quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O livramento da ira de Deus









J. I. Packer




Nos três capítulos de Romanos, Paulo está determinado a nos impor a pergunta: "se do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens", e "o dia da ira virá" quando Deus "recompensará cada um conforme as suas obras", como podemos nós escapar a tal desastre? A questão nos pressiona porque estamos todos "debaixo do pecado, "Não há justo, nem sequer um"; "Todo mundo" é culpável perante Deus" (3:9; 10:19). A lei não nos pode salvar, pois seu único efeito é estimular o pecado e nos mostrar como estamos longe de cumprir a justiça. A pompa exterior da religião também não nos pode salvar, assim como a circuncisão não pode salvar o judeu. Haverá então algum livramento da ira futura? Há, e Paulo sabe disso. "Sendo justificados pelo seu sangue", Paulo proclama, "Seremos por Ele salvos da ira" (de Deus) (5:9). Sangue de quem? O sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. E o que quer dizer "justificado"? Significa ser perdoado e aceito como justo. Como somos justificados? Pela fé, isto é, pela confiança total na pessoa e obra de Jesus. E como o sangue de Jesus, sua morte sacrificial, se constitui na base para a nossa justificação? Paulo explica isso em Romanos 3:24 onde ele fala da "redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue". Que é propiciação? É o sacrifício que afasta a ira pela expiação do pecado e cancelamento da culpa.

Isto, como veremos mais completamente adiante, é o verdadeiro núcleo do Evangelho; que Jesus Cristo, pela virtude de sua morte na cruz, como nosso substituto, levando nossos pecados, "é a propiciação pelos nossos pecados (1. Jo 2:2). Entre nós, os pecadores, e as nuvens carregadas da ira divina, se levanta a cruz do Senhor Jesus. Se somos de Cristo, pela fé, então estamos justificados pela sua cruz, e a ira não nos atingirá, quer aqui ou no futuro. Jesus "nos livra da ira vindoura" (1 Ts 1:10)


(...)

A ira de Deus, escreveu A. W. Pink, é a perfeição do caráter Divino sobre o qual precisamos meditar frequentemente. Primeiro, para que nossos corações possam ficar devidamente impressionados com o ódio de Deus pelo pecado. Temos a tendência de dar pouca atenção ao pecado, encobrir sua hediondez, desculpá-lo; mas, quanto mais estudamos e pensamos no horror que Deus tem pelo pecado e sua terrível vingança sobre ele, estaremos mais aptos a compreender a sua infâmia. Segundo, criar o verdadeiro temor a Deus em nossas almas para que "retenhamos a graça pela qual sirvamos a Deus com reverência e piedade, porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hb 12:28-29). Não podemos servi-Lo "aceitavelmente" a menos que haja "reverência" por sua impressionante Majestade e "temor" por sua justa ira, e tudo fica mais fácil quando nos lembramos frequentemente que "nosso Deus é um fogo consumidor". Terceiro, levar nossas almas a um fervente louvor (a Jesus Cristo) por ter nos livrado da "ira vindoura" (1 Ts 1:10). Nossa presteza ou relutância em meditar sobre a ira de Deus torna-se um teste seguro para saber se nossos corações estão realmente dedicados a Ele."

Pink está certo. Se nós quisermos conhecer verdadeiramente a Deus e ser conhecidos por Ele devemos pedir-Lhe que nos ensine a considerar a solene realidade de Sua ira.

(In "O conhecimento de Deus", Editora Mundo Cristão, 1973, São Paulo)

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terça-feira, 27 de outubro de 2009

O caráter de Cristo

Earle E. Cairns

"A Bíblia dá algumas indicações sobre a personalidade e o caráter de Cristo. Até mesmo uma leitura superficial dos Evangelhos evidencia o poder de Sua originalidade. Enquanto os judeus e as autoridades de hoje citam outros como autoridades para suas várias afirmações , Cristo simplesmente dizia: "Eu digo". O que vinha após esta frase ou outras semelhantes a esta nos Evangelhos indica a criatividade e a originalidade do pensamento de Cristo, que maravilhou as pessoas do Seu tempo (Mc 1:22; Lc 4:32).

A sinceridade de Cristo também está registrada nos relatos bíblicos. Ele foi o único ser humano que não tinha nada para esconder, uma vez que era completamente Ele mesmo (Jo 8:46).

Os Evangelhos deixam também o registro do equilíbrio de Seu caráter. Coragem é geralmente associada a Pedro, amor, com João, e humildade, com André. Nada disto falta a Cristo: ao contrário, os relatos revelam equilíbrio e unidade de personalidade. Este equilíbrio, esta originalidade e esta transparência podem ser adequadamente explicados pelo registro histórico do Nascimento Virginal de Cristo."

(In "O Cristianismo através dos séculos, Uma história da Igreja cristã", Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo, segunda edição, 1988)

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Caim" de José Saramago: Mais uma inconsistência do ateismo


A imprensa mundial está anunciando a nova obra do escritor lusitano José Saramago : "Caim". Mais uma vez o autor narra um fato bíblico pela visão essencialmente humana, extraindo do texto e da estória a atuação divina, assim como fizera na sua obra "O evangelho segundo Jesus Cristo", retratando o Salvador apenas como homem comum.

Em "Caim", mais uma vez o autor desfigura o texto das Escrituras, desta vez indo além, pois subverte a verdade da historicidade bíblica, colocando o fratricida na condição de herói e culpando Deus por todas as suas vicissitudes. Este sim (Deus), é o culpado por todas as mazelas sofridas por Caim.

A crítica exposta pela revista "Veja" desta semana - que costuma ser bastante sóbria - considerou de mau gosto, caracterizando como 'humor grosseiro' o fato de o escritor indagar em sua nova obra "por que Deus não cercou a árvore do fruto proibido com arame farpado para evitar que Adão e Eva se servissem dela".

Na minha opinião a liberdade de expressão deve ser total, guardada a responsabilidade pelo dano ou lesão causados contra alguém, inclusive garantindo-se o direito às pessoas de não acreditarem em qualquer divindade, seja Deus, alah, buda. Todavia, é de bom tom evitar o escárnio, a ironia rasteira, a grosseria. Não por que ofenda a Deus, uma vez que Ele não necessita de defesa, mas em razão de ofender uma gama de outras pessoas que creem nEle.

Nesse ponto eu enxergo um certo desespero dos ateus em geral e do escritor em particular. Ele encarna um certo histrionismo, uma mal disfarçada estridência nessa sua cruzada em favor do ateismo, como se estivesse esforçando-se para acreditar nos seus motivos; justificando-se incessantemente para si mesmo. Na minha opinião, despindo a atitude do autor de todos os nossos temores cristãos, ainda assim afirmo que é mais fácil crer . A fé em Deus nos livra desse desespero...

A verdade é que os ateus que desfrutam de certa notoriedade em razão da sua "militância", como o próprio Saramago e o "reconhecido" Richard Dawkins, costumam ser por demais ácidos nas suas críticas, enquanto que os crentes não hostilizam tanto os ateus. No máximo têm com eles uma atitude de respeitoso alheamento, um distanciamento ético.

Em "Caim" o autor revela a sua verdadeira antipatia contra Javeh, evidenciado pelo modo profano e irreverente com que se remete ao Criador. No dizer do crítico (Veja) é o "acerto de contas com Deus". Embora respeitando a posição do homem das letras, eu me permito rir dele. E é nesse momento que reforço a minha crença nas doutrinas da graça e eleição dos santos, pois, salvo melhor juízo, em alguns casos é manifesta a condição de não eleito.

É óbvio que José Saramago tem algumas qualidades como escritor, até mesmo em função de deter o Nobel de literatura. Todavia, pela minha humilde avaliação, ele não é nenhuma sumidade. Em "Ensaio sobre a cegueira" é possível observar uma linguagem coloquial, quase pobre, com uma narrativa tortuosa, embora sendo uma crítica social bem alinhavada. Mas ainda prefiro um Dostoievsky, Tolstoi, Thomas Mann, Wiliam Falkner, Humberto Eco e tantos outros, ao José...

Uma coisa é certa, o "acerto" de José Saramago com Deus ainda não é definitivo.

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Nietzsche: a morte de Deus?



Ao longo da história os homens vêm se indagando a respeito de Deus. Muitos, à semelhança de artífices, moldaram um deus que lhes fosse palatável. Esse deus se submetia a eles, ao invés deles se submeterem ao seu deus.


Grandes homens, escritores imortalizados pela história, brilhantes cérebros, se enredaram em profundas reflexões acerca da criação, da vida e dAquele que está por trás de tudo. Melhor dizendo, "daquilo" que antecedeu a criação, posto que, invariavelmente, tais virtuoses não reconhecem (reconheceram) efetivamente qualquer pessoalidade nessa "força criadora".

Voltaire asseverou: "Sempre me deixarei convencer de que um relógio prova a existência de um relojoeiro, e de que um universo prova a existência de Deus. Eu creio em Deus, não no Deus dos místicos e dos teólogos, mas no geômetra, o arquiteto do universo, o impulsionador primário, inalterável, transcendental, eterno."

Não se pense que esse deus desenhado por Voltaire é o Deus Javeh. Não. Esse está escondido em qualquer lugar, voltado para si mesmo, incomunicável; é apenas uma força do cosmos sem personalidade e sem qualquer vontade.
O existencialismo de Sartre se socorre da própria humanidade para sucumbir Deus, senão eliminá-Lo completamente: "Estou começando a acreditar que nada pode ser comprovado. Essas são hipóteses razoáveis, que tomam os fatos em conta: mas estou plenamente cônscio de que procedem de mim, que são meramente um modo de unificar o meu próprio conhecimento. A inquirição pela verdade, por conseguinte, é ainda mais fundamental que a inquirição pela existência de Deus" ( Novela 'Náusea').

O ápice, porém, desse completo distanciamento de Deus ocorreu com Nietzsche, conforme vimos em sua obra "Zaratustra". Um verdadeiro códice onde Deus é "morto"; um tratado filosófico do absurdo, conforme asseverou Martin Esslin sobre o ateísmo de Nietzche em sua obra 'The theatre of the absurd'.

Sobre o filósofo alemão (Nietzsche) e a sua propalada "morte de deus", eis as suas afirmações:

"O mais importante entre os acontecimentos recentes - o de que "deus está morto", o de que a crença no Deus cristão tornou-se indigna de fé - já começa a lançar suas primeiras sombras sobre a Europa... De fato, nós, os filósofos e espíritos livres, sentimo-nos irradiados como que por um novo raiar, ante a notícia de que "o velho Deus está morto"; nossos corações transbordam de gratidão, espanto, pressentimento expectação. Finalmente, o horizonte parece aberto uma vez mais, mesmo que concedamos que ele não brilha ainda; nossos barcos pelo menos podem lançar-se a mar alto, em face de todo perigo; toda temeridade é novamente permitida a quem pode discernir; o mar, o nosso mar, novamente jaz franqueado diante de nós; talvez nunca antes houvesse existido tal mar aberto".

No meu entender e sem simplismos que possam diminuir a discussão, essa teoria é terrível; faz tremer o coração daquele que nutre a menor fé. Denota-se um verdadeiro escárnio das palavras do filósofo que, ao se ver "livre das amarras do Deus irado e personalíssimo", festeja a sua 'morte', em benefício da sua plena liberdade então adquirida. Esse é o torto raciocínio. É a soberba arrogância da criatura que não quer se submeter, que se basta. Temo que neste exato momento ele conheça a essência da verdade absoluta...

Vai daí que, segundo os adeptos dessa "teologia" 'a morte de Deus remete a um acontecimento real e não pode ser considerado como ateísmo: Deus morreu em Cristo (...) e como tal, é agora um acontecimento final e irrevogável, que não pode ser revertido por algum movimento religioso ou cósmico subsequente. Deus se encarnou plena e totalmente em Cristo... um processo dinâmico do imanente que se tornou transcendental', segundo a definição de T. J. J. Altizer.

Há a negação total da trindade na medida em que elimina-se uma das pessoas (Deus Espírito) que é, no dizer dos teólogos da 'morte de Deus', suprimida pelo Deus encarnado.

O mesmo teólogo acima citado (T. J. J. Altizer) arremata: "Somente aceitando, e mesmo desejando a morte de Deus em nossa própria experiência é que poderemos ser liberados de um além transcendental, de um além alienado que foi esvaziado e obscurecido pelo auto-aniquilamento de Deus em Cristo.'

Muitas pessoas , como afirmei no início, querem construir um deus que possa ser agasalhado no seu intelecto, manietando-o. Quando não conseguem urdir um ser assim, frágil e ao mesmo tempo grandioso, desacreditam d'Ele. Criam óbices para a sua existência; tentam desconstruí-Lo, ou, até mesmo, matá-Lo.

Albert Einstein, com todo o seu brilho e saber (ou apesar de), materializando a sua incredulidade aduziu: "Não posso imaginar um Deus que recompensa e pune o objeto de Sua criação, cujos propósitos são moldados de conformidade com os nossos propósitos - em suma, um Deus que é apenas um reflexo da fragilidade humana."

Ocorre que Deus é Deus; Soberano, Onipotente e Todo Poderoso. Não deve qualquer justificativa às suas criaturas, simplesmente porque é o Criador. Não admite discussão e não necessita das suas criaturas, ao contrário, elas é que dependem d'Ele até mesmo para encher os seus pulmões de ar. Os Seus desígnios são insondáveis e as Suas resoluções são unilaterais. Ele é, queiram ou não.


Quer acreditar nesse Deus? Não? Mesmo assim Ele continuará sendo Deus, apesar de você...



(Fonte de pesquisa: "Cristianismo: A melhor Resposta", CHAPMAN, Colin, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo, 2ª edição, 1985, tradução João Bentes)

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Poeticamente Rute


Uma breve história bíblica não somente me toca como me emociona profundamente pela sua beleza poética: Noemi e Rute, especialmente o trecho narrado em Rute 1:16-17 , verbis: "Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te, porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti".

A meu ver, é inenarrável a beleza que transborda desse pequeno texto! Quanta lealdade, e ao mesmo tempo, quanta doçura. É possível sentir a imensa força erigida dessas palavras.

Tantas vezes li esse texto e em todas elas visualizei a cena nos seus detalhes: a sogra, velha e alquebrada, sem qualquer perspectiva na vida, a não ser sobreviver em uma época de grande escassez pela bondade e misericórdia alheias. A nora, provavelmente ainda bem jovem, em igual situação de desvalia, mas com alguma perspectiva, desde que retornasse à sua terra e à sua parentela.

No entanto, Rute não titubeia, não transige, se mantém irrevogável na sua decisão de seguir a sogra onde ela for, mesmo que seja para viver e morrer em terra estranha. Belo. Para mim esse texto é superlativo.

A lealdade de alguém para com outrem sem vínculo de consanguineidade; o amor que nada exige em troca, sacrificial, amor ágape. Sublime.

O mesmo amor que não teve Pedro para com o Seu mestre ao negá-lo três vezes.

em mim a certeza de que o Criador estendeu a sua graça para Rute, resgatando-a dos seus ídolos, das suas tradições pagãs e trazendo-a para o Seu seio; inculcando-lhe ainda grande bondade. Por si mesma, em razão das suas próprias escolhas e arbítrio, não poderia ela ter se disposto a tamanho sacrifício. Assim creio.

As nuances do texto, os dilemas íntimos que imaginamos ali, os sentimentos intrínsecos, as inseguranças, o medo, tudo a indicar e a fazer inferir o abandono por parte da jovem. É isso que vemos hoje. E é isso que sempre houve. As pessoas tendem a se proteger nas tribulações, nos momentos de aflição, se encapsulando, buscando o seu próprio escape.

Todavia, Rute se manteve firme e inarredável, peremptória na sua decisão de morrer, se necessário fosse, na companhia de Noemi. Pungente.

Quantas Rutes ainda há? Quantos de nós nos sacrificaríamos por alguém , ainda que não fosse a nossa sogra (não resisti)?

Concluo com o Apóstolo Paulo: "Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei" (1 Coríntios 13:2).


Em Cristo.

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

A minha igreja entrou no reteté!!!


Sou batista histórico e tradicional, e como todos sabem, esses tais costumamavam afirmar categoricamente seguir a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, zelando pela sã doutrina e sem se deixar "contaminar" por ventos, ou comichão nos ouvidos. Pois é, era assim...

Eu, e a Igreja aonde congrego, bem fixada, bem enraizada no Evangelho, sempre sóbria, prezando o culto racional (aquele de Paulo), nos sentíamos bem estabelecidos, bem resolvidos, completamente acertados com relação à liturgia. É bem verdade que a ordem do culto já não era aquela de outrora, podendo se dizer que aglutinaram-se novos costumes em razão do próprio dinamismo que a tudo rege. Afinal, tudo muda, essa é a tônica da vida. E nem sempre a mudança significa o aniquilamento do que antes havia, uma vez que é possível aprimorar-se algo, mesmo que seja a liturgia. O fato é que o culto se tornou muito mais movimentado: palmas, aleluias, glórias a Deus, "louvor" moderno, etc. Até aí tudo bem, pois ainda é possível afirmar que "tudo está sendo feito com ordem e decência".

É estranho como as heresias vão chegando sutilmente, como que apalpando o terreno, sondando... O heresiarca é hábil, manipulador, persuasivo. Ele diz, mas sem dizer realmente. Ele nega, sem de fato negar, mas deturpa a verdade , porque tira-lhe a essência. E é assim que o processo de desconstrução da verdade se consuma: muda-se a verdade dos evangelhos. A criatura passa a ser a "bola da vez".

Não se pense que o instrumento da heresia, o seu implantador, venha negando Jesus com palavras claras, ou que elimine a Pessoa de Deus. Não. Ele apenas suga a fé verdadeira das pessoas, tornando-as mortas.

Assim é na "minha" igreja. O assassinato da fé está ocorrendo com a implantação da teologia da prosperidade. O pregador promete a cada semana que "hoje será o dia da sua vitória" (ela vem? ) , insuflando nos incautos fiéis a ganância e a avareza. Ensinando-lhes - habilmente - que a vitória, seja qual for, vem por seu intermédio.

Esse processo de desconstrução da fé genuína caminha a passos largos. O triunfalismo impera. Prega-se o "eu posso vencer" , através de frases empacotadas trazidas prontinhas para que as pessoas repitam. É o mesmo processo da autoajuda. Ensina-se que o homem se basta, anulando-se a figura de Cristo. Mas as pessoas, em sua grande maioria não veem, pois elas estão cegas pela boa fé.

No mesmo pacote o heresiarca traz também os rituais - um deles é essa vã repetição a que fiz alusão. Outro, talvez o mais importante, seja a "quebra de maldições": nas pessoas, na igreja, nos objetos, no prédio, etc... Mais um vez vemos Cristo sepultado, o seu sacrifício anulado. O homem toma o lugar do Cordeiro. Dele vem o remédio para todos os males: do corpo da alma, da mente.

O homem cura, faz revelações... e a revelação única e verdadeira fica em segundo plano, pois as pessoas querem saber dele o que "Deus está dizendo". Então ele responde: "Deus está me dizendo que..."

Unções... muitas unções. De todos os tipos e gostos. O heresiarca, à maneira de um pequeno deus, distribui unções para todos. Quase como se dissesse: - "ninguém ficará sem unção, não se acotovelem!"

E tudo culmina, no final, com o reteté. Pessoas levadas ao transe, uns chorando, outros gritando em "estranhas línguas"; grunhidos. Muitos caindo, ao serem "ministrados" pelo ungido. Calma, eles estão caindo na unção...

Eu decididamente não quero essa unção. Rejeito a unção, dispenso o reteté; quero me manter na vertical, prefiro falar o meu idioma, uma língua inteligível.

Não preciso da unção de homem algum, pois tenho a unção de Cristo. Ele habita em mim desde o dia em que eu o aceitei, reconhecendo o seu sacrifício na cruz como propiciação pelos meus pecados, a sua filiação divina, a ressurreição ao terceiro dia e a sua ascensão aos céus.

Definitivamente não creio nessa batalha espiritual de caça aos demônios, pois não é esse o objetivo da Igreja de Cristo, mas pregar o seu " IDE". Afasto peremptoriamente a possibilidade de um crente ser possuido por demônios, pois acredito em um Deus Todo Poderoso: as trevas não coabitam com a luz. A unção adquirida com a conversão expulsa essas entidades malignas. Deus ampara. Não fosse assim, Deus seria fraco, logo, não seria Deus.

Esses, os tais, pregam um Deus que necessita da sua "ajuda". Um Deus claudicante. E eles veem anjos, determinam aos anjos em suas "sessões" para "cirurgiarem" as pessoas (sei lá o que isso significa). Eles bradam: - "enfia a epada anjo, enfia a espada!".

Eles sabem exatamente o momento em que o espírito santo desce sobre o povo: - É agora, ele está chegando! Sintam! Fechem os olhos! E a música ao fundo, sempre se repetindo, os mesmos acordes, a mesma canção...

O ungido se torna necessário, insubstituível, ele tem que orar por muitos. Ao término, a fila se forma - eles querem a SUA oração. Ele agora se transmudou em INTERMEDIÁRIO do Criador.

Não, eu não quero, pois já tenho um intermediário. Não preciso de santos ocos. Convém que eu diminua...

Sim, essa é uma IGREJA BATISTA TRADICIONAL, HISTÓRICA, podem acreditar.

Oooopa! Se alguém ficou sem unção, calma, pois terça feira tem mais...

(Que o Senhor Todo Poderoso tenha misericórdia da Sua Igreja)

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sábado, 3 de outubro de 2009

Esaú, o proscrito



muito tempo a condição de um homem na Bíblia vem me causando certa espécie: Esaú. Sempre senti uma certa tristeza e dó ao ler a sua história tão rapidamente delineada nas Sagradas Escrituras.

Agora, lendo um post publicado pelo professor Alan Brisoti sobre Ismael - que até comentei - tudo voltou-me à mente com redobrada força. Acho que ambas as histórias têm algo em comum, especialmente o fato de que os protagonistas não pediram para nascer, o que, pela ótica humana do certo e errado, justo e injusto, não poderia vir em seu desfavor.

A estranheza maior ocorre à luz de Romanos 9-11-13, onde o Criador decreta que, antes do nascimento dos gêmeos, para a finalização de seu propósito quanto à eleição, "amou Jacó , porém odiou Esaú".

À primeira vista, olhando pela ótica da justiça humana (trapo de imundície), não há qualquer pertinência nesse enunciado divino. Como? Porquê amar um e odiar outro sem que eles nada tenham feito, capaz de gerar empatia ou antipatia, antes mesmo de terem nascido? Qual o padrão dessa justiça?

Engraçado é que Deus, para impedir qualquer discussão (já sabendo de antemão que seria inevitável) decreta imperiosamente: "Há injustiça da minha parte? Não. Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão" (Romanos 9: 11-14). E Ele ainda arremata: "quem somos nós para discutir com Ele, quem poderia resistir à sua vontade? Pode o objeto discutir com o construtor?" (Romanos 9: 19-21).

Calvinistas convictos responderão com grande simplicidade: um foi eleito, o outro não; ou: é simplesmente a soberania de Deus. Eu acredito na soberania de Deus, não sou adepto do arminianismo, e ainda assim, a minha natureza indagadora persiste nessa indagação resistente, tentando apreender os motivos de Deus - mesmo sabendo que Ele não precisa de motivos.

A minha natureza humana, calcada nos meus valores, muito aquém dos pensamentos e motivações divinos, teima em buscar uma explicação. Porquê?

Esse, que Deus amou desde sempre, antes mesmo da concepção, demonstrou ser um mau caráter, dissimulado, oportunista , usurpador e, todavia, foi agraciado com uma rica descendência, sendo pai de uma grande nação escolhida por Deus para ser o Seu povo. O outro, não obstante nada ter feito para desagradá-Lo, gerou uma nação maldita (Edom), predestinada pelo próprio Deus à destruição. Porquê?

O histórico bíblico praticamente "mata" Esaú. Malgrado umas poucas vezes em que é citado, no advento da usurpação da bênção paterna (Genesis 27), volta a aparecer somente quando do reencontro (Genesis 33), perdoando o irmão trapaceiro. A partir de então Esaú desaparece do texto bíblico, sendo citada apeas a sua descendência. Porquê?

A Bíblia ainda nos faz inferir que Esaú era um bom homem, que, mesmo após ter roubada sorrateiramente a sua primogenitura, ainda foi capaz de perdoar o irmão e chorar com ele, dispensando qualquer prêmio em razão do perdão, então oferecido gratuitamente.

É imperativo acreditar que Deus nos fez assim tão indagadores, tão contestadores, por ter herdado d'ele essa semelhança, essa característica, que nos diferencia dos demais seres. Isso é resultado da racionalidade que provém d'Ele. Nas minhas divagações sobre esse e outros fatos enigmáticos da Bíblia eu sempre racionalizo que deve haver "um motivo não revelado", um "mistério" por detrás dessas atitudes de Deus. Tais características que me diferenciam e me individualizam como ser pensante e lógico me fazem também indagar: e Esaú, não obstante ter sido afastado da amizade divina sumariamente, foi também impedido de privar do Seu convívio ao findar a sua existência?

Ao tentar buscar o entendimento da essência por detrás das estranhas atitudes de Deus eu concluo que, embasar doutrinas como eleição e graça nos moldes do calvinismo, a fim de garantir e estabelecer a soberania de Deus não é tão difícil. A letra clara dos evangelhos e das Epístolas Paulinas levam naturalmente a esse entendimento. Difícil é entender a justiça em atitudes como as que distanciaram Esaú de Deus desde "antes do nascimento" sem que ele nada tivesse feito (obviamente) para culminar nisso.

Enfim, Deus é Deus.


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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Deus e eu


Cheguei em minha casa no fim do dia, lusco-fusco, extenuado, nem tanto pelo cansaço físico, mas mental, diante das mazelas do cotidiano.
Não raramente me pego a pensar em Deus, mas não nos seus atributos, ou nas suas qualidades intrínsecas, estas eu conheço pela Bíblia e estou absolutamente convencido. Sei quem é Ele, creio na sua graça salvadora e ponto final. Penso na sua complexidade. Não consigo acomodá-Lo no meu pequeno intelecto.

As perguntas naturais que ocorrem a todos os seres humanos também me perseguem: quem é Ele? De onde veio? Porque sempre existiu? Parecem, 'prima facie' , perguntas até infantis, mas não são. Não são mesmo! Os maiores teólogos, os grandes estudiosos que já passaram por essa terra tentaram decifrar esse enigma e jamais conseguiram. Costumo dizer que a matéria com que Ele nos formou, consoante ser a bênção da nossa existência como pessoas, seres pensantes, é também o que trabalha contra nós, pois ela nos limita. Paradoxal? Talvez.

Ao me perder nos meus devaneios transporto-me a uma época (?) em que nada existia, e ainda assim Ele contemplava a face do abismo. Retrocedo mais ainda e além do abismo imagino uma solidão e silêncio totais, quando sequer os anjos haviam sido criados. Confesso que a tristeza me invade, estou de fato condoído pela solidão lancinante do Criador... Será que ele se sentia só? Entediado?

São apenas conjecturas, todavia eu acho que sim, Deus se sentia sozinho. Prova disso é que criou, primeiro, as criaturas celestiais para se interrelacionarem com Ele. Não fosse assim não os teria criado, pois Ele se basta. E poderia ter parado por aí, pois a Bíblia nos faz inferir que são milhares, senão milhões deles.

Ele nos criou, mesmo sem uma aparente necessidade... isso me faz pensar. Porquê? Ele já era glorificado o bastante pelas suas criaturas angelicais, qual a necessidade havia para criar outras criaturas, inteligentes, porém tão frágeis? É difícil uma resposta, pois nos adentramos nos pensamentos e motivações de Deus.

A lógica humana me faz conjecturar que Deus não se encontrava ainda satisfeito, pois caso contrário não nos teria criado. Sendo perfeito, todas as suas atividades obedecem a um projeto definido, uma vez que os seus atributos Lhe permitem conhecer o que ainda não aconteceu, ou aquilo que irá acontecer. Logo, nós somos um projeto de Deus muito importante, talvez o maior de todos.

Quem sabe Ele tenha nos feito menores do que os anjos, no que tange aos seus poderes, tão frágeis e limitados pela matéria, exatamente para nos AMAR tanto. Sim, é isso mesmo, Ele nos fez para sermos objeto do seu grande amor. Não há outra explicação.

O Excelso Criador precisava amar, assim fomos criados para que esse imenso amor fosse manifesto em nós. Por isso somos criaturas especiais para Deus, a Bíblia comprova isso. E ainda assim nós O rejeitamos diuturnamente, fazendo com que Ele sofra (...) "com gemidos inexprimíveis".

Contudo, Deus ainda não se sentia satisfeito. Antes mesmo de nos criar, quando ainda nos gestava em sua mente intemporal, sabia que iríamos pecar e decair da sua bênção. E Ele não queria nos perder! Sendo justíssimo, Ele não poderia nos perdoar sem qualquer merecimento. E méritos não tínhamos nenhum, justiça alguma possuíamos por nós mesmos. Ele então, por intermédio da sua Graça, deveria nos tornar justos, mesmo sem qualquer mérito. Como? Da única forma possível: "dando a si próprio por intermédio do Seu filho amado, como propiciação pelos nossos pecados e pelas nossas trangressões e iniquidades".

A maior prova de amor que alguém poderia dar. Não, a maior prova de amor que NINGUÉM poderia dar, somente Deus: abrir mão da sua divindade, fazer-se carne, descer ao mundo e padecer as dores como qualquer ser humano, e morrer por nós uma morte humilhante. Morte de cruz. Ser pendurado no madeiro, sangrando, moído; depois de ser escarnecido e vilipendiado. E ainda assim, mesmo sendo Deus, a tudo suportando, pelo grande amor que tem, teve e sempre terá por nós.

Esse é o meu Deus. Esse é o Deus que merece de mim todo respeito, toda honra, glória, culto, exaltação e amor. Nada que eu fizer retribuirá tudo que Ele fez por mim para possibilitar a minha salvação e estar com ele pela eternidade. Amém.




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Eparrei... Jeová! (macumba evangélica)



Por José Barbosa Junior


Já faz tempo que venho dizendo que muitas de nossas igrejas têm perdido o rumo. Não precisa ser profeta e nem um “expert” em teologia para perceber como de forma gritante temos nos afastado da simplicidade do evangelho de Cristo.


Nesses muitos caminhos e rumos que a igreja dita “evangélica” no Brasil tem tomado, um dos que mais me preocupa é a proximidade com o “baixo-espiritismo”. Aquilo que era um de nossos maiores “inimigos” parece que se transformou em modelo. Não é impossível hoje traçar paralelos entre alguns cultos “evangélicos” (principalmente os do “baixo-pentecostalismo”) e alguns rituais de terreiros de umbanda.


Em muitos de nossos encontros percebemos claramente a tendência espírita-pentecostal. Um grande amigo certo dia me telefonou muito preocupado. “- Junior, transformaram minha igreja num terreiro... o pessoal chega lá, canta, canta, canta, até entrar em transe e algum profeta “receber” o espírito e então ‘entregar’ a palavra... igualzinho nos terreiros de macumba onde os atabaques ficam tocando até o espírito-guia ‘descer’ e encontrar seu cavalo.


”Pensei naquele momento que ele tinha toda a razão. Parece que só muda o nome do “guia”. Penso que não demorará o dia em que estaremos em algumas dessas “igrejas” e em determinado momento escutaremos sem vergonha alguma: “Eparrei, Jeová... humm.... eis que te digo... mizinfio precisa de sacrificar mais alguma coisa pro ‘espírito santo’ se apossar de vosmincê...”


Outro dia mesmo ouvi de uma “tia” que ia à casa dos irmãos para “orar os cômodos” e afastar as maldições. Lembrei-me de meus tempos de infância quando, ainda ignorante acerca do evangelho, apreciava as benzedeiras que além de “rezar” as crianças (eu mesmo fui “rezado” algumas vezes) visitavam nossas casas para afastar os “maus-olhados” (mas não acabavam com nossos olhos maus).


Permitam-me um adendo aqui. Muitos devem estar perguntando se eu já fiz oração quebrando essas maldições. Não! Quando cri em Jesus e entreguei minha vida ao seu senhorio, o seu sangue lavou-me completamente. Não precisei de uma segunda dose do sangue para me livrar de maldições passadas, o seu único sacrifício foi suficiente. Naquele dia nasci de novo... TUDO se fez novo.


Voltando ao assunto do espiritismo evangélico, essa prática espírita já tomou sua roupagem evangélica através das “tias”, dos “profetas” e tantos outros “irmãos abençoados” que fazem da sua principal missão perseguir o diabo e seus demônios e encontrá-los camuflados e escondidos nos cômodos de nossas casas. Quase sempre eles gostam de se esconder em objetos “sacrificados” aos ídolos, filmes da Disney (herança das pregações assustadoras do Josué Yrion), discos “mundanos” (eu ainda espero completar minha coleção de música “jupiteriana”), e qualquer outra coisa que ofenda o gueto evangélico.


Fico pensando quando é que vão perceber que há muito mais maldição em nosso meio, através de falsos líderes, movimentos que anulam a graça, como o movimento re-judaizante, encontros místicos com regressões e mantras evangélicos, pastores-bispos-apótolos mentirosos que têm levado suas igrejas a perderem o rumo para perpetuarem seu nome (o nome do líder). Isso sim traz maldição, pois enganam o povo em nome do Deus altíssimo.


Minha esperança (eu ainda tenho esperança) é que um dia a igreja que se diz evangélica REALMENTE se volte para o Evangelho puro e simples revelado por Deus em Sua Palavra e abandone essas práticas animistas-espíritas, onde seres humanos servem de “cavalos” à sede de poder e autoridade deles mesmos e de seus falsos-pastores.Só queria ouvir “Misericórdia, Senhor!” ao invés de “Eparrei, Jeová!”


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