sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Deus que vive em mim e o outro "deus"









Há algo estranho acontecendo no cristianismo atual: as pessoas são céleres em declarar a sua fé em Deus, exalam essa fé através de inúmeras demonstrações de "espiritualidade", porém, emulam o Criador.

É corriqueiro ver "evangélicos" de todas as correntes (neopentecostais, pentecostaise históricos) declarando uma fé genuína, sem aceitarem, contudo, a plena soberania de Deus.

Uns, querem o Criador lhes servindo, quase como um serviçal, dando-lhe ordens e determinando ações. Outros, negociam a sua "atuação" em suas vidas de várias formas: oferecendo dinheiro em troca de benesses à semelhança de um 'escambo espiritual', ou com pedidos os mais estranhos travestidos de 'oração', ou troca de favores, etc. E há aqueles que ainda são tão espirituais, tão profundamente ungidos, que conversam 'tête a tête' com o criador, como se fossem verdadeiros 'camaradas' em uma prosa entre iguais.

Difícil é encontrar pessoas que vivenciam de fato a soberania de Deus em suas vidas. Não é tarefa fácil 'pescar' nas igrejas homens e mulheres que admitem um Deus absoluto a lhes comandar os destinos conforme a Sua santa e reta vontade. Nas mais das vezes, aqueles mesmos que se declaravam plenamente submetidos ao senhorio de Cristo, negam a sua própria miserabilidade, a total depravação da vontade para buscarem Deus, se agarrando desesperadamente ao inextinguível "livre arbítrio".

Como é difícil acomodar um Deus soberano em um homem dotado de livre arbítrio...! A meu ver, uma qualidade elimina a outra. Ou Deus é verdadeiramente soberano, ou o homem é plenamente livre para buscá-Lo. A se aceitar que o homem é dotado de plena liberdade para ir a Deus, as Escrituras mentem (Jo 6:44, 6:65; Fl 2:13; Rm 8:30, 9:14-23...).

É triste conceber que vivemos uma era de "homens fortes" e de um "deus fraco, menor, de poder atenuado. Reconstroem-se novos olimpos, levantam-se das suas 'madres 'pós-mordernosas' e liberalizantes titãs, deuses humanos, rivalizando com o Deus único.

Enquanto mais crescem os cristãos, novas pesquisas pipocando aqui e ali comprovando o "maravilhoso crescimento dos evangélicos", tanto mais o Todo Poderoso diminui. Ele agora está ofuscado pelo "poder do homem. É tênue a linha imaginária que os separa.

A humanidade está matando Deus a cada momento em que declara pomposamente o seu livre arbítrio, ou quando se iguala a Ele em uma simbiose satânica. Os homens estão assassinando Deus quando O desenham em cores fracas, tornando-O quase invisível, quase confundindo-O com os elementos, ou consigo mesmos.

Conquanto façam tudo para destruí-Lo Ele ainda continuará a ser Deus e viverá nos corações dos eleitos até a consumação dos séculos, quando estes forem definitivamente separados para a eternidade com o Criador.

Enquanto Ele não vem, a minha oração diária será: "Senhor, dá-me forças para perseverar na Sua Palavra, pois sou um pecador miserável e sem qualquer mérito; renova em mim a cada dia a sua graça e perdoa-me pelas minhas fraquezas e iniquidades". Amém.

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Estranho e Soberano Deus

Há duas passagens referentes a dois personagens na Bíblia que revelam um Deus muito estranho, pelo menos diante da limitação humana, insuficiente para apreender a insondável profundidade do Todo Poderoso. Eu me refiro ao profeta Ezequiel (Ez 24:15-18), especificamente à morte de sua esposa, e a Oséias e seu casamento (Os 1).

No primeiro caso a passagem me parece literal e revela um Deus que, para cumprir os Seus desígnios, se vale das suas criaturas como bem lhe aprouver, segundo a Sua vontade e de acordo com os seus projetos.

Ao que tudo indica, o profeta Ezequiel tem uma predileção especial pela esposa e companheira, nutrindo por ela grande amor e profundo enlevo, uma vez que Deus se refere a ela como a "delícia dos teus olhos" (Ez 24:15). E, não obstante, o Soberano vaticina ao profeta, sem nem mesmo lhe preparar o espírito para tão dura notícia: "tirarei a delícia dos teus olhos".

A esposa amada será tirada sem que se apresente qualquer motivo ou justificativa. Grosso modo, não se trata de punição ou castigo, tampouco de um projeto previamente definido. Não há razão aparente para tal proceder, o que nos remete a Romanos 9:14-23: "quem resistirá à sua vontade? Quem poderá discutir com Ele? Quem dirá a Ele para ter ou não misericórdia?

O mesmo Deus que livra Israel dos seus inimigos é o Deus que pune. Não satisfeito em tirar a delícia dos olhos do profeta, Deus ainda lhe determina peremptoriamente: "...não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas. Geme em silêncio, não faças lamentação pelos mortos, prende o teu turbante, mete as tuas sandálias nos pés, não cubras os bigodes e não comas o pão que te mandam" (Ez 24:16-17). Ou seja, o Criador está dizendo ao servo que lhe tirará a esposa amada, mas ele deverá se manter altivo, sem o semblante descaído, sem choradeiras e lamúrias, mas que continue trabalhando (mete as sandálias nos pés) como se a vida corresse normalmente.

No segundo caso, não se sabe se a passagem é de fato literal, ou se se trata de uma alegoria, uma vez que os estudiosos divergem entre si. O fato é que Deus, ao falar com Oséias, ordena que ele vá e busque Gômer, a prostituta, e com ela gere filhos. O Todo Poderoso não oferece qualquer alternativa, apenas determina: -Vá, busque a prostituta e com ela tenha filhos.

Se de fato a passagem bíblica for real, literal, e não apenas uma alegoria, Deus alinhava todo esse roteiro apenas para traçar uma analogia com a nação de Israel que houvera se 'prostituído', desobedecendo à sua vontade, embora sendo povo escolhido, tornando-se 'esposa adúltera', corrompendo-se em crimes e imoralidades.

A conclusão a que chegamos, não somente pelos dois fatos colocados à lume, é que a soberania de Deus é absoluta. Ele usa as suas criaturas como lhe aprouver, quando quiser e conforme a sua vontade, sem prestar contas a ninguém. No entanto, Deus não faz nada aleatoriamente, nada que não obedeça a um plano preordenado. Pelos seus atributos, Ele não administra o caos e nem é o seu autor. A nós, enfim, sendo seus filhos, devemos tão somente obedecer, reconhecendo nEle toda a sabedoria, poder, soberania e amor. Nos submetendo à Sua vontade como massa nas mãos do oleiro.

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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sobre lobos vorazes (...) - e irmãos

Nos meus dois posts anteriores eu condeno a atitude liberal e pós-moderna da comunidade evangélica em geral e da minha em particular, pelo foco demasiado no homem - a figura do "profeta" - ficando Deus e seu filho unigênito relegados a segundo plano.

Quero mais uma vez reafirmar as minhas assertivas anteriores, porém, cristalizando a certeza de que amo a minha igreja, os meus irmãos e o pastor - o que motiva a minha imensa preocupação com os rumos que estão tomando, ao substituirem a suficiência de Deus e do Evangelho de Cristo pela experiência humana baseada em sinais, prodígios e doutrinas de homens.

Se há algo que marcou de fato a reforma foi a "Declaração de Cambridge", afirmando a inerrância das Escrituras como fonte única da revelação divina escrita, culminando em que a obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada dela (Sola scriptura); a suficiência de Cristo no processo da salvação pela justificação (Solos Christus); a suficiência da graça como causa eficaz da salvação em Cristo, excluindo a capacidade humana nesse processo, a teologia da autoestima, prosperidade, etc (Sola gratia); a suficiência da fé em cristo no processo salvífico, mediante a graça (sola fide); e que toda a glória deve ser dada exclusivamente a Deus, o autor da nossa salvação (Soli deo gloria).

A declaração de fé da denominação Batista (histórica) é baseada nos princípios em epígrafe.

Por tais razões, é inadmissível a aceitação de atitudes ou experiências que contrariem esses princípios, como os atos proféticos, profecias humanas, teologia da autoestima e autoajuda; da prosperidade, cair na unção, etc, uma vez que a figura de Cristo fica relegada a segundo plano e a glória que somente deve ser oferecida a Deus é desviada.

Sendo suficiente a Escritura, desnecessário que busquemos profecias humanas. A palavra de Deus é inerrante e imutável, tem origem conhecida (Deus), enquanto que as referidas profecias provém de homens, e cuja origem ninguém pode afirmar (1 Cor 13:9-10). Logo, repito, a experiência humana jamais poderá suplantar a inerrância da escritura, normalmente conduzindo a terríveis erros.

O Evangelho da prosperidade e da autoestima, com a exaltação do "eu" anulam a figura de Cristo, o seu sacrifício, assim como fazem tombar a graça. É o homem se bastando, nesse diapasão, tanto Deus como Cristo não são mais necessários. Estas atitudes se caracterizam em grave pecado.

A nefasta figura do "cair na unção" ofende todos os princípios acima alinhavados: não tem fundo escriturístico, promete santificação imediata, anula a figura de Cristo e confere glória exclusivamente ao homem. Paul Gowdy, um dos que introduziram essa nefasta "unção" na Igreja de Toronto veio a público relatar que é "maldição, engano satânico, com força destrutiva contra a Igreja". Portanto, cuidado!

Não há libertação senão por intermédio de Cristo, mediante a graça. Não há homem que faça outro homem se achegar a Deus, posto que somente Ele tem tal poder (Rm 3:10-18, 8:30, 9:11-23; Efésios 2:8-9; Filipenses 2:13). A batalha espiritual que pregam por aí é apenas falácia, uma vez que a libertação se dá exclusivamente por intermédio de Cristo, em consequência da fé, mediante o chamado de Deus.

Toda e qualquer unção prometida por homem é mentirosa. A Bíblia não comporta essa possibilidade, não prevê essa condição. E a única unção verdadeira é a que "vem do Santo" (1 Jo 2:20) não tendo necessidade que ninguém "vos ensine sobre ela" (1 Jo 2:27).

O apóstolo Paulo nos adverte que as heresias virão sobre a Igreja de Cristo, asseverando que "Até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem manifestos" (1 Cor 11:19). Aos crentes cabe analisar a Palavra e reter somente o que é bom, descartando o que não provém do Evangelho, como os atos proféticos, profecias humanas, teologia da prosperidade, autoestima, cair na unção, etc.

Concluo dizendo que apenas e tão somente cuido para defender a sã doutrina bíblica ( 2 Jo 1:10-11; Gal 1:8-9; 1 Tm 4:16; 2 Tm 4:3; Tt 1:19) para que os irmãos, os quais amo, não caiam no erro, afastando-se de Deus (Efésios 4:14).

A palavra ainda nos adverte que surgirão falsos mestres e falsos profetas com sinais e prodígios de mentira (Mateus 24:24; 2 Pedro 2:1-3).

A nós, como crentes, cabe vigiar, orar , crer em Cristo que nos justificou e na graça salvadora, não dividindo a glória de Deus com homens, ainda quando denominados "profetas" , e mesmo que prometam benesses, unções e poder.

Sola Scriptura! Solos Christus! Sola gratia! Sola fide! Soli deo gloria!

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre lobos vorazes (...) II

"Tende cuidado para que niguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Colossenses 2:8)



Como eu esperava, recebi um email no dia de hoje (cujo remetente não revelarei), sendo duramente criticado, não com refutações bíblicas comprovando o acerto das atitudes que critiquei no artigo anterior, que pudessem me convencer da biblicidade do "cair no espírito", "atos proféticos", "frases de autoajuda elevando a capacidade do homem", "quebra de maldição", "perseguição a demônios e exorcismos na igreja", mas apenas como reprimenda por ter "criticado o ungido".

Sou implicitamente tachado de racional, apenas um leitor da Bíblia, mas sem espiritualidade. E mais, estou dividindo o rebanho, causando facção, ao defender a verdade da Palavra. Por tentar "manejar bem e com zelo o texto bíblico" (2Tm 2:15), perco o status de cristão espiritual.

Refutações às minhas assertivas, nenhuma...

A quem interessar possa, afirmo aqui neste blog: estou cansado, façam o que quiserem: atos proféticos, cair na unção, quebra de maldições, perseguição ostensiva a demônios, e o que mais for inerente à confissão positiva neopentecostal. Construam outra "igreja batista" dentro da Igreja Batista.

Nem precisa que me olhem de soslaio como se eu fosse um ser desagregador. Eu não sou. O meu único crime (imperdoável) foi tentar defender a sã doutrina (2 Jo 1:10-11).

De minha parte, quero continuar reconhecendo que sou um miserável pecador que necessita da plena e constante misericórdia de Deus, porém, como Paulo, reconhecendo que "O viver é Cristo, o morrer é lucro".

E "Convém que ele cresça, e que eu diminua" (Jo 3:30)

Em Cristo, o único Caminho para a salvação!

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domingo, 8 de novembro de 2009

Sobre lobos vorazes, mentiras e heresias

"Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura, em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! (Rm 1:25)




Tenho assistido com tristeza, principalmente pela leitura dos blogs apologéticos, a deturpação que vem ocorrendo no seio das "religiões" evangélicas - na verdade muitas são seitas que se originaram da busca incessante de pessoas que anseiam por milgres e prodígios.
Todo esse mal vem da nefasta confissão positiva e da diabólica "teologia da prosperidade", fazendo surgir a avareza nas pessoas e as afastando 'in continenti' das verdades eternas do Evangelho de Cristo.

Porém, o pior de tudo é ver esse mal corroendo a SUA própria igreja, a sua própria denominação. E assistir ao seu pastor, antes um homem sério, resistente aos modismos, heresias, ser engolfado pelo engano, engolido pela mentira - cedendo a outros apelos.

Consoante já afirmei aqui, alhures, sou batista tradicional. Porém, não tradicional no sentido de resistir a verdadeiros avivamentos espirituais, não no sentido de me apegar a dogmas e liturgias, a usos e costumes arraigados. Sou tradicional exclusivamente no que se refere à posição denominacional, cujos valores cristãos são guiados unicamente pelo "Evangelho de Cristo".

Pois bem, é terrível ver a sua denominação histórica ser invadida pelas crendices, misticismos e falsa espiritualidade calcados na nefasta confissão positiva: quebras de maldição, maldição hereditária, teologia da prosperidade, sinais e prodígios, visões, atos proféticos, determinismo, etc. A SUA denominação que antes professava o Evangelho real da graça e justificação pela fé (Efésios 2:8-9), reconhecendo que as obras humanas são apenas e tão somente trapos de imundície (Isaías 64:6), agora abraçando alegremente toda sorte de heresias, elevando o homem em detrimento da obra salvífica de Cristo na Cruz, esta amparada pela graça concedida por Deus aos seus eleitos.

É terrível ver o seu PASTOR sendo tragado por essas mentiras, seduzido pela promessa de crescimento do rebanho, enquanto outros líderes que estão à sua volta se esbaldam no reconhecimento, na importância recém adquirida, no poder que alcançaram sobre os seus incautos "seguidores". Sim, porque não é mais Jesus o centro da fé, mas o homem.

O que fazer quando a sua Igreja séria institui um "CULTO DE LIBERTAÇÃO" todas as terças feiras recheado por gritarias, atos proféticos determinando que riquezas vão surgir diretamente dos 'depósitos celestiais' para os irmãos? Quando o profeta à frente pega um aqui, outro ali, fazendo uma série de 'adivinhações' e previsões otimistas, mostrando "muitos carros na garagem" (Jesus está me mostrando muitos carros...)? E quando esse "profeta" chefia uma legião de anjos determinando que eles curem e libertem pessoas? E quando ele manda repetir um monte de frases feitas de autoajuda? E ainda, quando ele "ministra" sobre os fiéis impondo as mãos e os derrubando , ficando o átrio do templo coberto por corpos em êxtase induzido?

É de se perguntar: como fica Deus nesse tipo de culto? E a sua soberania, a sua Onipotência, a sua plena suficiência na vida dos eleitos?

Por que esse pastor que conhece a verdade se submete, e à sua igreja, a tais bizarrices anti-bíblicas, sabendo de antemão que tal proceder é contrário às determinações do Evangelho de Cristo (Rm 6:14)?

Não é nada fácil assistir a tudo isso e ainda ter que ouvir provocações do tipo: "... nós rompemos com o tradicionalismo e religiosidade"; "cuidado com a incredulidade". Ou ainda boçalidades como: "agora a espiritualidade está fluindo"; "o espírito santo está na nossa igreja".

E o mais inacreditável é a impassividade da "Convenção Batista Estadual", que tem conhecimento de todo esse comportamento esdrúxulo de suas igrejas e líderes, reprovando a tudo, mas nada fazendo de concreto para cessar os absurdos, heresias, mentiras e erros.

Por outro lado, analisemos a atitude do pastor e líderes dessas congregações. Se eles participam de uma denominação histórica que condena esse proceder, por que então tentam subjugá-la e impor uma fé contrária aos seus princípios? Essa atitude é honesta senhores? Vocês estão agindo com ética cristã?

Ora, se há algo que sobeja nesse nosso país são seitas. Logo, se esses líderes não se sentem bem acomodados na denominação histórica, calcada no Evangelho de Cristo, na salvação pela fé mediante a graça; que nega as obras da carne em prol da salvação, por que não procuram alguma outra que professe 'fé' semelhante à sua, ao invés de violentarem antieticamente a denominação a que pertencem?

Uma coisa eu lhes digo: a sua fé é sofismática, o Evangelho que professam não é o de Cristo, porque está firmado em obras da carne; os seus demônios são apenas seus, uma vez que o selo do Espírito Santo protege os eleitos de Deus e as trevas não convivem com a luz; os seus atos proféticos são apenas promessas, posto que afrontam a soberania de Deus; as suas obras como respaldo para a salvação ou libertação de homens são trapos de imundície; as unções que vocês transferem são mentirosas, pois só há uma unção verdadeira, a do Espírito Santo (1 Jo 2:27), que prescinde de intervenção humana; o seu "cair na unção" é enganoso, porque também não encontra respaldo bíblico, portanto, é anátema.

Vocês ensinam muitos caminhos para chegar à salvação, muitas técnicas para a libertação. Porém, só há um caminho: Cristo. Para trilhar esse caminho não há necessidade de nada do que vocês ensinam, mas somente de FÉ. E para chegar à fé não há necessidade de tais acrobacias (mentirosas), mas somente acreditar, pois a fé é "o firme fundamento das coisas que se esperam e a certeza das coisas que não se veem" (Hebreus 11). E esta fé, senhores, não vem de vocês ou das suas técnicas, ou das suas unções, ou dos atos proféticos, mas de Deus.

Portanto, vocês é que são incrédulos, uma vez que precisam materializar a fé, alimentá-la com obras da carne; ver anjos, "ver" o Espírito Santo.

Vocês dizem o que os homens querem ouvir, e prometem paz quando não há paz, têm visões falsas e adivinhações mentirosas (Ez 13), por isso Ele será contra vós , lobos roubadores. Naquele dia não adiantará que digam: "Senhor, Senhor... (Mateus 7:22). Vocês prometem riquezas materiais, curas, unções. E esquecem que se deve "ajuntar tesouros no céu" (Mateus 6:20), "porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mateus 6:21).

Vocês buscam a sua própria glória (Jo 7:18); arrependam-se enquanto é tempo, neguem-se a si mesmos, tomem a sua cruz e sigam a Cristo (Mateus 16:24), antes que venha contra vocês súbita destruição.

Tenham a certeza, o remanescente fiel lutará até o fim na defesa do Evangelho de Cristo.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O livramento da ira de Deus









J. I. Packer




Nos três capítulos de Romanos, Paulo está determinado a nos impor a pergunta: "se do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens", e "o dia da ira virá" quando Deus "recompensará cada um conforme as suas obras", como podemos nós escapar a tal desastre? A questão nos pressiona porque estamos todos "debaixo do pecado, "Não há justo, nem sequer um"; "Todo mundo" é culpável perante Deus" (3:9; 10:19). A lei não nos pode salvar, pois seu único efeito é estimular o pecado e nos mostrar como estamos longe de cumprir a justiça. A pompa exterior da religião também não nos pode salvar, assim como a circuncisão não pode salvar o judeu. Haverá então algum livramento da ira futura? Há, e Paulo sabe disso. "Sendo justificados pelo seu sangue", Paulo proclama, "Seremos por Ele salvos da ira" (de Deus) (5:9). Sangue de quem? O sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. E o que quer dizer "justificado"? Significa ser perdoado e aceito como justo. Como somos justificados? Pela fé, isto é, pela confiança total na pessoa e obra de Jesus. E como o sangue de Jesus, sua morte sacrificial, se constitui na base para a nossa justificação? Paulo explica isso em Romanos 3:24 onde ele fala da "redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue". Que é propiciação? É o sacrifício que afasta a ira pela expiação do pecado e cancelamento da culpa.

Isto, como veremos mais completamente adiante, é o verdadeiro núcleo do Evangelho; que Jesus Cristo, pela virtude de sua morte na cruz, como nosso substituto, levando nossos pecados, "é a propiciação pelos nossos pecados (1. Jo 2:2). Entre nós, os pecadores, e as nuvens carregadas da ira divina, se levanta a cruz do Senhor Jesus. Se somos de Cristo, pela fé, então estamos justificados pela sua cruz, e a ira não nos atingirá, quer aqui ou no futuro. Jesus "nos livra da ira vindoura" (1 Ts 1:10)


(...)

A ira de Deus, escreveu A. W. Pink, é a perfeição do caráter Divino sobre o qual precisamos meditar frequentemente. Primeiro, para que nossos corações possam ficar devidamente impressionados com o ódio de Deus pelo pecado. Temos a tendência de dar pouca atenção ao pecado, encobrir sua hediondez, desculpá-lo; mas, quanto mais estudamos e pensamos no horror que Deus tem pelo pecado e sua terrível vingança sobre ele, estaremos mais aptos a compreender a sua infâmia. Segundo, criar o verdadeiro temor a Deus em nossas almas para que "retenhamos a graça pela qual sirvamos a Deus com reverência e piedade, porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hb 12:28-29). Não podemos servi-Lo "aceitavelmente" a menos que haja "reverência" por sua impressionante Majestade e "temor" por sua justa ira, e tudo fica mais fácil quando nos lembramos frequentemente que "nosso Deus é um fogo consumidor". Terceiro, levar nossas almas a um fervente louvor (a Jesus Cristo) por ter nos livrado da "ira vindoura" (1 Ts 1:10). Nossa presteza ou relutância em meditar sobre a ira de Deus torna-se um teste seguro para saber se nossos corações estão realmente dedicados a Ele."

Pink está certo. Se nós quisermos conhecer verdadeiramente a Deus e ser conhecidos por Ele devemos pedir-Lhe que nos ensine a considerar a solene realidade de Sua ira.

(In "O conhecimento de Deus", Editora Mundo Cristão, 1973, São Paulo)

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terça-feira, 27 de outubro de 2009

O caráter de Cristo

Earle E. Cairns

"A Bíblia dá algumas indicações sobre a personalidade e o caráter de Cristo. Até mesmo uma leitura superficial dos Evangelhos evidencia o poder de Sua originalidade. Enquanto os judeus e as autoridades de hoje citam outros como autoridades para suas várias afirmações , Cristo simplesmente dizia: "Eu digo". O que vinha após esta frase ou outras semelhantes a esta nos Evangelhos indica a criatividade e a originalidade do pensamento de Cristo, que maravilhou as pessoas do Seu tempo (Mc 1:22; Lc 4:32).

A sinceridade de Cristo também está registrada nos relatos bíblicos. Ele foi o único ser humano que não tinha nada para esconder, uma vez que era completamente Ele mesmo (Jo 8:46).

Os Evangelhos deixam também o registro do equilíbrio de Seu caráter. Coragem é geralmente associada a Pedro, amor, com João, e humildade, com André. Nada disto falta a Cristo: ao contrário, os relatos revelam equilíbrio e unidade de personalidade. Este equilíbrio, esta originalidade e esta transparência podem ser adequadamente explicados pelo registro histórico do Nascimento Virginal de Cristo."

(In "O Cristianismo através dos séculos, Uma história da Igreja cristã", Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo, segunda edição, 1988)

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Caim" de José Saramago: Mais uma inconsistência do ateismo


A imprensa mundial está anunciando a nova obra do escritor lusitano José Saramago : "Caim". Mais uma vez o autor narra um fato bíblico pela visão essencialmente humana, extraindo do texto e da estória a atuação divina, assim como fizera na sua obra "O evangelho segundo Jesus Cristo", retratando o Salvador apenas como homem comum.

Em "Caim", mais uma vez o autor desfigura o texto das Escrituras, desta vez indo além, pois subverte a verdade da historicidade bíblica, colocando o fratricida na condição de herói e culpando Deus por todas as suas vicissitudes. Este sim (Deus), é o culpado por todas as mazelas sofridas por Caim.

A crítica exposta pela revista "Veja" desta semana - que costuma ser bastante sóbria - considerou de mau gosto, caracterizando como 'humor grosseiro' o fato de o escritor indagar em sua nova obra "por que Deus não cercou a árvore do fruto proibido com arame farpado para evitar que Adão e Eva se servissem dela".

Na minha opinião a liberdade de expressão deve ser total, guardada a responsabilidade pelo dano ou lesão causados contra alguém, inclusive garantindo-se o direito às pessoas de não acreditarem em qualquer divindade, seja Deus, alah, buda. Todavia, é de bom tom evitar o escárnio, a ironia rasteira, a grosseria. Não por que ofenda a Deus, uma vez que Ele não necessita de defesa, mas em razão de ofender uma gama de outras pessoas que creem nEle.

Nesse ponto eu enxergo um certo desespero dos ateus em geral e do escritor em particular. Ele encarna um certo histrionismo, uma mal disfarçada estridência nessa sua cruzada em favor do ateismo, como se estivesse esforçando-se para acreditar nos seus motivos; justificando-se incessantemente para si mesmo. Na minha opinião, despindo a atitude do autor de todos os nossos temores cristãos, ainda assim afirmo que é mais fácil crer . A fé em Deus nos livra desse desespero...

A verdade é que os ateus que desfrutam de certa notoriedade em razão da sua "militância", como o próprio Saramago e o "reconhecido" Richard Dawkins, costumam ser por demais ácidos nas suas críticas, enquanto que os crentes não hostilizam tanto os ateus. No máximo têm com eles uma atitude de respeitoso alheamento, um distanciamento ético.

Em "Caim" o autor revela a sua verdadeira antipatia contra Javeh, evidenciado pelo modo profano e irreverente com que se remete ao Criador. No dizer do crítico (Veja) é o "acerto de contas com Deus". Embora respeitando a posição do homem das letras, eu me permito rir dele. E é nesse momento que reforço a minha crença nas doutrinas da graça e eleição dos santos, pois, salvo melhor juízo, em alguns casos é manifesta a condição de não eleito.

É óbvio que José Saramago tem algumas qualidades como escritor, até mesmo em função de deter o Nobel de literatura. Todavia, pela minha humilde avaliação, ele não é nenhuma sumidade. Em "Ensaio sobre a cegueira" é possível observar uma linguagem coloquial, quase pobre, com uma narrativa tortuosa, embora sendo uma crítica social bem alinhavada. Mas ainda prefiro um Dostoievsky, Tolstoi, Thomas Mann, Wiliam Falkner, Humberto Eco e tantos outros, ao José...

Uma coisa é certa, o "acerto" de José Saramago com Deus ainda não é definitivo.

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Nietzsche: a morte de Deus?



Ao longo da história os homens vêm se indagando a respeito de Deus. Muitos, à semelhança de artífices, moldaram um deus que lhes fosse palatável. Esse deus se submetia a eles, ao invés deles se submeterem ao seu deus.


Grandes homens, escritores imortalizados pela história, brilhantes cérebros, se enredaram em profundas reflexões acerca da criação, da vida e dAquele que está por trás de tudo. Melhor dizendo, "daquilo" que antecedeu a criação, posto que, invariavelmente, tais virtuoses não reconhecem (reconheceram) efetivamente qualquer pessoalidade nessa "força criadora".

Voltaire asseverou: "Sempre me deixarei convencer de que um relógio prova a existência de um relojoeiro, e de que um universo prova a existência de Deus. Eu creio em Deus, não no Deus dos místicos e dos teólogos, mas no geômetra, o arquiteto do universo, o impulsionador primário, inalterável, transcendental, eterno."

Não se pense que esse deus desenhado por Voltaire é o Deus Javeh. Não. Esse está escondido em qualquer lugar, voltado para si mesmo, incomunicável; é apenas uma força do cosmos sem personalidade e sem qualquer vontade.
O existencialismo de Sartre se socorre da própria humanidade para sucumbir Deus, senão eliminá-Lo completamente: "Estou começando a acreditar que nada pode ser comprovado. Essas são hipóteses razoáveis, que tomam os fatos em conta: mas estou plenamente cônscio de que procedem de mim, que são meramente um modo de unificar o meu próprio conhecimento. A inquirição pela verdade, por conseguinte, é ainda mais fundamental que a inquirição pela existência de Deus" ( Novela 'Náusea').

O ápice, porém, desse completo distanciamento de Deus ocorreu com Nietzsche, conforme vimos em sua obra "Zaratustra". Um verdadeiro códice onde Deus é "morto"; um tratado filosófico do absurdo, conforme asseverou Martin Esslin sobre o ateísmo de Nietzche em sua obra 'The theatre of the absurd'.

Sobre o filósofo alemão (Nietzsche) e a sua propalada "morte de deus", eis as suas afirmações:

"O mais importante entre os acontecimentos recentes - o de que "deus está morto", o de que a crença no Deus cristão tornou-se indigna de fé - já começa a lançar suas primeiras sombras sobre a Europa... De fato, nós, os filósofos e espíritos livres, sentimo-nos irradiados como que por um novo raiar, ante a notícia de que "o velho Deus está morto"; nossos corações transbordam de gratidão, espanto, pressentimento expectação. Finalmente, o horizonte parece aberto uma vez mais, mesmo que concedamos que ele não brilha ainda; nossos barcos pelo menos podem lançar-se a mar alto, em face de todo perigo; toda temeridade é novamente permitida a quem pode discernir; o mar, o nosso mar, novamente jaz franqueado diante de nós; talvez nunca antes houvesse existido tal mar aberto".

No meu entender e sem simplismos que possam diminuir a discussão, essa teoria é terrível; faz tremer o coração daquele que nutre a menor fé. Denota-se um verdadeiro escárnio das palavras do filósofo que, ao se ver "livre das amarras do Deus irado e personalíssimo", festeja a sua 'morte', em benefício da sua plena liberdade então adquirida. Esse é o torto raciocínio. É a soberba arrogância da criatura que não quer se submeter, que se basta. Temo que neste exato momento ele conheça a essência da verdade absoluta...

Vai daí que, segundo os adeptos dessa "teologia" 'a morte de Deus remete a um acontecimento real e não pode ser considerado como ateísmo: Deus morreu em Cristo (...) e como tal, é agora um acontecimento final e irrevogável, que não pode ser revertido por algum movimento religioso ou cósmico subsequente. Deus se encarnou plena e totalmente em Cristo... um processo dinâmico do imanente que se tornou transcendental', segundo a definição de T. J. J. Altizer.

Há a negação total da trindade na medida em que elimina-se uma das pessoas (Deus Espírito) que é, no dizer dos teólogos da 'morte de Deus', suprimida pelo Deus encarnado.

O mesmo teólogo acima citado (T. J. J. Altizer) arremata: "Somente aceitando, e mesmo desejando a morte de Deus em nossa própria experiência é que poderemos ser liberados de um além transcendental, de um além alienado que foi esvaziado e obscurecido pelo auto-aniquilamento de Deus em Cristo.'

Muitas pessoas , como afirmei no início, querem construir um deus que possa ser agasalhado no seu intelecto, manietando-o. Quando não conseguem urdir um ser assim, frágil e ao mesmo tempo grandioso, desacreditam d'Ele. Criam óbices para a sua existência; tentam desconstruí-Lo, ou, até mesmo, matá-Lo.

Albert Einstein, com todo o seu brilho e saber (ou apesar de), materializando a sua incredulidade aduziu: "Não posso imaginar um Deus que recompensa e pune o objeto de Sua criação, cujos propósitos são moldados de conformidade com os nossos propósitos - em suma, um Deus que é apenas um reflexo da fragilidade humana."

Ocorre que Deus é Deus; Soberano, Onipotente e Todo Poderoso. Não deve qualquer justificativa às suas criaturas, simplesmente porque é o Criador. Não admite discussão e não necessita das suas criaturas, ao contrário, elas é que dependem d'Ele até mesmo para encher os seus pulmões de ar. Os Seus desígnios são insondáveis e as Suas resoluções são unilaterais. Ele é, queiram ou não.


Quer acreditar nesse Deus? Não? Mesmo assim Ele continuará sendo Deus, apesar de você...



(Fonte de pesquisa: "Cristianismo: A melhor Resposta", CHAPMAN, Colin, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo, 2ª edição, 1985, tradução João Bentes)

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Poeticamente Rute


Uma breve história bíblica não somente me toca como me emociona profundamente pela sua beleza poética: Noemi e Rute, especialmente o trecho narrado em Rute 1:16-17 , verbis: "Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te, porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti".

A meu ver, é inenarrável a beleza que transborda desse pequeno texto! Quanta lealdade, e ao mesmo tempo, quanta doçura. É possível sentir a imensa força erigida dessas palavras.

Tantas vezes li esse texto e em todas elas visualizei a cena nos seus detalhes: a sogra, velha e alquebrada, sem qualquer perspectiva na vida, a não ser sobreviver em uma época de grande escassez pela bondade e misericórdia alheias. A nora, provavelmente ainda bem jovem, em igual situação de desvalia, mas com alguma perspectiva, desde que retornasse à sua terra e à sua parentela.

No entanto, Rute não titubeia, não transige, se mantém irrevogável na sua decisão de seguir a sogra onde ela for, mesmo que seja para viver e morrer em terra estranha. Belo. Para mim esse texto é superlativo.

A lealdade de alguém para com outrem sem vínculo de consanguineidade; o amor que nada exige em troca, sacrificial, amor ágape. Sublime.

O mesmo amor que não teve Pedro para com o Seu mestre ao negá-lo três vezes.

em mim a certeza de que o Criador estendeu a sua graça para Rute, resgatando-a dos seus ídolos, das suas tradições pagãs e trazendo-a para o Seu seio; inculcando-lhe ainda grande bondade. Por si mesma, em razão das suas próprias escolhas e arbítrio, não poderia ela ter se disposto a tamanho sacrifício. Assim creio.

As nuances do texto, os dilemas íntimos que imaginamos ali, os sentimentos intrínsecos, as inseguranças, o medo, tudo a indicar e a fazer inferir o abandono por parte da jovem. É isso que vemos hoje. E é isso que sempre houve. As pessoas tendem a se proteger nas tribulações, nos momentos de aflição, se encapsulando, buscando o seu próprio escape.

Todavia, Rute se manteve firme e inarredável, peremptória na sua decisão de morrer, se necessário fosse, na companhia de Noemi. Pungente.

Quantas Rutes ainda há? Quantos de nós nos sacrificaríamos por alguém , ainda que não fosse a nossa sogra (não resisti)?

Concluo com o Apóstolo Paulo: "Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei" (1 Coríntios 13:2).


Em Cristo.

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

A minha igreja entrou no reteté!!!


Sou batista histórico e tradicional, e como todos sabem, esses tais costumamavam afirmar categoricamente seguir a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, zelando pela sã doutrina e sem se deixar "contaminar" por ventos, ou comichão nos ouvidos. Pois é, era assim...

Eu, e a Igreja aonde congrego, bem fixada, bem enraizada no Evangelho, sempre sóbria, prezando o culto racional (aquele de Paulo), nos sentíamos bem estabelecidos, bem resolvidos, completamente acertados com relação à liturgia. É bem verdade que a ordem do culto já não era aquela de outrora, podendo se dizer que aglutinaram-se novos costumes em razão do próprio dinamismo que a tudo rege. Afinal, tudo muda, essa é a tônica da vida. E nem sempre a mudança significa o aniquilamento do que antes havia, uma vez que é possível aprimorar-se algo, mesmo que seja a liturgia. O fato é que o culto se tornou muito mais movimentado: palmas, aleluias, glórias a Deus, "louvor" moderno, etc. Até aí tudo bem, pois ainda é possível afirmar que "tudo está sendo feito com ordem e decência".

É estranho como as heresias vão chegando sutilmente, como que apalpando o terreno, sondando... O heresiarca é hábil, manipulador, persuasivo. Ele diz, mas sem dizer realmente. Ele nega, sem de fato negar, mas deturpa a verdade , porque tira-lhe a essência. E é assim que o processo de desconstrução da verdade se consuma: muda-se a verdade dos evangelhos. A criatura passa a ser a "bola da vez".

Não se pense que o instrumento da heresia, o seu implantador, venha negando Jesus com palavras claras, ou que elimine a Pessoa de Deus. Não. Ele apenas suga a fé verdadeira das pessoas, tornando-as mortas.

Assim é na "minha" igreja. O assassinato da fé está ocorrendo com a implantação da teologia da prosperidade. O pregador promete a cada semana que "hoje será o dia da sua vitória" (ela vem? ) , insuflando nos incautos fiéis a ganância e a avareza. Ensinando-lhes - habilmente - que a vitória, seja qual for, vem por seu intermédio.

Esse processo de desconstrução da fé genuína caminha a passos largos. O triunfalismo impera. Prega-se o "eu posso vencer" , através de frases empacotadas trazidas prontinhas para que as pessoas repitam. É o mesmo processo da autoajuda. Ensina-se que o homem se basta, anulando-se a figura de Cristo. Mas as pessoas, em sua grande maioria não veem, pois elas estão cegas pela boa fé.

No mesmo pacote o heresiarca traz também os rituais - um deles é essa vã repetição a que fiz alusão. Outro, talvez o mais importante, seja a "quebra de maldições": nas pessoas, na igreja, nos objetos, no prédio, etc... Mais um vez vemos Cristo sepultado, o seu sacrifício anulado. O homem toma o lugar do Cordeiro. Dele vem o remédio para todos os males: do corpo da alma, da mente.

O homem cura, faz revelações... e a revelação única e verdadeira fica em segundo plano, pois as pessoas querem saber dele o que "Deus está dizendo". Então ele responde: "Deus está me dizendo que..."

Unções... muitas unções. De todos os tipos e gostos. O heresiarca, à maneira de um pequeno deus, distribui unções para todos. Quase como se dissesse: - "ninguém ficará sem unção, não se acotovelem!"

E tudo culmina, no final, com o reteté. Pessoas levadas ao transe, uns chorando, outros gritando em "estranhas línguas"; grunhidos. Muitos caindo, ao serem "ministrados" pelo ungido. Calma, eles estão caindo na unção...

Eu decididamente não quero essa unção. Rejeito a unção, dispenso o reteté; quero me manter na vertical, prefiro falar o meu idioma, uma língua inteligível.

Não preciso da unção de homem algum, pois tenho a unção de Cristo. Ele habita em mim desde o dia em que eu o aceitei, reconhecendo o seu sacrifício na cruz como propiciação pelos meus pecados, a sua filiação divina, a ressurreição ao terceiro dia e a sua ascensão aos céus.

Definitivamente não creio nessa batalha espiritual de caça aos demônios, pois não é esse o objetivo da Igreja de Cristo, mas pregar o seu " IDE". Afasto peremptoriamente a possibilidade de um crente ser possuido por demônios, pois acredito em um Deus Todo Poderoso: as trevas não coabitam com a luz. A unção adquirida com a conversão expulsa essas entidades malignas. Deus ampara. Não fosse assim, Deus seria fraco, logo, não seria Deus.

Esses, os tais, pregam um Deus que necessita da sua "ajuda". Um Deus claudicante. E eles veem anjos, determinam aos anjos em suas "sessões" para "cirurgiarem" as pessoas (sei lá o que isso significa). Eles bradam: - "enfia a epada anjo, enfia a espada!".

Eles sabem exatamente o momento em que o espírito santo desce sobre o povo: - É agora, ele está chegando! Sintam! Fechem os olhos! E a música ao fundo, sempre se repetindo, os mesmos acordes, a mesma canção...

O ungido se torna necessário, insubstituível, ele tem que orar por muitos. Ao término, a fila se forma - eles querem a SUA oração. Ele agora se transmudou em INTERMEDIÁRIO do Criador.

Não, eu não quero, pois já tenho um intermediário. Não preciso de santos ocos. Convém que eu diminua...

Sim, essa é uma IGREJA BATISTA TRADICIONAL, HISTÓRICA, podem acreditar.

Oooopa! Se alguém ficou sem unção, calma, pois terça feira tem mais...

(Que o Senhor Todo Poderoso tenha misericórdia da Sua Igreja)

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sábado, 3 de outubro de 2009

Esaú, o proscrito



muito tempo a condição de um homem na Bíblia vem me causando certa espécie: Esaú. Sempre senti uma certa tristeza e dó ao ler a sua história tão rapidamente delineada nas Sagradas Escrituras.

Agora, lendo um post publicado pelo professor Alan Brisoti sobre Ismael - que até comentei - tudo voltou-me à mente com redobrada força. Acho que ambas as histórias têm algo em comum, especialmente o fato de que os protagonistas não pediram para nascer, o que, pela ótica humana do certo e errado, justo e injusto, não poderia vir em seu desfavor.

A estranheza maior ocorre à luz de Romanos 9-11-13, onde o Criador decreta que, antes do nascimento dos gêmeos, para a finalização de seu propósito quanto à eleição, "amou Jacó , porém odiou Esaú".

À primeira vista, olhando pela ótica da justiça humana (trapo de imundície), não há qualquer pertinência nesse enunciado divino. Como? Porquê amar um e odiar outro sem que eles nada tenham feito, capaz de gerar empatia ou antipatia, antes mesmo de terem nascido? Qual o padrão dessa justiça?

Engraçado é que Deus, para impedir qualquer discussão (já sabendo de antemão que seria inevitável) decreta imperiosamente: "Há injustiça da minha parte? Não. Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão" (Romanos 9: 11-14). E Ele ainda arremata: "quem somos nós para discutir com Ele, quem poderia resistir à sua vontade? Pode o objeto discutir com o construtor?" (Romanos 9: 19-21).

Calvinistas convictos responderão com grande simplicidade: um foi eleito, o outro não; ou: é simplesmente a soberania de Deus. Eu acredito na soberania de Deus, não sou adepto do arminianismo, e ainda assim, a minha natureza indagadora persiste nessa indagação resistente, tentando apreender os motivos de Deus - mesmo sabendo que Ele não precisa de motivos.

A minha natureza humana, calcada nos meus valores, muito aquém dos pensamentos e motivações divinos, teima em buscar uma explicação. Porquê?

Esse, que Deus amou desde sempre, antes mesmo da concepção, demonstrou ser um mau caráter, dissimulado, oportunista , usurpador e, todavia, foi agraciado com uma rica descendência, sendo pai de uma grande nação escolhida por Deus para ser o Seu povo. O outro, não obstante nada ter feito para desagradá-Lo, gerou uma nação maldita (Edom), predestinada pelo próprio Deus à destruição. Porquê?

O histórico bíblico praticamente "mata" Esaú. Malgrado umas poucas vezes em que é citado, no advento da usurpação da bênção paterna (Genesis 27), volta a aparecer somente quando do reencontro (Genesis 33), perdoando o irmão trapaceiro. A partir de então Esaú desaparece do texto bíblico, sendo citada apeas a sua descendência. Porquê?

A Bíblia ainda nos faz inferir que Esaú era um bom homem, que, mesmo após ter roubada sorrateiramente a sua primogenitura, ainda foi capaz de perdoar o irmão e chorar com ele, dispensando qualquer prêmio em razão do perdão, então oferecido gratuitamente.

É imperativo acreditar que Deus nos fez assim tão indagadores, tão contestadores, por ter herdado d'ele essa semelhança, essa característica, que nos diferencia dos demais seres. Isso é resultado da racionalidade que provém d'Ele. Nas minhas divagações sobre esse e outros fatos enigmáticos da Bíblia eu sempre racionalizo que deve haver "um motivo não revelado", um "mistério" por detrás dessas atitudes de Deus. Tais características que me diferenciam e me individualizam como ser pensante e lógico me fazem também indagar: e Esaú, não obstante ter sido afastado da amizade divina sumariamente, foi também impedido de privar do Seu convívio ao findar a sua existência?

Ao tentar buscar o entendimento da essência por detrás das estranhas atitudes de Deus eu concluo que, embasar doutrinas como eleição e graça nos moldes do calvinismo, a fim de garantir e estabelecer a soberania de Deus não é tão difícil. A letra clara dos evangelhos e das Epístolas Paulinas levam naturalmente a esse entendimento. Difícil é entender a justiça em atitudes como as que distanciaram Esaú de Deus desde "antes do nascimento" sem que ele nada tivesse feito (obviamente) para culminar nisso.

Enfim, Deus é Deus.


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