Sobre teonomia, lei e graça
Vejo com certo temor algumas pessoas no meio reformado escrevendo sobre teonomia, fazendo-o com grande empenho e certa agressividade, não raras vezes. A minha posição, embora silenciosa, tem sido diametralmente contrária à ideia da teonomia tal como os seus defensores têm pregado por aí. Falo não somente dos blogueiros, como também de alguns autores renomados. Não os li e nem pretendo lê-los. Sei o que é teonomia e do que se trata, suficientemente para ser contrário aos seus argumentos. Aliás, confesso, os tais argumentos me cansam.
Afirmei em epígrafe o meu silêncio nada recalcitrante, uma vez que a minha posição é clara e conhecida. O silêncio até o momento se deu em razão de um certo cansaço das longas discussões e de extensos arrazoados recheados de pouca ou nenhuma substância capaz de "destronar" essa minha convicção contrária.
São muitos os textos bíblicos que me convencem a cada vez mais distanciar-me da ideia a respeito de uma teonomia que defende a retomada da lei mosaica, ou simplesmente da "Lei", para ser aplicada à sociedade como um todo. A mim, cheira como puríssimo e "refinado" legalismo.
Se a lei é "boa" - e é , pelo menos sob o ponto de vista ético e moral - daí a instituí-la como força coercitiva estatal demanda hermenêutica completamente torta e tortuosa. Logo, teimo em contradizer os defensores da tal teonomia acusando-os de superficiais em sua "interpretação" (sei que estou correndo enorme risco ao fazer tal afirmação).
Concordo com os teonomistas até um certo limite: a Lei foi mesmo instituída por Deus e é boa, exatamente ao convencer-nos do juízo e do pecado. Parafraseando Paulo em Romanos 2, não fosse a Lei, o pecado nem mesmo existiria, uma vez que não haveria preceitos a evidenciá-lo:
Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados (Romanos 2:12).Afirmei em epígrafe o meu silêncio nada recalcitrante, uma vez que a minha posição é clara e conhecida. O silêncio até o momento se deu em razão de um certo cansaço das longas discussões e de extensos arrazoados recheados de pouca ou nenhuma substância capaz de "destronar" essa minha convicção contrária.
São muitos os textos bíblicos que me convencem a cada vez mais distanciar-me da ideia a respeito de uma teonomia que defende a retomada da lei mosaica, ou simplesmente da "Lei", para ser aplicada à sociedade como um todo. A mim, cheira como puríssimo e "refinado" legalismo.
Se a lei é "boa" - e é , pelo menos sob o ponto de vista ético e moral - daí a instituí-la como força coercitiva estatal demanda hermenêutica completamente torta e tortuosa. Logo, teimo em contradizer os defensores da tal teonomia acusando-os de superficiais em sua "interpretação" (sei que estou correndo enorme risco ao fazer tal afirmação).
Concordo com os teonomistas até um certo limite: a Lei foi mesmo instituída por Deus e é boa, exatamente ao convencer-nos do juízo e do pecado. Parafraseando Paulo em Romanos 2, não fosse a Lei, o pecado nem mesmo existiria, uma vez que não haveria preceitos a evidenciá-lo:
Com efeito, é exatamente neste ponto que reside a incongruência do raciocínio dos teonomistas, uma vez que a Lei é o instrumento único e insubstituível para evidenciar o pecado e tornar culpáveis os que serão julgados sob a sua pesada égide. Quanto a nós, justos, o somos não por cumprirmos à risca a Lei, o que nos é completamente impossível, mas porque, à parte dos nossos tantos pecados e iniquidades, fomos justificados pela obra redentora de Cristo na cruz do calvário. Logo, a Lei não mais nos escravizará, conforme está escrito:
Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente; sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã doutrina (1 Timóteo 1:8-10).
A raciocinar com os teonomistas, a Lei, então trazida para a esfera estatal institucionalmente, forçará justos e justificados, ímpios e crentes, eleitos e réprobos. Novamente será estabelecida a velha aliança e voltaremos aos rituais e aos holocaustos; verteremos sangue de bois e ovelhas nos novos altares sacrificiais. Enfim, ainda que os argumentos dos teonomistas sejam aparentemente alicerçados na Palavra, o legalismo por eles defendido fará submergir a graça.
A pergunta que teima em aflorar é: por que a sanha em restabelecer a Lei quando se tem a graça? Ora, se o maior bem que o cristão possui é a salvação, trazida pela graça, qual a necessidade da Lei? Os teonomistas responderiam que a Lei traria "equilíbrio" à sociedade, que seria " a Lei de Deus" aplicada ao homem, etc, etc. Tantos outros argumentos surgiriam e se materializariam, e ainda assim eu os refutaria dizendo que a "Lei", mesmo sendo boa e justa, não se aplica a justificados através do sangue de Cristo vertido na cruz do calvário.
Entretanto, se a lei não tem o condão de justificar quem quer que seja, mais ainda aqui, no âmbito dos justos, dos filhos adotivos em Cristo Jesus, dos eleitos, por que querê-la? Com essa assertiva, veremos o que mais nos diz o Apóstolo Paulo, verbis:
“Nós, judeus de nascimento e não ‘gentios pecadores’, sabemos que ninguém é justificado pela prática da Lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo. Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da Lei, porque pela prática da Lei ninguém será justificado. “Se, porém, procurando ser justificados em Cristo descobrimos que nós mesmos somos pecadores, será Cristo então ministro do pecado? De modo algum! Se reconstruo o que destruí, provo que sou transgressor. Pois, por meio da Lei eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça vem pela Lei, Cristo morreu inutilmente!” (Gálatas 2:15-21).
Volto a perguntar, se, pela prática da Lei, não somos e jamais seremos justificados, pois o somos exclusivamente por meio da graça, mediante a fé em Cristo Jesus (Efésios 2:8-10), por que a defesa 'encarniçada' da Lei, se não por um sentimento de "santa" vingança, ou, quem sabe, para que os teonomistas sejam os "detentores" da ira divina ao terem para si delegada a "vontade de Deus?"
Fico pensando cá com os meus botões que se a ordenança divina é para que "ajuntemos tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem corrói, e onde os ladrões não escavam nem roubam" (Mateus 6:20), por que lutar tanto para a imposição da Lei sobre este mundo caído e miseravelmente corrupto, a ser exercida por seres igualmente miseráveis, senão por um desejo carnal e indefensável de poder? Sim, a mim se apresenta como a mais inconteste demonstração de carnalidade, pois, uma vez possuindo a graça salvadora, qual a necessidade de se buscar a imposição da Lei? Quando se tem o "principal", por que querer também o acessório, quando para tê-lo é mister que se renuncie ao principal?
A mim, parece impossível vislumbrar qualquer glória a Deus na imposição da Lei, ainda que com o intuito de equilibrar as relações humanas. E, sendo assim, se o ato humano não glorifica a Deus, sob a ótica cristã, que seja maldito (1 Coríntios 10:31).
Novamente parafraseando Paulo eu lhes perguntaria:
Ó insensatos 'teonomistas'! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? (Gálatas 3:1-5).
Espero que os defensores da tão propalada teonomia estejam prontos à plena obediência da Lei, pois está escrito:
Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las" (Gálatas 3:10).
Finalmente, quero repetir que a Lei é boa, muito boa, por isso quero tê-la escrita em meu coração, testificando juntamente a minha consciência, e os meus pensamentos, quer me acusando quer me defendendo (Conforme Romanos 2:15).
E que Deus faça superabundar em nós a sua graça, para honra e glória dEle mesmo!
49 comentários:
Graça e paz Ricardo.
Tenho lido muito sobre esse assunto e penso igual a você, se vamos voltar a aplicar a lei mosaica para os dias de hoje devemos rejeitar a graça que o Senhor Jesus veio estabelecer. Por isso eu fico com o que a Bíblia nos fala em Gl 5.1-5:
Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de escravidão.
Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
E de novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei.
Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes.
Nós, entretanto, pelo Espírito aguardamos a esperança da justiça que provém da fé.
Se estou debaixo da graça não tenho mais nenhum compromisso com a lei mosaica. Assim penso.
Fique na Paz!
Pr. Silas
Ricardo, meu irmão,
Desculpe a franqueza, mas achei que você tinha um entendimento mais correto a respeito do papel da Lei.
Se você discorda da teonomia, tudo bem, mas ao menos estude o que ela ensina antes de dar um veredito.
O que você escreveu aí evidencia que você tem um conceito totalmente deturpado da teonomia.
São tantos equívocos que nem sei por onde começar a responder. Mas vamos lá.
Primeiro equívoco seu: a teonomia ensina a justificação pela lei.
Segundo equívoco seu: se a lei não serve para justificar, não serve para mais nada.
Terceiro equívoco seu: a graça e a lei se excluem mutuamente.
Quarto equívoco seu: a lei era antes de Cristo e a graça veio depois.
Quinto equívoco seu: a teonomia ensina o retorno das ordenanças cerimoniais como rituais e sacrifícios.
Sexto equívoco seu: atualmente a lei tem um mero papel didático, e exclusivamente para os crentes. Os ímpios estão desobrigados da observância da lei.
Sétimo equívoco seu: os teonomistas tem desejo por poder.
Isso apenas para começar a conversa.
Os textos do Jorge respondem a maior parte dessas objeções.
Abraços.
Tiago,
Eu havia feito uma longa refutação aos seus argumentos, ponto por ponto, mas infelizmente a perdi ao tentar publicá-la. E neste momento não consigo novamente escrever tudo novamente.
Enfim, para encurtar a coisa posso lhe dizer que o equívoco não é meu, ao não concordar com a teonomia, mas de vocês ao querer impô-la da forma como querem, trazendo de volta a Lei do AT para os dias de hoje. E nem se trata de dissociar ou não Lei e graça, mas de anacronismo mesmo: aquela lei não é para ser aplicada hoje, pois não seria nem mesmo eficiente, na medida em que "manuseada por homens falhos, pecadores e caídos".
Temos um exemplo bem parecido de teonomia nos países árabes que professam o islamismo; lá também a sua "Lei" provém da Lei mosaica (pentateuco), razão pela qual apedrejam adúlteras e homossexuais, identicamente ao que vocês defendem, a exemplo de texto escrito por você nos "Internautas Cristãos". Eu, da minha parte, me recuso a isso, considerando que a "Lei", embora boa, como princípio, não é para ser aplicada hoje, tampouco na sua literalidade. Porém, se for para ser aplicada, que seja por inteiro e não fragmentada, como vocês querem - e que seja aplicada diretamente por Deus!
Afinal, que vocês, teonomistas, atirem a primeira pedra, lembrando, porém, que Jesus não a atirou ("olho por olho e dente por dente, eu porém vos digo...").
Considero que o cerne da questão, o seu nó górdio, não é aplicar ou não a Lei do AT aos dias de hoje, mas a péssima interpretação da "Lei" por parte de vocês teonomistas.
Ricardo.
Ricardo, Paz amado!!!
Não entendia muito de "teomania" até ler essa postagem maravilhosa, vou procurar ler mas sobre isso, concordo contigo Ricardo!
A graça me basta!!
um abraço!!!
Ricardo,
Esse fim de semana eu lerei com calma esse post. Na segunda devo postar algo mais substancial. Já de antemão digo que concordo com vc e, como sempre, acho que é um bom artigo.
Em Cristo,
Esli Soares
Todos tem o espaço de concordar, mas no inicio vc diz que 'nem leu nem quer ler e te cansa'... depois diz que nós teonimistas somos 'insensatos'.
Complicado isso.
mas tudo bem, vamos caminhando na graça de Deus.
sera bom os blogueiros ant-Teonomistas interagirem mais com os reformados reconhecidos, entre aqueles, e esses, precisam... de muitos calibres a mais, ok?
Um presente, se ler, vai reduzir pelo menos um pouco as críticas:
http://www.monergismo.com/textos/livros/introducao-teonomia-debate_greg-bahnsen.pdf
abraços
mcapologetico.blogspot.com
E 'LUCIANO' leia tb esse link q passei, quem sabe vc vai saber mais sobre teonomia de quem sabe muito sobre ela.
Ricardo,
Oitavo equívoco: os efeitos noéticos impedem a aplicação da lei.
Novo equívoco: os governos muçulmanos são exemplos de teonomia bíblica.
Décimo equívoco: se for para aplicar a lei, deve ser aplicada em sua inteireza, incluindo as partes que foram revogadas pelo Novo Testamento.
Décimo primeiro equívoco: a passagem da mulher adúltera é antinomista e joga por terra todos os textos bíblicos que ensinam a teonomia.
O Luciano (do MCA) indicou um excelente livro), seria bom lê-lo. Mas se não quer ler algo extenso, ao menos leia os últimos artigos do Kálamos e, se puder, refute-os. Eles são uma boa introdução à teonomia.
Não pretendo debater. O que tinha pra dizer, já disse.
Fica na paz.
Tiago,
Nem eu quero debater, fique tranquilo. Só uma coisinha: já li todos os artigos postados pelo Jorge, assim como os artigos do monergismo - só pra ficar bem claro e não colocar a minha "ignorância" além do que é factual. E continuo convicto da ineficiência da teonomia, ainda que não me reste motivação para estender muito os meus fundamentos e motivos (aliás, os meus motivos já foram demonstrados no texto). Enfim, volto a dizer, mantendo-me estritamente no cerne da questão: não reconheço a aplicabilidade da "Lei" aos dias de hoje, não obstante os tantos "equívocos" por você alinhavados (hehehe).
Só uma coisa: os governos muçulmanos que professam o Islã são tão literalmente radicais como os teonomistas "bíblicos".
Por último, a construção doutrinária dos teonomistas e a sua hermenêutica não me convencem, motivo pelo qual os "equívocos" alinhavados por você não mudam a minha convicção bíblica.
Grande abraço meu irmão!
Ricardo
Queridos irmãos teonomistas,
Compreendo que vocês queiram "individualizar" Lei e graça, até mesmo para dissociá-las (afinal, é preciso fugir do legalismo). Todavia, aqui do alto da minha ignorância, ainda fico somente com a graça, suficiente para iluminar a mente a ponto de fazer com que eu alcance a redenção (por mérito dEle somente). E, a partir daí, inculcando em meu ser toda a vontade de Deus proveniente da "Lei"(confesso que prefiro Evangelho). Quanto aos empedernidos e endurecidos, com as suas mentes cauterizadas, não há lei capaz de mudá-los (mas podendo ser exterminados por força da "Lei").
Quem sabe a "Lei" não seja um pretexto para que os seus defensores se tornem lugares-tenentes de Deus?
O meu questionamento final: quem aplicará a "Lei"?
Ricardo.
Irmão, eu postei algo sobre isso
http://mcapologetico.blogspot.com/2011/02/teonomia-insensatez-ou-verdade-resposta.html
Ricardo,
parabéns. (sem querer suscitar contendas).
A Teonomia tem seus pilares fincados na história e na tradição denominacianal e não nas Sagradas Letras.
Os teonomistas abrem mão de toda esperança escatológica para fincarem seus postulados na criação (Pasmem, pela igreja) de um mundo futuro sob a Lei.
Passam ao largo da apostasia prevista em nome da conquista deste mundo.
Que o Senhor nos fortaleça.
A Teonomia tem seus pilares fincados na história e na tradição denominacianal e não nas Sagradas Letras.
O TEXTO ACIMA DEVE SER LIDO:
A Teonomia tem seus pilares MUITO MAIS fincados na história e na tradição denominacional QUE nas Sagradas Letras.
Pastor Silas,
Até que enfim, de volta por aqui! De fato, quanto ao texto, temos absoluta concordância. Os teonomistas, por seu turno, dissociam completamente graça e Lei, quase como se não fossem provenientes do mesmo Deus. Eu prefiro deixar a Lei exclusivamente para evidenciar o pecado (Romanos 2)e ser instrumento valiosíssimo para o "dia da ira" - e que Deus a use (Lei) como lhe aprouver. Quanto a homenzinhos caídos e sedentos (entre os quais eu me incluo, ainda que agora regenerado), a Lei nada aproveitará.
Todavia, caro pastor Silas, não tenho qualquer ânimo para tentar convencer os teonomistas...
Grande abraço!
Ricardo.
Luciano (simplesmente servo de Deus),
Se o texto serviu como ensinamento a você, já terá alcançado o meu intento, para honra e glória de Deus! Muito bom tê-lo por aqui, volte sempre.
Esli,
Fico mais tranquilo em contar com a sua aprovação nesse assunto. Na verdade, sei que pensamos bem semelhante quanto à "teonomia" e diferente dos "cheunguianos" (para tomar emprestado o termo do Roberto Vargas).
Abraços!
Ricardo.
Paulo Brasil,
Tenha a certeza que sinto um grande contentamento em vê-lo por aqui novamente, depois de tanto tempo. Excelente a sua contribuição nesse assunto espinhoso - e digo espinhoso por saber que os ataques dos teonomistas contra os que pensam diferente deles são mesmo duros.
Basta observar a "certeza" com que eles tentam nos dissuadir das nossas opiniões, quando "ousamos" criticar a sua má interpretação (rsrs). Para se ter certeza, basta ler o texto do Luciano, rapidamente orquestrado em resposta à minha posição (quando estiver motivado e menos cansado, responderei por aqui mesmo).
Grande abraço e volte sempre! E obrigado pelo apoio!
Ricardo.
Décimo segundo equívoco: os teonomistas dissociam Lei e Graça (quando na verdade quem faz isso são os antinomistas).
Décimo terceiro equívoco: a teonomia está necessariamente associada ao pós-milenismo.
Décimo quarto equívoco: a lei nada aproveita a "homenzinhos caídos".
Com tantos mal-entendidos e distorções fica difícil debater com antinomistas que nem sequer sabem do que discordam.
Como eu disse antes, tudo bem discordar, desde que se saiba do que se está discordando.
Tiago,
Tenho certeza que uma hora você se cansará de tantos equívocos...!
Mas me diga, você quer a Lei mosaica de volta ou não?
Confesso que um dos posts mais radicais que li foi exatamente lá no "Internautas", quando você alinhavou todas as transgressões do AT passíveis de pena capital (morte por apedrejamento), e que deveriam se aplicar aos dias de hoje.
Só uma pequena dúvida: os homossexuais, adúlteros e outros mais devem ser apedrejados ou não? Seja propositivo, responda (abstenha-se pelo menos por agora dos "equívocos")!
Ricardo.
Caros amigos e irmãos teonomistas,
À parte dos tantos "equívocos" apontados, fiz uma citação rápida sobre a semelhança entre o Islã e a teonomia - obviamente fui mais uma vez acusado de estar equivocado. Então vamos lá:
A sharia (شريعة), é o código legal do Islã que abrange todos os costumes dos muçulmanos, inclusive a política(como vocês teonomistas querem). Estado e Islã estão umbilicalmente ligados. O estado tem a primazia da aplicação da Lei baseada inteiramente na sharia. Esta, por seu turno, vem do códice materializado pelo corão, ou alcorão, baseado nos ensinos do profeta muhammad (Maomé). O alcorão tem como pano de fundo os cinco primeiros livros da Bíblia, com absoluta precedência na lei mosaica. Tanto que as penas previstas pelas transgressões no Islã e na teonomia são "coincidentemente" as mesmas, como, por exemplo, o apedrejamento de adúlteros, homossexuais (sodomitas), etc.
O Islã prega a "morte dos infiéis", "regularmente" assentados na sua sharia, assim como vocês teonomistas, de certa forma, pregam a aplicação da pena capital baseada na Lei Mosaica, a exemplo do apedrejamento dos adúlteros, parricidas, matricidas, sodomitas, etc. Normas e sanções são idênticos, tanto no Islã como na teonomia. E são idênticos porque, em essência, provém da Lei Mosaica. Então, concluo, caso vocês teonomistas fossem levados a sério, teríamos no ocidente a "jihad evangélica", baseada na Lei Mosaica, cujo mote poderia ser: "morte aos infiéis não-teonomistas!".
São movimentos extremistas como a jihad e a teonomia que levam às "guerras santas", exatamente por uma interpretação errônea dos códices que supostamente lhes dão respaldo: lá a sharia, cá, a Bíblia. E é fácil supor esse final, bastando ver a forma como vocês dialogam e discutem.
Ricardo.
Irmão Ricardo, vc é facor da pena capital em caso de homicidios? Não acredita que Deus pode perdoar esses individuos e restaurá-los? A fé reformada que aceita como bíblica a pena de morte está errada?
(fico feliz, que pelo menos vc tem tratado nós como irmãos...)
abraço
mcapologetico.blogspot.com
* FAVOR
Há algumas questões práticas que merecem avaliação. Se a questão é de Lei, estamos incluídos num ambiente de ciência hermenêutica, logo a várias interpretações possíveis.
1. Que interpretação seria implantada?
2. Quem seria a instância final para dirimir as questões?
3. Que corpo (institucional) coordenaria a questão em âmbito mundial?
4. Como se perpetuaria (critério de alternância dos cargos) tal organização?
5. Onde ficaria?
A despeito dessas questões práticas, faltam fundamentos bíblicos.
Onde estava a teonomia quando o Senhor retirou seu povo do Egito?
Números 15:29 Para o natural dos filhos de Israel e para o estrangeiro que no meio deles habita, tereis a mesma lei para aquele que isso fizer por ignorância.
O texto acima não estaria circunscrevendo um espaço defino (a nação de Israel) para aplicação da Lei.
Em que princípio ou regra hermenêutica Israel passou a ser Igreja?
São muitas as questões
Luciano,
Acho inicialmente imprescindível esclarecer que sempre trato como a irmãos os meus irmãos, embora quando nos posicionamos contrariamente no campo das ideias em teologia ou outro ramo qualquer do conhecimento. Prova disso é a discordância completa que tenho neste assunto (teonomia) com irmãos a quem muito aprecio, a exemplo do Jorge Isah e Tiago. Discordamos, mas continuamos amigos e irmãos.
Com relação a aprovar ou não a reforma ou seus autores com relação ao que quer que seja, o meu paradigma é sempre a Bíblia. Nesse diapasão, se eu entender que o que a reforma diz ou apregoa (e seus autores), for contrário à Bíblia, ou hermeneuticamente errado, fico com a Bíblia.
Dito isto, vale salientar que penso diferente de vocês em teonomia, e, por consequência, com relação à pena de morte. Não considero que a pena capital seja uma ordenança bíblica para "os dias atuais", assim como não considero a Lei mosaica. Sou contra, absolutamente contra, seja pelo motivo citado, como também por seus efeitos funestos, quando inúmeros inocentes são condenados e executados, consoante os tantos casos comprovados nos EUA e Europa. Mil acertos, a meu ver, não vale por um erro, tendo a vida como bem mais precioso deste mundo, juridicamente falando. Por tais motivos, sou a favor da prisão perpétua, pela possibilidade em se rever erros cometidos.
Enfim, repito, não quero ficar à mercê de dogmas e compreensões alheios, ainda que transmudados em "ordenanças bíblicas".
Abraços.
Ricardo.
Amigos,
Duas coisas: vou comentar acerca do artigo, sobre teonomia, propriamente dita, falarei no meu blog, na medida que for conveniente tratar do assunto segundo o roteiro estabelecido para ele.
O texto é direto, simples e por isso bom! Tem exageros? Sim, claro, mas há de se notar que tais exageros são mais culpa dos teonomistas que falam e, em geral, nunca ouvem os outros servos de Jesus que querem discutir a matéria de forma propositiva.
Concordo que as palavras duras do texto, realmente pedem (para quem elas foram dirigidas) algumas respostas. Mas também concordo que em grande parte os teonomista não as tem. Concordo com alguns equívocos no texto apontados pelo Tiago, mas também concordo que as ‘acusações’ suscitadas no texto cabem direitinho alguns partidários do movimento.
Sim, o movimento pode levar ao legalismo (afinal o que não leva?), e não aceitar isso, é a maior prova do risco que os ‘teonomista’ correm. Simplesmente dizer que a Teonomia não busca estabelecer critérios para que a salvação aconteça, não é produtivo, uma vez que por ela argumenta-se uma série de sinais dos salvos, de uma forma ou outra, ela – ou melhor – alguns teonomistas acabam por produzir uma lista das “características existentes num salvo” que tem servido para atacar, descredenciar e desrespeitar os que (como eu) se interpõe a tais propostas*.
A problemática toda gira em 4 pontos: O que é a ‘Lei’? Onde a encontramos? Para quem ela é válida? Quem vai aplicá-la? Imagino que ao responder essas questões, segundo a Bíblia, muito de nossos problemas quanto a Teonomia se resolverão. Imagino também, que se aliados a uma boa leitura escatológica, a utilização do termo perderá o sentido, e, grande parte da ideologia se mostrará nula.
É preciso, também, entender o campo de atuação da Teonomia e desvincular sua esfera da ação direta da Igreja (isso é evangelismo – para ser simples). Outro fator que é necessário levar em conta é o atual estado das coisas. Objetar que elas não deveriam ser assim é algo muito tolo e beira um pensamento a cerca de Deus que não convém, isso é, Deus esta mesmo no controle de tudo? Sabemos que o Mundo está numa situação de pecaminosidade lantente, mas sabemos que esse estado atual está sob o controle (e definição) do Soberano.
Isso tudo aponta para o questionamento fundamental que deve ser feito: qual é o nosso papel como Igreja hoje, no séc.XXI? Não tenho dúvida que devemos ser mais atuantes na política (e não só na questão partidária, como tem sido), ser voz ouvida na sociedade, mas honestamente, poucos realmente são capacitados para tal**
_______________
*Tais propostas refere-se ao revanchismo, beligerância e preconceito trazidos pelo escolasticismo, mesmo o reformado.
**Como mostra disso, chamo o próprio conceito “Teonomia” e toda a confusão que gira em torno dele.
Esli,
muito bom seu comentário.
"qual é o nosso papel como Igreja hoje, no séc.XXI? Não tenho dúvida que devemos ser mais atuantes na política (e não só na questão partidária, como tem sido), ser voz ouvida na sociedade, mas honestamente, poucos realmente são capacitados para tal".
sobre esta parte acima, pergunto:
1. Como realizar?
2. Qual o propósito?
3. Onde buscar nas Escrituras os fundamentos para tais realizações?
Se quiser responder via e-mail brasilpsa@gmail.com (para não utilizarmos o espaço indevidamente)
Em Cristo
Caro Esli,
No geral, gostei muito do seu comentário sobre a matéria em questão. sobre os exageros do meu texto, pode até ser que seja verdade, assim como é verdade a posição intransigente dos teonomistas.
Veja bem, o cerne da questão não é ser ou não teonomista, mas qual o significado do termo. Em razão do significado e da interpretação que dão ao termo, sou contrário à teonomia. No entanto, para os teonomistas, a exemplo dos que aqui comentam, todos que são "contrários" são imediatamente tachados de antinomistas, ou, contrários à Lei de Deus.
Gostei deste seu argumento, assim como do Paulo Brasil (e é algo que tenho levantado desde o princípio):
"A problemática toda gira em 4 pontos: O que é a ‘Lei’? Onde a encontramos? Para quem ela é válida? Quem vai aplicá-la?"
Todos esses questionamentos estão implícitos mesmo nesse texto e nos meus comentários subsequentes. É claro que sou teonomista no sentido de reconhecer que Deus tem o governo soberano sobre toda a criação, regendo-a segundo a sua providência. Creio, ao contrário dos teonomistas, que o universo está sendo regido por Deus, logo, pela sua Lei, o que se sobreleva à lei mosaica, que é um "minus" em relação ao governo de Deus, por Ele exercido diretamente sobre a criação.
O que não acho plausível é trazer para a atualidade a lei mosaica sobre o pretexto de que, de alguma forma, Deus tenha perdido o governo sobre as suas criaturas. É como querer dar uma "ajudazinha" a Deus. Depreendo, nesse sentido, que as autoridades constituídas, os legisladores, os poderes do Estado, estão igualmente sob a égide de Deus, motivo pelo qual nos foi ordenado que obedêcessemos aos mesmos. Da mesma forma, os seus desvios igualmente serão objeto da disciplina de Deus, através da sua providência.
Creio que a ideia de teonomia tal como cultivada (ou cultuada?) pelos seus defensores, mais se apresenta como uma forma de usurpação ao próprio Deus: quem aplicará a Lei? Deus ou homens? O Estado ou a Igreja? O Estado e a igreja? Estado e igreja serão um só? Quem os legitimará? Tenho sérias objeções a tudo isso, considerando que "enganoso é o coração do homem".
E tenho muito mais a dizer e questionar.
Ricardo.
Ricardo,
Não é engraçado? Há um texto no meu blog, recomendado pelo Jorge, que é bastante ponderado. A tal ponto que eu e o Esli nos declaramos teonomistas, se ser teonomista é conforme o texto. E ainda mantenho a declaração.
Assim como mantenho o que tenho dito sobre o teonomismo como nos tem sido apresentado. Ainda a principal demanda é saber o que é Lei, e não a posso identificar com a lei mosaica, seja pela progressividade da Revelação, seja pela transcendência sobre códigos. Este discurso teonomista me soa muito como um "adventismo reformado" (o que não melhora o primeiro e estraga o segundo). Outras demandas eu cito na minha postagem sobre o tema.
E também como mantenho minha profunda tristeza pelo discurso que enumera sem argumentar, que acusa incontinenti ignorância, que pensa literatura por canon e que excluí sem aceitar exclusão. Para além do erro teológico, é esta postura o que mais me deprime. Se ser teonomista é ter esta postura (que é quase onipresente, pelo que já digo que folgo em dizer que há exceções entre os que assim se nomeiam), então me é impossível sê-lo.
Quanto ao seu texto, não sei se concordo com cada palavra. Talvez nos víssemos a discutir certos pontos não fosse eu concordar com o rumo geral da postagem.
No amor do Senhor,
Roberto
Caros amigos,
Pelo fato de escrever rápido, especialmente nas respostas aos comentários, cometo alguns erros gráficos. Onde escrevi: "O que não acho plausível é trazer para a atualidade a lei mosaica sobre o pretexto de que, de alguma forma, Deus tenha perdido o governo sobre as suas criaturas." Leiam-se "sob o pretexto".
Ricardo.
Roberto,
É, parece que o nosso pensamento sobre a matéria mais se aproxima do que se distancia, máxime no que diz respeito à postura dos teonomistas. Como disse anteriormente, até havia refutado ponto a ponto os "equívocos" apontados, mas perdi o texto, faltando vontade para refazê-lo.
No entanto, todo o cerne do problema, esquecendo-se a associação ou não entre lei e graça, é o foco que dão à lei mosaica, sua aplicação e os instrumentos que serão usados nesse mister. Os argumentos deles realmente não me convencem. Forcei-me até a ler alguns artigos de Bahsen e outros autores, ícones deles, o que ainda mais reforçou a minha convicção contrária a tal posição.
Folgo em saber que há concordância sua com o meu texto, ainda que havendo a possibilidade de suscitar discussões sobre alguns pontos . Aliás, as discussões seriam muito boas, motivo pelo qual convido-o a expressar os seus pontos, a despeito das opiniões já colocadas e conhecidas.
Por favor, indique o texto do seu blog sobre teonomia, pois fiquei curioso e desejo lê-lo.
Coincidentemente, quase expressei a ideia de um certo "adventismo" erigidos das palavras, métodos e fundamentos dos teonomistas.
Abraços.
Ricardo.
Ricardo,
o texto ao qual o Roberto alude foi postado também em meu blog; é do R.C. Sproul. Para você e os interessados, o link é http://guerrapelaverdade.blogspot.com/2010/05/que-e-recontrucionismo-e-teonomia.html
Abraços.
Cristo o abençoe!
Olá Jorge,
Esse texto do Sproul eu já havia lido. Inclusive, foi também citado pelo Luciano aqui no meu blog. E o que é mais engraçado, o Luciano chegou a escrever um texto para me detonar, citando esse texto do Sproul. Mais engraçado ainda é que concordo plenamente com a visão ali esposada (rsrs). De fato, sempre disse que concordo com a Lei do AT como paradigma, como princípio de equidade, como fonte formal da lei civil dos homens, por assim dizer. Concordo plenamente que devamos lutar pela materialização de tais princípios na cultura, política, etc. Vou ainda mais longe, afirmando que o nosso Código Civil, por exemplo, não somente repete inúmeras daquelas regras do AT, como também, se serve do modelo de arcabouço (código). No aspecto penal, temos os mesmos modelos, como, por exemplo, as sanções para diversos crimes, a exemplo de homicídio, furto, roubo, falsidade ideológica, etc.
Por isso não tenho medo de afirmar que a "Lei" do AT é o paradigma das legislações que surgiram, desde o Código de Hamurabi até a legislação atual. O que discordo (embora sendo difícil discutir com os herméticos "teonomistas"), é a imposição da Lei mosaica aos dias de hoje sem qualquer modificação, de forma anacrônica e radical.
Em suma, sou plenamente teonomista, exatamente como designado no texto do R. C. Sproul. Porém, posso afirmar que não sou "teonomista", como o são o Luciano, Tiago, Bahnsen e outros.
Que surpresa tê-lo por aqui!!!
Grande abraço meu irmão.
Ricardo.
Irmão Ricardo, não escrevi nada para te detonar. Só foi uma ponderação daquilo que vc escreveu.
Sinceramente, espero que tenha apenas apresentado uma resposta dentro de nossa igualdade cristã. E a qualquer momento que responder, tanto em um comentário, ou se por um acaso em uma postagem, posto no MCA sem qualquer intercalações.
Assim como discordei do Tiago sobre os pentecostais, e postei lá a resposta dele, quero sempre, sempre mesmo, manter a unidade de comunhão.
abraços
Luciano
MCA
Ricardo,
Tendo o Jorge respondido por mim, calo-me.
Calo-me também em relação às possíveis discordâncias. Ao menos por ora.
No Senhor,
Roberto
No texto citado, o Sproul fala uma coisa que tem acontecido frequentemente nos debates que tenho participado contra antinomistas. Diz ele:
"Aqueles de esquerda (teológica e politicamente) gostam de retratar os teonomistas e reconstrucionistas, herdeiros dos puritanos, como se fossem ‘jihadistas evangélicos’ do inferno que desejam impor um regime fascista calvinista sobre o resto do mundo. Isso é uma calúnia sem par!"
E Ricardo, se você concorda com o Sproul, você concorda comigo, pois ele está dizendo o que tenho dito repetidas vezes: os aspectos civis e judiciais da Lei continuam válidos hoje.
"Tiago, tenho certeza que uma hora você se cansará de tantos equívocos...!"
Já estou cansado, meu amigo, e como estou! Isso desestimula o debate. Todos os posts antinomistas que li ultimamente começam fazendo uma caricatura da teonomia seguida de críticas descabidas. E quando vamos responder, dizem que somos agressivos e não estamos abertos ao debate. Aí fica difícil.
"Mas me diga, você quer a Lei mosaica de volta ou não?"
A Lei não precisa voltar, pois ela nunca perdeu a validade.
"Confesso que um dos posts mais radicais que li foi exatamente lá no "Internautas", quando você alinhavou todas as transgressões do AT passíveis de pena capital (morte por apedrejamento), e que deveriam se aplicar aos dias de hoje."
Se você analisar direito, verá que apenas postei os textos bíblicos e depois fiz algumas perguntas. Se os textos bíblicos são radicais para você, aí o negócio está ruim. Para quem quiser ler, o link é:
http://internautascristaos.blogspot.com/2010/11/pena-de-morte-na-biblia.html
"Só uma pequena dúvida: os homossexuais, adúlteros e outros mais devem ser apedrejados ou não? Seja propositivo, responda (abstenha-se pelo menos por agora dos "equívocos")!"
A resposta está na própria Escritura. As referências estão no post citado acima.
Ricardo,
Desculpe-me a intromissão, mas parte de algo que foi dito cabe a mim e a mais pessoas, pelo que tomo o que foi dirigido a você como se também o fosse a mim, merecendo algum comentário em resposta.
É claro que fazemos caricaturas! Não há qualquer tentativa de negar isso. Ao contrário, a própria caricatura leva a quem, seguindo não a ela, mas o que se chama por seu nome, está fora dela. Se teonomia é a afirmação da Lei, sou teonomista e estou fora da caricatura que eu mesmo faço de teonomia, sem ofender-me com ela. Mas se teonomia é o conjunto de afirmações que certo grupo tem feito, então a caricatura é uma roupa que lhes serve muito bem. Se ofende, que fazer?
A propósito, caricatura por caricatura, chamar quem discorda deste teonomismo de antinomista é tão caricatural quanto. Mas não se preocupem: não veste nem ofende!
Concordo com o texto do Ricardo sem concordar com cada palavra. Por que concordar com Sproul deveria levar a concordar com tudo que ele diz? Este negócio de dizer “herdeiros dos puritanos”, por exemplo, é chamar certa autoridade como legitimadora de determinada posição e que nada acrescenta ao caso. É bem provável que os de posição contrária chamem a mesma autoridade para si. Seja lá qual grupo for que receba de fato a herança, isto não prova nada. (E a cristãos este sofisma deveria ter ainda menos força.)
No mesmo pequeno trecho citado, se teonomismo é a afirmação da Lei, considero mesmo que é um absurdo e uma calúnia que chamem teonomistas de “jihadistas evangélicos”. Porém, se ser teonomista é ter a postura que se vê por aí (talvez por aqui também), então, não o teonomismo que afirma a Lei, mas a postura e quem a tem sejam dignos da pecha, que longe está de calúnia. Se os jihadistas querem um “regime fascista calvinista” ou não, pouca diferença faz para o ser jihadista.
Indo para além do trecho, Sproul afirma a Lei. E ao afirmar, diz que o código mosaico possui os princípios da Lei. Chamando a CFW, ele fala em “equidade geral” e “ajustes” por “contexto”. Isto está a anos-luz de ser afirmação do código mosaico como a própria Lei, pelo que é absolutamente sem sentido afirmar que Sproul está, ao menos neste texto, afirmando a validade civil e judicial da lei mosaica. Na verdade, ele coloca justo isso em questão: “Será que Deus deu a lei civil (isto é, a lei que diz respeito ao governo) a Israel como um paradigma ou padrão para a legislação ideal de qualquer Estado?”. Mesmo uma resposta positiva de Sproul não é, dado o arrazoado sobre a equidade geral, identificar lei mosaica com a Lei, mas afirmar que os princípios que da lei mosaica constam são eternos. E é assim que, para mim e provavelmente para Sproul, estes princípios devem reger as pessoas e o Estado (ou seu magistrado) deve segui-los e por eles reger o seu povo.
Isto tudo faz do comentário seguinte emblemático de nossa diferença (para além da postura). Não é a lei mosaica, como código, que nunca perdeu a validade e vigora eternamente, mas a Lei do Senhor que dela consta. O princípio, não o código. Se há um cristão que isso negue, não é que ele não seja teonomista, ele não é cristão. Mas aquele que o afirma é simplesmente cristão e prescinde absolutamente de um título tal como teonimista.
A propósito, o principal princípio que o código mosaico nos apresenta é o de que a Lei do Senhor é pura e santa. E que nós todos somos caídos e depravados e incapazes de seguir Seus preceitos. E que, por isso, merecemos todos a morte. Ora, graças pela Graça. Que, longe de anular tal princípio, é o que nos permite não só não sermos mortos, mas também nos capacita a, na mesma medida em que recebemos graça, o que nunca deveríamos esquecer, permanecermos em pureza e santidade. Ora, ora, que os códigos atuais lembrem o mosaico neste sentido. Mas que o transcendam em direção aos princípios da Lei de Deus que o transcendem.
A Deus a glória!
Roberto
Roberto,
Não é nenhuma intromissão as considerações tecidas por você, uma vez que são sempre bem-vindas. Confesso que você antecipou quase toda a resposta que eu daria ao Tiago.
Mas vejamos, jamais afirmei que a Lei de Deus seja desnecessária, logo, não me serve o rótulo de antinomista. Não concordo, repito, com o "Código Mosaico" e a sua aplicação civil e judicial para os dias atuais. Por isso a minha concordância com o pequeno texto do Sproul:
"A Confissão de Westminster nos convoca a adotar o que os teólogos na época chamavam de ‘equidade geral’ da lei. Isto é, embora haja princípios fundamentais da justiça de Deus em operação na instituição da lei civil do Antigo Testamento, talvez seja necessário dar os ajustes apropriados e levar em conta que o nosso contexto é diferente daquele".
Não foi isso exatamente o que eu sempre disse, inclusive em comentário ao artigo publicado no 5calvinistas pelo Rev. Helder Nozima? A "equidade geral da Lei Mosaica" como princípio e paradigma para a sociedade, sim! Porém, não à sua aplicação literal, o que representaria um anacronismo! Sim, ao espírito da Lei, à imparcialidade, isenção, lisura.
Portanto, digo mais uma vez que a questão não é de FALTA DE DEFINIÇÃO DE TERMOS, como os teonomistas querem nos convencer, mas de interpretações diferentes sobre um mesmo fato/termo/teonomia.
Ora, a Lei mosaica regulamentou e institucionalizou, por assim dizer, as relações entre pessoas (hebreus)e os direitos e obrigações decorrentes dessas relações, como, por exemplo, o "direito de vizinhança", como citado no artigo do Sproul, "direito à propriedade", "direito de família", "direito sucessório", como também, a sua vertente penal. As nossas leis atuais têm em seu arcabouço esse "espírito de equidade geral".
O que vejo por parte dos teonomistas é a negação peremptória em aceitar a Lei mosaica como princípio de equidade, como paradigma, afirmando a sua aplicação literal sem os devidos "ajustes". E eis aí a má interpretação que leva os defensores da teonomia à pecha de "jihadistas evangélicos", com o que concordo, infelizmente.
Ricardo.
Ricardo,
O seu conceito de "ajustes" é muito amplo e subjetivo.
Vamos a um exemplo prático:
A lei prescreve a pena de morte para estupradores. Quais seriam os ajustes necessários aí?
Se você disser que (como ajuste) o apedrejamento pode ser substituído por fuzilamento ou enforcamento público, eu não sou totalmente favorável, mas até aceito como uma possibilidade.
Agora, se você negar a pena de morte, isso já não é um ajuste, mas uma clara rejeição das exigências da lei.
Outra coisa, não há diferença entre lei mosaica e lei divina. Pois a Lei não foi inventada por Moisés, mas entregue a ele por Deus.
Meu Deus! Que o Senhor tenha piedade de nossas almas!
Quais ajustes? Na minha Bíblia há um Deus a dizer que o simples olhar para uma moça com um desvio do desejo já é pecado mortal. Sim, mortal para além do código mosaico. E, ah, Deus, como os desejos dos homens, macho e fêmea, flutuam para lá e para cá...
Negar a pena de morte? De fato não o podemos. Mas este mesmo Deus nos disse: "jogue a primeira pedra"... E Ele mesmo não jogou quando é o único que pode.
Que Deus em Sua santidade julgue os homens e não os homens a si mesmos em sua corrupção.
Deus nos livre das pedras nas mãos dos teonomistas.
Terrível coisa é cair nas mãos do Deus Todo Poderoso. Mas eu não quero menos que isso!
Ao Senhor, Justo e Justificador, Gracioso Legislador, a Ele para todo o sempre a glória!
Roberto
PS: Não creio na teocracia mediada. Deus nos livre da esquerda (ai de nós se isso que vivemos é o julgamento de Deus por nossa apatia). Mas Deus nos livre de sermos governados e julgados por pseudo-santos a usar uma lei em nome de Deus (e já não conhecemos este filme?).
Chega a dar asco certo discurso. Pois Deus reina e Sua Lei nos julga, quer os códigos humanos reflitam Sua justiça ou não. Ele ainda está a julgar e ai dos povos que não O seguem. Mas a teocracia nesta terra só pode ser pelo governo direto do Rei. Maranata, pois!
Roberto,
Não costumo assinar embaixo do que escrevem, mas que Deus nos livre!!! É muito adjetivá-los de jihadistas evangélicos?
Que cumpram, pois, toda a Lei! Cada preceito moral, ético e penal! E que não somente apliquem as suas penas aos outros, mas antes, a eles mesmos!
Realmente, esse discurso de purismo e pseudo santidade em homens caídos soa muito mal e causa medo. Sim, eu tenho muito medo dos teonomistas!
Que Deus nos livre da sanha santa!
Ricardo.
Amigos,
Fico aqui pensando: antes as pedras estavam nas mãos dos escribas e fariseus, a despeito da lei mosaica (e quem eram essas pessoas?). O Sinédrio, espécie de tribunal judaico que julgou Jesus condenando-o à crucificação também era usado como instrumento político (e de poder) dessas mesmas pessoas (fariseus, saduceus), tendo como legislação a Lei mosaica (ou não?). Espero que vocês teonomistas, não excluam a culpa daqueles homens alegando o determinismo.
Diante dessas considerações somente me resta indagar: nas mãos de quem estarão os fuzis, ou a corda? Quem dará os tiros fatais, ou quais serão os verdugos a puxar a corda do cadafalso? Imaagino que sejam vocês, teonomistas... Por outro lado, quem julgará os "pecadores/infratores? Somente cristãos puros e santos? Como será assegurada essa legitimidade aos cristãos? Através de uma ditadura "santa"?
A meu ver, se Deus não nos livrar dos "teonomistas", teremos por aqui os novos talibãs: lá, em nome de Alah, cá, em nome de Deus.
Ricardo.
Bom, se tem medo da Lei, não vamos continuar a assustá-los.
Abraços, e "boa" antinomia.
Ah não, eu não tenho medo da "Lei". Tenho medo é dos fanáticos que "se delegarão" poderes de plenipotenciários para aplicá-la, segundo a sua "justiça" - que não passa de trapo de imundície.
Ricardo.
rsrsrsrs
Ah, o problema crônico de leitura...
NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, POR FAVOR, senhores "Anti-teonomistas", parem de dize que os teonomistas querem associar a Lei à graça. Se a tal PLC-122 for aprovada, será uma lei justa??? A questão é implantar um estado governado para CONTROLAR a sociedade ÉTICA-MORALMENTE e não imputar a Ela uma "Cristianização" em massa! Só queremos que uma não seja, de fato feliz, porque as Leis que a regem vieram de Deus, e não dos tais homens falíveis... é só isso. Não queremos que a salvação espiritual volte a ser pela Lei (Embora nunca tenha sido!!!), mas que continue (como de fato sempre foi) a ser pela graciosa obra regeneradora do Espírito Santo nos pecadores por meio da fé! A questão não é SOTERIOLÓGICA, mas GOVERNAMENTAL!
Corrigindo uma gafe... "Só queremos que uma [NAÇÃO] seja, de fato, feliz..."
Que o SENHOR JESUS nos guie à Verdade!
rsrsrs
Cada uma!
Passar de "antinomista" para "anti-teonomista" será uma evolução?! Ou estamos diante de algum eufemismo?
É exatamente este governo a impor um código que não reflete a cultura de seu povo que cheira a inquisição. E daí o devido temor quanto a um privilegiado grupo inquisidor.
O curioso é que, se a esta teonomia se interessasse por cristianização, então ela poderia ser respeitável. E nem falo de uma cristianização de fato (fazer uma multidão de crentes), mas pelo menos uma cristianização da cultura (o que exige um mínimo de cristianização de fato).
De todo modo, volto a dizer que quem quer que queira cristianização (no mínimo a cultural) e as leis que refletem esta cristianização é cristão e prescinde do título "teonomista".
No Senhor,
Roberto
Ricardo, meu querido irmão!
Arrumei pra tua cabeça. Caso queira, participe deste Meme Literário. Clica lá no meu blog: http://superjotablog.blogspot.com/2011/03/meme-literario.html
Um abraço!
JC
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