera negação e não-moral em seu caráter, encontrado como é, no campo das coisas possíveis mediante a lei da lógica. É por meio de tornar o homem uma ameba moral próxima do fundo da escala dos seres, que Tomás espera evitar a acusação de determinismo. É por meio de pensar sobre a vontade de Deus como pura identificação com a racionalidade abstrata e por intermédio de tornar a vontade humana o princípio de indeterminação moral, e, então, trazendo estes dois conceitos para conduzir os atos morais do homem, que Tomás esperava escapar aos ideais do determinismo e do indeterminismo. Se, quando decide agir moralmente, o homem coloca adiante de si o ideal da visão de deidade, ele desejará mais e participará mais do ser de Deus. E, de sua parte, Deus espalhando sua bondade, de maneira ampla, mas finamente no fundo da realidade, e mais estreita e fortemente em direção ao topo da realidade, abre o caminho da oportunidade para o homem se aproximar do próprio Deus, em intensidade de ser e bondade, e habilita o homem a fazer aquilo que, sem a graça, não poderia fazer.

Desta maneira, Maritain conseguiu, diz ele, evitar a acusação de que teria investido contra a doutrina de Calvino, de uma providência toda determinante e de uma predestinação toda compelativa. Pighius expressou a objeção típica do romanismo, de que a visão de Calvino, dizendo que, segundo o reformador, não haveria real responsabilidade no homem, e que Deus seria responsabilizado pelo pecado.

Aqui, a diferença entre os dois conceitos de analogia é bem marcante. Calvino mantém que todas as coisas acontecem mediante a última vontade de Deus e que, subordinada a esta vontade final, está a vontade criada do homem. Ele afirma que não poderemos guardar a sã doutrina da graça de Deus, a menos que creiamos que, no caso do réprobo, é a vontade última de Deus que decide o destino final do homem. Nós conservamos a verdadeira doutrina reformada da analogia, segundo a qual todas as coisas ultimamente referem-se ao conselho de Deus e à sua disposição soberana, enquanto o homem encontra , dentro do plano de Deus, genuína liberdade e responsabilidade. O homem sempre age a favor ou contra Deus.

Contra isto, Tomás afirma que, para ser livre, a ação moral do homem não poderá ter por trás nenhum determinativo moral divino. No que diz respeito à sua natureza, Tomás começa a partir da neutralidade do homem. Na verdade, o homem jamais teria existido em puro estado de natureza. Quando foi criado, Adão recebeu de vez uma graça sobrenatural. Mas tal graça não violava sua natureza, e sua natureza consistia da liberdade para agir ou não agir, isto é, pura neutralidade moral. Esta neutralidade é baseada na idéia de que, até mesmo o homem natural que, ainda que tenha perdido o donum superadditum, poderia, não obstante, existir sem torpeza moral. Quando Deus concede graça, o homem poderia aceita-la ou rejeitá-la segundo o seu querer; quando a rejeita, poderá ainda, mais tarde, aceitá-la; quando a aceita, poderá, mais tarde, rejeitá-la. Como Maritain diz: “...a criatura desliza do influxo da Primeira Causa, plena de ser e de bondade, não mediante uma ação, mas por meio de uma livre não-ação; desliza dela à medida que o influxo alcança a região livre, tornando o influxo estéril e aniquilando-o.[4] O que vem do nada tende ao nada. “Há então, dentro da criatura, algo que é, primeiro, a causa primária; há uma linha em que a criatura é a primeira causa, mas esta é a linha do nada e do mal.” [5] “Sem mim nada podeis fazer”.

Considerando a doutrina da vontade do homem, como Tomás a desenvolveu, veremos, de vez, que a real liberdade, para ele, é ausência de ser. Entretanto, nada, senão o ser, poderá ser a causa de alguma coisa. “Mas somente o bem poderá ser uma causa, porque nada poderá ser uma causa a menos que seja um bem, e todo bem é bom.” [6] Segundo a extensão que ele tem de ser , o homem participa do ser de Deus, e como tal ele é bom. Segundo a extensão do ser, se poderia dizer que o homem, com Deus, teria o poder de ditar as regras, seria um legislador. Aqui, de novo, está o princípio que, no momento em que o indivíduo fala, terá perdido sua individualidade. Ou, se buscar liberdade por meio de viver em subordinação às normas, o homem se tornará o legislador. O alvo seria o ideal de se tornar o próprio legislador, completamente identificado com seu Deus.

Concluímos que a posição tradicional do catolicismo romano na teologia e na filosofia não é basicamente cristã, e, portanto, não poderá ser usada pelo pastor reformado a fim de desafiar o pensamento moderno.

Extraído do livro “O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno”, Van Til, CORNELIUS, Editora Cultura Cristã, 2010, 1ª edição, ps. 96/99.

[1] Maritain, Jacques, St. Thomas and the Problem of Evil (Milwaukee, 1942), pág. 25/26, Maritain quotes Thomas on this point.

[2] ibid

[3] ibid, pags. 26/27

[4] ibid; pag. 34.

[5] ibid; pag. 35

[6] Summa Theologica, Q. II, 277

Ps: O texto publicado em epígrafe se trata de uma crítica do autor do livro à posição esposada pelo teológo e filósofo católico romano Tomás de Aquino, revista pelo também filósofo católico Maritain J. , que tentou, em "Degrees of Knowledge (Londres, 1959), estabelecer, de seu ponto de vista, sem sucesso, esta natureza mais realista do pensamento de Tomás. Achei interessante porque trata-se de um grande estudioso católico, mas cujo pensamento filosófico se opõe ao de Agostinho, Bispo de Hipona, exatamente na "impossibilidade de se partir de um ponto de neutralidade moral" - posição esta defendida pelo primeiro.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

È Deus injusto?



"Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma" (Romanos 9:14).


A pergunta retórica feita pelo apóstolo Paulo mostra bem a sua sapiência, antecipando em muito a mesma indagação que fariam os teólogos de plantão ao longo do tempo. Já se passaram quase dois mil anos e ainda ouço os ecos por aí. De um lado, alguns grupos recitando o seu cansativo 'mantra' a respeito de uma tal escritura trôpega e manquitola, que não se autentica por si mesma e pelos seus enunciados, necessitando da 'interpretação' humana para, enfim, tornar-se a "palavra de deus" (assim com minúsculas mesmo). De outro lado, outro grupo igualmente 'sábio' a festejar os seus próprios conceitos, formulados pelas suas mentes carnais numa tentativa de 'demitologizar' as Escrituras, seja lá o que isso signifique.

Outro dia aqui mesmo neste blog asseverei que tenho minhas cautelas com tudo que venha acompanhado do prefixo "novo" ou "neo", o que não significa que seja avesso a mudanças, registre-se. É que esse prefixo como que insufla nas pessoas uma autoridade tal capaz de inculcar-lhes autoridade para desfazer o "velho", cuja premissa fundamental se assenta na infalibilidade dos novos conceitos. E a partir daí a ideia nova quase que satiriza o grande arcabouço de estudos a desaguar naquela interpretação anterior, como se o que está posto é ruim, ou obsoleto, ou ultrapassado, não pelo seu conteúdo mas porque a dinâmica assim exige.

Observo pessoas com novas ideias por aí não a indagar retoricamente como Paulo fez em sua Epístola "Aos Romanos", no capítulo e versículo epigrafados ao início, mas a afirmar peremptoriamente não crer no Deus bíblico, especialmente naquele que afirma categoricamente fazer o que lhe apraz do barro em Suas mãos, por ser Ele o Oleiro". Testificam sobre um deus de bondade e amor, construído por suas mentes e que lhes foi revelado pela experiência, normalmente em sessões emocionais, fruto de catarse.

Quando propomos o Deus bíblico, Insondável, misericordioso, mas também justo; aquEle que decreta o bem e o mal; o mesmo que faz vasos de honra e desonra, de ira e de misericórdia, segundo a Sua vontade; esse Deus despótico das Escrituras, que tudo fez e tudo pode, religiosos de todas as correntes "cristãs" ficam a postos, em defensiva, armando-se dos seus proselitismos vazios e insensatos para demolir o Deus das Escrituras. Todavia, fazem-no não com argumentos racionais e embasados na Palavra da Verdade, mas exclusivamente valendo-se de critérios subjetivos, seja no relativismo tão em voga, ou no pragmatismo que quer sepultar a inerrância das Escrituras.

Seria Deus injusto? Faço eu a mesma pergunta retórica feita pelo apóstolo Paulo outrora, no acender das luzes do cristianismo. É injusto o Deus que amou Jacó e odiou Esaú, ainda quando os gêmeos não eram nascidos e não tinham feito bem ou mal? É injusto o Deus que da mesma massa faz vasos para o bem e outros para o mal? Se as Escrituras desenham tão claramente esse Deus soberano e ao mesmo tempo discricionário, quem, das suas criaturas, pode discutir com Ele? E se ainda assim discutir, quem prevalecerá sobre Ele?

A Bíblia está repleta de passagens em que Deus se afirma Senhor do Universo, Soberano, Incontestável. Seja no Livro do Profeta Isaías ou em Romanos, no Velho ou no Novo Testamentos, Ele se afirma como o Oleiro, a fazer da massa o que Lhe apraz. E a massa somos nós, criaturas vindas dEle, criadas por Ele, cuja matéria foi entretecida na eternidade, quando nenhuma matéria havia. Esse Deus Todo Poderoso e Despótico tem direitos absolutos sobre toda a criação, a despeito de aceitarem ou não as suas criaturas, de aquiescerem ou não com Seus métodos.

O Soberano da retórica de Paulo não se associa com as suas criaturas em prol de um projeto de salvação, a fim de redimir a criação, mas o faz para a Sua própria glória, circunscrito àquilo que projetou na eternidade, antes que o mundo fosse mundo. Antes mesmo que o universo fosse criado, ou que os anjos viessem a existir. Não há participação humana no processo redentivo pela simples razão de o homem ser resultado do projeto engendrado unicamente por Ele na eternidade antes de tudo. E ainda que nada existisse, tudo estava completo, porque na Sua mente Eterna o Projeto se encontrava perfeitamente "desenhado", não como um esboço, mas como obra perfeita e acabada.

Portanto, aquela retórica do apóstolo Paulo citada ao início, proveniente de Romanos 9:14, ainda permanece tão atual como quando foi elaborada: "há injustiça da parte de Deus? E a resposta igualmente permanece a mesma: "De maneira nenhuma".

Quer queiram, quer não queiram os teólogos espalhafatosos, que se repetem ao longo de quase dois mil anos, o mesmo Deus do Antigo Testamento é o Deus do Novo Testamento, que é o Deus que permanece hoje guiando a sua Igreja através de Cristo e orientando os seus com o Espírito Santo, dando-lhes sabedoria e discernimento para permanecerem firmes sem retroceder jamais, seguindo sempre avante, travando o bom combate e mantendo a fé até o final.

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sábado, 27 de agosto de 2011

Refletindo nEle e com Ele



Os ensinamentos do apóstolo Paulo vêm sempre em meu socorro, embora, entendam os leitores, eu não construa sobre ele qualquer iconografia. Sobremodo excelentes são seus textos, cuja construção teológica chega a espantar, dada a profundidade dos ensinos que se extraem das suas Cartas.

Contudo, não estou aqui apenas para elevar o saber do apóstolo tardio, embora ele mereça toda a consideração pela riqueza daquilo que escreveu, pois sei, outrossim, que os louros não são dele, o homem Paulo, mas daquEle que o preparou para o Ministério. Estou aqui, sem os rigores da estética, para falar de reflexão, vida e cotidiano. Nem mesmo aspiro escrever um tratado sobre qualquer assunto de viés teológico, filosófico, etc.

Feita a rápida introdução explicativa, passo a justificar a citação à pessoa de Paulo. É que o sábio e eminente apóstolo discorreu em mais de uma carta sobre o saber viver bem tanto na fartura como na escassez, louvando a sua fraqueza em detrimento da força que lhe socorria dos altos céus, todavia, jamais se ufanando dos seus dons ou se jactando do seu saber. Ao se defrontar com os sábios da sua época, quando da Grécia refluiam os virtuoses da filosofia secular, pouco disse sobre eles, uma vez que aquele conhecimento que possuiam não lhe interessava por ser "híbrido".

Às vezes me recolho, um pouco em decorrência da labuta diária, do labor cansativo dos fóruns, onde sobejam os egos acesos, e outro tanto por um certo ensimesmamento voluntário, produto do cansaço que as relações humanas me preenchem. Fico a observar os meus pares a conversar alegremente nos sites de relacionamentos em explosão de alegria e saber, e eis que indago se as suas existências são perfeitas. Então necessito da reflexão calma para me recolocar no lugar que devo estar, em confluência de vontades: a minha e a de Deus.

Tendemos a imaginar erroneamente, principalmente nos momentos de lutas, desertos, tribulações, que somos únicos nesse sofrer imposto por aquelas labutas diárias que fiz referência no início, mas estamos errados. Todos, absolutamente todos, nos equilibramos nesse fio invisível, dando um passo de cada vez. E tanto mais desequilibrados ficamos, a ponto de cair, quando nos valemos tão somente das nossas próprias forças. A carne de fato militando contra o Espírito, e este contra a carne, nesse confronto diuturno e fastidioso. Ah como cansa...

O mundo perfeito ainda não temos e tampouco teremos nesta terra, até que sejamos completamente restaurados pelo Criador. Portanto, é salutar que saibamos que a universalidade dos seres humanos, mesmo os regenerados por Cristo em decorrência da fé e da Graça, travarão constantes batalhas, como lutadores em um grande ringue, ganhando alguns rounds e perdendo outros, porém, sabendo de antemão que a batalha será ganha com grande saldo de pontos. Por isso, mister que não invejemos nem os ímpios, quando aparentemente são alegres e vitoriosos, e muito menos os nossos irmãos, quando mais ponderados e edificados do que nós mesmos. Cada um, com o seu quinhão de graça Divina, caminhando, sempre adiante, sem retroceder jamais.

No final de tudo, a reflexão faz crescer, especialmente quando se coloca Deus à frente dos pensamentos. O refúgio no Eterno fortalece a alma, mesmo quando a tristeza quer transbordar...

Os desertos e os vales nos preparam e nos forjam para o futuro, sabendo com certeza que os caminhos serão aplainados. É esperar e caminhar. E seguir adiante, fixando no objetivo que é Cristo.


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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A doutrina da eleição e a justiça de Deus


Em Romanos Paulo faz uma pergunta retórica: "Que diremos pois? Há injustiça com [em] Deus?" Novamente perguntamos por que Paulo fez essa pergunta. Ele era um professor, um mestre por excelência. Ele antecipava objeções que poderiam ser levantadas por seu ensino, e ele tratava delas assumidamente. Que objeção ele tem em vista quando levanta a questão de injustiça em Deus?

Primeiro consideramos a visão presciente da eleição. Que objeções levantadas contra ela incluem o ataque que há injustiça em Deus? Nenhuma. A visão condicional da eleição é proposta para proteger duas fronteiras: de um lado, uma visão particular de liberdade humana, e do outro uma visão específica de Deus. Buscam proteger Deus da acusação de que ele é parcial, arbitrário ou injusto, escolhendo algumas pessoas para salvação sem levar em conta suas próprias escolhas. Em resumo, oposição a visões arminianas ou semipelagianas de eleição não inclui a acusação de que isso coloca em dúvida a justiça de Deus. Se Paulo estivesse expondo a visão presciente, dificilmente esperaríamos que ele levantasse uma objeção desse tipo.

A objeção que Paulo chega a antecipar é uma que calvinistas ouvem constantemente: a doutrina calvinista de eleição lança uma sombra sobre a justiça de Deus. A reclamação forte e frequente é que a eleição incondicional envolve Deus numa espécie de injustiça. Minha suposição é que Paulo antecipou a própria objeção levantada que calvinistas ouvem porque ele ensinou a mesma doutrina de eleição que calvinistas ensinam. Quando nossa doutrina de eleição é atacada, eu me consolo que estamos em boa companhia, a do próprio Paulo, quando precisamos suportar as objeções capciosas daqueles que fazem oposição à eleição incondicional.

A idéia de que pode haver injustiça em Deus é relacionada ao fato de Deus escolher alguns para salvação enquanto passa por cima de outros. Não parece justo nem "direito" Deus conferir sua graça em alguns mas não em outros. Se a decisão de abençoar Jacó e não Esaú foi feita antes de um dos dois nascer ou ter feito algo de bem ou mal, e se a escolha não foi com vistas a suas ações ou reações futuras, então a pergunta óbvia é: Por que um recebeu a bênção e não o outro?" Paulo responde isso apelando a palavras de Deus a Moisés: "Eu terei misericórdia de quem eu terei misericórdia". É prerrogativa de Deus dispensar sua graça conforme ele acha por bem. Ele não ficou devendo nem a Jacó nem a Esaú qualquer medida de graça. Se não tivesse escolhido um dos dois, ele não teria violado nenhum preceito de justiça ou retidão.

Ainda parece que se Deus dá graça a uma pessoa, no interesse de justiça ele "deveria" dar graça igualmente para outra. É precisamente esse "dever" que é estranho ao conceito bíblico de graça. Entre a massa de humanidade decaída, todos culpados de pecado diante de Deus e expostos à sua justiça, nenhum tem qualquer reivindicação ou autorização à misericórdia de Deus. Se Deus escolhe conceder misericórdia a alguém daquele grupo, isso não requer que ele dê isso a todos.

Deus certamente tem poder e autoridade de conceder sua graça salvadora a toda a humanidade. É óbvio que ele não optou fazer isso. Os homens não são todos salvos, apesar do fato que Deus tem o poder e o direito de salvá-los todos se esse é seu bel-prazer. Também está claro que nem todos são perdidos. Deus poderia ter escolhido não salvar ninguém. Ele tem o poder e a autoridade de executar sua reta justiça não salvando ninguém. Na realidade ele opta por salvar alguns, mas não todos. Aqueles que são salvos são beneficiários de sua soberana graça e misericórdia. Aqueles que não são salvos não são vítimas de crueldade ou injustiça; eles são recebedores de justiça. Ninguém recebe castigo às mãos de Deus que não mereça. Alguns recebem graça das mãos de Deus que não merecem. Por ele se agradar tanto em conceder misericórdia a alguém não significa que os demais "merecem" o mesmo. Se a misericórdia é merecida, ela não é misericórdia realmente, e sim justiça.

A história bíblica deixa claro que embora Deus nunca seja injusto a ninguém, ele não trata todas as pessoas igualmente ou de um mesmo modo. Por exemplo, Deus, em sua graça, chamou Abraão para sair de seu paganismo em Ur dos caldeus e fez um pacto gracioso com ele que não fez com outros pagãos. Deus se revelou a Moisés de uma maneira que não concedeu a faraó. Deus deu a Saulo de Tarso uma revelação bendita da majestade de Cristo que não deu a Pilatos ou Caifás. Por Deus ser tão gracioso a Paulo quando ele foi um perseguidor violento de cristãos, será que por isso ele era obrigado a dar a mesma vantagem revelatória a Pilatos?

Ou houve uma qualidade virtuosa especial em Saulo que inclinou Deus a escolhê-lo acima de Pilatos? Poderíamos saltar por cima dos séculos para nosso próprio tempo com uma pergunta similar. Nós, crentes, precisamos perguntar por que chegamos à fé enquanto que muitos de nossos amigos não chegaram. Será que exercemos fé em Cristo porque somos mais inteligentes do que aqueles outros? Se é assim, de onde veio essa inteligência? É algo que fizemos por merecer? Ou foi a nossa própria inteligência uma dádiva de nosso Criador? Nós respondemos positivamente ao evangelho porque somos melhores ou mais virtuosos do que nossos amigos?

Todos nós sabemos as respostas a essas perguntas. Eu não posso explicar adequadamente por que cheguei à fé em Cristo e alguns de meus amigos não. Só posso olhar para a glória da graça de Deus para comigo, uma graça que eu não mereci na ocasião e não mereço agora. Aqui uma e outra coisa se reuniram, e nós descobrimos se estamos abrigando um orgulho secreto, crendo que merecemos salvação mais do que outros. Eis aí um grande insulto à graça de Deus e um monumento à nossa própria arrogância. É uma inversão à pior forma que há de legalismo, pela qual nós, no fim, colocamos nossa confiança em nosso próprio acionamento.

R. C. Sproul

In: Josemar Bessa via cincosolas

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sábado, 13 de agosto de 2011

Dons miraculosos: dom de cura



Tenho cá comigo as minhas certezas sobre os dons miraculosos para a atualidade, e elas se baseiam nas Escrituras Sagradas. Eu diria que tenho "os dois" pés atrás com relação aos curandeiros que se apresentam nas igrejas e na mídia televisiva, anunciando os seus "predicados", o poder que lhes foi transmitido, em tese, por Deus. Estou terminando de ler o livro "Os carismáticos" de John MacArhur Jr. e transcreverei abaixo um trecho, com o qual concordo. Volto no final para um breve comentário.

O dom da cura se foi - O Senhor continua a curar

O dom da cura era um dos quatro dons de sinais e milagres que auxiliaram a comunidade apostólica a confirmar sua pregação da mensagem do evangelho nos primeiros anos da igreja.

Uma vez completa a Palavra de Deus, os sinais cessaram. Não havia mais necessidade de sinais de milagres. De fato, há muitos exemplos bíblicos de como um apóstolo não usou o dom de cura a não ser como sinal poderoso que convencesse as pessoas da validez da mensagem do evangelho.

Em Filipenses 2:25-27 Paulo falou do seu bom amigo Epafrodito que esteve doente, à beira da morte, mas não morreu porque o Senhor teve misericórdia dele. Por que não simplesmente curou a Epafrodito? Porque Paulo não pervertia o propósito do dom para seus fins pessoais. O propósito do dom da cura não era manter os cristãos com saúde. Seria utilizado como sinal para os descrentes em épocas em que fosse necessário tornar efetiva a proclamação do evangelho.

Encontramos caso semelhante em 2 Timóteo 4:20 quando Paulo disse ter deixado a Trófimo doente em Mileto. Por que deixá-lo doente? Por que não curá-lo? Porque este não era o propósito do dom de curar (ver 1 Timóteo 5:23 e 2 Coríntios 12:7).

O dom de curar era um dom milagroso de sinal para ser usado com propósitos específicos. Não deveria ser usado por atacado como forma permanente de manter a comunidade cristã em perfeitas condições físicas. Mesmo no caso da ressurreição de Êutico (Atos 20:9-12), o milagre serviu para autenticar o apostolado de Paulo. Contudo, hoje em dia, carismáticos constantemente fazem declarações tais como: "Deus deseja a saúde de todo cristão".

Dale Bruner citou um carismático moderado que disse: "sobre toda doença paira... a vontade de Deus de curar". Os carismáticos querem crer que Deus deixou perfeitamente claro que é Sua vontade curar os enfermos. Se esta é a verdade, por que é que Deus permite que a doença comece?
Num mundo em que Deus não escolheu excluir o pecado, em sua vontade permissiva para o crente, por que deveríamos presumir que o sofrimento deva ser excluído? Se todo cristão estivesse são e saudável, se a saúde perfeita fosse garantido da expiação, milhões de pessoas estariam correndo em busca da salvação - pelo motivo errado. Deus quer que as pessoas venham a Ele em arrependimento do pecado e pela Sua glória, não porque vêem nEle uma panacéia para os seus males físicos (p. 143/144, Ed. Fiel, 4ª edição, 1998)

Estou de volta! Além de concordar com o autor, fico me perguntando por que a busca frenética por tais dons pelos carismáticos? Deixa-me a sensação de que o Evangelho não é suficiente para eles, que a sua fé necessita de algo "real", algo "palpável" para que seja afirmada e reafirmada dia após dia. Fica ainda a impressão que o desejo de poder leva-os a buscarem os dons miraculosos, a fim de que sejam observados e admirados, para que lhes sejam feitas "mesuras". A cura, por uma palavra emitida por alguém, ou um ato, confere grande poder de visibilidade ao "donatário". No entanto, o que vejo no meio dos carismáticos são pessoas frustradas, voltando para as suas casas tal como vieram: coxos, continuando coxos, cegos permanecendo cegos, aleijados com os seus aleijumes e por aí a fora. Nunca vi nascer um novo membro num aleijado, um paraplégico andar, um morto ressuscitar. O que vejo são enganos, má fé e mentiras. E doações. E pedidos de dinheiro.
A fé que eu conheço e que é explicitada pela Bíblia não se encontra num balcão de trocas. Cristo não está à venda, tampouco necessita oferecer algo para que o homem creia nEle. Ele apenas chama aqueles que já são seus e que foram dados pelo Pai, os quais prescindem de tais dons miraculosos.
Confesso não compreender essa busca "carismática", essa ênfase denodada que dão aos tais dons.
Do alto da minha insignificância e miséria humana, fico exclusivamente com o Evangelho puro e simples. Dispenso o dom de cura, de profecia, de línguas "estranhas". Deus sabe, que ainda que fossem atuais tais dons, eu solicitaria a Ele não doá-los para mim, porque, pelo que percebo, mesmo irreais, eles trazem soberba e jactância aos que dizem possuí-los.

Repito: Deus cura, pela intercessão da igreja, reunida como comunidade de Cristo - e somente assim, salvo melhor juízo.

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sábado, 6 de agosto de 2011

Amy Winehouse: sobre alma e soul



Já falaram quase tudo que tem para ser dito sobre a cantora que escreveu o seu próprio epitáfio refletido na vida desregrada imposta pela necessidade buscar uma existência intensa. Na tentativa quase desesperada, o mergulho nas trevas foi inevitável. A morte da garota de voz grave, anasalada, quase gutural - e ao mesmo tempo belíssima - é a prova cabal de que a busca pelo sentido da vida por meios heterodoxos não leva a qualquer resposta definitiva sobre o real significado da existência humana nesta terra.

Sucesso, dinheiro, coisas, são como o incenso: vêm e vão. São alimento perecível, que apenas entorpecem o corpo e mortificam a alma, quando buscados como objetivo último. A decadência íntima e pública da moça, o seu desespero, a busca infrutífera por felicidade alicerçada nessas coisas efêmeras foi exibida pelos meios de comunicação como um reality medonho, um show horrendo.

Buscar significado para a existência apenas nesta vida é o caminho mais curto para o desespero, mesmo intensificando a ilusão com paliativos como bebidas e drogas, pois o vazio há de tomar o lugar da ilusão mais cedo ou mais tarde. Deus é o sentido da vida, embora teimando os homens em não reconhecê-lo, mesmo tendo Ele se revelado nos corações desses homens e nas coisas deste mundo.

Assisti como todos à decadência física e moral da garota branca do soul, cuja melodiosa voz remetia à força e beleza dos becos sombrios de New Orleans. Com ela, uma mistura de jazz e blues com um sutil sotaque londrino.

Em meio a lapsos de boa música e torpor etílico, misturado ao mergulho nas drogas, morreu Amy Winehouse. Foi cedo, no alvorecer da vida, aos 27 anos de idade.

Senti-me condoído ao saber de sua morte, pois não é nada agradável ver pessoas tão jovens sucumbindo, nesse mergulho quase sempre sem volta no álcool e outras drogas. Essa minha compaixão está presente nos velórios, especialmente quando começo a imaginar que o morto não tenha encontrado com Cristo, cuja conjectura reside na qualidade de vida que ele levou. No caso da cantora, uma vida completamente desregrada, devotada aos excessos de quase todos os tipos... Pobre Amy Winehouse.

Já falaram quase tudo sobre a moça do soul e cá estou eu a conjecturar sobre a sua vida post mortem... Tão pouco viveu , não se dignando em reconhecer a glória de Deus e nem tendo-O como soberano, pelo que posso vislumbrar da sua curta passagem por aqui.

Os acordes da sua música continuarão a ecoar, a bela sonoridade a embalar muitos sonhos, mas a sua morte é um fato imutável. Quisera que a Amy tivesse conhecido ao Senhor e reconhecido a Sua glória, e então não morreria, mas gozaria de vida abundante na eternidade, posto que quem crê verdadeiramente não morre eternamente, apenas acorda para a vida com Cristo.

Quiçá eu esteja errado... tomara eu esteja errado!


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terça-feira, 26 de julho de 2011

Tesouros fugazes para ladrões vorazes



Se me perguntarem como anda a minha vida certamente eu direi sem pensar: nada boa. Na última semana, em um dia comum, no intervalo das 19:30 às 21:00 horas, enquanto eu assistia ao culto na igreja e minha esposa se encontrava no escritório, distante da nossa casa menos de 100 metros, tive a minha residência invadida por meliantes. Pela quinta vez em menos de uma década. Pela segunda vez em um ano e meio. Seria normal imaginar que tenho uma casa com pouca segurança, mas não. A casa é segura, localizada em região privilegiada da cidade, onde pessoas trafegam constantemente e policiais fazem ronda.

Ainda assim, tive os meus bens mais uma vez surrupiados na calada da noite sem que nada pudesse ser feito para impedir ou dificultar a ação ilícita dos larápios. A investigação posterior, até o momento, não logrou obter qualquer informação que leve a polícia ao paradeiro dos furtadores e à recuperação dos objetos furtados. Meus computadores - novos - se foram: um note(book) e um net, ambos de muito boa qualidade. E muitas jóias da Luciana, minha mulher. Desta vez foram-se brincos, pulseiras, pingentes e anéis.

Vão-se os anéis ficam os dedos. Não resisti a desencavar o adágio popular. E o antigo aforismo me fez lembrar as Escrituras: "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam" (Mateus 6:19-20).

Coisas podem ser compradas e se perdem. O valor das coisas é também variável. O ouro, por exemplo, depende da cotação na bolsa. Anéis, pulseiras e brincos vão e vêm. A vida, por seu lado, não tem valor mensurável, tampouco varia ao sabor dos mercados. Minhas filhas e minha esposa poderiam ter sofrido alguma violência, ou mesmo ter as suas vidas ceifadas se estivessem em casa quando da ação dos bandidos. Elas estão bem, graças a Deus.

Tudo o que possuo, todas as coisas, foram dadas por Deus, uma vez que nada há que não esteja sob o pleno controle e determinação dEle. Nada acontece aleatoriamente, fora da ação de Deus - e todas as coisas cooperam para o bem daqueles que o amam..., já dizia o apóstolo Paulo. Logo, o furto é de somenos importância, quando imagino a perda inestimável que poderia ter sofrido não em relação a coisas, mas pessoas, entes queridos que amo.

Coisas são nada, riquezas se evaporam, pois são efêmeras: "Não te fatigues para seres rico; não apliques nisso a tua inteligência. Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus" (Provérbios 23:4-5).

Da tristeza e da impotência podemos extrair ensinamentos. Nas perdas pode se obter ganhos; da fraqueza pode se obter força. A revolta deve durar pouco quando "coisas" são perdidas, especialmente porque outros "bens" restaram intocados - e estes intrinsecamente valiosos.

Bendito seja o Senhor que me dá todas as coisas e bendito seja o mesmo Senhor que as tira de mim, quando isto se faz necessário!

A vida segue o seu ritmo, continuo a trabalhar, tento a cada dia crescer no conhecimento da Verdade, perco a paciência tantas vezes, transijo outras; caio e levanto. Porém, Deus é o meu Senhor e é para Ele que me volto nos momentos de alegria e de dor.

A transitoriedade da existência dá os seus sinais a cada dia que passa, lembrando-me que os verdadeiros valores se encontram em Cristo, o Salvador. Tristezas e alegrias duram por pouco tempo, são fugazes: como o éter que se dissolve e exala ao sabor do vento.

Olho para trás, bato o pó das sandálias e decido seguir adiante, deixando de lado tristezas passadas, momentos de fugidia desesperança, revoltas passageiras, firmado unicamente na certeza de que novos dias e novos momentos virão, até que finalmente eu termine a carreira - com ou sem "coisas" - mas mantendo a fé.


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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Laodicéia: o triste estado de uma igreja morna


Por Rev. Abceil Luiz da Silva Filho


APOCALIPSE DE JOÃO 3.14-22

14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;17 pois dizes Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. 21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

INTRODUÇÃO

Este é um dos textos mais reconfortantes das escrituras sagradas. Não obstante ser um dos mais duros ele traz consigo um convite gracioso de um Deus tão grande a um filho rebelde.

Às vezes fico pensando, não deveria ser assim, Deus é bom demais para conosco, mas todos nós temos um pouco do Israel rebelde.

Todos nós temos um pouco de Laodicéia dentro de nós e por isso esse texto é maravilhoso, esse Deus grandioso está sim interessado por seres tão pequenos e errantes como nós, e quando ele escolhe alguém, faz de tudo para que sempre volte ao caminho.

Deus permite e tolera todos os nossos deslizes e devaneios pelas sendas do pecado.

E é desse contexto malvado que ele muitas vezes nos faz o convite da graça, nos chamando para novamente desfrutarmos de comunhão intima e plena com Ele.

CONTEXTUALIZAÇÃO

A IGREJA fica em LAODICÉIA14 (Cl 4.13-16).

Uma Cidade da PROVÍNCIA romana da ÁSIA. Assim como as demais igrejas era uma cidade costeira na qual havia uma confluência de estradas, que dava pra três direções. Dai sua importancia comercial, razão para que ela se transformasse numa das mais ricas cidades daqueles dias.

Fora isso era uma cidade onde a medicina estava mais avançada e se acredita que de lá surgiu um importante colírio para os olhos.

Laodicéia, alem disso, era uma cidade turistica, pois nela havia fontes de águas termais.

Nesta cidade havia uma igreja que desfrutava dos privilégios culturais e financeiros advindos da sua localização e, principalmente, do avanço médico: a igreja de Laodicéia, mostrada pelo texto. E ao pastor desta igreja se direciona uma das sete cartas do apocalipse.

Como em todas as outras igrejas percebemos que é responsabilidade do pastor (anjo) repassar fielmente aquilo que está escrito nas cartas.

A carta não lhe é endereçada, está endereçada à igreja, mas deve passar por ele e das mãos dele Deus irá cobrar a fidelidade absoluta.

Portanto, ai dos pastores que:

Jer 23:1 Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! — diz o Senhor.

E se você é daqueles que acham que não devemos falar contra tais pastores, ao profeta Ezequiel Deus disse:

Ez 34:2 Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos!...

Ao pastor não é dado fazer mais do que entregar a palavra escrita.

1ª PARTE: EXERCÍCIO DE LIMPEZA E CLASSIFICAÇÃO.

1. LIMPEZA.

Pelo que foi indicado o clímax do texto se encontra no verso 18.

18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

E não poderia deixar de ser diferente, esse verso marca a virada do texto. Nele se extraem dois assuntos principais: mostrar a tragédia que é ser morno, e a grandiosidade do amor de Cristo.

O verso 18 se posiciona como o elo, o marco. Ele é maravilhoso.

Com este pano de fundo histórico em mente começamos com nosso primeiro assunto:

TEMA 1: “LAODICÉIA O TRISTE ESTADO DE UMA IGREJA MORNA”

A IGREJA DE LAODICÉIA era morna15 e 16.

15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! 16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.

Começamos afirmando que A IGREJA DE Laodicéia não passara DESPERCEBIDA pela história. Jesus lhe adverte como faz com todos.

15a Conheço as tuas obras...

Tais obras identificadas como um pecado é de toda igreja.

Não há os “demais” de Tiatira

Ap 2.24 Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina...

Ou “alguns” de Sardes

Ap 3.4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram.

Esta igreja estava toda prejudicada por uma vida pecaminosa.

E o seu problema:

- não eram nem quentes e nem frios.

Quando olhamos para o verso 15 percebemos que o que se esperava deles era que, ou fossem quentes ou frios, e nunca o meio termo. Isso se percebe pela expressão:

15c... Quem dera fosses frio ou quente!

Eram mornos.

A palavra “χλιαρος chliaros” significa “indiferente”; “frouxo, sem energia, insipido, monótono”.

Uma igreja quase que totalmente intragável. Sem utilidade cristã alguma.

Mas é intrigante por que Jesus usa uma figura de linguagem para apontar o seu pecado que era muito conhecido dos laodicences.

Laodicéia ficava próximo a uma cidade chamada Hierápolis, uma cidade onde havia fontes termais com alto valor terapêutico.

Estas mesmas águas corriam para Laodicéia, porém, já em Laodicéia perdiam sua temperatura.

Chegavam, mas chegavam indiferentes, sem a energia da sua origem, sem o seu calor.

Uma água que nem despertava ou energizarva o soldado, e nem curava suas feridas.

Um estado de mornidão é preconizado por aqueles que acreditam na sua autossuficiência:

17a pois dizes Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma...

Acreditavam que estavam de bem com a vida. Em paz com Deus e com seus seleiros abastados. Acreditavam que sua prosperidade vinha e provinha de Deus. E por isso estavam tranquilos em relação à sua espiritualidade.

Segundo Hendriksem, um dos grandes comentaristas do livro de apocalipse, os laodicences jamais entrariam no templo como entrou o publicano:

Luc 18:13 ...estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!

Eles acreditavam então que haviam chegado ao ponto ideal: não precisamos de nenhuma mudança. Não somos frios como as águas da reserva, mas também não somos quentes como a primeira piscina das águas quentes. O que eles consideram o ponto, e queriam que Jesus tragasse, é exatamente o que ele condena.

Vejam só:

· “Com o pagão, que está entre aqueles que nunca tiveram contato com o evangelho, e que são, portanto, “frios” com respeito ao evangelho, você pode fazer alguma coisa”.

Portanto há esperança!

· “Com cristãos sinceros e humildes você pode trabalhar com alegria”.

Uma grande verdade. É bom trabalhar com um grupo assim!

· “Porém, com aqueles semelhantes aos de LAODICÉIA, que dizem: “aqui todos somos pessoas muito boas”, ninguém pode fazer nada”.

Então a única proposta viável a eles é exclamada por Jesus:

15b Quem dera fosses frio ou quente!”

E por que não eram assim Jesus lhes adverte:

16bestou a ponto de vomitar-te da minha boca”.

Estou para vomitá-los da minha boca, que é exatamente o máximo que vocês conseguem chegar, pois garganta abaixo eu nos os engulo.

Concluamos esse ponto com duas aplicações.

1. Quantos do cristianismo de hoje estão vivendo como os de Laodicéia, talvez aos seus olhos vivendo o melhor do cristianismo, pois estão gozando das bênçãos da prosperidade material, e talvez até acreditam que chegaram no auge da fé. Descobriram a fonte. E, na verdade, sua segurança está firmada num fio de teia de aranha tão fino que ele está para despencar, mas não sabe, pois aos seus olhos o fio é grosso e resistente como aço.

2. Quantos estão na igreja hoje servindo a Cristo, mas indiferente ao que ele fala. Sem nenhum esboço de mudança. Fracos diante de ameaças insignificantes. Insípidos e sem nenhuma interferência no cosmos dominado pela tirania satânica.

Você é morno assim?

Só existem duas alternativas apontadas aqui:

Seja frio. Negue a fé e pague pra ver!

Ou, seja:

Rom 12:11 sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;

Os desdobramentos desse quadro de mornidão vemos com a segunda lição do texto:

A IGREJA DE LAODICÉIA era aos olhos de Deus17:

17 pois dizes estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Ø INFELIZ – de “ταλαιπωρος talaiporos” é AQUELE que desfruta constantemente a dureza de vida; “o infeliz é o aflito, o desgraçado”.

Ø MISERÁVEL – de “ελεεινος eleeinos” – é o DIGNO “de lástima”.

o O misarável é aquele que desperta paixão ao mesmo tempo em que inspira desprezo. É um indigente.

Ø POBRE – de “πτωχος ptochos” é o “mendigo, impotente, necessitado em todos os sentidos”.

o A palavra é originária da palavra “πτωσσω posso” que significa “rastejar”,

Ø CEGA!

Ø E NUA – de “γυμνος gumnos” é o “despido ou mal vestido de alguma forma exposto”.

Imaginem um indivíduo que tem todas estas cinco características combinadas.

Na história do povo de Deus houve uma época em que se acreditou nisso. Em Oséias vemos o povo dizendo:

Oséias 28 Contudo, me tenho enriquecido e adquirido grandes bens; em todos esses meus esforços, não acharão em mim iniqüidade alguma, nada que seja pecado.

A resposta de Deus foi vista a seguir:

9 ...eu sou o Senhor, teu Deus, desde a terra do Egito; eu ainda te farei habitar em tendas, como nos dias da festa.

A igreja de Laodicéia aos olhos de Deus não era nada.

Que eu e você não sejamos assim.

Mas todo esse quadro não é irrecuperável. Existe uma solução apontada pelo próprio pai. É o que veremos em nossa terceira lição.

A IGREJA DE LAODICÉIA precisava urgentemente de um investimento eterno 18 e 19.

18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

1) PRECISAVAM FAZER UM INVESTIMENTO EM OURO ETERNO18.

Mat 6:19 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam.

E em Lucas a ênfase é tão forte que o vemos dizer:

Luc 12:33 Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome,

2) PRECISAVAM COMPRAR VESTIDURAS BRANCAS18:

ü Roupas manchadas expõem nossa vergonha, mostram nossa natureza. Revelam nossa condição. As vestes espirituais de toda pessoa que ainda não passou por cristo são totalmente manchadas aos olhos do pai.

ü Mas outro sentido nos dá a entender que eles, na verdade, não só usavam roupas manchadas, mas que também expunham sua nudez e pobreza diante de Deus. As vestes que usamos quando nos entregamos a cristo, não só cobrem nossa nudez espiritual, como também nos apresentam limpos diante de Deus. Não por nossos méritos, mas pelos méritos de cristo.

3) PRECISAVAM COMPRAR COLÍRIO PARA OS OLHOS18;

Elas não eram cegas, mas havia uma doença grave e que impedia que vissem com clareza as coisas concernentes à vida com Deus. Essa miopia exagerada poderia ser curada com um colírio. O colírio de que tanto precisavam era extraído, não de uma planta, mas dos papiros onde estavam escritos a vontade de Deus.

4) A IGREJA DE LAODICÉIA PRECISAVA SE ARREPENDER19.

Precisavam tão somente dar meia volta. Ir na direção contrária de onde estavam indo. Precisavam se aquecer na obra do senhor reconhecendo que sem Ele não eram nada. Precisavam voltar a se ver como publicanos pecadores que eram.

Hendriksen faz uma indagação pertinente aqui:

- “Como podem os que são pobres comprar alguma coisa?”.

Vale também para nós. Como podemos fazer esse investimento eterno?

O profeta Isaías já havia respondido e ainda responde:

Isaías 55.1

1 O Senhor Deus diz: “Escutem, os que têm sede. venham beber água! Venham, os que não têm

dinheiro: comprem comida e comam. Venham e comprem leite e vinho,que tudo é de graça.

O próprio Jesus no finalzinho de suas recomendações em apocalipse:

Ap 22.17 O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.

CONCLUSÃO:

TEMA 1: “LAODICÉIA: O TRISTE ESTADO DE UMA IGREJA MORNA”

1ª lição:

A IGREJA DE LAODICÉIA era morna15 e 16.

2ª lição:

A IGREJA DE LAODICÉIA era aos olhos de Deus: infeliz, miserável, pobre, cega e nua17:

3ª lição:

A IGREJA DE LAODICÉIA precisava urgentemente de um investimento eterno - 18 e 19.

1) PRECISAVA FAZER UM INVESTIMENTO EM OURO ETERNO18.

2) PRECISAVA COMPRAR VESTIDURAS BRANCAS18:

3) PRECISAVA COMPRAR COLÍRIO PARA OS OLHOS18;

4) PRECISAVA SE ARREPENDER19.

22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

*Sermão/estudo ministrado na IPB de Araputanga-MT em 03.06.2011, pelo Reverendo titular, Pr. Abceil Luiz da Silva Filho

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