terça-feira, 21 de agosto de 2012

A (minha) síndrome




Mais uma vez o sumiço. Quando eu disse que estava retornando, o retorno se fez fictício, já que nada mais foi escrito aqui no blog.  Pura ausência, nadica de nada.


Mas passemos aos fatos, posto que hoje é preciso escrever alguma coisa. Algo atual que está acontecendo comigo e  que eu faço questão de compartilhar com irmãos e amigos. Não há o que esconder, muito pelo contrário, vejo que em tudo o nome do SENHOR está sendo engrandecido. Não se trata de qualquer testemunho também, eu os abomino.


Compartilhei no facebook meio que en passant um problema que acometeu com a minha saúde e que, resumindo, trata-se de uma deficiência visual no olho esquerdo que surgiu abruptamente, sem qualquer aviso: estava eu assistindo TV há mais ou menos 60 dias, quando, de repente, surgiu uma grande sombra na minha vista esquerda. Depois de três dias, a sombra se manteve, o que me obrigou a buscar especialistas na cidade de Cuiabá. Depois de cansativos exames, ultrassonografias, tomografias, etc, fui diagnosticado “provavelmente” com toxoplasmose ocular e imediatamente medicado com uma grande carga de corticoides.


No entanto, por precaução, resolvi ter um segundo diagnóstico e então fui até Goiânia, exatamente por ser hoje um dos melhores centros oftalmológicos do Brasil e do mundo. Com um excelente médico indicado junto ao CBCO, dirigi-me até lá com a minha família a tiracolo (como ficar sem elas, as minhas mulheres?). Ficamos então hospedados em uma belíssima cobertura de um primo médico (parte boa), cujos filhos também são médicos – e a mais nova, Cristiane, fazendo residência em oftalmologia. Aqui começam as “coincidências” divinas, as quais quero mais enfatizar neste texto muito pessoal. Encurtando a história, a Cristiane me pediu que consultasse com a sua professora, com especialidade em neuro-oftalmologia, exatamente a área em que minha visão se encontrava afetada. Assim fiz.


Fui atendido por uma excelente médica, pessoa de rara generosidade. Eu e a minha esposa, porém, sentimos naquela mulher uma grande tristeza e eis que ela nos confessou assim  repentinamente que estava passando por um difícil período, pois a sua irmã, advogada de 32 anos, havia sido acometida de uma raríssima síndrome e alcançada por um AVC quase fatal, ficando três meses internada no hospital (UTI), agora em casa com acompanhamento de enfermeiras em razão das limitações físicas advindas do acidente vascular. Fizemos as nossas considerações e desejos de melhoras, mas mais não foi dito. Examinado por ela, houve a constatação imediata de que não se tratava o meu problema de toxoplasmose ocular, considerando-se desde já a possibilidade de uma doença autoimune, como, por exemplo, a esclerose múltipla – e confesso que essa possibilidade me deixou atemorizado.


Fui então encaminhado pela profissional a outro médico, um excelente reumatologista, o mesmo que havia diagnosticado a síndrome da sua irmã (da médica) e que estava tratando-a (ainda está). Descartou-se também sumariamente a toxoplasmose ocular, ficando-se com a possibilidade dolorosa da esclerose múltipla. As coisas não estavam se encaminhando bem... contudo, por incrível que possa parecer, a calma e a serenidade me acompanhavam naqueles dias, assim como têm me acompanhado até agora. Sustenta-me o Senhor, tenho plena certeza.


Encaminhado a uma série de exames,  inclusive genéticos com punção do líquido espinhal (um negócio chato), no dia seguinte, um dia antes de retornar para casa, aquela médica me ligou meio preocupada dizendo que necessitava falar comigo de qualquer jeito, antes do meu retorno. Coincidentemente eu já estava abrindo o meu email para verificar resultados de exames que haviam me enviado do laboratório. Eram exatamente aqueles genéticos voltados para algumas síndromes,  como esclerose múltipla e outras mais. Vi, admirado, que um deles deu positivo, referente ao alelo B-51. Sem explicações complementares, fui ao bom google e descobri que estava com a síndrome de Behçet (http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de_Beh%C3%A7et), uma doença autoimune que ataca miseravelmente o organismo, fazendo muitos e muitos estragos nas articulações, veias, vasos sanguíneos, nervos, pulmões, coração e sistema nervoso central. No meu caso, o ataque foi, ao que parece até o momento, nas articulações e nervos, razão do ataque ao nervo ótico. Daqui pra frente terei de fazer um severo acompanhamento vascular, neurológico, etc.


A notícia causou muita dor à minha esposa e filhas, pois o impacto imediato realmente é grande. Conversamos muito e chegamos à conclusão de que Deus estava e está conduzindo todo o processo. Ele me levou aonde eu deveria ir, para consultar quem deveria ter consultado. Desviou-me do meu caminho inicial e conduziu-me ao Seu caminho. A serenidade então me acompanha desde aquele momento até o presente, e me acompanhará para sempre.


Com ou sem síndrome, afetados ou não por doenças, sejam elas as piores, estamos de fato nas mãos de um Deus Todo Poderoso, aquEle Oleiro que faz o que quer das suas criaturas (Romanos 9), querendo elas ou não! Creio, agora confrontado com a minha fé calvinista, tantas vezes criticada, que Deus controla todas as coisas; que no Seu Decreto Eterno o meu dia está marcado, assim como o de todos nós. E será um dia de Glória! Se eu temo a morte, que espécie de fé tenho? Mas, se ainda que tema, perca a serenidade e a alegria de viver, morrendo antecipadamente a cada dia e levando à morte aqueles que estão à minha volta e que me amam, que espécie de fé é esta que tenho? Que cristão serei eu?


Decidi ter dias serenos e alegres, porque estou me sentindo assim. E sei que a paz que sinto diante de uma situação tão difícil excede todo entendimento, porque é a paz que vem de Cristo. Não sei o que acontecerá no futuro, pode ser que o meu organismo seja constantemente atacado, ou não. Uma coisa é certa, repito, não anteciparei qualquer sofrimento que possa vir.


Enfim, consegui compreender de maneira factível (se assim posso me expressar), ou melhor, de maneira concreta, real, dura e inexorável, que a minha fé está mesmo de acordo com aquela retratada em Hebreus 11:1, cuja certeza e convicção prescindem da sua materialização. Deus não precisa e não deve ser provado. A minha fé, hoje confrontada, não exige a cura da minha doença. Nem sequer espero tal cura.


A síndrome, em si, está a cooperar comigo, na medida em que fortalece a minha fé, me aproxima mais e mais dos meus queridos e me traz calmaria ao espírito, serenidade e equilíbrio.


Em tudo, que seja Honrado e Glorificado o Senhor.

Ps: A minha síndrome é a mesma da irmã da médica e estou sendo tratado pelos mesmos médicos que dela tratam: reumatologista e neurocirurgião. Coincidência?

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