quarta-feira, 10 de março de 2010

Até onde vai sua fé?





Por Pastor Esli Soares


, sem dúvida é uma palavra da moda. “É preciso ter fé...” tantos dizem. Já outros afirmam que ”sem fé não se chega a lugar nenhum”. Mas a verdade é que ninguém vive sem fé, todos cremos em muitas coisas e em uma quantidade enorme de pessoas e conceitos. Seja na ciência ou mesmo em nossos pais, crer em alguma coisa ou acreditar em certas informações são a base da nossa vida prática. Mas até onde vai a sua fé? O que você está disposto a fazer por aquilo que você crê? Pensando nisto gostaria de refletir sobre três ‘personagens’ na história de Cristo e ver com quem sua fé mais se identifica.



O primeiro personagem é o povo, sempre presente em todas as histórias bíblicas; é o personagem inconstante - hoje quer uma coisa, amanhã exatamente a contrária. No domingo de ramos diz: “bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mt 21;9) e na sexta-feira da paixão, eles, porém gritavam: Crucifica-o! Crucifica-o! (Lc 23;21). Num dia estão prontos a fazer de Jesus rei, no outro o esbofeteiam e cospem.


O segundo é Pilatos, o governante da província da Judéia; a Bíblia conta que ele, com medo do tumulto e assustado pela advertência de sua esposa, apenas lavou as mãos — literalmente — e mesmo sabendo que Jesus era inocente o entregou à cruz, atendendo ao pedido do povo, inflamado pelos sacerdotes (Mt 27;24). Ele acreditava em Jesus, mas não tinha compromisso, não se envolveria na causa de Cristo.


O terceiro personagem é Maria, a mãe de Jesus; ela viu tantos milagres como o povo, e obviamente acreditava na inocência de Jesus, como Pilatos, mas diferentemente dos outros dois personagens, mesmo assustada muitas vezes — afinal ela era virgem quando achou-se grávida pelo Espírito Santo (Lc 1;29) — Maria manteve-se firme. Desde a primeira oportunidade sujeitou-se ao filho que também era seu Senhor, reconhecendo que somente pela vontade dele a tristeza por uma festa de casamento mal sucedida podia ser revertida (Jo 2,3). Maria seguiu Jesus de perto por todo o seu ministério, em toda a via crucis e ainda pouco antes de sua morte, ali estava ela junto à cruz (Jo 19;25), atenta, sem medo ou vergonha de ouvi-lo e obedecê-lo.


Em qual desses personagem você se vê? Interessado mas inconstante? Conhecedor, mas descompromissado? Ou servo atento e obediente? Até aonde vai a sua Fé? Um fim de semana? Um susto ou tumulto? Ou ela te leva à cruz, à sua CRUZ?



Texto publicado em 2010 no boletim da 3ªITP

5 comentários:

Ricardo Mamedes disse...

Meu caro amigo, Pastor Esli,

Pelo menos eu venho tentando ser "um servo atento e obediente", mas sei que nem sempre consigo. O melhor é que quando vejo o meu erro, o meu pecado,a minha desobediência, imediatamente volto a Deus em atitude de humildade e serviência. O arrependimento é das melhores qualidades que o cristianismo e a revelação nos traz, pois nos faz rever o ocorrido, consertando o erro.

Um ótimo texto, enxuto e certeiro!

Em Cristo,

Ricardo.

Jorge Fernandes Isah disse...

Pr. Esli,

interessante a Bíblia dizer em Hebreus que a fé é a certeza das coisas que não se veem, o que me leva a crer que o visto não está no âmbito da fé.

Porém, para se ter a fé verdadeira, em Cristo, é necessário ter o conhecimento dEle; pois, sem isso, ainda que se creia em Jesus (natural e intelectualmente como muitos cristãos nominais e Pilatos criam), sem conhecê-lo é possível ter qualquer tipo de fé, mas não será a fé bíblica, verdadeira e salvadora, que nos leva a crer no poder de Deus mesmo quando não estamos diante dos sinais espetaculares.

O mais interessante ainda é que, biblicamente, Deus se dá a conhecer a quem quiser; não é algo que dependa da minha vontade, mas da vontade dEle. Portanto, ainda que muitos nominais considerem-se homens de fé, sem que Deus se revele a eles, não terão mais do que uma fé humana e incipiente, a qual, no fim, não será capaz de levá-los a outro lugar que não o mesmo inferno de outros homens igualmente cheios de fé, como os agnósticos, ateus, religiosos, materialistas, etc.

Ao meu ver, mais do que o tipo de fé, tem de se saber a procedência dessa fé: se de Deus, a fé absoluta que o levará à cruz; se dos homens, a fé como a que os judeus tinham: dependente dos sinais e maravilhas, durando apenas o tempo em que eles aconteciam.

Cristo o abençoe!

Esli Soares disse...

Jorge, voce tem razão,

O texto, obviamente, não se destina a uma análise teológica da fé, é apenas um chamado a coerencia cristã, usando como paradigma os três "personagens".

Claro que existem outros "personagem tipológicos" nas histórias da Bíblia, como Judas Escariotes, o eleito para a perdição, ou Pedro um servo meio vacilante, a lista seria inorme, mas não vem ao caso do texto.

A questão é que mesmo sem termos como decidir aceitar ou não a Cristo, isso não vem de nós, é dom de Deus, o nosso proceder é de nossa responsabilidade, pesará sobre nós a conduta na vida Cristã.

Por isso pergunto no final, tão somente para os que são eleitos, e não para todos, com qual desses personagens a expressão da sua fé mais se parece.

A resposta evidenciará quanto temos sido incoerrentes entre o que dizemos crer e no que fazemos por que cremos.

Na Paz,

Esli Soares

Jorge Fernandes Isah disse...

Pr. Esli,

somente agora vi que o texto foi publicado no boletim da IPB; levando-me antes a fazer a distinção entre a fé humana e a fé bíblica (ficara com a impressão de que o texto falava de uma fé não específica), porém, agora, o entendimento tornou-se mais fácil pois está evidente o objetivo do texto.

O que me leva a concordar com o seu questionamento final, pois mesmo entre os eleitos, há os que passariam facilmente por crentes nominais: vão à igreja uma vez por semana, durante uma hora, hora e meia, e consideram que o Cristianismo se resume a isso.

Tenho dificuldade de entendê-los como crentes, mas, se não estou enganado, Paulo definiu-os e referiu-se a eles como aqueles salvos pelo fogo, os quais constroem suas casas com paus, feno e palha, ou seja, vem o fogo e queima tudo, sobrando apenas o fundamento, o alicerce firme, Cristo (1Co 3.11-15). Ou seja, são crentes, salvos pela graça do Senhor, e tão somente por ela são mantidos salvos, mesmo sem produzirem frutos dignos de glória.

Abraços.

Ricardo Mamedes disse...

Irmãos,

Com relação ao comentário do Jorge, eu acho muito interessante, sobre a questão dos justificados, mas "preguiçosos":

"Ora, ao que trabalha o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, , porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Romanos 4:4-5).

E a Bíblia se mantém mesmo coerente em si mesma, pois o mesmo autor, no mesmo livro de Romanos, afirma que a salvação não é "para quem corre"...

Pois é, Paulo diz (em algumas versões) que o sujeito chegará "como que chamuscado no céu" - e ainda assim é bem melhor do que ir para o outro lado...

Grande abraço!

Em Cristo,

Ricardo

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