terça-feira, 20 de outubro de 2009

Nietzsche: a morte de Deus?



Ao longo da história os homens vêm se indagando a respeito de Deus. Muitos, à semelhança de artífices, moldaram um deus que lhes fosse palatável. Esse deus se submetia a eles, ao invés deles se submeterem ao seu deus.


Grandes homens, escritores imortalizados pela história, brilhantes cérebros, se enredaram em profundas reflexões acerca da criação, da vida e dAquele que está por trás de tudo. Melhor dizendo, "daquilo" que antecedeu a criação, posto que, invariavelmente, tais virtuoses não reconhecem (reconheceram) efetivamente qualquer pessoalidade nessa "força criadora".

Voltaire asseverou: "Sempre me deixarei convencer de que um relógio prova a existência de um relojoeiro, e de que um universo prova a existência de Deus. Eu creio em Deus, não no Deus dos místicos e dos teólogos, mas no geômetra, o arquiteto do universo, o impulsionador primário, inalterável, transcendental, eterno."

Não se pense que esse deus desenhado por Voltaire é o Deus Javeh. Não. Esse está escondido em qualquer lugar, voltado para si mesmo, incomunicável; é apenas uma força do cosmos sem personalidade e sem qualquer vontade.
O existencialismo de Sartre se socorre da própria humanidade para sucumbir Deus, senão eliminá-Lo completamente: "Estou começando a acreditar que nada pode ser comprovado. Essas são hipóteses razoáveis, que tomam os fatos em conta: mas estou plenamente cônscio de que procedem de mim, que são meramente um modo de unificar o meu próprio conhecimento. A inquirição pela verdade, por conseguinte, é ainda mais fundamental que a inquirição pela existência de Deus" ( Novela 'Náusea').

O ápice, porém, desse completo distanciamento de Deus ocorreu com Nietzsche, conforme vimos em sua obra "Zaratustra". Um verdadeiro códice onde Deus é "morto"; um tratado filosófico do absurdo, conforme asseverou Martin Esslin sobre o ateísmo de Nietzche em sua obra 'The theatre of the absurd'.

Sobre o filósofo alemão (Nietzsche) e a sua propalada "morte de deus", eis as suas afirmações:

"O mais importante entre os acontecimentos recentes - o de que "deus está morto", o de que a crença no Deus cristão tornou-se indigna de fé - já começa a lançar suas primeiras sombras sobre a Europa... De fato, nós, os filósofos e espíritos livres, sentimo-nos irradiados como que por um novo raiar, ante a notícia de que "o velho Deus está morto"; nossos corações transbordam de gratidão, espanto, pressentimento expectação. Finalmente, o horizonte parece aberto uma vez mais, mesmo que concedamos que ele não brilha ainda; nossos barcos pelo menos podem lançar-se a mar alto, em face de todo perigo; toda temeridade é novamente permitida a quem pode discernir; o mar, o nosso mar, novamente jaz franqueado diante de nós; talvez nunca antes houvesse existido tal mar aberto".

No meu entender e sem simplismos que possam diminuir a discussão, essa teoria é terrível; faz tremer o coração daquele que nutre a menor fé. Denota-se um verdadeiro escárnio das palavras do filósofo que, ao se ver "livre das amarras do Deus irado e personalíssimo", festeja a sua 'morte', em benefício da sua plena liberdade então adquirida. Esse é o torto raciocínio. É a soberba arrogância da criatura que não quer se submeter, que se basta. Temo que neste exato momento ele conheça a essência da verdade absoluta...

Vai daí que, segundo os adeptos dessa "teologia" 'a morte de Deus remete a um acontecimento real e não pode ser considerado como ateísmo: Deus morreu em Cristo (...) e como tal, é agora um acontecimento final e irrevogável, que não pode ser revertido por algum movimento religioso ou cósmico subsequente. Deus se encarnou plena e totalmente em Cristo... um processo dinâmico do imanente que se tornou transcendental', segundo a definição de T. J. J. Altizer.

Há a negação total da trindade na medida em que elimina-se uma das pessoas (Deus Espírito) que é, no dizer dos teólogos da 'morte de Deus', suprimida pelo Deus encarnado.

O mesmo teólogo acima citado (T. J. J. Altizer) arremata: "Somente aceitando, e mesmo desejando a morte de Deus em nossa própria experiência é que poderemos ser liberados de um além transcendental, de um além alienado que foi esvaziado e obscurecido pelo auto-aniquilamento de Deus em Cristo.'

Muitas pessoas , como afirmei no início, querem construir um deus que possa ser agasalhado no seu intelecto, manietando-o. Quando não conseguem urdir um ser assim, frágil e ao mesmo tempo grandioso, desacreditam d'Ele. Criam óbices para a sua existência; tentam desconstruí-Lo, ou, até mesmo, matá-Lo.

Albert Einstein, com todo o seu brilho e saber (ou apesar de), materializando a sua incredulidade aduziu: "Não posso imaginar um Deus que recompensa e pune o objeto de Sua criação, cujos propósitos são moldados de conformidade com os nossos propósitos - em suma, um Deus que é apenas um reflexo da fragilidade humana."

Ocorre que Deus é Deus; Soberano, Onipotente e Todo Poderoso. Não deve qualquer justificativa às suas criaturas, simplesmente porque é o Criador. Não admite discussão e não necessita das suas criaturas, ao contrário, elas é que dependem d'Ele até mesmo para encher os seus pulmões de ar. Os Seus desígnios são insondáveis e as Suas resoluções são unilaterais. Ele é, queiram ou não.


Quer acreditar nesse Deus? Não? Mesmo assim Ele continuará sendo Deus, apesar de você...



(Fonte de pesquisa: "Cristianismo: A melhor Resposta", CHAPMAN, Colin, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo, 2ª edição, 1985, tradução João Bentes)

3 comentários:

Alex Malta Raposo disse...

Ricardo,

Obrigado pela visita ao Evangelho da Graça. Tb gostei muito do seu blog.

Já li dois textos. Rs. Maravilhosos.

Peço a Deus que a blogosfera não tenha nascido para alimentar vaidades ou para qualquer outra bobagem do tipo, mas, sim, para reafirmar a necessidade de uma grande volta aos dias da verdadeira Igreja Cristã.

Que o Senhor Deus continue abençoando a sua caminhada. Forte abraço.

Pastor Julio Fonseca disse...

há de se refletir sobre cada texto, pois os autores citados são grandes pensadores e sábios da humanidade, porém nenhum deles consegui impactar a humanidade e nem mudar o modo de vida do homem como o senhor Jesus. O poder das palavras do filho de Deus está nas transformações que o mundo sofreu grasças a sua vinda a este mundo material. Fique na Paz!

Helder Nozima disse...

A grande verdade é que os filósofos tentam, mas não conseguem enterrar a Deus. De fato, a obra de Nietzsche ajudou a matar Deus no coração de muitas pessoas, mas o Senhor ainda vive no coração de Seus eleitos.

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