terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Propiciação, obra do próprio Deus - Fragmentos


J. I. Packer



No paganismo, o homem propicia aos seus deuses, e a religião se torna uma forma de comércio, e, na verdade, de suborno. No cristianismo, entretanto, Deus propicia sua ira por sua própria ação. Ele propôs Jesus Cristo, diz Paulo, para a sua propiciação. Ele enviou seu filho, diz João, para ser a propiciação pelos nossos pecados. Não foi o homem a quem Deus era hostil que tomou a iniciativa de tornar Deus amigável, nem foi Jesus Cristo, o Filho Eterno, que tomou a iniciativa de transformar a ira de seu Pai contra nós em amor. A ideia de que um Filho bondoso tenha mudado a mente de seu Pai cruel, oferecendo-se em lugar do homem pecador não faz parte da mensagem do Evangelho, é na realidade uma ideia subcristã e mesmo anticristã, pois nega a unidade da vontade do Pai e do Filho e cai no politeísmo pedindo que creiamos em dois deuses diferentes. Mas a Bíblia anula completamente esta ideia, insistindo que foi Deus mesmo que tomou a iniciativa de extinguir sua própria ira contra aqueles que, apesar de seu pouco merecimento, Ele amou e escolheu para salvar.

"A doutrina da propiciação é precisamente essa, que Deus amou tanto os objetos de sua ira que deu seu próprio Filho com a finalidade de, pelo seu sangue, propiciar a remoção dessa ira. Cristo solucionou de tal modo o problema da ira que os amados não são mais objeto dela , e o amor pôde alcançar seu objetivo de transformar os filhos da ira em filhos do prazer de Deus." (John Murray, The Atonement, p. 15)

Paulo e João confirmam isto explícita e enfaticamente. Deus revela sua justiça, diz Paulo, não apenas em retribuição e juízo de acordo com sua lei, mas também "sem a lei" ao justificar aqueles que creem em Jesus Cristo. Todos pecaram, entretanto, todos são justificados (resgatados, aceitos, restaurados, reconciliados com Deu) livre e gratuitamente (Rm 3:21-24). Como foi que isso se deu? "Pela graça, (isto é, misericórdia, em desacordo com o mérito; amor por quem não era digno dele e como diríamos, desmerecendo esse amor). Como a graça opera? "Pela redenção" (salvo pelo resgate) "que há em Cristo Jesus". Como podemos entender que para aqueles que creem nEle, Cristo Jesus é a fonte, o meio e a substância da redenção? Porque, diz Paulo, Deus O estabeleceu como propiciação. A realidade e a possibilidade da redenção brotam dessa iniciativa divina.
["O conhecimento de Deus", Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1973, p. 168/169]

0 comentários:

Postar um comentário

Serão sempre bem-vindos comentários sérios, respeitosos e que convidem à reflexão. Se é esse o seu intento considere-se aceito.

  ©A VERDADE LIBERTA, O ERRO CONDENA - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo