quarta-feira, 1 de junho de 2011

Estava escrito



Estava escrito... Estava escrito que o negro abismo daria lugar a um turbilhão de cores e de pontos de luz perdidos no quase-infinito do universo que um dia seria criado.


Estava escrito que em meio a milhões de astros, planetas e quasares, num pontinho qualquer deste universo, escolhido dentre tantas outras galáxias, um planetinha insignificante abrigaria a vida em toda a sua fulgurante complexidade.


Estava escrito que a vida então criada traria em si mesma um pouco do” DNA” do seu criador, e que um dos tantos seres criados vestir-se-ia da sua imagem e semelhança, de tal maneira que amaria...


Estava escrito que a vida daria origem à vida, em estupenda e misteriosa multiplicação: a “fotografia” do Criador sendo “escaneada” em processo rápido e contínuo. E tudo seria muito bom...


Estava escrito na eternidade que, embora muito bom, o ser criado perderia a sua formosura primeva, cuja nódoa se estenderia como uma contaminação genética alcançando toda a vida existente. E a feiúra se processaria até alcançar todas as células dos organismos vivos e até mesmo a menor partícula do universo. E nem mesmo as pedras remanesceriam incólumes.


Estava escrito que o gênero humano comandaria o universo criado e seria o topo da criação, o seu ponto culminante. E por isso mesmo se ensoberbeceria, tentando obter o conhecimento indevido e proibido... Quiçá, para ser igual ao Criador.


Estava escrito...


Estava escrito que gerações nasceriam, gerações morreriam, outras surgiriam, em constante ressurgimento, qual imensa fênix. Sim, estava tudo escrito em letras abissais, nas brumas colossais e impalpáveis da eternidade.


Estava escrito, antes que nada houvesse ainda, que bilhões e bilhões se perderiam alegremente, mas outros, chamados e redimidos teriam a sua imagem refeita à antiga semelhança, ainda que não perfeita... Estava escrito em letras indeléveis que vasos se quebrariam.


Estava escrito que muitos estariam cegos e assim permaneceriam, tendo sido cegados e, ao mesmo tempo, escolhido a própria cegueira. Sim, pois até mesmo a “contradição” estava escrita e imersa em ‘insondável profundidade”.


Estava escrito e foi revelado: uns vêem e outros não, mas um dia, igualmente escrito, eis que todos verão.

8 comentários:

Regina Farias disse...

Pois é, meu amigo.

Nada de novo há...

Valeu pela riqueza de texto, valeu pela poesia em prosa :)

Abs,

R.

Ricardo Mamedes disse...

Regina,

Há muito de novo sim. O que não há, a meu ver, é a plena liberdade para "criar", posto que mesmo o "novo" está sob a égide do Criador, único Deus, bondoso, misericordioso, déspota e justo.

Grande abraço.

Ricardo.

Regina Farias disse...

Tudo bem, mas falo no sentido de "já estar escrito"...

Ricardo Mamedes disse...

Regina,

É verdade. Nada de novo pra Ele. E nada que O surpreenda. Embora alguns por aí preguem um Deus que se surpreende a cada ação humana, um Deus que ignora os fatos futuros, ou, que no máximo, é um espectador não participante.

Ricardo.

Paulo Brasil disse...

Amado,

está escrito.

(excelente texto).

Minha admiração

Ricardo Mamedes disse...

Paulo,

Como sempre, seja bem-vindo!

O verbo colocado no pretérito somente se refere ao nosso estado limitado temporal. Para Deus, no entanto, e com relação ao seu Decreto, não há tempo verbal, mas somente eternidade. Portanto, está escrito; estava escrito e estará escrito neste tempo e por toda a eternidade.

Grande abraço meu irmão!

Ricardo.

Paulo Brasil disse...

Amado,

o termo que utilizei "está escrito" é alusivo ao seu texto.
Quis expressar a "autoridade" do seu texto.

Mais ou menos assim:
O que o irmão escreveu está escrito, e ninguém pode acrescentar ou retirar.

A idéia de transferir ao seu texto atributos das Escrituras.

Minha admiração

Ricardo Mamedes disse...

Paulo, querido irmão,

Eu compreendo perfeitamente, e agradeço a você por avalizar o texto, já que a sua opinião é importante. E mesmo que fosse uma crítica eu a veria com bons olhos, mesmo porque, a diversidade de pensamento é uma realidade. É certo que em alguns aspectos podemos divergir, porém, na essência, guardando a verdade do Evangelho e não retrocedendo um mínimo sequer.

Portanto, fique tranquilo, pois os seus comentários serão sempre bem-vindos, ainda que tragam consigo uma crítica, que certamente me fará crescer como cristão.

Grande abraço e que Deus o abençoe!

Ricardo.

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